(@urfriendlywriter | req by @rbsstuff @yourlocalmerchgirl anyone under the appropriate age, please proceed with caution :') hope this helps guys! )
writing smut depends on each person's writing style but i think there's something so gut-wrenchingly beautiful about smut when it's not very graphic and vivid. like., would this turn on a reader more?
"he kissed her, pulling her body closer to him."
or this?
"His lips felt so familiar it hurt her heart. His breathing had become more strained; his muscles tensed. She let herself sink into his embrace as his hands flattened against her spine. He drew her closer."
One may like either the top or the bottom one better, but it totally depends on your writing to make it work. Neither is bad, but the second example is more flattering, talking literally.
express one's sensory feelings, and the readers will automatically know what's happening.
writing, "her walls clenched against him, her breath hitching with his every thrust" is better than writing, "she was about to cum".
are some vocabulary you can introduce in your writing:
whimpered, whispered, breathed lightly, stuttered, groaned, grunted, yearned, whined, ached, clenched, coaxed, cried out, heaved, hissed
shivering, shuddering, curling up against one's body, squirming, squirting, touching, teasing, taunting, guiding, kneeling, begging, pining, pinching, grinding,
swallowing, panting, sucking in a sharp breath, thrusting, moving gently, gripped, biting, quivering,
nibbling, tugging, pressing, licking, flicking, sucking, panting, gritting, exhaling in short breaths,
wet kisses, brushing soft kisses across their body (yk where), licking, sucking, teasing, tracing, tickling, bucking hips, forcing one on their knees
holding hips, guiding the one on top, moving aimlessly, mindlessly, sounds they make turn insanely beautiful, sinful to listen to
some adjectives to use: desperately, hurriedly, knowingly, teasingly, tauntingly, aimlessly, shamelessly, breathlessly, passionately, delicately, hungrily
he sighed with pleasure
her skin flushed
he shuddered when her body moved against his
he planted kisses along her jawline
her lips turned red, messy, kissed and flushed.
his hands were on his hair, pulling him.
light touches traveled down his back
words were coiled at his throat, coming out as broken sobs, wanting more
he arched his back, his breath quivering
her legs parted, sinking into the other's body, encircling around their waist.
+ mention the position, how they're being moved around---are they face down, kneeling, or standing, or on top or on bottom--it's really helpful to give a clear picture.
+ use lustful talk, slow seduction, teasing touches, erratic breathing, give the readers all while also giving them nothing. make them yearn but DO NOT PROLONG IT.
sources to refer to for more: (will be updated soon!)
Change the background colour of the pages to a mint green shade.
It is said that green is a calming colour, however, the main reason why I like this, is because I can write for a much longer period of time now, as a white background I used before made my eyes dry and exhausted after just a few hours of working.
It is basically much more soft and careful to the eyes. I can’t precisely explain why that is. I think it’s that by making a pinch softer contrast of the text and the background, your eyes does not get exposed to as much light.
Just make sure to not make the background too dark, or else your eyes will get exhausted do to over-fixating the lack of contrast between text and background.
And maybe you find a nice pastel/light background shade that fits you; give it a try.
Different things work out and fits for different people. And I just felt like sharing this.
Here’s the shade numbers I used to get my preferred colour:
Thanks for reading.
Is your mission important enough to miss on a local dilf (deity I’d like to fuck)? I don’t think so
Oi, como vai? Mais pedacinho da história. Conforme eu for escrevendo, vou colocando aqui. Todo feedback ou comentário é bem-vindo. E claro se você ver algo estranho me avise, às vezes eu acho que escrevi algumas coisas só que na hora a informação falta.
Boa leitura^^
Era estranho estar ali depois de tanto tempo. As paredes cor creme ainda eram as mesmas, ali estavam os mesmo bancos azuis e as mesmas mesas pretas, os mesmos corredores largos e a mesma cantina, pintada da mesma cor pastel. Ele até conseguia reconhecer alguns rostos familiares no meio de outros mais jovens. Era um dejavú, só que agora ele via as coisas do alto, numa perspectiva distante, quase deslocada, onde antes seus dias eram permeados por ansiedade e incerteza agora tudo parecia mais fácil e indolor, ainda que um pouco doloroso, mas sem importância e talvez até confortável. Talvez fosse pelo fato de Percy ainda estar segurando em sua mão, conversando com a mesma secretária de dois anos atrás, uma senhora de cinquenta anos, sempre sorridente e solícita.
No fim, não demorou muito para ele conseguir seus papéis de admissão que precisaria mostrar para seus professores.
— E então, língua portuguesa? Aula dupla? Eu também tenho. Deixa eu ver seu horário.
Nico deu de ombros e tirou de dentro da bolsa sua grade horária de aulas. Ele observou Percy pegar o papel de suas mãos, franzir a testa em concentração e entregar de volta o papel para ele: — Temos a maioria das aulas juntos. Você está nos clubes de artes e de música? Eu estou no de música também.
— Pareceu ser os mais fáceis.
— Eu aposto.
— Cala a boca. — Nico empurrou Percy pelos ombros e andou para fora da secretaria. Poucas pessoas sabiam que ele tinha facilidade para coisas criativas e talvez ele tenha tocado algo para Percy durante os anos. Bem, isso não era da conta de outras pessoas.
— Nico, as salas mudaram! Estamos usando os auditórios.
— Tá bom. — Nico revirou os olhos e dessa vez nem se surpreendeu quando Percy o alcançou e tocou em seu ombro, suas mãos grandes deslizando por suas costas até chegar em sua cintura, o guiando suavemente na direção correta. Na verdade, ele não se lembrava dessa escola ter um auditório, então, se deixou ser guiado por Percy, uma presença confortável e calorosa a seu lado.
***
Quando eles chegaram no auditório a aula já tinha começado. A professora Johnson não era do tipo que se importava com atrasos se a aula não fosse atrapalhada, pois isso Percy ficou parado na entrada principal da sala, longe do olhar da professora, preferindo ver Nico descer até o palanque onde a professora estava e entregar o papel para ela assinar. O que Percy podia dizer? Nico era uma visão bem mais interessante naquele momento, longas pernas encobertas por um jeans justo, bunda empinada, cintura fina, ombros largos, profundos olhos negros e uma boquinha que parecia estar sempre mordida e avermelhada, pele negra e bronzeada, parecendo ser tão macia que ele não resistiu a vontade de tocar nele assim que pôde, só para testar a teoria. Ele admitia, estava indo rápido demais, porém dois anos era tempo suficiente para saber se você gosta de alguém, não? Sem contar os sete anos antes disso. Talvez ele devesse ter ido para a Itália com Nico quando Hades ofereceu, sempre generoso mesmo que ausente na maioria das vezes.
Ele foi tirado de seus devaneios quando Nico terminou de falar com a professora e veio em sua direção, despreocupado e lento, como se tivesse todo o tempo do mundo, desfilando com suas roupas punk e atitude despretensiosa. Porque evitar algo que ele sabia que aconteceria cedo ou tarde? Se Percy pudesse, ele beijaria Nico ali e agora, para acabar com aquela tortura que se estendia por tantos anos. Mas ele podia se controlar, se tinha esperado por mais dois anos, podia esperar mais alguns dias.
— Tudo certo?
Nico apenas acenou e pegou em sua mão, o levando em direção ao meio do auditório onde eles podiam ter uma boa visão da professora e do que ela estava falando. Percy nem teve tempo de apreciar Nico tomando a iniciativa e tocando nele por vontade própria, embora sentisse que deveria se preocupar mais com a reação das pessoas ao redor deles, os olhares nada discretos e murmúrios feito zumbidos a seu ouvido, ele não costumava exatamente namorar garotos em público, principalmente porque Annabeth sempre estava por perto para fazer com que todos pensarem que ele estava com ela. Era o que era, ele só esperava não ter que socar alguns rostos. Porque ele faria, e com muito prazer.
— Per? — Ele escutou alguém o chamar e só tinha uma pessoa que ainda o chamava assim. — Em que capítulo a gente está?
— Sete.
— Obrigado. — Nico murmurou mais baixo do que antes e se pôs a ler, completamente concentrado no livro e no que a professora dizia. Restou a Percy se perguntar como alguém podia ser tão bonitinho? Tão adorável? Observando um pequeno vinco aparecer entre as sobrancelhas de Nico, em seus lábios formarem um biquinho frustrado até que ele pareceu encontrar o que procurava no livro, relaxando contra o acento e se colocando a fazer a anotações rápidas conforme a professora discutia o assunto.
Então, um barulho veio da fileira de cadeiras acima da sua, alguém o tocando no ombro. Ele se virou e lá estava Grover, seu mais antigo amigo de infância.
— Quem é o garoto novo?
— Nico.
— Aquele garoto quieto e triste que Sally tinha praticamente adotado? O seu garoto italiano? Agora eu entendo a obsessão.
— Cala a boca! — Percy sussurrou furiosamente. Ele não era tão obcecado assim… era? Percy olhou para o lado, só para ter certeza que Nico não tinha escutado, vendo que o garoto continuava concentrado na aula e voltou a se virar para Grover: — Depois a gente conversa.
— Como você quiser, Don Juan.
— Tanto faz.
Percy se virou para a frente, se inclinou sobre Nico, vendo onde eles estavam no livro e ignorou todo o resto. Quando Nico empurrou o livro em direção a ele para que os dois pudessem ler, Percy não hesitou. Colocou o braço ao redor do ombro de Nico, juntou suas cabeças e começou a ler. Quem sabe se ele pudesse se concentrar, a vozinha no fundo de sua mente pararia de lembrá-lo de que isso daria em mais confusão do que ele estava disposto a lidar.
Oii, como vai? Eu estava tentando continuar minha história atual, A Refulgente, mas sabe quando não está rolando? Aí comecei outra que deve ter no máximo umas 50 mil palavras (embora eu não saiba como escrever nada curto ou não tenha o controle mental para isso), outra Percy/Nico é claro. E como está fluindo bem, decidi dividir o começo dela por aqui antes de colocar em outros lugares. Na verdade, aqui é o único lugar onde ela vai estar até eu completá-la, se é que isso vai acontecer. Então, vamos ver como as coisas vão.
Para manter as coisas organizadas, vou reblogar o último capítulo conforme eu for atualizando o blog, assim fica mais fácil de acompanhar.
Ainda não tenho um sumário pronto, e em linhas gerais segue assim: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro e bem rápido! Nessa história vou tentar ser mais direta. Será que eu consigo? Boa leitura!
PS: Se vocês virem algum erro sobre quanto tempo Nico estive na Itália é porque mudei de cinco anos para dois. Texto sem muita revisão, mesmo assim, espero que vocês gostem.
— Olha quem voltou! O garoto italiano. — Nico apenas teve tempo de se virar antes de ser prensado contra ombros largos e braços fortes que o abraçaram com tanta força que o levantaram no ar, o deixando sem ar e fazendo com que seus livros e bolsa caíssem ao chão, a porta de seu armário sendo fechada com um estrondo barulhento.
— Perseu Jackson!
— Só a minha mãe me chama assim.
Mas Percy estava rindo, o girando no ar enquanto as pessoas ao redor olhavam para eles. Também, não era para menos. Eles estavam bem no meio do corredor onde havia vários armários, dando para a entrada das classes de aula. Nico não resistiu, ele envolveu os braços ao redor do pescoço de Percy e o abraçou tão forte quanto Percy tinha feito, enterrando o rosto contra o pescoço de Percy.
— Eu senti sua falta.
— Eu também senti a sua. — Nico murmurou de volta e se afastou, finalmente conseguindo ver o rosto de Percy.
Olhos tão verdes quanto ele se lembrava, nariz reto e empinado, lábios finos e largos sempre em um sorriso bonito. O que tinha mudado era a altura, quase dois metros, e músculos. Onde ele se lembrava de um garoto tímido e um pouco triste tinha se transformado nesse… nesse homem feliz e cheio de vida. Confiantes. Embora ele ainda pudesse ver a bondade e a amizade que eles costumavam ter, mas essa coisa entre eles… esses abraços todos eram algo novo. Ele não podia evitar a comparação com o passado, onde ele era jovem demais e Percy era… Percy era Percy, abrindo a porta de sua casa para um garotinho triste e solitário.
— Dois anos, hein? Eu pensei que você nunca ia voltar.
— Hm.
— Me deixe te ver melhor. — E o que ele nunca esperaria do garoto mais hétero e tímido que ele já tinha conhecido aconteceu, Percy levou uma de suas mãos a seu rosto e penteou seus cabelos para trás, expondo sua face por completo. E ele? Bem, Nico apenas encarou Percy de volta, tão focado no garoto quanto Percy se focava nele. Todas as ligações e vídeo-chamadas não se comparavam ao que a realidade lhe mostrava, o fazendo se questionar o que tinha acontecido nesse tempo todo para fazer Percy agir assim, tão… tão afetuoso, tão atencioso. Ele ainda namorava Annabeth, não? Ainda era o capitão do time de basquete? Esse devia ser o caso, pois Percy vestia a jaqueta do time.
— Hm… Percy? Me põe no chão, sim? — Nico fez o seu melhor para ficar sério.
— Por quê?
— Você não tem uma namorada?
— Eu tenho?
Então, Percy sorriu ainda mais e enfim o colocou no chão para em seguida afrouxar o agarre em seu rosto e em sua cintura, sem se afastar, porém se inclinando um pouco sobre ele, como se tivesse algo em seu rosto que ele precisava ver mais de perto.
— Como você tem estado? Por que você não me disse que chegava essa semana?
— Por quê? Você ia me buscar no aeroporto?
— É claro, meus amigos merecem o melhor.
— E o que seria esse melhor?
— Eu, é claro.
Nico jurava que estava tentando ficar sério. Pelo jeito que as coisas iam, Percy queria algo a mais e no momento ele não estava interessado. Mas não adiantou, Nico se segurou nos ombros de Percy e gargalhou; ele achava que essa era uma das piores cantadas que ele já tinha ouvido.
— Ei, não ri da minha cara. Eu sou um cara legal.
— E muito humilde, também.
— Muito. — Percy disse e enfim o soltou, se encostando a seu lado em frente aos armários e Nico suspirou em alívio, pegando suas coisas do chão e as guardando no armário. Às vezes Percy era um pouco demais para ele; era o que Nico tinha descoberto durante os anos nas milhares de conversas que eles tiveram nesse tempo todo. Ele não sabia quando Percy tinha mudado do garoto introvertido para essa pessoa esfuziante, mas ele gostava. E odiava ao mesmo tempo, fazendo seu estômago se revirar de nervosismo.
— Agora, de verdade, como as coisas têm estado?
— Você sabe, sempre iguais. — Nico deu de ombros e fechou o armário, tirando os livros que usaria naquele dia, os guardando na bolsa. — Bianca veio comigo.
— Faculdade? — Percy perguntou. — E você?
Nico deu de ombros mais uma vez e se encostou ao lado de Percy, voltando a encará-lo de perto, o olhando sobre os cílios, tentando não demonstrar como realmente se sentia. Achava que nunca se conformaria com a beleza do amigo, agora duplicada conforme os traços suaves da adolescência davam lugar a músculos definidos e um rosto angular e forte, o sorriso de canto, o olhar intenso, a atitude confiante… e… bem, tudo isso e muito mais.
— O que tem isso?
— O que te traz de volta?
— Eu senti falta de casa. — Nico acenou para si mesmo. — Por um tempo pensei que fosse em Verona, mas… eu sempre ficava me perguntando o que estava acontecendo por aqui.
— Então, você decidiu voltar? Simples assim?
— Por que não? Eu vou fazer dezoito em alguns meses. Queria aproveitar esse último ano e rever o pessoal.
Bem… ele queria rever algumas poucas pessoas e uma delas estava bem em sua frente, olhando para ele como se quisesse… como se quiser ver o que tinha dentro de sua mente. E como costumava acontecer, ele foi o primeiro a perder nesse joguinho para ver quem desviava o olhar primeiro.
— Então… você sentiu saudade e veio para ficar ou…
— Vim para ficar. Hades vai vir depois.
— Fico feliz. — Percy disse, ainda sorrindo, algo mais sincero e bonito, como se tivesse se cansado de flertar. — Quem sabe a gente pode se ver mais tarde. Comer alguma coisa?
— Mais tarde quando?
— Hoje. Depois da prática de basquete. Quer me ver jogar?
— Oh, não! Era isso o que eu temia! O clichê colegial! — Mas ele ria e Percy ria junto, o fazendo lembrar dos velhos tempos.
— Sabe, você não pode falar de mim. Você era todo bonitinho e tímido e voltou parecendo sair de um filme dos anos oitenta. Jaqueta de couro, calça rasgada e isso… é delineador? — Percy se aproximou mais uma vez dele e segurou suavemente em seu queixo, apenas mais uma desculpa para tocá-lo, disso Nico tinha certeza; não que estivesse reclamando. Percy podia fazer isso e muito mais. — Você é o perfeito garoto bonzinho que ficou rebelde.
— Eu ainda sou um bom garoto.
Isso fez Percy parar por um momento, ainda com as mãos sobre o rosto de Nico, e o encarar longamente apenas para um sorriso de canto aparecer junto a covinhas.
— É mesmo? O quanto você é um bom garoto?
— Acho que você nunca vai descobrir.
Mais um silêncio e mais um olhar que no passado o faria correr em busca de abrigo mais rápido que um foguete. Entretanto, esse Nico tinha ficado para trás junto com sua inocência.
— Hm. — Foi tudo o que Percy disse durante alguns momentos, e Nico jurava que ele estava se aproximando em direção a seu rosto quando o sinal tocou, os interrompendo.
— Certo. — Nico pigarreou, endireitando a coluna e olhando ao redor. — Acho que eu tenho que ir.
— Qual seu primeiro horário?
— Língua portuguesa. Preciso passar na secretaria primeiro.
— Eu vou com você.
Nico nem tentou negar, ele tinha sentido tanta falta de Percy que estender um pouco mais as coisas não faria mal. Ele se desencostou do armário e, de novo, aconteceu algo que ele não esperava. Percy pegou a mochila de seu ombro, a carregando para ele e com a outra mão, entrelaçou os dedos com os seus, o puxando suavemente pelo corredor quase vazio em direção à administração do colégio.
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Então, aceitável? Percebi que meus diálogos não são os melhores. Sua opinião ou feedback educado é sempre bem vindo^^
Obrigada por ler!
Olá, como vai? Então... eu acabei esquecendo de atualizar a versão em português. Aqui está todos os capítulos atrasados. Mil desculpas!
Boa leitura!
— A culpa não é sua. Entre.
Sr. Jackson deu espaço para Nico entrar e fechou a porta, logo em seguida caminhou para dentro da casa, o guiando pela câmara de entrada.
Nico tentou seguir pelo cômodo na velocidade do homem, mas teve que parar por um momento. A primeira coisa que viu foi o branco em seu tom mais puro, vendo que conforme ele andava e seus olhos percorriam o saguão, o branco se misturava a outras tonalidades mais claras e neutras. As paredes também eram brancas e os móveis eram de uma cor igualmente clara, neve pálida, que contrastavam com os quadros bonitos no qual ele nunca poderia reconhecer seu real valor mesmo que o pagassem, decoravam tais paredes intercaladas por grandes janelas que iam até o chão em pontos estratégicos; tudo era tão imaculado, tão limpo e claro que ele teve medo de dar um passo à frente e sujar alguma coisa.
Ele piscou, e se perguntou o que mais iria encontrar naquele lugar. Por isso, com o maior cuidado possível, Nico pisou no tapete branquíssimo que se estendia por toda a entrada e andou o mais rápido que pôde tentando alcançar Sr. Jackson que já lhe esperava na entrada para a sala de estar.
E como todo o resto, o chão daquela casa também era de um granito branco que reluzia quase lhe cegando. Ele tinha mencionado a grande escada em caracol que levava ao andar de cima? Era lindo, algo saído de algum conto de fadas. Nico podia muito bem imaginar uma princesa descendo por aqueles degraus claros e lustrados. Ele escutou um pigarro e enfim desviou o olhar da escada vendo que havia duas portas à direita e uma a esquerda, e o cômodo que ele pensava ser uma pequena sala de estar se abriu ampla mais à direita, bem iluminada pelas grandes janelas que também havia ali mostrando o jardim bem cuidado, mais paredes brancas, sofás creme, uma mesinha de centro e uma televisão de setenta polegadas presa a parede.
Feito um idiota, ele continuou andando enquanto olhava para os lados e sem querer tropeçou no fim do tapete, parando no início da sala de estar. Já o Sr. Jackson, tinha andado a passos confiantes pelo longo corredor, lhe esperando, parecendo a cada minuto mais impaciente agora parado no meio da sala.
— Entre. Por favor. — Sr. Jackson lhe disse tão sério quanto antes.
Por algum motivo que Nico não podia explicar, ele se sentia em conflito, embora… embora soubesse ser um tipo diferente de conflito. Era uma sensação engraçada no pé do estômago que fazia os pelos em sua nuca se arrepiarem, como se… podia parecer ridículo, mas ele sentia ter entrado em uma armadilha de forma que se pisasse em falso seria devorado. Ele admitia, tinha atração por um tipo específico de homem. Alto, forte e… decidido.
Bem, ele não sabia se “decidido” era a palavra certa, mas Nico gostava de acreditar nisso. Ele não sabia, talvez fosse toda aquela pele à mostra, a forma que o homem seminu estava parado no meio do cômodo como se não tivesse nada a esconder, a forma que o Sr. Jackson parecia usar sua altura para exigir… exigir algo dele. Também era o jeito que aqueles olhos que brilhavam intensos pareciam o espreitar, contidos, atentos, tentando comunicar algo que Nico se negava em compreender.
Também poderia ser aquele lugar gigante e deserto que lhe dava essa impressão de sufocamento, como se ele fosse minúsculo e a vastidão branca fosse engoli-lo naquela casa que parecia ser a perfeita prisão feita de ouro. Ou ainda pior, poderia ser algo inédito, algo que Nico recusaria até o fim por puro senso de moral; ele odiava essa sensação que subia por sua coluna e lhe deixava mais confuso, pois, não era justo, ele estava irritado com o homem há menos de dez minutos! E agora, bem… Nico não conseguia esconder, era algo que vinha a ele naturalmente; essa sexualidade que ele tentava enterrar o máximo que pudesse e que era óbvio se Nico pudesse comparar, era a semelhança na postura desse homem que o encarava dos pés à cabeça tão intensamente que lhe deixava desconfortável e ao mesmo tempo com vontade.
Mas tudo estava bem, Nico podia admitir isso para si mesmo. O único motivo de hesitar tanto era a lembrança do que havia acontecido ontem, era exatamente por conhecer pessoas como esse homem, autoritário e confiante, como se fosse óbvio que os outros viviam para atender seus desejos, que ele tinha perdido o emprego. Nico não queria que acontecesse a mesma coisa tão rápido. Ou que acontecesse algo pior.
Ah, por que ele não escutou sua intuição e foi embora quando pôde? Quer dizer… ninguém o obrigava a estar ali, certo? Sr. Jackson apenas tinha segurado a porta, lhe dando passagem e andado para dentro da casa. Talvez um pouco com a cabeça empinada? Talvez se colocando mais ereto do que antes como se… como se estivesse estufando o peito? E só talvez… só talvez ele pudesse ver um brilho meio sinistro naqueles olhos que por algum motivo Nico não conseguia desviar a atenção… Não, devia ser coisa da ansiedade que gostava de lhe pregar peças.
Nico respirou fundo e fez o seu melhor para se convencer, ele fazia esse sacrifício apenas pelo dinheiro.
Ele inspirou profundamente, mais uma vez, e deixou o ar sair, dando o primeiro passo para dentro da sala. Depois deu mais um e parou na frente do Sr. Jackson que o encarou por mais uns segundos, seu rosto ilegível, braços cruzados em frente ao peito, parado no meio do cômodo com as pernas afastadas. Era difícil impedir seus olhos de seguir a direção natural das coisas.
— Me siga.
Sem esperar por Nico, Sr. Jackson andou a passos largos em direção aos sofás na sala de estar e se sentou pesadamente contra uma das milhares de poltronas que enfeitavam o cômodo, o forçando a ir atrás dele.
— Não vou enrolar. Minha esposa viaja a maior parte do tempo e eu cuido das crianças. Sou pesquisador e não tenho tempo a perder. Elas têm uma rotina. Você deve acordá-la às sete em ponto, trocar elas, me ajudar com o café da manhã, levá-las para a escola, buscá-las, ajudá-las com o dever de casa, mantê-las entretidas até a hora de ir dormir e dar banho nelas no fim do dia. Durante o resto do tempo, eu não me importo com o que você faz. Se você fica aqui ou em outro lugar, não é da minha conta.
— Hmm… tudo bem? — Nico disse meio confuso, a irritação voltando a subir por seus nervos. — O senhor vai estar presente em algum momento? Ou devo fazer alguma coisa a mais?
— E o que seria isso?
O homem finalmente sorriu para Nico, mas era algo tão zombador e cínico que ele quase se levantou da cadeira para dar um soco nele.
— Olha, eu não sei o que você faz na casa das outras pessoas, mas aqui você vai fazer o que foi contratado para fazer. Cuidar das crianças e arrumar a bagunça que elas fizerem. Duzentos reais por dia é o suficiente?
— Duzentos reais? — Nico disse, surpreso. Isso era o dobro do que ele esperava.
— Duzentos reais mais transporte e almoço. Você está livre para comer ou fazer o que quiser.
Sr. Jackson deu mais um sorrisinho na direção de Nico e se espreguiçou lentamente ao se levantar, Nico observando cada movimento com mais atenção do que o necessário, ainda levemente confuso e se negando a corar. O pior era saber que ele era tão óbvio, não conseguindo evitar o constrangimento.
— Não se preocupe. Acontece com todo mundo. — Sr. Jackson piscou para Nico e enfim se afastou, mas não sem antes falar: — Subindo as escadas, estou no primeiro quarto à direita. As crianças devem ser acordadas em vinte minutos.
Nico acenou meio zonzo e viu a silhueta dos ombros largos de seu mais novo chefe desaparecer escadas acima.
Nico se virou no sofá, se apoiando de costas e colocou a mão sobre os olhos. Piscou devagar e sentiu a claridade do começo do dia cegá-lo, feito uma flecha que acertava o alvo. Quando os abriu novamente, viu que o sol já brilhava forte em todo o cômodo, banhando as paredes frias e brancas com os raios cálidos do amanhecer, iluminando e aquecendo o lugar que antes parecia tão ausente de vida ou de calor.
Ele piscou mais uma vez, tentando despregar as pálpebras e coçou os olhos, a visão clareando conforme Nico se acostumava com a luz da manhã. Olhou ao redor e enfim se lembrou de onde estava, se inclinando para a frente em busca de seu celular. Tateou a mesa de centro e os bolsos de sua calça até que uma imagem que ele não esperava ver se fez nítida; tudo o que Nico conseguia enxergar eram olhos verdes azulados, tão intensos quanto o mar em dias chuvosos junto a um nariz fino e lábios bonitos, abertos em um sorriso mais bonito ainda, embora ele sentisse que esse sorriso não indicasse boas notícias.
Em um pulo que fez seu coração disparar, Nico se lançou para fora do sofá bem no momento em que o despertador tocou lhe avisando que a hora de acordar as crianças havia chegado. Decidido a recuperar o controle da situação, ele deu alguns passos para trás e colocou certa distância entre ele e o homem que se inclinava sobre o sofá, insistindo em lhe perturbar e que agora sorria em sua direção, lábios bonitos se alargando e o prazer no rosto bronzeado deixando claro que a diversão estava longe de acabar.
Ainda meio sonolento e com a face em fogo, se sentindo como se observasse a própria vida por uma lente desfocada, viu quando o Sr. Jackson endireitou a coluna e ainda sorrindo, se aproximou dele. O homem parou na frente dele, colocou uma das mãos sobre os ombros de Nico e o encarou no que parecia ser algo amigável. Porém, dessa vez, Nico pôde notar que o Sr. Jackson tinha se dignado a usar roupas e até tinha penteado os cabelos que agora estavam jogados para trás, permitindo que ele percebesse o quanto o homem realmente era bonito. Barra feita, dentes brancos e sorriso de canto, parecendo tão charmoso que por um momento Nico se esqueceu de onde estava.
Se Nico dissesse que algo tinha lhe possuído e controlado sua mente, alguém acreditaria? Pois, foi o que aconteceu. Em câmera lenta, ele se viu levantando a própria mão e segurando nos dedos que repousavam sobre seus ombros, os encarando meio sem ver nada e sem acreditar. Dedos sobre dedos, sua palma curvada sobre a dele, observando como ambas as mãos, juntas e de tonalidades tão diferentes, se encaixavam tão bem que por um momento Nico apenas se permitiu observar. Ele ouviu um pigarro e apenas assim voltou sua atenção para o Sr. Jackson; seus olhos verdes, rosto bonito e sorriso cordial finalmente o fazendo perceber que o silêncio durava por mais tempo do que o normal.
Esse era um fato que ele não podia negar, Percy Jackson podia ser estranhamente irritante e agradável ao mesmo tempo, mas ele era uma das pessoas mais bonitas que Nico tinha conhecido, mesmo que seu rosto tivesse uma forma levemente arredondada e agora estivesse usando óculos de grau, sem se esquecer do sorriso mais doce que já tinha visto.
— Noite difícil?
— …algo assim. — Nico disse sem ter certeza. A cada momento que se passava mais a confusão crescia em Nico o deixando… desconfortável, o fazendo sentir aquela sensaçãozinha que agora saia de seu estômago e passava por sua coluna, provocando um rastro de calor e arrepios, algo além do que ele estava disposto a admitir.
A verdade era que Nico não conseguia evitar, a voz do Sr. Jackson soava tão rouca e tão aveludada que ele não pôde suprimir outro arrepio e tão pouco pôde evitar a forma que suas mãos agarraram mais firme as dele. Em contrapartida, Percy Jackson não parecia estar atrás. O aperto em seu ombro era tão forte e decidido que a atenção de Nico foi imediatamente para o que o homem falava, lhe fazendo prestar atenção em sua boca, em como seus lábios se moviam, em sua língua que veio para fora e molhou os lábios levemente secos, Nico pouco a pouco se sentindo enlouquecer a cada segundo em que passava perto daquele homem; numa hora, Sr. Jackson parecia que ia lhe expulsar da casa e na outra, eles eram os melhores amigos. Nico não se sentia confortável com nada disso, incomodado com a mudança repentina do homem. Isso lhe deixava inseguro e incerto de como agir.
Percebendo o que acontecia, Nico se soltou dele e deu outro passo para trás.
— Senhor, se você pudesse--
— Não, é minha culpa. Não me expressei direito. — Sr. Jackson levantou a outra mão e quando viu que Nico se afastava novamente, a abaixou e continuou num tom de voz bem mais suave, mantendo seus olhos intensos sobre os de Nico. — A gente pode começar de novo?
Nico sentiu um tipo diferente de calor subir por sua coluna, ele abriu a boca para xingá-lo de doido bipolar quando parou no meio do que ia dizer. Sim, Nico se calou. Ele se calou porque Sr. Jackson continuava olhando para ele como se Nico fosse a única coisa digna de atenção, ele se calou principalmente porque Sr. Jackson sorria novamente, um sorriso pequeno e bonito, mas tão sincero que tinha lhe acertado completamente e com força total, lhe fazendo perceber que ele estava mais encrencado do que pensava.
Quer saber? Nico não sabia o que estava acontecendo consigo mesmo ou com esse homem, ou o porquê dessa súbita mudança de comportamento. E ele nem queria saber. Será que Nico devia ir embora ou…
— Eu juro, estou sendo sincero. Me desculpe por antes. A última babá que ela arrumou não deixou a melhor das impressões, entende?
— Ela?
— Annabeth Chase, minha esposa? A pessoa que te contratou? Não importa, ela fez isso de propósito.
— Eu entendo se o senhor--
— Não, eu insisto. — Percy Jackson disse, soando mais… firme do que antes. — Vamos ver o que acontece até o fim do dia. Veja isso como um experimento, sim?
E assim, o assunto se encerrava. Sr. Jackson acenou para Nico, endireitou a coluna e se virou, indicando o caminho. Ele andou a passos largos na direção apontada e subiu os lances de escada, percorrendo um longo corredor que dava no quarto das crianças.
Ainda meio zonzo com tantas mudanças de humor, Nico não teve escolha senão segui-lo praticamente correndo para alcançá-lo. Ele subiu os degraus de dois em dois e, já arfando, alcançou o Sr. Jackson no andar superior.
— Eu pensei… que o senhor… não fosse participar?
— Eu não estava falando sério. Vou estar presente sempre que possível. Então, relaxe. Não sou esse tipo de pai.
Por algum motivo, Nico sentia que Sr. Jackson continuava zombando dele mesmo que o deboche não fosse óbvio. Do mesmo modo, ele o seguiu mais uma vez para dentro do quarto, sendo recebido por duas crianças que já estavam acordadas. Elas correram até o pai, gargalhando, e cada uma delas segurou em uma das pernas do homem, a felicidade delas sincera e contagiante, logo o fazendo esquecer do que havia acabado de acontecer.
Percy tentou segurar a risada e deu as costas para Nico, subindo as escadas, no fundo tentado a continuar e ver até onde poderia provocar Nico. Ele gostava de pensar que não era tão sádico assim. Na maior parte do tempo fazia o seu melhor para ser um bom pai e se mantinha fiel à imagem de Annabeth. Querendo ou não, no papel, eles ainda estavam casados, mesmo que Annabeth não fizesse o mesmo esforço que ele, e no momento, Percy tentava especialmente ser um bom anfitrião; era visível que Nico era um bom garoto, paciente e respeitoso quando ele não o tratava da mesma forma, mas era tão fácil provocar aquele garotinho… quando menos viu, estavam perto demais, Percy se divertindo mais ainda enquanto tentava se controlar e esconder o divertimento por trás de uma carranca.
Tudo bem, ele era o culpado nessa história, Percy admitia, estava testando o garoto. Nico parecia bonzinho demais e jovem demais para estar trabalhando, era como ver uma criança cuidar de outras crianças, além do fato dele não saber nada sobre o garoto. Não podia ser possível, aquela carinha bonitinha e toda inocente não devia passar dos quinze, talvez dezesseis anos. Ele era tão magrinho que Percy temia que as crianças sem querer o quebrassem no meio quando fossem brincar. E mesmo sabendo que iria se arrepender, Percy subiu o resto das escadas e abriu a porta, sendo recebido por seus pequenos anjinhos arteiros que lhe abraçaram forte antes de voltar a seus afazeres.
— Papai, Papai! Onde você estava? A gente tá atrasado! — o pequeno Logan gritou de sua cama, colocando os sapatos e já vestido. Ele era um doce, inocente e bem-comportado, sempre tentando fazer o certo. Isso também tinha a ver com o fato de Logan odiar chegar atrasado.
— Kelly não veio hoje? — Alice perguntou de maneira bem mais calma, quase distraída, lendo algo em seu celular enquanto se esparramava na cama.
— Ela teve que se ausentar. Nico ficará com a gente hoje. O que vocês acham disso?
— Mais uma foi embora? — Alice disse.
— Eu não gostava dela mesmo. — Logan falou. Ele sorriu para seus sapatos, satisfeito com um trabalho bem feito e deu de ombros. — Ela não sabia brincar, ficava o dia todo no telefone.
— Eu sei, querido. Com sorte, o Sr. Nico vai ser diferente. Vocês querem conhecê-lo?
Obedientes, as crianças interromperam o que faziam e se levantaram da cama, cada uma parando de cada lado de Percy e enfim avistando a pessoa parada atrás do pai. Com suas colunas retas e olhares curiosos, esperaram pacientes quando Percy enfim saiu da frente delas, permitindo que elas o vissem. E Nico que em todo esse tempo tinha estado encostado ao batente da porta e permanecido observando a interação entre ele e as crianças, deixou que um sorriso tomasse conta de seu rosto.
Percy viu Nico dar um passo para dentro do quarto, se aproximando delas, e continuou observando de longe, tão curioso quanto elas olhavam para Nico.
— Crianças, o que dizemos quando conhecemos pessoas novas?
— É um prazer te conhecer! — Logan disse todo animado, seus olhos chegando a brilhar quando se encontraram com os de Nico.
— Espero que você dure mais do que um mês. — Foi a vez de Alice murmurar. Logo em seguida, ela desviou o olhar para o celular e fingiu que nada estava acontecendo.
Percy entendia perfeitamente, era a forma que Alice tinha para se proteger; ela iria ignorar o problema até que ele desaparecesse ou até que alguém o resolvesse para ela. Porque, de fato, ele já tinha perdido a conta de quantas pessoas tinha contratado nos últimos anos.
— O prazer é todo meu. — Nico disse, o tom de sua voz o surpreendendo.
Percy não podia negar, aquele tom era algo bem mais amoroso e amável do que Nico tinha usado com ele. Isso o surpreendeu ainda mais quando, ao contrário do que ele pensava, Nico se ajoelhou até ficar na altura das crianças e segurou nas mãos delas, sorrindo gentilmente enquanto falava: — Espero que a gente possa se divertir.
— Você vai me levar pra escola? As babás sempre fazem isso. — Logan falou.
— Vai ajudar a gente com o dever de casa? — Alice completou.
— Sim, vamos fazer isso e muito mais.
— Você não devia estar na escola? Quantos anos você tem? — Alice voltou a dizer, parecendo desconfiada.
— Eu tenho vinte. E você?
— Onze. Meu irmãozinho tem sete.
— É verdade! O papai vinte e nove. Mamãe, trinta e um! — Logan falou animado como num jogo. Quem falasse mais rápido, ganhava.
— É muito bom saber. — Nico sorriu e Percy não pôde deixar de sorrir junto.
Ele bagunçou os cabelos de Logan e sentou na cama enquanto continuava a observar a forma leve e fácil que Nico falava com as crianças.
— Você… estuda? — Alice perguntou.
— Não, estou juntando dinheiro para pagar a faculdade.
— Você mora na cidade? — Foi a vez de Logan.
Percy viu Nico sorrir ainda mais, um sorriso tão aberto e angelical que ele tentou disfarçar o interesse enquanto Nico continuava respondendo às crianças sem hesitar. “Não, eu moro mais para o interior, há uma hora da cidade. Sim, tenho quatro irmãos, duas garotas e dois garotos. E sim, tenho namorado”.
— Por que tantas perguntas? — Nico perguntou depois de um tempo.
— Estamos ajudando o papai! — Logan contou a ele, sentado ao lado de Nico no chão junto com a irmã.
— Quando a gente pergunta, as pessoas mentem menos. — Alice acenou, confirmando.
— Quem já mentiu?
— A última babá. Uma mulher de vinte e cinco anos.
Percy sentiu vontade de se estapear e sair dali de fininho bem no momento em que Nico se virou para ele e levantou a sobrancelha, claramente lhe questionando quanto a isso. Ele deu de ombros, fingindo que não sabia de nada e se ajeitou na cama, disfarçando com o celular na mão como se ele lesse algo muito importante. Nico se voltou para as crianças, mais uma vez prestando atenção no que elas diziam, mas… é… Percy podia ver um leve rubor subindo pelo pescoço de Nico, parando em suas altas maçãs do rosto, dando a Nico uma tonalidade ligeiramente mais escura.
— Acho que por hoje foi o suficiente. Quem está pronto para ir para a escola?
Surpreendentemente, não era Percy quem tinha dito isso. Tinha sido o próprio Nico, já entrando em modo de cuidador infanto-juvenil. Tudo pareceu tão natural que Percy se pegou acatando a ordem de Nico. Ambos ajudaram as crianças a pegarem as bolsas, livros e garrafas de água, cada uma delas pegando nas mãos de Nico e o puxando para a porta de entrada, descendo as escadas e parando na câmara de entrada.
Se sentindo satisfeito, entregou as chaves do carro nas mãos de Nico e disse: “Divirta-se!”
— Você não deveria…?
— Você não sabe dirigir?
— Não é isso!
— Então, está resolvido. É o Jeep preto.
Sendo arrastado pelas crianças, Nico fez uma careta engraçada para Percy e ele se viu novamente os seguindo enquanto as crianças continuavam a arrastar Nico pela casa. Eles deram a volta na casa, passaram pelo jardim, e atrás dela onde havia um longo jardim estavam os carros, um conversível que Percy tinha ganhado de presente em seu aniversário de dezoito anos e um Jeep, um monstro de quatro portas com rodas que ele amava dirigir, quase mais alto do que ele próprio.
Percy indicou o carro para Nico e prestando atenção no rosto de Nico, se sentiu ainda mais satisfeito. Nico parou no lugar e ficou um tempo admirando o carro, seus olhos bem abertos com uma expressão tão surpresa que o deixava ainda mais bonitinho.
Nico balançou a cabeça e olhou para ele, parecendo vencido pelo cansaço.
— Vamos, destrave o carro. — Nico fez, é claro. Nico apertou o botão e assim que o alarme foi desativado, Percy abriu a porta para ele e então pegou as crianças, as colocando no banco de trás e ajeitando o cinto de segurança para elas.
— Você consegue subir?
Nico acenou, deu um impulso para frente e caiu de cara no banco do motorista, todo desajeitado. Percy teve o impulso de o ajudar, mas como Nico não tinha reagido bem antes quando ele tocou no ombro dele, Percy parou antes que Nico interpretasse aquilo de forma errada.
É, parece que ele teria que comprar outro carro para eles. Um… que fosse mais rebaixado? Era uma boa ideia.
Percy enfim bateu a porta do carro, acenou para eles e só entrou para dentro da casa quando Nico de fato mostrou saber dirigir, continuou observando o carro se afastar até que Nico fez uma baliza para completar o retorno em direção à saída. Parece que as coisas seriam mais interessantes do que Percy pensava.
— Sem correr, por favor. — Nico murmurou sabendo que as crianças já estavam muito longe para escutarem.
Felizmente o dia tinha passado sem muitos problemas. Depois daquela apresentação calorosa, ele tinha deixado as crianças na escola e sem nada para fazer lhe restou voltar para a casa do Sr. Jackson. Foi apenas quando Nico se viu parado na ampla sala de estar que encontrou um bilhete em cima da mesinha de centro:
“Nico, preciso que você cuide das crianças essa noite. Pago horas extras. Espero que você não tenha problemas. Desculpe o aviso tardio. Estarei em casa até as 17hs se você tiver alguma pergunta.
Percy Jackson.”
Percy Jackson só podia estar brincando com ele, certo? Era seu primeiro dia e o cara já pensava que ia o fazer de escravo? Que família mais estranha! Pelo jeito, Percy Jackson era do tipo que ficava preso no quarto por horas e a misteriosa senhora Annabeth Chase era pior ainda, ela nunca estava em casa e ainda por cima parecia praticar abandono maternal. Era até engraçado, ela o contratava e nem estava em casa para explicar as coisas enquanto que ele tinha que aguentar o marido bipolar dela? Mas estava tudo bem, como sempre. Iria ficar, de qualquer forma.
O problema real apareceu quando Nico foi para a cozinha naquela tarde em busca do almoço se deparando com uma geladeira cheia de comida, sim, porém toda a comida ali estava crua. Ou estragada. De fato, parecia que ninguém abria aquela geladeira há meses. E já que ele estava ali, por que não?
Respirando fundo e se sentindo meio enjoado, Nico enfiou a cara dentro da geladeira e começou a tirar tudo o que tinha cheiro ou aparência suspeita, hortaliças, verduras, legumes e até um pedaço de carne que parecia ter uma coloração diferenciada. No fim, deu um saco de lixo gigante, cheio até a boca que exalava um odor fétido, havendo muito pouca coisa que poderia ser usada. Ele tinha algumas possibilidades, é claro; ou passava a tarde fazendo uma sopa, ou poderia comprar comida. E como Nico era o único que iria comer, ele achou melhor comprar alguma coisa por enquanto. Dessa forma, ele pegou novamente as chaves do carro e saiu antes que ficasse tarde demais. Na volta trouxe um pouco de arroz cozido, legumes, carne assada e uma saladona que poderia ser dividida com mais três pessoas. O bom era que ele tinha chegado bem há tempo do almoço, quase passando das treze horas.
Foi assim que Nico passou sua primeira tarde na casa dos Chase-Jackson, lendo um livro sobre literatura, comendo devagar e depois explorando o resto da casa, ele até achou uma piscina no quintal mais à direita da propriedade enquanto esperava pacientemente até que a hora de pegar as crianças chegasse. E quando essa hora finalmente chegou, ele pegou as chaves do carro, se lembrando da comida que tinha sobrado na geladeira e bem embalada em seus potes. Então, Nico decidiu, o Sr. Jackson também merecia um pouco de comida; quer dizer, o homem não podia ficar o dia inteiro dentro do quarto sem comer, podia?
Ele fez um prato caprichado para o chefe, bateu na porta e colocou o prato com a bandeja no chão. Sem olhar para trás, se virou e desceu escadas indo direto para fora da casa em direção ao carro, felizmente chegando à escola das crianças antes delas saírem. Não demorou muito e veio aquele mar de estudantes, todos apressados para irem embora.
Quando menos viu, Nico foi atacado por mãos e braços que se fincaram nele de uma forma que não seria possível se soltar.
— Você veio!
— Eu não devia? — Perguntou confuso a Logan.
— As babás sempre chegam atrasadas. — Alice completou a fala do irmão. — É chato ficar aqui esperando. Será que é tão difícil chegar na hora, sabe?
— Eu entendo. Comigo vocês não precisam esperar.
Contentes, as crianças seguraram em sua mão e andaram com ele até o carro, com a ajuda dele se sentaram no banco de trás sem parar de falar; até Alice que naquela manhã pareceu ser quieta agora gesticulava e contava de seu dia. Nico fez o melhor para prestar atenção no que elas diziam e acenar nas horas certas, preferindo prestar atenção ao dirigir pela cidade, logo entrando no condomínio. E Agora? Agora ele tentava acompanhar o ritmo delas. No momento em que chegaram em casa, Nico as ajudou a sair do carro e logo que elas se viram livres, lhe deram um abraço apertado cada uma e ambos correram pelo jardim, já subindo pela pequena varanda e passando pela porta da frente.
E, ele, num rompante de energia correu atrás das crianças, levando consigo suas mochilas e lancheiras, ouvindo elas conversarem dentro da cozinha, essa cena o fazendo lembrar que elas não teriam nada para comer.
— Nico! Nico! Estou com fome! — Ele ouviu uma delas gritar.
— Você sabe cozinhar? — A outra completou.
Admitindo a derrota, parecia que Nico no fim das contas teria que cozinhar, não?
Ele colocou a bolsa deles e as chaves do carro perto da mesa da sala de estar e andou em direção à cozinha até entrar nela; Nico já se arrependia de não ter pedido mais comida. Por mais que quisesse fugir de mais interrogatórios, ele não teve escolha. As crianças tinham sorte de serem tão fofas. O bom era que depois de passar parte da tarde limpando a geladeira, Nico sabia exatamente onde encontrar tudo o que precisava; legumes, temperos e verduras, indo direto ao armário e pegando uma panela. Ele a encheu com água e a colocou no fogo, tentando disfarçar de frente para o fogão, simulando que estava ocupado apenas para não ter que encarar esse suplício.
E sinceramente? Ele já estava ficando cansado disso.
— Nicoooo… onde você aprendeu a fazer isso?
— Foi seu papai que te ensinou?
Ele já disse que estava cansado disso? Nico sabia como crianças podiam ser curiosas e ter mil perguntas. Mas isso ia além de pura curiosidade, era a obra de um ser feito inteiramente de crueldade. Entretanto, algo o fez parar no meio do caminho em direção a geladeira. Ele se virou em direção a Logan e viu como o garotinho mostrava a maior expressão de inocência que ele já tinha visto. Seus olhos verdes-azulados iguais aos do pai e cabelos loiros devendo ter herdado da mãe, cintilavam como raios de sol que reluziam intensamente em sua direção. Sim, Nico não pôde mais ignorá-lo. Parou o que fazia e levantou a cabeça, a última pergunta lhe pegando de surpresa.
Nico sorriu e em seguida abriu a geladeira, tirando todos os legumes que precisaria; batatas, cenouras, alho, cebola e coentro. Alguns pimentões também e chuchu para tornar tudo mais saudável.
— Por que o meu pai? — Nico teve que perguntar. A pergunta era específica demais para ser coincidência.
— Papai ensina tudo pra gente! — Logan disse. Seu rosto expressivo, orgulhoso de contar isso para ele.
— E sua mãe?
— Ela nunca fica em casa. — Dessa vez foi Alice que respondeu, desviando a atenção do celular que ela segurava. Alice deu de ombros e voltou a seu aparelho, embora ele soubesse que Alice prestava até mais atenção que Logan.
— Ah. — Ele disse. Pelo menos isso parece ter freado a sequência de perguntas intermináveis que eles insistiam em disparar.
— Você gosta da sua mãe? — Alice perguntou.
Nico olhou pelo canto dos cílios e viu que dessa vez não era o tipo de pergunta para arrancar informações dele.
— Ela é uma das melhores pessoas que eu conheço. Me ensinou a cozinhar e a estudar. Cuidar da casa e dos meus irmãos.
— E seu pai? — Logan quis saber.
— Ele… ele fez o melhor que pôde. Me ensinou a cuidar da terra e a ter respeito por todas as coisas vivas. Mas ele pode ser violento quando provocado.
— Que nem a mamãe e o papai?
— Logan! — Alice o repreendeu. Ela colocou a mão na boca do irmão e tentou sorrir para Nico.
— Entendo. — Nico disse depois de um tempo, sabendo exatamente o que Logan queria dizer com isso. Quando o silêncio se tornou desconfortável, completou: — Esse vai ser um segredo só nosso.
Felizmente após essa revelação as perguntas pararam completamente. Nico voltou para o fogão e vendo que a água estava quase fervendo, descascou rapidamente os legumes. Fritou o alho e a cebola, juntou com os pimentões e colocou tudo no panelão, esperando que a mistura cozinhasse adequadamente e o caldo engrossasse um pouco. Lidar com crianças era sempre estranho e apesar dessas crianças terem tudo o que qualquer pessoa poderia querer, se sentia mal por elas. Elas pareciam tão solitárias e conformadas com isso, como se fosse tudo o que poderiam ter, o fazendo lembrar de sua própria infância. Agora ele sabia que poderia ter muito mais se quisesse, sentindo o impulso de mostrar que eles podiam ter isso e muito mais também.
Só tinha um detalhe, ele não era o pai deles e não cabia a ele se meter no que não era de sua conta; Nico tinha que se lembrar disso, sabia que o Sr. Jackson era o responsável por todas essas perguntas que as crianças insistiam em lhe fazer e ele não tinha o direito de descontar nelas ou influenciá-las dessa forma. Assim, enquanto a sopa não ficava pronta, Nico foi até a mesa, sorriu para Logan e Alice e se aproximou até estar na altura deles, beijando cada um nos cabelos, tentando passar tranquilidade e afeto.
— Então, o que vocês querem fazer? Dever de casa?
— Vamos jogar 10 perguntas!
Logan não tinha jeito, ele sempre seria o filho do papai.
— Boa tentativa. — Ele apertou o nariz de Logan e Logan gargalhou, tentando afastar as mãos de Nico. — Vamos, vai ser rápido. Você não precisa de ajuda? Vou fazer com você.
— Vai mesmo? Papai nem sempre tem tempo…
— Certo. Se levante. Você também, Alice.
— Eu não sou uma criancinha que precisa de ajuda.
— Ei! — Logan, reclamou, cruzando os braços.
— Sem exceções. — Foi tudo o que ele disse antes de abaixar o fogo e se encaminhar para fora da cozinha.
Logan foi saltitando atrás dele e, a Alice, só restou revirar os olhos e os seguir até a sala de estar onde eles espalharam os cadernos e livros sobre a mesa de centro enquanto Nico os fiscalizava. Foi estranhamente agradável, as crianças fizeram todo o dever de casa e ainda tiveram tempo para assistir um pouco de televisão antes de voltarem para a cozinha.
No fim, a sopa tinha ficado melhor do que Nico se lembrava, a receita de sua nona nunca falhava ou era o que ela costumava lhe dizer. Ele foi até o fogão, o desligou e inspirou o aroma apetitoso e fragrante, levou a panela até o centro da mesa, colocou três pratos na mesa e serviu porções generosas. Sentia que deveria esperar pelo dono da casa, entretanto, como o Sr. Jackson já devia ter saído, seriam apenas ele, as crianças e o sofá confortável na sala de estar. O que ele não se importava; a companhia delas sempre seria melhor do que a daquele homem que ficava o tempo o encarando, seu olhar inquisitivo fazendo algo dentro de Nico se remexer inquietamente. Sua pele esquentava e a base da sua nuca formigava por horas. Então, essa ansiedade, diferente de qualquer outra, lhe tomava de uma forma que o forçava a levantar ou fazer algo útil com as mãos. Por isso, tardes como essas fazia bem para seu coração, sua ansiedade se mantinha em níveis normais e ele podia relaxar mesmo que em meio as milhões de perguntas que aqueles pestinhas insistiam em fazer.
— Nossa! Isso tá tão gostoso!
— Está mesmo. — Alice concordou com Logan. Ela assoprou devagar e tomou mais uma colherada, gemendo de prazer.
Nico sorriu satisfeito com o elogio. Era bom saber que alguém ainda gostava do que ele fazia.
— Nico? Nico? Está na hora de ir pra cama. — Nico escutou alguém chamar por ele na forma de um sussurro ao pé de seu ouvido. Na verdade, fazia tempo que qualquer pessoa usava aquele tom de voz com ele, algo cuidadoso e gentil, suave, tentando acordá-lo sem assustá-lo. Então, a mão de alguém tocou em seu ombro, pesada, porém reconfortante ao deslizar e pousar sobre suas costas, o movendo e o ajudando a levantar delicadamente do sofá.
Nico abriu os olhos devagar e dessa vez não reagiu como ele próprio esperava. Era o sr. Jackson, é claro, em um terno negro de grife e cheirando tão bem que Nico se viu inclinando em direção ao homem, observando os cabelos escuros penteados para atrás e a barba que já crescia ralinha pinicar as pontas de seus dedos.
Como ele sabia disso? Bem… talvez ele tenha tocado no rosto do Sr. Jackson, dedilhando a pele enquanto tentava se sentar e encarar quem lhe chamava. E talvez, ele tenha mantido sua mão ali um pouco mais do que o necessário, apenas um pequeno erro de percurso, vocês entendem, certo? Era só isso. O bom disso tudo era que o Sr. Jackson pareceu não se importar; ele sorriu para Nico e estendeu a mão para que ele pudesse levantar, lhe guiando pelo meio das costas enquanto andavam pela casa. E Nico, com a maior cara de paisagem que foi capaz de fazer, enfim sentou direito no sofá e o seguiu, fazendo seu melhor para fingir que nada estava acontecendo. Agora, porque esse homem vivia lhe pegando nessa situação, Nico não sabia explicar.
— Cama? — Nico murmurou enfim. Ele coçou os olhos e tentou pensar em que cama seria essa.
— Já são duas horas da manhã. Me desculpe, a reunião durou mais do que eu pretendia. E obrigado pela comida.
— Ah… então eu… eu acho que vou indo.
— Não, você pode usar o quarto de hóspedes. Por favor.
Sr. Jackson não deu nenhuma outra desculpa ou tentou explicar porque Nico devia dormir ali. Não, o homem apenas afirmou como se fosse obvio que ele iria obedecer. E pronto, simples assim, as coisas estavam resolvidas. Nico pensou em discutir, em dizer que eles não deveriam fazer isso, mas… mas ele sabia que as coisas seriam mais fáceis se ele apenas aceitasse e já que Nico não tinha direito de escolha, deu de ombros; afinal, o que de mal poderia ter em dormir uma noite fora de casa? “Isso. Não tem problema”, ele voltou a pensar. Nico teria que acordar cedo e estar ali às sete, então… só dessa vez… só dessa… não tinha problema. Certo?
Sentindo o corpo mole, deixou que o Sr. Jackson o segurasse pelos ombros e continuasse a lhe guiar pela casa.
— Você está com fome? — Sr Jackson perguntou a ele.
Nico piscou devagar, tentando pensar e se virou para ele, vendo o sorriso do homem retornando com força total.
Ah, era verdade! Ele tinha se esquecido.
— Eu fiz sopa.
— Você fez sopa? — Sr. Jackson repetiu, como se para ter certeza.
— Está na geladeira.
Tudo bem, essa nem era uma situação tão estranha assim, certo? Devia ser comum jantar com seu chefe…? Nico balançou a cabeça e decidido a não fazer mais nada impróprio, se sentou perto da bancada da cozinha, enquanto ainda sorrindo o Sr. Jackson andou até a geladeira, a abrindo. E lá dentro, como Nico havia dito, tinha um vasilhame gigante cheio de sopa de legumes e um com o resto da comida que ele havia comprado.
Sr. Jackson claramente surpreso, pegou o contêiner e o abriu, inspirando o aroma.
— Isso são legumes de verdade? — Sr. Jackson pergunta mais surpreso ainda, percebendo que não era o tipo de sopa instantânea.
— Não é assim que se faz sopa? O senhor sabe que não tinha comida para as crianças? — Murmurou incerto.
— Nah. Temos comida congelada.
— Ah. — Nico disse.
Sua vontade era dizer que comida congelada era horrível e nada saudável. Mas é claro que ele não disse o que pensava. Ao invés disso, observou o homem tirar um pouco da sopa, colocar em um prato fundo, o levar ao micro-ondas e depois se sentar de frente para ele, dando a primeira colherada. Quando Nico diz isso, ele não está brincando; Sr. Jackson fechou os olhos de uma forma contente e gemeu tão alto que ele parecia ter alcançado o paraíso.
— Sr. Di Ângelo , quem diria! Você é cheio de surpresas. O que mais você pode fazer?
E não é que a pergunta soava… estranhamente dúbia? Nico sentiu o sono se dissipando mais rápido que um foguete enquanto seu rosto pegava fogo. Ele não podia evitar, era algo físico, sentia a pele esquentando e suando e seu coração disparando por algum motivo. Não era sua culpa se o Sr. Jackson olhava daquele jeito para ele, o sorriso do homem parecendo… ligeiramente diferente.
— Qualquer coisa. Comida, sobremesas e massas. Minha mãe… — Ele engoliu em seco e pigarreou, sentindo a garganta se fechar por algum motivo que não podia entender. — Ela aprendeu com a mãe dela. E como minhas irmãs não se interessam… gosto de passar meu tempo ajudando ela.
Ele deu de ombros, não era algo tão incomum assim. A diferença era que ele preferia ficar em casa enquanto outras crianças corriam pelos campos brincando.
— Quantos anos você tem mesmo?
Foi o exato momento em que Nico percebeu que o questionário retornava com força total.
— Eu queria falar sobre isso com o senhor.
— Por favor, me chame de Percy.
— Certo, Percy. Será que você podia parar com esses interrogatórios? — Nico falou com a maior seriedade que pôde. Endireitou a coluna, colocou as mãos em cima da bancada e completou, para não parecer muito rude: — Por gentileza. Se o senhor quiser saber de alguma coisa, é só me dizer. Não tenho nada a esconder.
O encarando de frente, Sr. Jackson, quer dizer, Percy, colocou a colher sob o prato e se inclinou para perto dele, ficando um pouco perto demais.
— O que foi? — Nico teve que perguntar.
— Tudo bem. Vou pedir que as crianças parem. Mas você tem que ser sincero comigo.
— Certo…?
Ele viu Percy respirar fundo e não pôde acreditar no que escutou em seguida:
— Como você encontrou o anúncio? Você estuda? O que pretende fazer no futuro? Como tem tanto jeito com crianças? Quantos anos você tem? De onde sua família vem? E sobre--
— O-o quê? Espera aí! Eles não te deram essas informações?
— Me dar informações? Eu nem sei quem são eles!
— Oh. — Agora ele entendia.
— Eu não tive escolha! A garota que limpava a casa pediu demissão, logo depois da babá ser despedida. Eu não tive escolha mesmo. Você sabe como é difícil cuidar de crian…
Nico colocou o braço no balcão e apoiou a cabeça nele, observando meio fora do ar Percy bufar irritado, tentando não rir na cara do homem e só quando teve certeza que Percy tinha terminado, respondeu:
— Então… tenho vinte anos. Estudo direito na faculdade comunitária aos fins de semana e trabalho durante a semana para pagar minha faculdade desde os dezessete.
— Oh. — Foi a vez de Percy murmurar.
— Minha família é da Itália, viemos para cá quando meu avô paterno morreu há alguns anos e como meu pai não tem irmãos, ele tomou responsabilidade pelos negócios da família.
— Ele não devia pagar sua faculdade? — Percy disse.
— Nós… a gente não se dá muito bem. Ele acha que fazer direito é perda de tempo.
— Vejo que você gosta de crianças…
Nico deu de ombros mais uma vez.
— Eu ajudava minha mãe em casa. Crianças são… puras e elas não mentem. São melhores companhias que muitos adultos.
Depois disso… Nico não tinha certeza de mais nada. Sr Jackson, quer dizer, Percy, continuou tomando sua sopa enquanto que Nico apenas ficou ali pensando que, no fim, Percy tinha um motivo para agir daquela forma, esperando por Percy terminar seu jantar. Ele sabia que não precisava esperar e até sabia onde ficava o quarto, Nico só… só não queria se mexer, sentindo aquela sonolência retornar. Era mais interessante ficar onde estava, sentindo o sono voltar minuto por minuto a ele, parecendo quase hipnótico o movimento que Percy fazia com a colher, a levantando e baixando, até que o prato estava vazio e Percy tinha se escorado no assento do a cadeira.
— Você sabe que amanhã é sábado, não sabe?
— É? — Ele tinha esquecido completamente.
— E nessa casa ninguém acorda cedo no fim de semana.
— Hmm.
— Então, se você quiser tomar um banho e dormir até o meio-dia…
— Oh. Certo.
Nico parou de olhar para as mãos de Percy e levou a vista para seus olhos em seguida. Ele estava confuso… Percy estava lhe convidando como um hóspede? O homem parecia tão diferente de antes que parecia ser uma pessoa totalmente mudada. Nico não sabia se gostava disso, dessa mudança rápida, e ainda continuava sem saber se era correto uma pessoa que prestava um serviço dormir na casa de seu empregador.
— Eu não tenho roupas.
— Vou te emprestar algumas. Olha, não posso te deixar sair uma hora dessas. Então, seja um bom garoto e me obedeça, sim?
Assim, Percy se levantou, lavou o próprio prato e na saída o puxou pela mão. Nico se viu sem escolha além de segui-lo feito um cachorrinho sonolento, como se fosse guiado pela coleira, todo obediente e sem dizer uma palavra sequer.
Obrigada por ler!
I made this meme back in 2023
Did I cook back then? lol
Me was in benninging of me writin’ career
do you ever not write for so long that you’re almost afraid to? like what if I’m dumb now
I write fanfiction because I love the characters and ships I write. I’m not a published author, nor am I trying to become one. I’m here because I got obsessed with a stupid tv show. That’s it.
Kudos and/or comments fuel me more than you can imagine.
Every day, I get a ‘You’ve got Kudos!’ email. Every day, I open it. I take note of which of my fics have been given kudos. I take note of the usernames I find there. If you’ve left kudos on one of my fics before, I’ll recognize you. I take a moment to appreciate your support. I feel validated and inspired after this.
When someone comments on one of my fics for the first time, I go ‘Oh hey there, new friend. Welcome to my world.’
If you’ve commented on one of my fics more than once, I know you. I’ve checked out your profile, your works, your bookmarks. When I see your username, I feel like I’m meeting a friend. I’m like ‘This is the person who likes the same rarepair I do.’ - ‘This is the lover of fluff/smut/angst fics.’ I remember.
I read every comment I ever get, many of them more than once. I try to answer them all. I’m not always fast with that, but I promise you, I appreciate the hell out of your feedback. Sometimes people ask me why I’m grinning so dumbly down at my phone, and many times it’s because I just got a new comment. You’re making my day with this.
Sometimes I get a comment on a WIP I haven’t updated in a while, and in most cases, it motivates me to get the next chapter out. You’re reminding me why I started writing this story. You’re making me want to finish it.
When I feel down and unable to write, I go back to the comments on stories that mean a lot to me personally. They give me new life. I treasure them. You have no idea how long they stick with me.
My ask box is always open. You want to express an opinion on my writing anonymously? You have a prompt, an idea, a wish? You probably don’t know how easy I am to persuade to write something. Honestly, try it.
No fic is too old to comment on it. Never.
If you’re too shy to leave a comment, you are valid. I’m happy to have you as a reader. I’m a crazy fangirl like you. I’m dying to talk to you. If you can’t, that’s perfectly fine though.
If you don’t know what to comment, believe me when I say that it doesn’t matter as long as it isn’t rude. You’re too tired to leave a proper comment? I read fics at 2am too my friend, I understand. You don’t know how to put your thoughts into words? You can literally leave me a HI and I’ll be happy about it.
If you’re too shy to comment in English because you’re not a native speaker, you’re valid. You’re good enough to read fics in this language, you can be proud of that. I know how to use a translator. You may comment in whatever language you want to. I’m not a native speaker either, I’ve long stopped trying to sound like one. I take no shame in that.
If you have ever taken time out of your day to read one of my stories, I appreciate you so much. If you have ever hit the kudos button on one of my stories, I appreciate you so much. If you have ever written me a comment, shared your genuine feelings about my writing with me, you are responsible for a big, stupid smile on my face and a significant bit of motivation.
Thank you!
Happy New Years Babbys 🎉✨️
Commission I did for my friend Bobinthecomments
Sejam bem-vindos! Olá, esse é meu blog pessoal. Escrevo fanfics Pernico/Nicercy e orginais, e reblogo alguns posts de vez em quando. História Atual Não há lugar como o Lar - versão em Portugues There's no Place like home - English version Resumo: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro. Se você quiser saber o que eu escrevo, siga a tag #my writing
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