AMOR DE BABÁ - Nico!Babá, Percy!Professor - Capítulo III, Capítulo IV, Capítulo V, Capítulo VI,

AMOR DE BABÁ - Nico!Babá, Percy!Professor - Capítulo III, Capítulo IV, Capítulo V, Capítulo VI, Capítulo VII

Olá, como vai? Então... eu acabei esquecendo de atualizar a versão em português. Aqui está todos os capítulos atrasados. Mil desculpas!

Boa leitura!

Capítulo III

— A culpa não é sua. Entre.

Sr. Jackson deu espaço para Nico entrar e fechou a porta, logo em seguida caminhou para dentro da casa, o guiando pela câmara de entrada.

Nico tentou seguir pelo cômodo na velocidade do homem, mas teve que parar por um momento. A primeira coisa que viu foi o branco em seu tom mais puro, vendo que conforme ele andava e seus olhos percorriam o saguão, o branco se misturava a outras tonalidades mais claras e neutras. As paredes também eram brancas e os móveis eram de uma cor igualmente clara, neve pálida, que contrastavam com os quadros bonitos no qual ele nunca poderia reconhecer seu real valor mesmo que o pagassem, decoravam tais paredes intercaladas por grandes janelas que iam até o chão em pontos estratégicos; tudo era tão imaculado, tão limpo e claro que ele teve medo de dar um passo à frente e sujar alguma coisa.

Ele piscou, e se perguntou o que mais iria encontrar naquele lugar. Por isso, com o maior cuidado possível, Nico pisou no tapete branquíssimo que se estendia por toda a entrada e andou o mais rápido que pôde tentando alcançar Sr. Jackson que já lhe esperava na entrada para a sala de estar.

E como todo o resto, o chão daquela casa também era de um granito branco que reluzia quase lhe cegando. Ele tinha mencionado a grande escada em caracol que levava ao andar de cima? Era lindo, algo saído de algum conto de fadas. Nico podia muito bem imaginar uma princesa descendo por aqueles degraus claros e lustrados. Ele escutou um pigarro e enfim desviou o olhar da escada vendo que havia duas portas à direita e uma a esquerda, e o cômodo que ele pensava ser uma pequena sala de estar se abriu ampla mais à direita, bem iluminada pelas grandes janelas que também havia ali mostrando o jardim bem cuidado, mais paredes brancas, sofás creme, uma mesinha de centro e uma televisão de setenta polegadas presa a parede.

Feito um idiota, ele continuou andando enquanto olhava para os lados e sem querer tropeçou no fim do tapete, parando no início da sala de estar. Já o Sr. Jackson, tinha andado a passos confiantes pelo longo corredor, lhe esperando, parecendo a cada minuto mais impaciente agora parado no meio da sala.

— Entre. Por favor. — Sr. Jackson lhe disse tão sério quanto antes.

Por algum motivo que Nico não podia explicar, ele se sentia em conflito, embora… embora soubesse ser um tipo diferente de conflito. Era uma sensação engraçada no pé do estômago que fazia os pelos em sua nuca se arrepiarem, como se… podia parecer ridículo, mas ele sentia ter entrado em uma armadilha de forma que se pisasse em falso seria devorado. Ele admitia, tinha atração por um tipo específico de homem. Alto, forte e… decidido. 

Bem, ele não sabia se “decidido” era a palavra certa, mas Nico gostava de acreditar nisso. Ele não sabia, talvez fosse toda aquela pele à mostra, a forma que o homem seminu estava parado no meio do cômodo como se não tivesse nada a esconder, a forma que o Sr. Jackson parecia usar sua altura para exigir… exigir algo dele. Também era o jeito que aqueles olhos que brilhavam intensos pareciam o espreitar, contidos, atentos, tentando comunicar algo que Nico se negava em compreender.

Também poderia ser aquele lugar gigante e deserto que lhe dava essa impressão de sufocamento, como se ele fosse minúsculo e a vastidão branca fosse engoli-lo naquela casa que parecia ser a perfeita prisão feita de ouro. Ou ainda pior, poderia ser algo inédito, algo que Nico recusaria até o fim por puro senso de moral; ele odiava essa sensação que subia por sua coluna e lhe deixava mais confuso, pois, não era justo, ele estava irritado com o homem há menos de dez minutos! E agora, bem… Nico não conseguia esconder, era algo que vinha a ele naturalmente; essa sexualidade que ele tentava enterrar o máximo que pudesse e que era óbvio se Nico pudesse comparar, era a semelhança na postura desse homem que o encarava dos pés à cabeça tão intensamente que lhe deixava desconfortável e ao mesmo tempo com vontade.

Mas tudo estava bem, Nico podia admitir isso para si mesmo. O único motivo de hesitar tanto era a lembrança do que havia acontecido ontem, era exatamente por conhecer pessoas como esse homem, autoritário e confiante, como se fosse óbvio que os outros viviam para atender seus desejos, que ele tinha perdido o emprego. Nico não queria que acontecesse a mesma coisa tão rápido. Ou que acontecesse algo pior.

Ah, por que ele não escutou sua intuição e foi embora quando pôde? Quer dizer… ninguém o obrigava a estar ali, certo? Sr. Jackson apenas tinha segurado a porta, lhe dando passagem e andado para dentro da casa. Talvez um pouco com a cabeça empinada? Talvez se colocando mais ereto do que antes como se… como se estivesse estufando o peito? E só talvez… só talvez ele pudesse ver um brilho meio sinistro naqueles olhos que por algum motivo Nico não conseguia desviar a atenção… Não, devia ser coisa da ansiedade que gostava de lhe pregar peças.

Nico respirou fundo e fez o seu melhor para se convencer, ele fazia esse sacrifício apenas pelo dinheiro. 

Ele inspirou profundamente, mais uma vez, e deixou o ar sair, dando o primeiro passo para dentro da sala. Depois deu mais um e parou na frente do Sr. Jackson que o encarou por mais uns segundos, seu rosto ilegível, braços cruzados em frente ao peito, parado no meio do cômodo com as pernas afastadas. Era difícil impedir seus olhos de seguir a direção natural das coisas.

— Me siga.

Sem esperar por Nico, Sr. Jackson andou a passos largos em direção aos sofás na sala de estar e se sentou pesadamente contra uma das milhares de poltronas que enfeitavam o cômodo, o forçando a ir atrás dele.

— Não vou enrolar. Minha esposa viaja a maior parte do tempo e eu cuido das crianças. Sou pesquisador e não tenho tempo a perder. Elas têm uma rotina. Você deve acordá-la às sete em ponto, trocar elas, me ajudar com o café da manhã, levá-las para a escola, buscá-las, ajudá-las com o dever de casa, mantê-las entretidas até a hora de ir dormir e dar banho nelas no fim do dia. Durante o resto do tempo, eu não me importo com o que você faz. Se você fica aqui ou em outro lugar, não é da minha conta.

— Hmm… tudo bem? — Nico disse meio confuso, a irritação voltando a subir por seus nervos. — O senhor vai estar presente em algum momento? Ou devo fazer alguma coisa a mais?

— E o que seria isso?

O homem finalmente sorriu para Nico, mas era algo tão zombador e cínico que ele quase se levantou da cadeira para dar um soco nele.

— Olha, eu não sei o que você faz na casa das outras pessoas, mas aqui você vai fazer o que foi contratado para fazer. Cuidar das crianças e arrumar a bagunça que elas fizerem. Duzentos reais por dia é o suficiente?

— Duzentos reais? — Nico disse, surpreso. Isso era o dobro do que ele esperava.

— Duzentos reais mais transporte e almoço. Você está livre para comer ou fazer o que quiser.

Sr. Jackson deu mais um sorrisinho na direção de Nico e se espreguiçou lentamente ao se levantar, Nico observando cada movimento com mais atenção do que o necessário, ainda levemente confuso e se negando a corar. O pior era saber que ele era tão óbvio, não conseguindo evitar o constrangimento.

— Não se preocupe. Acontece com todo mundo. — Sr. Jackson piscou para Nico e enfim se afastou, mas não sem antes falar: — Subindo as escadas, estou no primeiro quarto à direita. As crianças devem ser acordadas em vinte minutos.

Nico acenou meio zonzo e viu a silhueta dos ombros largos de seu mais novo chefe desaparecer escadas acima.

Capítulo IV

Nico se virou no sofá, se apoiando de costas e colocou a mão sobre os olhos. Piscou devagar e sentiu a claridade do começo do dia cegá-lo, feito uma flecha que acertava o alvo. Quando os abriu novamente, viu que o sol já brilhava forte em todo o cômodo, banhando as paredes frias e brancas com os raios cálidos do amanhecer, iluminando e aquecendo o lugar que antes parecia tão ausente de vida ou de calor. 

Ele piscou mais uma vez, tentando despregar as pálpebras e coçou os olhos, a visão clareando conforme Nico se acostumava com a luz da manhã. Olhou ao redor e enfim se lembrou de onde estava, se inclinando para a frente em busca de seu celular. Tateou a mesa de centro e os bolsos de sua calça até que uma imagem que ele não esperava ver se fez nítida; tudo o que Nico conseguia enxergar eram olhos verdes azulados, tão intensos quanto o mar em dias chuvosos junto a um nariz fino e lábios bonitos, abertos em um sorriso mais bonito ainda, embora ele sentisse que esse sorriso não indicasse boas notícias.

Em um pulo que fez seu coração disparar, Nico se lançou para fora do sofá bem no momento em que o despertador tocou lhe avisando que a hora de acordar as crianças havia chegado. Decidido a recuperar o controle da situação, ele deu alguns passos para trás e colocou certa distância entre ele e o homem que se inclinava sobre o sofá, insistindo em lhe perturbar e que agora sorria em sua direção, lábios bonitos se alargando e o prazer no rosto bronzeado deixando claro que a diversão estava longe de acabar.

Ainda meio sonolento e com a face em fogo, se sentindo como se observasse a própria vida por uma lente desfocada, viu quando o Sr. Jackson endireitou a coluna e ainda sorrindo, se aproximou dele. O homem parou na frente dele, colocou uma das mãos sobre os ombros de Nico e o encarou no que parecia ser algo amigável. Porém, dessa vez, Nico pôde notar que o Sr. Jackson tinha se dignado a usar roupas e até tinha penteado os cabelos que agora estavam jogados para trás, permitindo que ele percebesse o quanto o homem realmente era bonito. Barra feita, dentes brancos e sorriso de canto, parecendo tão charmoso que por um momento Nico se esqueceu de onde estava.

Se Nico dissesse que algo tinha lhe possuído e controlado sua mente, alguém acreditaria? Pois, foi o que aconteceu. Em câmera lenta, ele se viu levantando a própria mão e segurando nos dedos que repousavam sobre seus ombros, os encarando meio sem ver nada e sem acreditar. Dedos sobre dedos, sua palma curvada sobre a dele, observando como ambas as mãos, juntas e de tonalidades tão diferentes, se encaixavam tão bem que por um momento Nico apenas se permitiu observar. Ele ouviu um pigarro e apenas assim voltou sua atenção para o Sr. Jackson; seus olhos verdes, rosto bonito e sorriso cordial finalmente o fazendo perceber que o silêncio durava por mais tempo do que o normal.

Esse era um fato que ele não podia negar, Percy Jackson podia ser estranhamente irritante e agradável ao mesmo tempo, mas ele era uma das pessoas mais bonitas que Nico tinha conhecido, mesmo que seu rosto tivesse uma forma levemente arredondada e agora estivesse usando óculos de grau, sem se esquecer do sorriso mais doce que já tinha visto.

— Noite difícil?

— …algo assim. — Nico disse sem ter certeza. A cada momento que se passava mais a confusão crescia em Nico o deixando… desconfortável, o fazendo sentir aquela sensaçãozinha que agora saia de seu estômago e passava por sua coluna, provocando um rastro de calor e arrepios, algo além do que ele estava disposto a admitir.

A verdade era que Nico não conseguia evitar, a voz do Sr. Jackson soava tão rouca e tão aveludada que ele não pôde suprimir outro arrepio e tão pouco pôde evitar a forma que suas mãos agarraram mais firme as dele. Em contrapartida, Percy Jackson não parecia estar atrás. O aperto em seu ombro era tão forte e decidido que a atenção de Nico foi imediatamente para o que o homem falava, lhe fazendo prestar atenção em sua boca, em como seus lábios se moviam, em sua língua que veio para fora e molhou os lábios levemente secos, Nico pouco a pouco se sentindo enlouquecer a cada segundo em que passava perto daquele homem; numa hora, Sr. Jackson parecia que ia lhe expulsar da casa e na outra, eles eram os melhores amigos. Nico não se sentia confortável com nada disso, incomodado com a mudança repentina do homem. Isso lhe deixava inseguro e incerto de como agir.

Percebendo o que acontecia, Nico se soltou dele e deu outro passo para trás.

— Senhor, se você pudesse--

— Não, é minha culpa. Não me expressei direito. — Sr. Jackson levantou a outra mão e quando viu que Nico se afastava novamente, a abaixou e continuou num tom de voz bem mais suave, mantendo seus olhos intensos sobre os de Nico. — A gente pode começar de novo?

Nico sentiu um tipo diferente de calor subir por sua coluna, ele abriu a boca para xingá-lo de doido bipolar quando parou no meio do que ia dizer. Sim, Nico se calou. Ele se calou porque Sr. Jackson continuava olhando para ele como se Nico fosse a única coisa digna de atenção, ele se calou principalmente porque Sr. Jackson sorria novamente, um sorriso pequeno e bonito, mas tão sincero que tinha lhe acertado completamente e com força total, lhe fazendo perceber que ele estava mais encrencado do que pensava.

Quer saber? Nico não sabia o que estava acontecendo consigo mesmo ou com esse homem, ou o porquê dessa súbita mudança de comportamento. E ele nem queria saber. Será que Nico devia ir embora ou…

— Eu juro, estou sendo sincero. Me desculpe por antes. A última babá que ela arrumou não deixou a melhor das impressões, entende?

— Ela?

— Annabeth Chase, minha esposa? A pessoa que te contratou? Não importa, ela fez isso de propósito.

— Eu entendo se o senhor--

— Não, eu insisto. — Percy Jackson disse, soando mais… firme do que antes. — Vamos ver o que acontece até o fim do dia. Veja isso como um experimento, sim?

E assim, o assunto se encerrava. Sr. Jackson acenou para Nico, endireitou a coluna e se virou, indicando o caminho. Ele andou a passos largos na direção apontada e subiu os lances de escada, percorrendo um longo corredor que dava no quarto das crianças.

Ainda meio zonzo com tantas mudanças de humor, Nico não teve escolha senão segui-lo praticamente correndo para alcançá-lo. Ele subiu os degraus de dois em dois e, já arfando, alcançou o Sr. Jackson no andar superior.

— Eu pensei… que o senhor… não fosse participar?

— Eu não estava falando sério. Vou estar presente sempre que possível. Então, relaxe. Não sou esse tipo de pai.

Por algum motivo, Nico sentia que Sr. Jackson continuava zombando dele mesmo que o deboche não fosse óbvio. Do mesmo modo, ele o seguiu mais uma vez para dentro do quarto, sendo recebido por duas crianças que já estavam acordadas. Elas correram até o pai, gargalhando, e cada uma delas segurou em uma das pernas do homem, a felicidade delas sincera e contagiante, logo o fazendo esquecer do que havia acabado de acontecer.

Capítulo V

Percy tentou segurar a risada e deu as costas para Nico, subindo as escadas, no fundo tentado a continuar e ver até onde poderia provocar Nico. Ele gostava de pensar que não era tão sádico assim. Na maior parte do tempo fazia o seu melhor para ser um bom pai e se mantinha fiel à imagem de Annabeth. Querendo ou não, no papel, eles ainda estavam casados, mesmo que Annabeth não fizesse o mesmo esforço que ele, e no momento, Percy tentava especialmente ser um bom anfitrião; era visível que Nico era um bom garoto, paciente e respeitoso quando ele não o tratava da mesma forma, mas era tão fácil provocar aquele garotinho… quando menos viu, estavam perto demais, Percy se divertindo mais ainda enquanto tentava se controlar e esconder o divertimento por trás de uma carranca.

Tudo bem, ele era o culpado nessa história, Percy admitia, estava testando o garoto. Nico parecia bonzinho demais e jovem demais para estar trabalhando, era como ver uma criança cuidar de outras crianças, além do fato dele não saber nada sobre o garoto. Não podia ser possível, aquela carinha bonitinha e toda inocente não devia passar dos quinze, talvez dezesseis anos. Ele era tão magrinho que Percy temia que as crianças sem querer o quebrassem no meio quando fossem brincar. E mesmo sabendo que iria se arrepender, Percy subiu o resto das escadas e abriu a porta, sendo recebido por seus pequenos anjinhos arteiros que lhe abraçaram forte antes de voltar a seus afazeres.

— Papai, Papai! Onde você estava? A gente tá atrasado! — o pequeno Logan gritou de sua cama, colocando os sapatos e já vestido. Ele era um doce, inocente e bem-comportado, sempre tentando fazer o certo. Isso também tinha a ver com o fato de Logan odiar chegar atrasado.

— Kelly não veio hoje? — Alice perguntou de maneira bem mais calma, quase distraída, lendo algo em seu celular enquanto se esparramava na cama.

— Ela teve que se ausentar. Nico ficará com a gente hoje. O que vocês acham disso?

— Mais uma foi embora? — Alice disse.

— Eu não gostava dela mesmo. — Logan falou. Ele sorriu para seus sapatos, satisfeito com um trabalho bem feito e deu de ombros. — Ela não sabia brincar, ficava o dia todo no telefone.

— Eu sei, querido. Com sorte, o Sr. Nico vai ser diferente. Vocês querem conhecê-lo?

Obedientes, as crianças interromperam o que faziam e se levantaram da cama, cada uma parando de cada lado de Percy e enfim avistando a pessoa parada atrás do pai. Com suas colunas retas e olhares curiosos, esperaram pacientes quando Percy enfim saiu da frente delas, permitindo que elas o vissem. E Nico que em todo esse tempo tinha estado encostado ao batente da porta e permanecido observando a interação entre ele e as crianças, deixou que um sorriso tomasse conta de seu rosto.

Percy viu Nico dar um passo para dentro do quarto, se aproximando delas, e continuou observando de longe, tão curioso quanto elas olhavam para Nico.

— Crianças, o que dizemos quando conhecemos pessoas novas?

— É um prazer te conhecer! — Logan disse todo animado, seus olhos chegando a brilhar quando se encontraram com os de Nico.

— Espero que você dure mais do que um mês. — Foi a vez de Alice murmurar. Logo em seguida, ela desviou o olhar para o celular e fingiu que nada estava acontecendo. 

Percy entendia perfeitamente, era a forma que Alice tinha para se proteger; ela iria ignorar o problema até que ele desaparecesse ou até que alguém o resolvesse para ela. Porque, de fato, ele já tinha perdido a conta de quantas pessoas tinha contratado nos últimos anos.

— O prazer é todo meu. — Nico disse, o tom de sua voz o surpreendendo.

Percy não podia negar, aquele tom era algo bem mais amoroso e amável do que Nico tinha usado com ele. Isso o surpreendeu ainda mais quando, ao contrário do que ele pensava, Nico se ajoelhou até ficar na altura das crianças e segurou nas mãos delas, sorrindo gentilmente enquanto falava: — Espero que a gente possa se divertir.

— Você vai me levar pra escola? As babás sempre fazem isso. — Logan falou.

— Vai ajudar a gente com o dever de casa? — Alice completou.

— Sim, vamos fazer isso e muito mais.

— Você não devia estar na escola? Quantos anos você tem? — Alice voltou a dizer, parecendo desconfiada.

— Eu tenho vinte. E você?

— Onze. Meu irmãozinho tem sete.

— É verdade! O papai vinte e nove. Mamãe, trinta e um! — Logan falou animado como num jogo. Quem falasse mais rápido, ganhava.

— É muito bom saber. — Nico sorriu e Percy não pôde deixar de sorrir junto.

Ele bagunçou os cabelos de Logan e sentou na cama enquanto continuava a observar a forma leve e fácil que Nico falava com as crianças.

— Você… estuda? — Alice perguntou.

— Não, estou juntando dinheiro para pagar a faculdade.

— Você mora na cidade? — Foi a vez de Logan.

Percy viu Nico sorrir ainda mais, um sorriso tão aberto e angelical que ele tentou disfarçar o interesse enquanto Nico continuava respondendo às crianças sem hesitar. “Não, eu moro mais para o interior, há uma hora da cidade. Sim, tenho quatro irmãos, duas garotas e dois garotos. E sim, tenho namorado”.

— Por que tantas perguntas? — Nico perguntou depois de um tempo.

— Estamos ajudando o papai! — Logan contou a ele, sentado ao lado de Nico no chão junto com a irmã.

— Quando a gente pergunta, as pessoas mentem menos. — Alice acenou, confirmando.

— Quem já mentiu?

— A última babá. Uma mulher de vinte e cinco anos.

Percy sentiu vontade de se estapear e sair dali de fininho bem no momento em que Nico se virou para ele e levantou a sobrancelha, claramente lhe questionando quanto a isso. Ele deu de ombros, fingindo que não sabia de nada e se ajeitou na cama, disfarçando com o celular na mão como se ele lesse algo muito importante. Nico se voltou para as crianças, mais uma vez prestando atenção no que elas diziam, mas… é… Percy podia ver um leve rubor subindo pelo pescoço de Nico, parando em suas altas maçãs do rosto, dando a Nico uma tonalidade ligeiramente mais escura.

— Acho que por hoje foi o suficiente. Quem está pronto para ir para a escola?

Surpreendentemente, não era Percy quem tinha dito isso. Tinha sido o próprio Nico, já entrando em modo de cuidador infanto-juvenil. Tudo pareceu tão natural que Percy se pegou acatando a ordem de Nico. Ambos ajudaram as crianças a pegarem as bolsas, livros e garrafas de água, cada uma delas pegando nas mãos de Nico e o puxando para a porta de entrada, descendo as escadas e parando na câmara de entrada.

Se sentindo satisfeito, entregou as chaves do carro nas mãos de Nico e disse: “Divirta-se!”

— Você não deveria…?

— Você não sabe dirigir?

— Não é isso!

— Então, está resolvido. É o Jeep preto.

Sendo arrastado pelas crianças, Nico fez uma careta engraçada para Percy e ele se viu novamente os seguindo enquanto as crianças continuavam a arrastar Nico pela casa. Eles deram a volta na casa, passaram pelo jardim, e atrás dela onde havia um longo jardim estavam os carros, um conversível que Percy tinha ganhado de presente em seu aniversário de dezoito anos e um Jeep, um monstro de quatro portas com rodas que ele amava dirigir, quase mais alto do que ele próprio.

Percy indicou o carro para Nico e prestando atenção no rosto de Nico, se sentiu ainda mais satisfeito. Nico parou no lugar e ficou um tempo admirando o carro, seus olhos bem abertos com uma expressão tão surpresa que o deixava ainda mais bonitinho.

 Nico balançou a cabeça e olhou para ele, parecendo vencido pelo cansaço.

— Vamos, destrave o carro. — Nico fez, é claro. Nico apertou o botão e assim que o alarme foi desativado, Percy abriu a porta para ele e então pegou as crianças, as colocando no banco de trás e ajeitando o cinto de segurança para elas.

— Você consegue subir?

Nico acenou, deu um impulso para frente e caiu de cara no banco do motorista, todo desajeitado. Percy teve o impulso de o ajudar, mas como Nico não tinha reagido bem antes quando ele tocou no ombro dele, Percy parou antes que Nico interpretasse aquilo de forma errada. 

É, parece que ele teria que comprar outro carro para eles. Um… que fosse mais rebaixado? Era uma boa ideia.

Percy enfim bateu a porta do carro, acenou para eles e só entrou para dentro da casa quando Nico de fato mostrou saber dirigir, continuou observando o carro se afastar até que Nico fez uma baliza para completar o retorno em direção à saída. Parece que as coisas seriam mais interessantes do que Percy pensava.

Capítulo VI

— Sem correr, por favor. — Nico murmurou sabendo que as crianças já estavam muito longe para escutarem.

Felizmente o dia tinha passado sem muitos problemas. Depois daquela apresentação calorosa, ele tinha deixado as crianças na escola e sem nada para fazer lhe restou voltar para a casa do Sr. Jackson. Foi apenas quando Nico se viu parado na ampla sala de estar que encontrou um bilhete em cima da mesinha de centro:

“Nico, preciso que você cuide das crianças essa noite. Pago horas extras. Espero que você não tenha problemas. Desculpe o aviso tardio. Estarei em casa até as 17hs se você tiver alguma pergunta.

Percy Jackson.”

Percy Jackson só podia estar brincando com ele, certo? Era seu primeiro dia e o cara já pensava que ia o fazer de escravo? Que família mais estranha! Pelo jeito, Percy Jackson era do tipo que ficava preso no quarto por horas e a misteriosa senhora Annabeth Chase era pior ainda, ela nunca estava em casa e ainda por cima parecia praticar abandono maternal. Era até engraçado, ela o contratava e nem estava em casa para explicar as coisas enquanto que ele tinha que aguentar o marido bipolar dela? Mas estava tudo bem, como sempre. Iria ficar, de qualquer forma.

O problema real apareceu quando Nico foi para a cozinha naquela tarde em busca do almoço se deparando com uma geladeira cheia de comida, sim, porém toda a comida ali estava crua. Ou estragada. De fato, parecia que ninguém abria aquela geladeira há meses. E já que ele estava ali, por que não?

Respirando fundo e se sentindo meio enjoado, Nico enfiou a cara dentro da geladeira e começou a tirar tudo o que tinha cheiro ou aparência suspeita, hortaliças, verduras, legumes e até um pedaço de carne que parecia ter uma coloração diferenciada. No fim, deu um saco de lixo gigante, cheio até a boca que exalava um odor fétido, havendo muito pouca coisa que poderia ser usada. Ele tinha algumas possibilidades, é claro; ou passava a tarde fazendo uma sopa, ou poderia comprar comida. E como Nico era o único que iria comer, ele achou melhor comprar alguma coisa por enquanto. Dessa forma, ele pegou novamente as chaves do carro e saiu antes que ficasse tarde demais. Na volta trouxe um pouco de arroz cozido, legumes, carne assada e uma saladona que poderia ser dividida com mais três pessoas. O bom era que ele tinha chegado bem há tempo do almoço, quase passando das treze horas.

Foi assim que Nico passou sua primeira tarde na casa dos Chase-Jackson, lendo um livro sobre literatura, comendo devagar e depois explorando o resto da casa, ele até achou uma piscina no quintal mais à direita da propriedade enquanto esperava pacientemente até que a hora de pegar as crianças chegasse. E quando essa hora finalmente chegou, ele pegou as chaves do carro, se lembrando da comida que tinha sobrado na geladeira e bem embalada em seus potes. Então, Nico decidiu, o Sr. Jackson também merecia um pouco de comida; quer dizer, o homem não podia ficar o dia inteiro dentro do quarto sem comer, podia?

Ele fez um prato caprichado para o chefe, bateu na porta e colocou o prato com a bandeja no chão. Sem olhar para trás, se virou e desceu escadas indo direto para fora da casa em direção ao carro, felizmente chegando à escola das crianças antes delas saírem. Não demorou muito e veio aquele mar de estudantes, todos apressados para irem embora. 

Quando menos viu, Nico foi atacado por mãos e braços que se fincaram nele de uma forma que não seria possível se soltar.

— Você veio!

— Eu não devia? — Perguntou confuso a Logan.

— As babás sempre chegam atrasadas. — Alice completou a fala do irmão. — É chato ficar aqui esperando. Será que é tão difícil chegar na hora, sabe?

— Eu entendo. Comigo vocês não precisam esperar.

Contentes, as crianças seguraram em sua mão e andaram com ele até o carro, com a ajuda dele se sentaram no banco de trás sem parar de falar; até Alice que naquela manhã pareceu ser quieta agora gesticulava e contava de seu dia. Nico fez o melhor para prestar atenção no que elas diziam e acenar nas horas certas, preferindo prestar atenção ao dirigir pela cidade, logo entrando no condomínio. E Agora? Agora ele tentava acompanhar o ritmo delas. No momento em que chegaram em casa, Nico as ajudou a sair do carro e logo que elas se viram livres, lhe deram um abraço apertado cada uma e ambos correram pelo jardim, já subindo pela pequena varanda e passando pela porta da frente.

E, ele, num rompante de energia correu atrás das crianças, levando consigo suas mochilas e lancheiras, ouvindo elas conversarem dentro da cozinha, essa cena o fazendo lembrar que elas não teriam nada para comer.

— Nico! Nico! Estou com fome! — Ele ouviu uma delas gritar.

— Você sabe cozinhar? — A outra completou.

Admitindo a derrota, parecia que Nico no fim das contas teria que cozinhar, não?

Ele colocou a bolsa deles e as chaves do carro perto da mesa da sala de estar e andou em direção à cozinha até entrar nela; Nico já se arrependia de não ter pedido mais comida. Por mais que quisesse fugir de mais interrogatórios, ele não teve escolha. As crianças tinham sorte de serem tão fofas. O bom era que depois de passar parte da tarde limpando a geladeira, Nico sabia exatamente onde encontrar tudo o que precisava; legumes, temperos e verduras, indo direto ao armário e pegando uma panela. Ele a encheu com água e a colocou no fogo, tentando disfarçar de frente para o fogão, simulando que estava ocupado apenas para não ter que encarar esse suplício.

E sinceramente? Ele já estava ficando cansado disso.

— Nicoooo… onde você aprendeu a fazer isso?

— Foi seu papai que te ensinou?

Ele já disse que estava cansado disso? Nico sabia como crianças podiam ser curiosas e ter mil perguntas. Mas isso ia além de pura curiosidade, era a obra de um ser feito inteiramente de crueldade. Entretanto, algo o fez parar no meio do caminho em direção a geladeira. Ele se virou em direção a Logan e viu como o garotinho mostrava a maior expressão de inocência que ele já tinha visto. Seus olhos verdes-azulados iguais aos do pai e cabelos loiros devendo ter herdado da mãe, cintilavam como raios de sol que reluziam intensamente em sua direção. Sim, Nico não pôde mais ignorá-lo. Parou o que fazia e levantou a cabeça, a última pergunta lhe pegando de surpresa.

Nico sorriu e em seguida abriu a geladeira, tirando todos os legumes que precisaria; batatas, cenouras, alho, cebola e coentro. Alguns pimentões também e chuchu para tornar tudo mais saudável.

— Por que o meu pai? — Nico teve que perguntar. A pergunta era específica demais para ser coincidência.

— Papai ensina tudo pra gente! — Logan disse. Seu rosto expressivo, orgulhoso de contar isso para ele.

— E sua mãe?

— Ela nunca fica em casa. — Dessa vez foi Alice que respondeu, desviando a atenção do celular que ela segurava. Alice deu de ombros e voltou a seu aparelho, embora ele soubesse que Alice prestava até mais atenção que Logan.

— Ah. — Ele disse. Pelo menos isso parece ter freado a sequência de perguntas intermináveis que eles insistiam em disparar.

— Você gosta da sua mãe? — Alice perguntou.

Nico olhou pelo canto dos cílios e viu que dessa vez não era o tipo de pergunta para arrancar informações dele.

— Ela é uma das melhores pessoas que eu conheço. Me ensinou a cozinhar e a estudar. Cuidar da casa e dos meus irmãos.

— E seu pai? — Logan quis saber.

— Ele… ele fez o melhor que pôde. Me ensinou a cuidar da terra e a ter respeito por todas as coisas vivas. Mas ele pode ser violento quando provocado.

— Que nem a mamãe e o papai?

— Logan! — Alice o repreendeu. Ela colocou a mão na boca do irmão e tentou sorrir para Nico.

— Entendo. — Nico disse depois de um tempo, sabendo exatamente o que Logan queria dizer com isso. Quando o silêncio se tornou desconfortável, completou: — Esse vai ser um segredo só nosso.

Felizmente após essa revelação as perguntas pararam completamente. Nico voltou para o fogão e vendo que a água estava quase fervendo, descascou rapidamente os legumes. Fritou o alho e a cebola, juntou com os pimentões e colocou tudo no panelão, esperando que a mistura cozinhasse adequadamente e o caldo engrossasse um pouco. Lidar com crianças era sempre estranho e apesar dessas crianças terem tudo o que qualquer pessoa poderia querer, se sentia mal por elas. Elas pareciam tão solitárias e conformadas com isso, como se fosse tudo o que poderiam ter, o fazendo lembrar de sua própria infância. Agora ele sabia que poderia ter muito mais se quisesse, sentindo o impulso de mostrar que eles podiam ter isso e muito mais também.

Só tinha um detalhe, ele não era o pai deles e não cabia a ele se meter no que não era de sua conta; Nico tinha que se lembrar disso, sabia que o Sr. Jackson era o responsável por todas essas perguntas que as crianças insistiam em lhe fazer e ele não tinha o direito de descontar nelas ou influenciá-las dessa forma. Assim, enquanto a sopa não ficava pronta, Nico foi até a mesa, sorriu para Logan e Alice e se aproximou até estar na altura deles, beijando cada um nos cabelos, tentando passar tranquilidade e afeto.

— Então, o que vocês querem fazer? Dever de casa?

— Vamos jogar 10 perguntas!

Logan não tinha jeito, ele sempre seria o filho do papai.

— Boa tentativa. — Ele apertou o nariz de Logan e Logan gargalhou, tentando afastar as mãos de Nico. — Vamos, vai ser rápido. Você não precisa de ajuda? Vou fazer com você.

— Vai mesmo? Papai nem sempre tem tempo…

— Certo. Se levante. Você também, Alice.

— Eu não sou uma criancinha que precisa de ajuda.

— Ei! — Logan, reclamou, cruzando os braços.

— Sem exceções. — Foi tudo o que ele disse antes de abaixar o fogo e se encaminhar para fora da cozinha.

Logan foi saltitando atrás dele e, a Alice, só restou revirar os olhos e os seguir até a sala de estar onde eles espalharam os cadernos e livros sobre a mesa de centro enquanto Nico os fiscalizava. Foi estranhamente agradável, as crianças fizeram todo o dever de casa e ainda tiveram tempo para assistir um pouco de televisão antes de voltarem para a cozinha.

No fim, a sopa tinha ficado melhor do que Nico se lembrava, a receita de sua nona nunca falhava ou era o que ela costumava lhe dizer. Ele foi até o fogão, o desligou e inspirou o aroma apetitoso e fragrante, levou a panela até o centro da mesa, colocou três pratos na mesa e serviu porções generosas. Sentia que deveria esperar pelo dono da casa, entretanto, como o Sr. Jackson já devia ter saído, seriam apenas ele, as crianças e o sofá confortável na sala de estar. O que ele não se importava; a companhia delas sempre seria melhor do que a daquele homem que ficava o tempo o encarando, seu olhar inquisitivo fazendo algo dentro de Nico se remexer inquietamente. Sua pele esquentava e a base da sua nuca formigava por horas. Então, essa ansiedade, diferente de qualquer outra, lhe tomava de uma forma que o forçava a levantar ou fazer algo útil com as mãos. Por isso, tardes como essas fazia bem para seu coração, sua ansiedade se mantinha em níveis normais e ele podia relaxar mesmo que em meio as milhões de perguntas que aqueles pestinhas insistiam em fazer.

— Nossa! Isso tá tão gostoso!

— Está mesmo. — Alice concordou com Logan. Ela assoprou devagar e tomou mais uma colherada, gemendo de prazer.

 Nico sorriu satisfeito com o elogio. Era bom saber que alguém ainda gostava do que ele fazia.

Capítulo VII

— Nico? Nico? Está na hora de ir pra cama. — Nico escutou alguém chamar por ele na forma de um sussurro ao pé de seu ouvido. Na verdade, fazia tempo que qualquer pessoa usava aquele tom de voz com ele, algo cuidadoso e gentil, suave, tentando acordá-lo sem assustá-lo. Então, a mão de alguém tocou em seu ombro, pesada, porém reconfortante ao deslizar e pousar sobre suas costas, o movendo e o ajudando a levantar delicadamente do sofá.

Nico abriu os olhos devagar e dessa vez não reagiu como ele próprio esperava. Era o sr. Jackson, é claro, em um terno negro de grife e cheirando tão bem que Nico se viu inclinando em direção ao homem, observando os cabelos escuros penteados para atrás e a barba que já crescia ralinha pinicar as pontas de seus dedos.

Como ele sabia disso? Bem… talvez ele tenha tocado no rosto do Sr. Jackson, dedilhando a pele enquanto tentava se sentar e encarar quem lhe chamava. E talvez, ele tenha mantido sua mão ali um pouco mais do que o necessário, apenas um pequeno erro de percurso, vocês entendem, certo? Era só isso. O bom disso tudo era que o Sr. Jackson pareceu não se importar; ele sorriu para Nico e estendeu a mão para que ele pudesse levantar, lhe guiando pelo meio das costas enquanto andavam pela casa. E Nico, com a maior cara de paisagem que foi capaz de fazer, enfim sentou direito no sofá e o seguiu, fazendo seu melhor para fingir que nada estava acontecendo. Agora, porque esse homem vivia lhe pegando nessa situação, Nico não sabia explicar.

— Cama? — Nico murmurou enfim. Ele coçou os olhos e tentou pensar em que cama seria essa.

— Já são duas horas da manhã. Me desculpe, a reunião durou mais do que eu pretendia. E obrigado pela comida.

— Ah… então eu… eu acho que vou indo.

— Não, você pode usar o quarto de hóspedes. Por favor.

Sr. Jackson não deu nenhuma outra desculpa ou tentou explicar porque Nico devia dormir ali. Não, o homem apenas afirmou como se fosse obvio que ele iria obedecer. E pronto, simples assim, as coisas estavam resolvidas. Nico pensou em discutir, em dizer que eles não deveriam fazer isso, mas… mas ele sabia que as coisas seriam mais fáceis se ele apenas aceitasse e já que Nico não tinha direito de escolha, deu de ombros; afinal, o que de mal poderia ter em dormir uma noite fora de casa? “Isso. Não tem problema”, ele voltou a pensar. Nico teria que acordar cedo e estar ali às sete, então… só dessa vez… só dessa… não tinha problema. Certo?

Sentindo o corpo mole, deixou que o Sr. Jackson o segurasse pelos ombros e continuasse a lhe guiar pela casa.

— Você está com fome? — Sr Jackson perguntou a ele.

Nico piscou devagar, tentando pensar e se virou para ele, vendo o sorriso do homem retornando com força total.

Ah, era verdade! Ele tinha se esquecido.

— Eu fiz sopa.

— Você fez sopa? — Sr. Jackson repetiu, como se para ter certeza.

— Está na geladeira.

Tudo bem, essa nem era uma situação tão estranha assim, certo? Devia ser comum jantar com seu chefe…? Nico balançou a cabeça e decidido a não fazer mais nada impróprio, se sentou perto da bancada da cozinha, enquanto ainda sorrindo o Sr. Jackson andou até a geladeira, a abrindo. E lá dentro, como Nico havia dito, tinha um vasilhame gigante cheio de sopa de legumes e um com o resto da comida que ele havia comprado. 

Sr. Jackson claramente surpreso, pegou o contêiner e o abriu, inspirando o aroma.

— Isso são legumes de verdade? — Sr. Jackson pergunta mais surpreso ainda, percebendo que não era o tipo de sopa instantânea.

— Não é assim que se faz sopa? O senhor sabe que não tinha comida para as crianças? — Murmurou incerto.

— Nah. Temos comida congelada.

— Ah. — Nico disse. 

Sua vontade era dizer que comida congelada era horrível e nada saudável. Mas é claro que ele não disse o que pensava. Ao invés disso, observou o homem tirar um pouco da sopa, colocar em um prato fundo, o levar ao micro-ondas e depois se sentar de frente para ele, dando a primeira colherada. Quando Nico diz isso, ele não está brincando; Sr. Jackson fechou os olhos de uma forma contente e gemeu tão alto que ele parecia ter alcançado o paraíso.

— Sr. Di Ângelo , quem diria! Você é cheio de surpresas. O que mais você pode fazer?

E não é que a pergunta soava… estranhamente dúbia? Nico sentiu o sono se dissipando mais rápido que um foguete enquanto seu rosto pegava fogo. Ele não podia evitar, era algo físico, sentia a pele esquentando e suando e seu coração disparando por algum motivo. Não era sua culpa se o Sr. Jackson olhava daquele jeito para ele, o sorriso do homem parecendo… ligeiramente diferente.

— Qualquer coisa. Comida, sobremesas e massas. Minha mãe… — Ele engoliu em seco e pigarreou, sentindo a garganta se fechar por algum motivo que não podia entender. — Ela aprendeu com a mãe dela. E como minhas irmãs não se interessam… gosto de passar meu tempo ajudando ela.

Ele deu de ombros, não era algo tão incomum assim. A diferença era que ele preferia ficar em casa enquanto outras crianças corriam pelos campos brincando.

— Quantos anos você tem mesmo?

Foi o exato momento em que Nico percebeu que o questionário retornava com força total.

— Eu queria falar sobre isso com o senhor.

— Por favor, me chame de Percy.

— Certo, Percy. Será que você podia parar com esses interrogatórios? —  Nico falou com a maior seriedade que pôde. Endireitou a coluna, colocou as mãos em cima da bancada e completou, para não parecer muito rude: — Por gentileza. Se o senhor quiser saber de alguma coisa, é só me dizer. Não tenho nada a esconder.

O encarando de frente, Sr. Jackson, quer dizer, Percy, colocou a colher sob o prato e se inclinou para perto dele, ficando um pouco perto demais.

— O que foi? — Nico teve que perguntar.

— Tudo bem. Vou pedir que as crianças parem. Mas você tem que ser sincero comigo.

— Certo…?

Ele viu Percy respirar fundo e não pôde acreditar no que escutou em seguida:

— Como você encontrou o anúncio? Você estuda? O que pretende fazer no futuro? Como tem tanto jeito com crianças? Quantos anos você tem? De onde sua família vem? E sobre--

— O-o quê? Espera aí! Eles não te deram essas informações?

— Me dar informações? Eu nem sei quem são eles!

— Oh. — Agora ele entendia.

— Eu não tive escolha! A garota que limpava a casa pediu demissão, logo depois da babá ser despedida. Eu não tive escolha mesmo. Você sabe como é difícil cuidar de crian…

Nico colocou o braço no balcão e apoiou a cabeça nele, observando meio fora do ar Percy bufar irritado, tentando não rir na cara do homem e só quando teve certeza que Percy tinha terminado, respondeu:

— Então… tenho vinte anos. Estudo direito na faculdade comunitária aos fins de semana e trabalho durante a semana para pagar minha faculdade desde os dezessete.

— Oh. — Foi a vez de Percy murmurar.

— Minha família é da Itália, viemos para cá quando meu avô paterno morreu há alguns anos e como meu pai não tem irmãos, ele tomou responsabilidade pelos negócios da família.

— Ele não devia pagar sua faculdade? — Percy disse.

— Nós… a gente não se dá muito bem. Ele acha que fazer direito é perda de tempo.

— Vejo que você gosta de crianças…

 Nico deu de ombros mais uma vez.

— Eu ajudava minha mãe em casa. Crianças são… puras e elas não mentem. São melhores companhias que muitos adultos.

Depois disso… Nico não tinha certeza de mais nada. Sr Jackson, quer dizer, Percy, continuou tomando sua sopa enquanto que Nico apenas ficou ali pensando que, no fim, Percy tinha um motivo para agir daquela forma, esperando por Percy terminar seu jantar. Ele sabia que não precisava esperar e até sabia onde ficava o quarto, Nico só… só não queria se mexer, sentindo aquela sonolência retornar. Era mais interessante ficar onde estava, sentindo o sono voltar minuto por minuto a ele, parecendo quase hipnótico o movimento que Percy fazia com a colher, a levantando e baixando, até que o prato estava vazio e Percy tinha se escorado no assento do a cadeira.

— Você sabe que amanhã é sábado, não sabe?

— É? — Ele tinha esquecido completamente.

— E nessa casa ninguém acorda cedo no fim de semana.

— Hmm.

— Então, se você quiser tomar um banho e dormir até o meio-dia…

— Oh. Certo.

Nico parou de olhar para as mãos de Percy e levou a vista para seus olhos em seguida. Ele estava confuso… Percy estava lhe convidando como um hóspede? O homem parecia tão diferente de antes que parecia ser uma pessoa totalmente mudada. Nico não sabia se gostava disso, dessa mudança rápida, e ainda continuava sem saber se era correto uma pessoa que prestava um serviço dormir na casa de seu empregador.

— Eu não tenho roupas.

— Vou te emprestar algumas. Olha, não posso te deixar sair uma hora dessas. Então, seja um bom garoto e me obedeça, sim?

Assim, Percy se levantou, lavou o próprio prato e na saída o puxou pela mão. Nico se viu sem escolha além de segui-lo feito um cachorrinho sonolento, como se fosse guiado pela coleira, todo obediente e sem dizer uma palavra sequer.

Obrigada por ler!

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1 year ago

Isn’t it poetic that Aphrodite’s OTP is Percabeth whereas Cupid’s just there rooting so hard for Nico, who is too much in love with Percy for a mere crush?

Idk it just feels like Cupid is this enthusiastic vengeful fangirl who’s so enamored by this one character (Nico) thus just decides to say fuck it to canon (aka Aphrodite) and proceeds to hyperfixate in everything said character stands for including his self-antagonized one-sided crush.

Cupid plays with Nico the same way I write multiple angsty fanfics about him. I like Nico as a character the same way Cupid has watched him since the days of his first time stepping foot into Croatia. Oh my god Cupid’s a fangirl

1 year ago

Alright, I think I like tumblr now.

A pun post crossed my dash, and I reblogged it with an equally bad pun in return. A couple of my followers find it funny, it's a good day for everyone.

That was on July 7th.

Virality on Reddit was entirely algorithmic. You could garner a couple crossposts, but the success of a post was entirely dependent on whether or not it hit r/all--the main page of Reddit. If your post does that, it's immediately exposed to 10x the number of people and immediately gets upvoted.

On my pun post, I get a couple reblogs. And those reblogs get a couple reblogs--nobody really adds any content to the post, it just gets a couple reblogs here and there.

There's a specific chain of reblogs that I'd like to focus on. The most popular post on this chain has about 25 reblogs on it. Half the posts have three reblogs or fewer. Five posts in this chain have just one reblog total.

But the reblog chain keeps going. And going. It breaches containment many times over. And finally, after a chain THIRTY SIX posts long, at 9:30 AM, July 22nd this morning, it hits a popular account.

A Tumblr reblog graph. It shows "Original Post" and "My Addition" in the bottom right, and a long, winding path of reblogs leading to a popular post on the far left

99% percent of the people who have seen the post--virtually unchanged from how it left my dash--have seen it because it was curated by 36 different people. That's insane to me.

None of those 36 people know that they're part of this chain. They saw a post, reblogged it, and moved on. If any one of these people had not reblogged, the post would have a fraction of the impact it has.

And yet, after two weeks, the post has effectively hit the main page of tumblr. It was picked up, only because people liked it enough to show it to their followers. There were no algorithms necessary.

You really, truly, cannot get this on any other website.

1 year ago

I need inspiration. Thank you!

Been Kinda Obsessed With Them Kissing Each Other

Been kinda obsessed with them kissing each other


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1 month ago

Serviço Mandatório (Mandatory Service) [bi-lingual] #Dom!Nico #Sub!Percy #role reversal - Parte II

Post Biligue! Versão em Português na segunda parte!

Privious Chapters (Capítulos anteriores): [I]

Since three people seem to have liked the story, according to the poll, I'm going to continue! However, I don't know if there will be new chapters every week. Anyway, thanks for being there. This is an unfinished story, I've got about 80,000 words finished, so it should give us plenty of entertainment, shouldn't it? I hope you enjoy this chapter. It's going to be a long one.

Part IV

"Nico! I'm glad you could come." Roberta opened the door, smiling,  brightly. "And you even brought our dear Perseus."

"Shouldn't I?" I went inside, escorting Percy with a hand on his waist, and waved to Roberta, closing the door behind me.

"Not for what we're going to talk about today."

"Then--"

"Don't worry." Roberta waved and we walked away from the door, approaching them, while Carla came practically running and held Percy's hand, taking him to a corner of the room.

"Oh, Percy, dear. How are we today?" Carla grabbed Percy's arm, and Percy made a serious face, trying to keep the smile away from his face. He was trying so hard that even I could tell.

"Good."

"I'm happy for you."

Percy waved excitedly and moved closer to Carla, whispering something to her.

"No way!" Carla exclaimed, holding Percy's shoulders.

"Hmmhmm ." He murmured, all proud. "He…"

That's when Carla and Percy walked further into the room, going to the opposite side of the from him, and sat on a sofa against the wall.

"It looks like things are going well."

"Yes, they are."

"And how was the first night?"

"Normal, I think?"

"Do you think so?"

"Yeah. Percy asked me to put the chastity belt on him, then we went to bed and had breakfast."

Roberta put her hand to her face and sighed, she walked to an oak table near the door and sat down in the chair.

"You have a lot to learn, Di Ângelo."

"Learn? And what would that be?"

"I feel sorry for Percy. When he finally finds someone decent…"

"What do you mean by that?"

"How could I say…?" Roberta picked up one of the folders on the table and began to leaf through them, stopping at a specific page. "Do you see here? This is the questionnaire Percy answered when he arrived here two years ago."

"What? Two years?"

"Calm down. We're not a prison. He stays here for a week at a time, sometimes less, depending on whether he finds a suitable Dom. He usually comes back here every three months, but he's not always interested in trying."

"I don't think I understand."

"Things work differently for submissives here. They receive information and photos of available dominants and choose whether they are willing to submit. None of them are forced to come here or to accept a dominant. This is a completely safe and secure environment, and controlled, if they so wish.”

"Controlled?”

"Yes. There are cameras in every house, even in the bathroom. These images are confidential and will only be used in cases of psychological or physical abuse. Didn't you read the documents we sent you last month?”

Well… maybe I chose to ignore the problem until it knocked on my door. Literally.

"Is there anything else I should know?”

"There's a lot you should already know." She said, rolling her eyes. "First, the house rules. We do not tolerate any type of abuse or non-consensuality.”

"Is that all?”

"What did you expect? That there would be a curfew and homework? I'm not your mother and it's your duty to be a responsible citizen. Speaking of which, where's Percy's leash?”

"In… somewhere.”

"Nico! He can't walk without one. As long as he's with you, Percy must wear it.”

"Why?”

"Why? Because the collar identifies that he is a committed submissive. It may not make a difference here, but in the real world, it does. Not everyone is as correct as we are.”

"I never realized that.”

I rolled my eyes and lied. Yes, I lied to her face. I knew exactly what a collar meant, I just didn't like Percy wearing a collar given to him by another dominant.

"…what planet do you live on? That must be why you reached this age without a sub.”

"What do you mean by that?" This time, I stood up, tired of that ridiculous conversation.

"You can deny it all you want. You are a dominant and only a submissive will satisfy you. So why don't you sit down and listen to what I have to say?”

I sat up and turned my face away, holding myself back from saying exactly what I thought about this. I saw Percy looking at me with a scared expression, asking, without having to say a word, if everything was okay. I smiled at him and waved, watching him turn to Carla and continue their conversation.

"Very well. So, tell me what is sooo important.”

"Could you please read Percy's profile? It will tell you a lot more than I ever could.”

Rolling my eyes, I took the folder from her hands, tempted to throw it all away. I gave up and turned the first page, reading it.

Right at the beginning there was a picture of a smiling Percy along with his full name, address, nationality, and profession . It seemed like we lived close to each other, Percy in the upscale part of the neighborhood, while I was still in a student residence. We worked close by, too. I was at a supermarket bagging groceries and Percy was at a national investment firm.

"Are you sure he and I are compatible?”

"Only you can decide that.”

I shrugged and keept on reading, my eyes widening when I saw Percy's resume. It listed all of Percy's achievements in life; from school and professional swimming trophies, to undergraduate and graduate degrees in economics and physical education. I quickly scanned through the titles until I found… Berkeley. Was this serious? Why would someone as talented as Percy need a place like this?

I read more and got to the point that said about the dominators that Percy had already had within the institution. There were seven in total, now eight, if you counted om me and only names, without any other type of information.

"Seven?" I asked, shocked."What's wrong with these people?”

“They weren’t suitable,” Roberta replied for the first time with a neutral expression. “Not all of them were bad, but none of them were right. We care for our submissives like they are family, and if one of them needs help, it won't be long before it comes.”

Was that a threat? Oh, if only she knew that all it would take was a snap of his fingers and it would all be over. But of course I wouldn't do that, I would never give Hades that pleasure.

“Which one was it?” I said instead, without needing to ask directly. Roberta seemed to understand. One of those people had abused Percy, whether it was physically or psychologically, I would never know.

"Confidential." Was all she said.

I sighed and continued my reading, arriving at Percy's preferences.

Wow ! I was a certified dominator and I didn't know what half of it meant. Or rather, I had made a point of forgetting. Some of it I still remembered, and the other part I could only guess at. As for the others, I hoped I would never find out.

"Shibari? 24/7? I don't even know what Abrasion means! And…" I read further down and mumbled: "Ageplay?”

I raised my head and saw Roberta smiling, convinced.

"Don't you think that's an exaggeration?”

"It doesn't depend on me and no one is forcing you to do anything. They are just... possibilities.”

"Ageplay? Is this serious?”

"Do you need me to draw it for you?”

"What would that consist of, exactly?" I said, just to maintain my cover.

"It depends. The basics are to act and be cared for like a baby. Calling Percy a baby would work. Why don't you try it next time?”

"I don't think I can." Or rather, I don't think I want to.

"Like I said, you have a lot to learn." Roberta tapped her fingers on the table, seeming to come to a conclusion.

She opened a drawer under the table and handed me some pages, along with a thick, heavy book.

"I want you to take this, it's the same questionnaire Percy answered. This book will also help you. Don't forget to read the entire document. We made some notes on Percy's profile, he's made a lot of progress since he got here.”

"What was he like before?”

"Vulnerable, almost scared. At least regarding his sexuality." Roberta said as she stood up."I hope this doesn't happen again.”

That's what I expected too.

"Tomorrow we start our sessions.”

Hadn't we already started?

With a nod from Roberta, Carla brought Percy and we both walked out of the office hand in hand. I just hoped I wasn't making a mistake.

***

I spent the rest of the day thinking about what Roberta had said. Not exactly what she had said, but what she had refrained from saying. Okay, apparently, I was irresponsible and didn't deserve to be called a dom, and that was more than clear, I admitted it. The reason for that was quite simple, first of all, I never wanted to be a dominant, much less a submissive. What was the problem in being nothing, in being different? Was it such a bad crime to still want to be just me? Well, that didn't matter, I had made a commitment to Percy and I would see it through to the end.

And speaking of Percy, he had also spent the afternoon busy. From the looks of it, Percy Jackson really was a successful businessman, CEO of his own company, especially if it was the way Percy spoke on the phone and typed on the latest generation notebook, thinner and lighter than a pen. The change was visible, the shy and insecure submissive gave way to someone who sat on the couch with his spine straight, modern framed glasses perfectly fitted on his square face and such a serious and determined expression on his face that I would have thought he was someone else, that is, if Percy wasn't just in his underwear in the middle of the living room.

"Do you want to eat?" I asked, watching Percy close the computer and take off his glasses, stretching out on the couch, practically sitting on my lap.

"No." he denied.

Percy glanced at me from the corner of his eye and placed his computer on the coffee table. Then, turning toward me, he dropped all pretense of stretching. He lay down on the couch and rested his head on my thighs, watching me as he looked up.

"Enjoying the reading?" He said, relaxing against my lap.

I stared at the book in my hands and grimaced. So far I had read three chapters of this book that seemed to have come out of the dark ages, wondering if I had understood anything, all of it very nostalgic, but in a completely horrible way. The good thing was that they seemed to have updated the ideology of everything, now all that was left was to change how the act itself was done. If I really were a newbie all I would have understood was: handcuffs blah bla blah, chains bla blah...

"Not really. Why don't you help me?”

“What do you want to know?” Percy asked, for once not sounding uncertain. In fact, he sounded like a completely normal person, someone I would see walking down the street and never think would be a submissive, or even a dominant; a completely normal person.

"What does being a submissive mean to you?”

"Being a submissive means submitting--”

"I asked what it means to you. What makes you want to be one?”

“No one has ever asked me that before,” Percy muttered softly, closing his eyes.

I felt a sudden urge to touch him, so that's what I did. I put the book aside and stroked his hair slowly, combing it with my fingers and massaging his scalp, while I heard him sigh and smile, all content.

"It means this. With you. Right here.”

"That, what?”

"This moment.”

"You'll have to be more specific.”

"It's feeling that the responsibility of the world is not in my hands. It's having someone who will support me if necessary. It's knowing that the house won't be empty when I get home from work, that my bed won't be cold.”

"Is that all? Couldn't you have it this being a Dom or with a normal person?”

"No, you don’t understand." Percy opened his intense blue-green eyes and stared at me, anxious."When we’re together, I feel safe. It’s my little paradise. I don’t have to make decisions or worry about the consequences, because I know that if I fall, you’ll catch me, you’ll protect me and take care of me. That’s the duty of a submissive, to trust in your Dom and give yourself to him, giving everything I can, everything I have. And in return, receiving it all back in the form of care and attention.”

"Is that it, then?" I wanted to know, still in doubt. I didn't see how all this could be possible. And how did Percy already trust me if it hadn't even been forty-eight hours since we had met? “And the sexual part?”

"I like it too." Percy smiled at me, a beautiful, open smile, all dimples and white teeth, reaching his eyes.

"Yes?" I pressed again, interested in the development.

"At first, I just wanted to get out of my own head for a bit, you know? Be someone different for a few hours. Then…”

"Then?”

"I started to like it, to try new things. That's why my list of preferences is so long. I just want to... feel something different.”

"Even if it hurts?”

"Especially when it hurts." This time, Percy opened his eyes and didn't look away, trying to say something I refused to understand.

"Why? Why would you want that?”

"The problem is not the pain, it's how you face it.”

"I don’t think I understand…”

"We think of pain as a form of punishment, but what if… what if it’s just a way of experiencing sensations… a way of letting tension out? It only hurts you if you let it.”

Well, if I looked at it that way, it didn't seem so bad, although I still wasn't willing to feel pain for such a... pointless reason.

"I still don't understand why you would let someone use you like that.”

"Nico, I'm not being used. That would be true if I didn't give permission. But I'm not.”

"What if someone traped you and did things you didn't want to do, what would happen?”

"That's happened before. It wasn't completely consensual, but I enjoyed it.”

I blinked for a moment, processing what Percy had just said, pausing my movements in Percy's hair.

Did Percy mean he had been raped?

"Don't look at me like that. The guy ended up getting carried away. He apologized and everything. I broke up with him, of course, and since then I decided to seek help here. Things have been working out much better.”

"But… how can you like this?”

"I like it, period." Percy shrugged, turning his face to the side, his face all tense and serious. "If you can't understand…

"No, I can't understand." I finally said when the silence stretched on. "But I accept it. I'm trying to understand what drives a person to follow this kind of life. It's a lifestyle, isn't it?”

"Yes, it's not just about sex. It's about companionship and giving what the other needs. It's about... hierarchy.”

"Hierarchy?" I asked, feeling strange. Those damned words coming back to me, like an echo from the past.

"Yes. Outside of a scene, we are equals, no one is above anyone else. But there is a certain order. Dominants tend to want to maintain order, submissives like to follow them. It's part of the dominant-submissive dynamic.”

"Dynamic?" I hated that word too.

"It's more of an instinct. It's how we act.”

"And what would that be like?”

"Don't you notice? The way you act around me? How you held my face on the first day? How you looked at me and told me you wanted me, like... like you were in charge, and with just one order I belonged to you?”

"I did it, didn't I?”

"Hmmhmm…" Percy murmured, still serious, but in a sly tone of voice. "Don't you realize that you already do these little things… like… like… worrying if I'm hungry, if I'm comfortable, how I feel after a scene?”

"I know…”

"I like it. I really like it. When you touch me I feel… unique, special. I feel like nothing can go wrong.”

"So far nothing has come of it." I finished, agreeing. "But that still doesn't answer my question. What does all this mean to you?”

Percy sighed and looked me straight in the eye, with nothing to hide.

"It means I'll never be alone, have lots of sex, and be able to feel everything I want to feel without having to feel guilty. Because when I hurt myself alone, it's not healthy and it's all my fault, but when others hurt me…”

"It's never your fault.”

Percy nodded again. “I… I’ve always had a hard time being alone. I used to be that kind of kid who wanted to please everyone, I wanted everyone to be my friend. I’ve done things that most people wouldn’t do, all just to get someone’s approval, and I’ve never felt bad about it. It’s who I am and who I’ve always been. The difference is that I’m tired of feeling bad for wanting something that others consider wrong.”

“That’s the point, isn’t it?” I asked, beginning to understand. “You’re looking for someone who will hurt you, but also help you … heal?”

"I guess we could say that. Although I want much more than that.”

"You want, like what?”

"To kneel at your feet and fulfill your most hidden desires. No matter what they are.”

Hearing this, I smiled and went back to stroking Percy's hair, hearing him almost purr.

"Maybe you regret saying that. There is no one more boring than me.”

"That's what everyone says.”

After that, I couldn't contain myself. I grabbed Percy's hair and pulled it until his mouth was on mine, panting and open, tangling our tongues until all this business of domination and subjugation disappeared from our minds.

Part V

"Maybe you regret saying that. There is no one more boring than me.”

"That's what everyone says.”

After that, I couldn't contain myself. I grabbed Percy's hair and pulled it until his mouth was on mine, panting and open, tangling our tongues until all this business of domination and subjugation disappeared from our minds. I felt Percy holding my neck and I pulled away to see his face bathed in the late afternoon light, all anxious, his eyes escaping from mine.

Hmmm … was this the sexy part? I smiled, amused by my own joke. But when I saw Percy starting to get impatient and frustrated, I turned serious again.

"Are you sure about that? It's not too late to seek a more experienced Dom.”

"No, I want… I want you.”

I took a deep breath and focused on what Percy meant by that. I was starting to think he wasn't saying these things because it was what I wanted to hear, but because he felt it was what I needed to hear; and maybe it was, maybe it was exactly what I needed to know so that everything that had happened before could be in the past. Or at least so that I could try one more time.

"Okay, I'll be your Dom. On one condition.”

"Yeah?" Percy raised his head and stared at me for a moment, looking like the same shy sub I had met the day before.

"You have to tell me if I do something wrong.”

"Have you ever… dominated someone?”

"Not exactly." When I saw that Percy seemed interested, I continued. "There was this boy in high school, we were in the same class.

"Was he a submissive?" Percy asked, all excited.

He got up, sat on the couch facing me, and rested his hands on my knees, forgetting about everything else.

I smiled and continued:

"Yes, raised and educated to be the perfect sub. Everything he did was to please someone or gain favor from whoever mattered. He was small and short and handsome. The perfect sub, honestly.”

"What happened?”

"What always happens when I tell the truth.”

“Oh.” Percy muttered, looking disappointed. I almost felt guilty for lying. I mean, the story was true. It wasn’t the first time I’d said I didn’t know how to dom.

"Yes, at first I even tried, but…”

"But?”

"Well, he found a Dom that wasn't as sensitive as me.”

"So, you're a Dom." He leaned toward me, all pleased.

"What?”

"That's what you said, ‘he found a Dom that wasn't as sensitive as me.’"

Percy had me at that.

"Yes, I think I am.”

"So, what's the problem?”

"There’s no problem." None I want to share, I thought, watching Percy’s face fall.

"I understand.”

"What you understand?”

"You don't trust me. Why would you?”

"Percy, this has nothing to do w--”

"You don't have to lie, Nico. I'm old enough to know when I'm not wanted. I think you --”

"Percy, listen to me." I said calmly, standing up with him. I grabbed him by the shoulder before he could get away from me and pulled him close, now touching the hair on the back of his neck. "I want you. I don't know why, but I do.

"Do you want me?" He bent over and stared at me with wide eyes, asking me in a whisper, like a lost and scared little boy would.

"Yes." I confirmed. "And you're right, I don't trust you. These things take time and if you want to be with me, that's how it's going to be.”

"Whenever you want and whenever you're ready." Percy finished as if it were obvious. I hadn't exactly meant to say it, but now that Percy had said it… it made sense, after all, I was the one in control, wasn't I? That's what dominators do.

"Yes." I confessed. "I want you to take a hot bath and wait for me in bed, okay?”

Percy gave me a wet kiss on the cheek, smiled at me happily and walked through the room, disappearing upstairs that led to the upper floor of the house.

***

Okay, I could do that.

I took a deep breath, walked up the rest of the stairs and entered the room, passing through the half-open door. The blinds were closed and the lights were off, with only the lamp illuminating the suite. I took a few more steps inside, familiarizing myself with the room, trying to convince myself that this was the right place for us. Percy was there, of course he was, lying on the bed, with only the cage covering his body, looking at something on his cell phone and smiling at whatever it was he was reading. His wet hair lay on the pillow and the rest of his body took up most of the mattress, relaxed on his side of the bed.

Come on, I forced myself to move forward again. I could do this, one step at a time. Yes, one more step and I could see the contours of his body clearly. Angular face, broad shoulders, six pack abs and his  tightly locked cock. Everything about Percy screamed comfort, as if he accepted who he was, no less and no more, without any inhibitions when it came to his shape. I took another step forward and he lifted his head, looking at me from under his lashes, smiling. Neither of us moved until I took another deep breath and approached the bed, still not daring to start anything.

Gods! Why was it so hard? When I thought it was all for fun and nothing more than playing house, things were great, but now that I saw that someone's mental and physical health depended on my next steps... all I wanted to do was run away. It wasn't that I was inexperienced, but having all that responsibility... I didn't remember it being so complicated. Maybe I just made a point of forgetting.

Still, without saying anything, I took off my shirt and pants, along with everything else, and lay down next to him, still as a statue. That was what I was supposed to do, right? Lie down next to him? Should I…

"You're thinking too much." Percy said in my ear.

I hadn't even seen him come closer, I just knew that we were very close now, his head close to mine, nose to nose, him lying on his side while I lay on my back, fighting against myself. I just needed to relax.

"What should I do?”

"Whatever you want.”

What do I want? How about doing nothing? Sleep. Yes, sleep was a good idea. But Percy… oh, Percy looked at me in a way that was hard to describe, in a way that made me want to be someone else just to have the courage to move on. Should I? Probably not. But I would do it anyway.

A kiss? It seemed like a good idea.

I leaned over him and pressed our lips together. Slowly. Carefully. Lips against lips, brushing together. That was a good start, right? Then came a gasp, and I found myself nibbling lightly on his bottom lip, opening my mouth, capturing his tongue at that moment and sucking on it like I hadn't done in a long time. I felt hands... hands holding onto my shoulders, just supporting them. Legs... my legs slipping between his, finding something hard and metallic in the middle, reminding me of who I was with.

"Okay?" I asked, just to be sure. His face was blushing softly and his chest was rising as he took a deep breath and I… maybe it wasn't that hard, I already felt ready to give him what he wanted.

I let my gaze fall to the middle of his muscular legs and observed the bulge there. The image still took my breath away, he looked so small and swollen in there… I wanted to bend down and see if Percy would feel as good under my mouth as he did under my hands. But no… not at that moment. I turned my attention back to Percy's face and saw that he was staring at me attentively, with a some fear? Or was it expectation?

“Do you have lube?” I asked, trying to be objective.

"I… I don't need to.”

"Excuse me? "I said without understanding.

Percy looked at me discreetly, but with a soft smile on his lips. He raised his hands that were holding onto the headboard of the bed and touched mine, taking one of them between his legs, towards his entrance.

"You…?”

"I wanted to be prepared.

Then, when I finally let my fingers explore the place better, I saw that Percy… that Percy was already wet, his insides soft and already dilated.

"Is all this for me?”

"Yes, Nico. I want to be a good…”

"Boy? "I finished for him, trying to make a joke. But apparently, it wasn't funny at all.

Percy shifted uncomfortably and closed his eyes tightly, the blush deepening on his face, though he still nodded and tried to hide.

“You’re--” I stammered, swallowing hard. “--you’re a good boy, the best of them.”

I let the words out and realized they were true. In those moments, it was like Percy actually turned into a shy, scared little boy, making me want to protect him and pull away at the same time, afraid of hurting him.

“Is everything okay?" I asked again to make sure my touches were welcome.

Percy nodded, looking at me from behind his long eyelashes and only after that, I started moving again, I sank my fingers a little deeper inside him and added one more until Percy moaned softly, almost afraid to make a noise, a broken sound escaping his lips.

"Here?”

"Again, please.”

That was all it took to insert the fourth one. I pressed them against the walls of Percy's interior and he practically arched off the bed, throwing his head back.

I guess it was now or never.

I held my own cock, only now noticing how much it hurt, and guided myself inside, letting myself relax for the first time since I had arrived in that place.

***

And to think that someone will one day understand the chaos that dances inside me to the sound of my melancholy, I thought as I watched Nico, my Dom, mine alone, trying so hard to be the perfect dominator.

Do you know what that means? A Dom? My Dom? Only mine? One that I didn't have to share with anyone and that pays attention only to me, like no one else did or had the interest to do? Do you know what that was?

I knew I should pay attention to how he tried to please me and how careful he was, as if I would break with the slightest sudden movement. But that, skin on skin and sweat and kisses, all of that took a back seat; I never thought I would say something like that. When would sex take second place? Not in my life, not when the escape from all my problems had always been this. In the end, it felt like I was putting my efforts in the wrong place and maybe on the wrong person too. Just the fact that Nico was there, between my legs, trying to do something he wasn't sure about just to make me happy... it was the best feeling. It wasn't exactly how his hands touched me or how they lifted me a little higher with each touch, it was... it was the purpose behind all of it, all of the effort and care and affection.

"Percy…" I heard his whispered voice and shivered when he brushed his large head against my entrance. It wasn't exactly the biggest thing I'd ever felt, and it wasn't small either, it was just… perfect. He applied a little pressure, holding my waist tightly and pushing himself inside with a broken grunt.

In fact, it had been a long time. Too long if it was the tight fit and the difficulty with which he advanced. I didn't hold back, I held onto the pillows and moaned, arching all over, not caring about anything, probably putting on quite a show.

I don't even know why I liked it so much. I was sure I wouldn't cum until the end of the night, but the feeling of him inside me... was something else... I felt full and complete and warm... so hot and so good... also, it wasn't just about the pleasure, I liked watching Nico and seeing what he would do next.

One thing was certain, Nico wasn't like the other dominants I had met. There was something so natural about him that sometimes it enchanted me, and surprised me too... and Nico didn't even realize it; it was like he was always giving orders or going against other people's will just because he thought it was the right thing to do.

He also lacked that selfish arrogance so characteristic of people who held power, or even the greed that always seemed to be ingrained in other dominators. I couldn't explain it properly, it was an absence of so many things that I thought were part of dominators, that it made my head spin, much more than any sex could. Although... although I couldn't deny it, when Nico touched me like that, I went to heaven and I didn't even need the touch to be sexual, I just needed it to be... real. Like... like now! He held me so tight and went so fast...

"Baby, are you close? I… I can't take it anymore.”

Nico… Nico had called me… baby? My gods. 

I held my breath when Nico… oh! When he grabbed my waist and went that inch deeper. He lifted me up a little and sank inside me in a way that made me close my eyes and moan, just moan, so good and so in that little place that no one bothered to look for, that I arched my spine, feeling my body wanting to reach the climax, always wanting to get there and never being able to, never!

It hurt… oh! It hurt so good… I moaned again and locked my legs around Nico, opening my eyes to see the magical moment when Nico just… stopped, pulsing and gasping and grunting, reaching parts inside me that were rarely reached, pulsing and pulsing until I felt even hotter, a funny sensation inside me, making everything more… slippery, my caged member feeling like it wanted to explode out of the metal, making me ache and gasp harder and faster.

Oh, my Dom was cumming! Did I make him cum? Me ? Percy Jackson? Who's been called worthless and worse? I smiled at my Dom and he swayed, almost falling forward, breathing fast, his frantic gaze analyzing me like a radar and touching me everywhere; my waist with his finger marks, my abdomen, my arms, neck and even my face. Then, he said:

"Did I hurt you? Does something hurt? I… I shouldn’t have… what about you?”

I wanted to laugh, I wanted to cackle with happiness, which probably wouldn't sound good. Nothing hurt, it was exactly the opposite, I would be cumming without even being touched if I wasn't wearing the cage, but then I would miss this magnificent moment, watching Nico kiss my hand and then my arm, moving up my shoulder until he reached my mouth, soft and delicate.

"I'll make it up to you, I promise.”

Should I say I didn't need it? That seeing him pleasure himself was all the reward I needed? But... I wanted to see how far he would go, so I nodded and watched him slide out of me, looking around the room as if searching for something.

"Do you have anything around here?”

"Like what?" I asked, curious.

"A vibrator?”

I smiled at him and pointed to the wardrobe.

"On the right side, at the bottom of it.”

"Ah." He said and walked to the wardrobe, opening it and sticking his head inside.

Nico came back with a battery-operated vibrator and lubricant.

Was he really going to do this? The dominants I knew wouldn't even bother to ask if I was okay, let alone… oh! I moaned, genuinely surprised, when he lubed up the toy and, with it already turned on, slowly inserted it inside me. Ohhh … I had forgotten how it felt.

"Is it good?" He asked me, not expecting an answer. "Maybe I'll try it later.”

Him? Experiment it? That's what he meant…? Ah, I moaned again as I felt Nico take the toy a little deeper, reaching my prostate.

"Here?”

I nodded, wanting to cover myself. Why did he have to be so careful… so… so meticulous. The worst part was seeing him looking at me, analyzing my every action. No one had ever paid so much attention before.

Yes, I know. I was repeating myself, but… oh!... This time, even I heard myself squeal, he kept pressing the vibrator right in that spot, putting more force and moving the toy in such a…

"Well?" He finished for me. But I couldn't speak, I could only look at him and pant like a bitch in heat.

I wanted to cum and I wanted him to finish that torture with the same intensity that I wanted him to continue and not stop until it hurt, until I couldn't anymore, until... Ah! I was feeling it... I was! It was that sensation that came from the bottom of my spine and rose slowly, so slowly and that sailed... sailed... I gasped, as if I was short of breath while both, me and him, saw my entire member trapped, contracting inside my metal cage until... until... hmmm, yes! I was ejaculating, never a complete orgasm, a similar and alien sensation at the same time, until the liquid that came out inside me, decreased in intensity and only a few drops remained that dripped, running down the cage and reaching my thighs.

“That was beautiful,” Nico commented, as if observing a work of art. “So beautiful, baby.”

There I was, I felt the praise go straight to my eternally excited cock and rise to my cheeks as I was once again surrounded by the strong and safe arms of my Dom, still feeling so excited that it hurt, in an eternal torture that I was destined to suffer.

Part VI

"Come on, talk to me." Nico whispered against my lips, licking them slowly and sticking his tongue inside my mouth.

I felt myself shiver and moan, hugging him tightly around the neck and returning the kiss, my breath knocked out of me when his hands ran down my back, touching the place where the vibrator had been moments before.

"So wet and so open. I did some serious damage. Do you want more or do you want me to stop? Hmmm?”

"I… ah!" I gasped as his fingers penetrated me again, fast and deep, curling inside me. It hurt… it hurt so much … but I liked it, I wanted more. However, I felt so weak, like a rag doll, that the only thing I could do was to roll on his fingers, feeling them go a little deeper, reaching where I needed it most.

“Here?” He asked, his lips against my earlobe and his voice low and husky. “Do you want more? Yeah, I think you do.”

That's when I gave up on any words that could form on my lips. He pulled me closer, making me sit on his lap and placed one of his hands between our bodies, while the other made room for the fat head of his member to enter.

I couldn't explain it, he felt bigger than before; wider and longer, brushing against my tight entrance and sliding in with slow back and forth movements until he was completely inside me, finding just the right spot.

“Is this okay?” He said when I said nothing but moan, hunched over him, my nails digging into his back. “Should I stop?”

No, I wished he would never stop. I opened my mouth, trying to say no, that this was one of the best moments of my life. But when only a gasp came out, I decided I had better show him. I tried to lift my hips and move, but I was so limp that all I could do was rock on top of him.

"I think that's a no." He chuckled softly against my neck and held my waist again while grabbing my hair, making me look at him, his dark eyes searching mine for permission. Which was very interesting, almost contradictory if it were because he had all the control. "I need you to touch my neck or ask me to stop if it's too much. Okay?”

I waved. Or so I tried. Honestly, I felt like I was losing track of what was going on around me.

One moment I was on his lap, feeling his cock move inside me, and the next I was lying on my back on the bed. My legs were spread and up on Nico's shoulders as he fucked me so hard that my vision was starting to blur, the world spinning and pleasure shooting back up through my nerves like a smoking rocket.

"Ah, here's my baby." I heard Nico's voice, as breathless as mine, his hands going back to digging into my hair. He stopped inside me for a moment, long enough to kiss me, and then he moved again, fast and hard, spreading my legs a little wider and making me bend over, practically folding me in half.

"N-nico." I murmured uncertainly, trying to understand what was happening, panting and moaning, feeling so free and so safe as I had never felt before.

"What does my baby need?”

I… I didn’t know. I only knew that Nico kept moving inside me without pause and strong, and that I couldn’t take my eyes off him, off his naughty smile and the way he kept fucking me, pulling my head back and digging his fingers into my skin, especially because of the way he never seemed to get tired or lose his rhythm. I didn’t want to, but I started to move, shaking from head to toe. I felt something running up my spine and my fingers curling, I… I contracted all over and Nico sank harder inside me, pressing me against the bed. I couldn’t, I couldn’t anymore. I held him tightly by the neck and screamed, I screamed so hard and so loud that I almost didn’t hear Nico’s grunt or feel those last thrusts that allowed me to relax and finally let the relief surround me, bringing me the most intense orgasm of my life, with or without a cage.

"Shhh … it’s okay. I’m here.”

I hugged Nico tightly and closed my eyes, still shivering, knowing he was cleaning me and trying to comfort me. I just understood that I needed his arms around me and his warmth, not letting him leave me until I couldn't anymore.

"Good boy." I heard Nico say to me, whispering very softly, like a secret that only I deserved to hear.

***

"How do you feel?" Nico asked me.

I did a quick scan and realized I felt pretty good. A little sore and tired, still all open, but very satisfied. I mean, I wouldn't say no if Nico was in the mood for more. Maybe In a few minutes.

"Fine." Was all I said, keeping my face neutral. I didn't want him to know that I had enjoyed it so much, that it was one of the best fucks of my life. I wasn't ready to give him all that power.

Yet.

"So, is that it? Are we going back to this word game? Okay? On a scale of 1 to 10, how satisfied are you?”

"Six." I said, holding back a laugh.

"You liar! I made you cum at least twice. That would be at least a seven, maybe an eight.”

"I don't think so.”

I heard a gasp and looked back. Nico was holding me by the waist, lying close to my back, talking against my neck, his other hand on my abdomen, keeping me close to him, both of us still with our heads sharing the same pillow.

"You hurt me like that.”

That's when he grabbed my hair and tilted my head back, making me moan.

"It's sad, but we'll have to figure this out, hmmm?”

"Nico…”

I moaned in surprise and a little too much excitement. I felt his hands going down and digging into my entrance again. It should have hurt, I should have told him to stop, that normal people didn't get this horny, but my complaints were left behind as he just pushed himself inside me, making me whimper, moving against him to feel him better touching all the right parts.

"Hmmm, baby, so delicious… I don't know what it is about you that makes me want you so much. I can't explain it… hmmm … do you want me to stop?”

I moaned and rubbed against him, gasping for air when his hand touched my trapped member. I didn't understand why this excited me so much. I could feel the heat radiating and seeming to transfer behind my cage and I could feel the way he held me tightly, dominating me with a simple gesture.

"Do you like it when I touch you? You looked so tortured that day… the weird thing is that I wanted to torture you even more and see how long you could take it … but that’s not the right behavior for couples who aren’t officially together, you know? I really wanted to…”

Then, Nico held me tighter and touched my testicles, grabbing them tightly while with his other hand he hugged me by the shoulder and for a moment I felt trapped, truly trapped, but so light that I left all pretense aside. I let him lean on me and press me against the bed, I let him open my legs, lifting them up and I let myself moan against the pillow, feeling Nico fuck me once again fast and hard and with such desire that tears came to my eyes and my mind was lost in sensations until I was moaning for a long time and Nico inserted so deep inside me that not even God could separate us.

***

"Now seriously, we need to get up.”

"Ni-cooooo!”

"Come on, baby. Come take a bath.”

"Why? I don't want to.”

"Percy.”

O-ow… I had never heard that tone of voice coming from him, but I knew it wasn't good. I opened my eyes and found Nico sitting on the bed, naked and with his hair messy in every direction. His black eyes stared at me with irritation and hunger and impatience.

"If you don't get out of bed, you'll regret it.”

"Yeah, what are you going to do to me? Beat me up? Will Daddy be mad?”

"If you want, we can come to an agreement. I bet that's what you want, to make me lose control and give you what you deserve.”

"What do I deserve?”

Nico smiled at me and held out his hands, waiting for me.

"If you don't get up in five seconds, you'll find out.”

Okay. I nodded. Was I ready for this? Probably not. It seemed too early for the punishments to begin.

Groaning, I moved slowly and crawled out of bed, Nico holding me as my legs nearly gave out.

"Did I mess you up, hmm? It's your fault, if you weren't so beautiful and smelled so well, and was so delicious..." Nico whispered against my ear and made my legs tremble even more.

"Am I beautiful?”

It was the first time anyone had said that to me. I had been called handsome, hot, tight, very tall, and even a slut, but beautiful… it was something new.

"Don't you look in the mirror? You are one of the most beautiful people I have ever seen.”

"Then you must not know many people. And there is a difference between handsome and beautiful.”

"Yes, you are both and much more. Now, to the bathroom.”

Slowly, I let Nico lead me to the bathroom, finding the bathtub already filled with water and rose salts. I couldn't even remember the last time I had used it.

"Are you going to give me a bath?" I asked, amused. "Are you going to use talcum powder afterwards?”

"If you want, I can. Nothing better than a good treatment after a scene.”

"You know, you fooled me… for someone who said it wasn’t a Dom…”

"Maybe… I may have lied. But if you’re complaining, I must have gone too easy on you. How about a change of tactics? I can do that. Maybe that’s how you’ll behave.”

Nico smiled at me and I paused for a moment, considering what he was saying. Nico seemed serious, but he didn't seem all that committed to following through on his words. Was he... flirting with me? Oh... funny. Maybe I wanted him to be more serious, but I wasn't the one to tell him that. If Nico didn't understand that, Nico didn't deserve to know.

With that in mind, I took a step forward, grabbed the edge of the tub, and climbed in. Nico, of course, was right behind me. He grabbed my waist and lifted me slightly, helping me sit in it and resting my head on the indicated support.

“Now, hmmm … shampoo? Shampoo.”

I relaxed against the seat, almost closing my eyes, and watched Nico, trying not to laugh at his face. It was a funny thing to witness, something you didn't see every day. Nico walked around, he opened cabinets, closed doors and compartments, and gathered the things he thought were necessary. When he came back to me, I couldn't help it; for some reason, I found it so funny that my body shook and I was out of breath from laughing so hard.

"Baby, breathe." Nico told me, holding my neck and I obeyed.

I opened my eyes wide and took a deep breath, letting the air out immediately, unable to stop the laughter that insisted on escaping me.

"Very good. Good boy." He told me and smiled, massaging my hair. He kissed my lips in one of the sweetest touches I had ever received and showed me the shampoo, still holding my head. "Now, slow down. You're in sub-drop .

"It's more like sub-high." I murmured, because I was in ecstasy, truly floating on clouds, so amazed that the world seemed to be more colorful.

"Then stay with me. Don't go too far.”

"Yes, Dom.”

I resisted the temptation to close my eyes once more and saw the exact moment when Nico stopped moving and looked at me seriously, sincerely seriously, for the first time since we had met. I knew he wanted to say something, and that it was probably something important, but I didn't think I was ready, neither of us were. So I closed my eyes, forced myself to take a deep breath and relaxed, knowing that I wasn't in the right place to make such a serious decision. After a few moments, everything seemed to become lighter and less important, shelved for later. I felt Nico's hands touch my hair again, massaging it gently, it being rinsed carefully by the jet of water from the hose that Nico was holding.

“You know you can talk to me about anything, right?” Nico murmured softly, standing behind me outside the bathtub, still massaging my hair. “This thing between us is new, but that doesn’t mean I won’t listen to you. I always will.”

I don't know why it affected me so much, they were just words spoken out of my mouth in an attempt to comfort me. But they affected me. I closed my eyes tightly and held my breath until the urge to cry passed. And it only passed when I felt Nico's hands on my shoulders, massaging me and pulling me closer to him, Nico wrapping me in his embrace and his lips.

"It's okay. I'm here. I'm here.”

I felt the air sucked out of me and I held on to his arms, holding him tight. If he knew that this was exactly the problem… if he knew… I could see a future where he and I had what he offered. A home and company and all the companionship I could ever want in the world. But I knew that wouldn’t last, nothing did. So what if he held me tighter and grabbed my face and kissed me like no one had ever kissed me before? So what if he cared for me like no one had ever cared for me before? None of it mattered, it didn’t matter, because in the end, it wasn’t real. None of it was.

But the fact worth noting was that he kept trying.

He grabbed me by the waist, got behind me and got into the tub with me, hugging me tightly around the middle of my back. He kissed my neck and held me close to him, caressing my skin without any sexual pretense. For some reason, this made me feel better, like I was loved and once again in the safest place in the world.

No one could hurt me there.

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Como três pessoas parecem ter gostado da histórias, de acordo com a enquete, vou continuar! Porem, não sei se vai ter capítulos novos todas as semanas. De qualquer forma, obrigada pela presença. Essa é uma história que não esta terminada, tenho uns 80 mil palavras prontas, então, deve nos dar bastante intertenimento, não? Espero que vocês gostem desse capítulo. Vai ser bem longo.

Parte IV

— Nico! Que bom que você pode vir. — Roberta abriu a porta, sorrindo radiante. — E ainda trouxe nosso querido Perseu.

— Eu não deveria? — Entrei, guiando Percy pelas costas e acenei para Roberta, fechando a porta atrás de mim.

— Não para o que vamos conversar hoje.

— Então--

— Não se preocupe. — Roberta acenou e nós andamos para longe da porta, nos aproximando delas, enquanto Carla veio praticamente correndo e segurou na mão de Percy, o levando para um canto da sala.

— Oh, Percy, querido. Como estamos hoje? — Carla segurou no braço de Percy, e Percy fez uma cara séria, tentando manter o sorriso longe. Ele fazia tanta força que até eu percebia.

— Bem.

— Estou feliz por você.

Percy acenou todo animado e se aproximou mais de Carla, cochichando algo para ela.

— De jeito nenhum! — Carla exclamou, segurando nos ombros de Percy.

— Hmmhmm. — Ele murmurou, todo orgulhoso. — Ele…

Foi quando Carla e Percy se afastaram mais ao fundo da sala, indo para o lado oposto do cômodo e se sentaram em um sofá encostado à parede. 

— Parece que as coisas estão indo bem.

— Sim, estão.

— E como foi a primeira noite?

— Normal, eu acho?

— Você acha?

— É. Percy pediu pra eu colocar o cinto de castidade, depois a gente foi pra cama e tomamos café da manhã.

Roberta colocou a mão no rosto e suspirou, ela andou até uma mesa de carvalho perto da porta e se sentou na cadeira. 

— Você tem muito a aprender, Di Ângelo.

— Aprender? E o que seria isso?

— Sinto pena do Percy. Quando ele finalmente encontra alguém decente…

— O que você quer dizer com isso?

— Como eu poderia dizer…? — Roberta pegou uma das pastas em cima da mesa e começou a folheá-las, parando em uma página específica. — Você vê aqui? Esse é o questionário que Percy respondeu quando chegou aqui há dois anos.

— O quê? Dois anos?

— Se acalme. Não somos uma prisão. Ele fica aqui uma semana por vez, às vezes menos, depende se ele encontrar um dom adequado. Ele costuma voltar aqui de três em três meses, mas nem sempre se interessa em tentar.

— Acho que não estou entendendo.

— Aqui as coisas funcionam diferente para submissos. Eles recebem as informações e fotos dos dominantes disponíveis e escolhem se estão dispostos a se submeterem. Nenhum deles é obrigado a vir aqui ou aceitar um dominante. Esse é um ambiente completamente seguro e protegido, e controlado, se assim for a vontade deles.

— Controlado?

— Sim. Em todas as casas há câmeras, até no banheiro. Essas imagens são confidenciais e só serão usadas em caso de abuso psicológico ou físico. Será que você não leu os documentos que te enviamos mês passado?

Bem… talvez eu tenha escolhido ignorar o problema até que ele bateu na minha porta. Literalmente.

— Tem mais alguma coisa que eu deva saber?

— Tem muito que você já deveria saber. — Ela disse, revirando os olhos. — Primeiro, as regras da casa. Não admitimos nenhum tipo de abuso ou não-consensualidade.

— É só isso?

— O que você esperava? Que tivesse uma hora de recolher e lição de casa? Eu não sou sua mãe e é seu dever ser um cidadão responsável. Falando nisso, onde está a guia da coleira do Percy?

— Em… algum lugar.

— Nico! Ele não pode andar sem uma. Enquanto ele estiver com você, Percy deve usá-la.

— Por quê?

— Por quê? Porque a coleira identifica que ele é um submisso comprometido. Aqui dentro pode não fazer diferença, mas no mundo real, faz. Nem todos são tão corretos como nós.

— Eu nunca percebi isso. 

Revirei os olhos e menti, menti na cara dela. Eu sabia exatamente o que uma coleira significa, eu só não gostava que Percy usasse uma coleira dada por outro dominador.

— …que planeta você vive? Deve ser por isso que você chegou a essa idade sem um submisso.

— O que você quer dizer com isso? — Dessa vez, me levantei, cansado daquela conversa ridícula.

— Você pode negar o quanto quiser. Você é um dominador e só um submisso irá te satisfazer. Então, porque você não senta e ouve o que eu tenho a dizer?

Eu me sentei e virei a cara, me segurando para não dizer exatamente o que eu pensava sobre isso. Vi que Percy olhava para mim com uma expressão assustada, perguntando, sem precisar dizer uma palavra, se estava tudo bem. Sorri para ele e acenei, o vendo se voltar para Carla e continuar a conversa deles.

— Muito bem. Então, me fale o que é tãooo importante.

— Você poderia fazer o favor de ler o perfil do Percy? Ele vai te dizer muito mais do que eu poderia.

Revirando os olhos, peguei a pasta das mãos dela, tentado a jogar tudo pelos ares. Me dei por vencido e virei a primeira página, a lendo. 

Logo no início havia uma foto de um Percy sorridente junto ao nome completo, endereço, nacionalidade, e profissão. Parecia que morávamos perto um do outro, Percy na parte chique do bairro, enquanto que eu ainda estava em uma república estudantil. Trabalhávamos perto, também. Eu, em um mercado embalando compras e Percy, em uma nacional de investimentos.

— Você tem certeza que eu e ele somos compatíveis?

— Isso só você pode decidir.

Dei de ombros e continuei minha leitura, arregalando os olhos quando vi o currículo de Percy. Ali tinha todas as conquistas que Percy já teve na vida; desde troféus de natação escolares e profissionais, até a graduação e pós em economia e educação física. Passei os olhos rapidamente pelos títulos até que encontrei… Berkeley. Isso era sério? Porque alguém tão gabaritado quanto Percy precisaria de um lugar como esse? 

Continuei a ler e cheguei ao ponto que dizia sobre os dominadores que Percy já tinha tido dentro da instituição. Eram sete no total, agora, oito, se contasse comigo e somente nomes, sem qualquer outro tipo de informação.

— Sete? — Perguntei, chocado. — Qual o problema com essa gente?

— Eles não eram adequados. — Roberta respondeu pela primeira vez com uma expressão neutra. — Nem todos foram ruins, mas nenhum deles foi o certo. Cuidamos de nossos submissos como se fossem da família e se um deles precisa de ajuda, ela não tardará a chegar.

Isso era uma ameaça? Ah, se ela soubesse que bastava apenas um estalo de dedos e tudo estaria acabado. Mas é claro que eu não faria isso, eu nunca daria esse gostinho para Hades.

— Qual deles foi? — Eu disse ao invés, sem precisar perguntar diretamente. Roberta pareceu ter entendido. Uma dessas pessoas tinha abusado de Percy, se foi física ou psicologicamente, eu nunca saberia.

— Confidencial. — Foi tudo o que ela disse.

Suspirei e continuei minha leitura, chegando às preferências de Percy.

Uou! Eu era um dominador certificado e não sabia o que metade daquilo significava. Ou melhor, havia feito questão de esquecer. Uma parte eu ainda lembrava, e a outra parte, eu só podia chutar. Já outras, esperava nunca descobrir.

— Shibari? 24/7? Eu nem sei o que significa Abrasão! E… — Li mais abaixo e murmurei: — Ageplay?

Levantei a cabeça e vi que Roberta sorria, convencida.

— Você não acha que isso é exagero?

— Isso não depende de mim e ninguém está te obrigando a nada. São apenas… possibilidades.

— Ageplay? Isso é sério?

— Você precisa que eu desenhe?

— O que consistiria isso, exatamente? — Eu disse, só para manter meu disfarce.

— Vai depender. O básico é agir e ser cuidado feito um bebê. Chamar Percy de bebê já funcionaria. Porque você não tenta na próxima?

— Eu não acho que eu consiga. — Ou melhor, eu não acho que eu queira.

— Como eu disse, você tem muito a aprender. — Roberta bateu os dedos na mesa, parecendo chegar a uma conclusão. 

Ela abriu uma gaveta de baixo da mesa e me entregou algumas folhas, junto a um livro de capa grossa e bem pesado.

— Quero que você leve isso, é o mesmo questionário que Percy respondeu. Esse livro também te ajudará. Não se esqueça de ler todo o documento. Fizemos algumas anotações no perfil do Percy, ele teve uma grande evolução desde que chegou aqui.

— Como ele era antes?

— Vulnerável, quase assustado. Pelo menos referente a sexualidade dele. — Roberta disse ao se levantar. — Espero que isso não volte a acontecer.

Era o que eu esperava também.

— Amanhã começamos nossas sessões. 

A gente já não tinha começado?

Com um aceno de cabeça de Roberta, Carla trouxe Percy e ambos saímos do escritório de mãos dadas. Eu só esperava que não estivesse cometendo um erro.

***

Passei o resto do dia pensando sobre o que Roberta tinha dito. Não exatamente no que ela tinha falado e, sim, no que ela deixou de dizer. Tudo bem, aparentemente, eu era um irresponsável e não merecia ser chamado de dom, e isso estava mais do que claro, eu assumia. O motivo para isso era bem simples, em primeiro lugar, nunca quis ser um dominador, e muito menos, um submisso. Qual era o problema em não ser nada, em ser diferente? Era um crime tão ruim ainda querer ser apenas eu? Bem, aquilo não importava, eu tinha assumido um compromisso com Percy e levaria isso até o fim.

E falando em Percy, ele também tinha passado a tarde ocupado. Pelo o que parecia, Percy Jackson realmente era um empresário bem-sucedido, CEO da própria empresa, especialmente se fosse pelo modo que Percy falava no telefone e digitava no notebook de última geração, mais fino e leve que uma caneta. A mudança era visível, o submisso tímido e inseguro deu lugar a alguém que se sentava no sofá com a coluna ereta, óculos de armação moderna encaixado perfeitamente em sua face quadrada e uma expressão tão séria e decidida no rosto que eu pensaria que era outra pessoa, isto é, se Percy não estivesse só de cueca no meio da sala de estar.

— Você quer comer? — Perguntei vendo Percy fechar o computador e tirar os óculos, se esticando todo no sofá, praticamente se sentando no meu colo.

— Não. — ele negou. 

Percy olhou de canto de olho para mim e colocou o computador em cima da mesinha de centro. Então, se virando na minha direção, largou toda pretensão de fingir se espreguiçar. Ele se deitou no sofá e colocou a cabeça sobre minhas coxas, me observando ao olhar para cima.

— Gostando da leitura? — Ele completou, relaxado contra meu colo.

Encarei o livro em minhas mãos e fiz uma careta. Até agora tinha lido três capítulos daquele livro que parecia ter saído da idade das trevas, me perguntando se eu tinha entendido alguma coisa, tudo isso muito nostálgico, mas de uma maneira completamente horrível. O lado bom era que eles pareciam ter feito uma atualização na ideologia de tudo, agora só faltava mudar como o ato em si era feito. Se eu realmente fosse um novato tudo o que eu teria entendido seria: algemas bla bla bla, correntes bla bla bla e assim em diante. O que eu ainda não entendia era como um submisso poderia gostar de se submeter a outra pessoa, aceitando ser abusado dessa forma. Nada daquilo fazia sentido e eu não entendia nada.

— Na verdade, não. Porque você não me ajuda?

— O que você quer saber? — Percy perguntou, pela primeira vez não soando incerto. Na verdade, ele soava como uma pessoa completamente normal, alguém que eu veria andando na rua e que nunca pensaria que seria um submisso, ou mesmo um dominador; uma pessoa completamente normal.

— O que significa ser um submisso para você?

— Ser um submisso significa se submete--

— Eu perguntei o que significa para você. O que te faz querer ser um?

— Ninguém nunca me perguntou isso antes. — Percy murmurou baixinho, fechando os olhos. 

Senti uma vontade súbita de tocá-lo, então, foi o que fiz. Coloquei o livro de lado e acariciei seus cabelos devagar, os penteando com os dedos e massageando seu couro cabeludo, enquanto o ouvia suspirar e sorrir, todo contente.

— Significa isso. Com você. Bem aqui.

— Isso, o quê?

— Esse momento.

— Você vai ter que ser mais específico.

— É sentir que a responsabilidade do mundo não está nas minhas mãos. É ter alguém que vai me apoiar se for necessário. É saber que a casa não vai estar vazia quando eu chegar do trabalho, que minha cama não vai estar fria.

— É só isso? Você não poderia ter isso sendo um dom ou com uma pessoa normal?

— Não, você não entende. — Percy abriu seus olhos verdes-azulados intensos e me encarou, ansioso. — Quando estamos juntos me sinto seguro. É meu pequeno paraíso. Não preciso tomar decisões ou me preocupar com as consequências, porque eu sei que se eu cair, você vai me pegar, você vai me proteger e cuidar de mim. Esse é o dever de um submisso, confiar em seu dom e se doar a ele, dando tudo o que eu puder, tudo o que eu tiver. E em troca, receber tudo de volta em forma de cuidado e atenção.

— É isso, então? — Eu quis saber, ainda em dúvida. Eu não via como tudo isso podia ser possível. E como é que Percy já confiava em mim se nem havia passado quarenta e oito horas desde que a gente tinha se conhecido? — E a parte sexual?

— Eu gosto também. — Percy sorriu para mim, um sorriso lindo e aberto, todo cheio de covinhas e dentes brancos, chegando a seus olhos.

— Sim? — Pressionei de novo, interessado no desenvolvimento.

— No começo, eu só queria sair um pouco da minha cabeça, sabe? Ser alguém diferente por algumas horas. Depois…

— Depois?

— Eu comecei a gostar, a experimentar coisas novas. Por isso que minha lista de preferências é tão longa. Eu só quero… sentir algo diferente.

— Mesmo que doa?

— Especialmente quando dói. — Dessa vez, Percy abriu os olhos e não desviou o olhar, tentando dizer algo que eu me negava a entender.

— Porquê? Porque você iria querer isso?

— O problema não é a dor, é como você a encara.

— Acho que não entendi…

— Pensamos na dor como uma forma de punição, mas e se… e se ela for apenas uma forma de experimentar sensações… uma forma de deixar a tensão sair? Aquilo só te machuca se você deixar.

Bem, se eu encarasse as coisas daquela forma, não parecia tão ruim, embora eu ainda não estivesse disposto a sentir dor por um motivo tão… sem propósito.

— Eu ainda não entendo porque você deixaria alguém te usar dessa forma.

— Nico, eu não estou sendo usado. Isso seria verdade se eu não desse permissão. Mas não é.

— E se alguém te prendesse e fizesse coisas que você não quisesse, o que aconteceria?

— Isso já aconteceu. Não foi completamente consensual, mas eu gostei.

Pisquei por um momento, processando o que Percy tinha acabado de dizer, parando com meus movimentos no cabelo de Percy. 

Percy queria dizer que tinha sido est*prado?

— Não me olhe assim. O cara acabou se deixando levar. Ele me pediu desculpas e tudo. Eu terminei com ele, é claro, e desde então decidi procurar ajuda aqui. As coisas têm dado bem mais certo.

— Mas… como você pode gostar disso?

— Eu gosto e ponto. — Percy deu de ombros, virando o rosto para o lado, seu rosto todo tenso e sério. — Se você não pode entender…

— Não, eu não posso entender. — Eu finalmente disse quando o silêncio se estendeu. — Mas eu aceito. Estou tentando entender o que leva uma pessoa a seguir esse tipo de vida. Isso é um estilo de vida, não é?

— Sim, não é só sobre sexo. É sobre companheirismo e dar o que o outro precisa. É sobre… hierarquia.

— Hierarquia? — Perguntei, me sentindo estranho. Aquelas malditas palavras voltando a mim, feito um eco do passado.

— Sim. Fora de uma cena, somos iguais, ninguém está acima de ninguém. Mas tem uma certa ordem. Dominadores tendem a querer manter a ordem, submissos gostam de segui-los. Faz parte da dinâmica dominador-submisso.

— Dinâmica? — Eu odiava essa palavra.

— É mais um instinto. É como agimos.

— E como seria isso?

— Você não percebe? O jeito que você age perto de mim? Como você segurou o meu rosto no primeiro dia? Como você me olhou e disse que me queria, como… como se você mandasse, e só com uma ordem eu pertencesse a você?

— Eu fiz isso, foi?

— Hmmhmm… — Percy murmurou, ainda sério, mas num tom de voz manhoso. — Você não percebe que você já faz essas pequenas coisas… como… como… se preocupar se eu estou com fome, se eu estou confortável, como eu me sinto depois de uma cena?

— Sei…

— Eu gosto. Gosto muito disso. Quando você me toca me sinto… único, especial. Sinto que nada pode dar errado.

— Até agora nada deu. — Completei, concordando. — Mas isso ainda não responde minha pergunta. O que tudo isso significa para você?

Percy suspirou e me encarou de frente, sem nada a esconder.

— Significa que eu nunca vou estar sozinho, ter muito sexo e poder sentir tudo o que eu quero sentir, sem precisar me sentir culpado. Porque, quando eu me machuco sozinho, não é saudável e a culpa é toda minha, mas quando outros me machucam…

— A culpa nunca é sua.

Percy acenou novamente. — Eu… sempre tive dificuldade em ficar sozinho. Costumava ser aquele tipo de criança que queria agradar a todos, eu queria que todos fossem meus amigos. Já cheguei a fazer coisas que muitos não fariam, tudo isso só para ter a aprovação de alguém, nunca me senti mal por isso. É quem eu sou e quem sempre fui. A diferença é que cansei de me sentir mal por querer algo que outros consideram errado.

— Essa é a questão, não é? — Perguntei, começando a entender. — Você procura alguém que vá te machucar, mas que também te ajude a… sarar?

— Acho que poderíamos dizer isso. Embora eu queira muito mais do que isso.

— Você quer, como o quê?

— Ficar de joelhos a seus pés e realizar seus desejos mais escondidos. Não importa qual eles sejam.

Ao ouvir isso sorri e voltei a acariciar os cabelos de Percy, o ouvindo quase ronronar.

— Talvez você se arrependa de dizer isso. Pessoa mais chata do que eu não existe.

— Isso é o que todos dizem.

Depois disso, não pude me conter. Segurei nos cabelos de Percy e os puxei até que sua boca estivesse sobre a minha, arfando e aberta, enlaçando nossas línguas até que toda essa história de dom e sub sumisse de nossas mentes.

Parte V

— Talvez você se arrependa de dizer isso. Pessoa mais chata do que eu não existe.

— Isso é o que todos dizem.

Depois disso, não pude me conter. Segurei nos cabelos de Percy e os puxei até que sua boca estivesse sobre a minha, arfando e aberta, enlaçando nossas línguas até que toda essa história de dom e sub sumisse de nossas mentes. Senti Percy segurando em meu pescoço e me afastei para ver seu rosto banhado pela luz do fim da tarde, todo ansioso, seus olhos fugindo dos meus.

Hmmm… será que era agora que a parte sexy acontecia? Sorri, achando graça da minha própria piada. Mas quando vi que Percy começava a ficar impaciente e frustrado, voltei a ficar sério.

— Você tem certeza disso? Não é tarde para procurar um dom mais experiente.

— Não, eu quero… eu quero você.

Respirei fundo e me concentrei no que Percy queria dizer por trás daquilo. Eu começava a achar que ele não dizia essas coisas porque era o que eu queria ouvir, e sim porque ele sentia ser o que eu precisava escutar; e talvez fosse, talvez fosse exatamente o que eu precisava saber para que tudo o que tinha acontecido antes ficasse no passado. Ou pelo menos para que eu tentasse mais uma vez.

— Tudo bem, serei seu dom. Com uma condição.

— Qual? — Percy levantou a cabeça e me encarou por um momento, parecendo ser aquele mesmo sub tímido que eu havia conhecido. 

— Você tem que me dizer quando eu fizer algo errado.

— Você nunca… dominou alguém?

— Não exatamente. — Quando vi que Percy parecia interessado, continuei. — Tinha esse garoto no ensino médio, a gente estudava na mesma sala.

— Ele era um submisso? — Percy perguntou, todo animado. 

Ele levantou, se sentou no sofá virado de frente para mim, e apoiou suas mãos em meus joelhos, se esquecendo de todo o resto.

Eu sorri e continuei:

— Sim, criado e educado para ser o perfeito sub. Tudo o que ele fazia era para agradar alguém ou ganhar o favor de quem importava. Ele era pequeno e baixinho e bonito. O perfeito sub, sinceramente.

— O que aconteceu?

— O que sempre acontece quando digo a verdade.

— Oh. — Percy murmurou, parecendo decepcionado. Eu quase me sentia culpado por estar mentindo. Quer dizer, a história era verdadeira. Não era a primeira vez que eu dizia não saber dominar.

— Sim, no começo eu até tentei, mas…

— Mas?

— Bem, ele encontrou um dom que não era tão sensível quanto eu.

— Então, você é um dom. — Ele se inclinou em minha direção, todo contente.

— O quê?

— Foi o que você disse “ele encontrou um dom que não era tão sensível quanto eu.”

Percy tinha me pegado nessa.

— Sim, acho que sou.

— Então, qual o problema?

— Não há nenhum problema. — Nenhum que eu queira compartilhar, pensei, vendo o rosto de Percy murchar.

— Entendo.

— Você entende?

— Você não confia em mim. Porque você confiaria?

— Percy, isso não tem nada a v--

— Não precisa mentir, Nico. Sou grande o suficiente para saber quando não me querem. Acho que vo—

— Percy, me escute. — Falei calmamente, me levantando junto com ele. Eu o segurei pelo ombro antes que ele pudesse fugir de mim e o puxei para perto, agora tocando em seus cabelos da nuca. — Eu quero você. Eu não sei porque, mas eu quero.

— Você quer? — Ele se curvou todo e me encarou com olhos bem abertos, me perguntando em um sussurro, como um garotinho perdido e com medo faria.

— Sim. — Confirmei. — E você está certo, não confio em você. Essas coisas levam tempo e se você quiser ficar comigo, é assim que vai ser.

— Quando você quiser e quando você estiver pronto. — Percy completou como se fosse óbvio. Eu não queria dizer isso exatamente, mas agora que Percy tinha dito… fazia sentido, afinal, era eu quem estava no controle, não era? É o que dominadores fazem.

— Sim. — Confessei. — Quero que você tome um banho quente e me espere na cama, sim?

Percy me deu um beijinho molhado no rosto, sorriu para mim todo feliz e caminhou pela sala, desaparecendo pelas escadas que davam para o andar superior da casa.

 ***

Tudo bem, eu podia fazer isso. 

Respirei fundo, subi o resto das escadas e entrei no quarto, passando pela porta entreaberta. As persianas estavam fechadas e as luzes apagadas, somente com o abajur iluminando o quarto. Dei mais alguns passos para dentro, me familiarizando com o cômodo, tentando me convencer de que aquilo era o certo para nós. Percy estava ali, era claro que ele estava, estendido na cama, somente com a gaiola cobrindo seu corpo, vendo algo no celular e sorrindo para o que quer que fosse que ele lia. Seus cabelos molhados repousavam sobre o travesseiro e o resto do corpo ocupava grande parte do colchão, relaxado em seu lado da cama.

Vamos, eu me obriguei novamente a ir em frente. Eu podia fazer isso, um passo de cada vez. Sim, mais um passo e eu já consegui ver os contornos de seu corpo nitidamente. Rosto angular, ombros largos, abdômen de tanquinho e membro bem preso. Tudo em Percy gritava conforto, como se ele aceitasse quem ele é, nem menos e nem mais, sem qualquer inibição quando se tratava de sua forma. Dei mais um passo para a frente e ele levantou a cabeça, me encarando por baixo de seus cílios, sorrindo. Nenhum de nós se moveu até que eu respirei fundo mais uma vez e me aproximei da cama, ainda sem coragem de iniciar nada.

Deuses! Porque era tão difícil? Quando eu achava que tudo era por diversão e que não passava de uma brincadeira de casinha, as coisas estavam ótimas, mas agora que eu via que a saúde mental e física de alguém dependia dos meus próximos passos… tudo o que eu queria era fugir. Não que eu fosse inexperiente, mas ter essa responsabilidade toda… eu não lembrava disso ser tão complicado. Talvez eu tenha feito questão de esquecer.

Ainda assim, sem dizer nada, tirei minha camisa e minhas calças, junto com todo o resto, e me deitei ao lado dele, parado feito uma estátua. Era isso o que eu devia fazer, certo? Me deitar perto dele? Será que eu devia…

— Você está pensando demais. — Percy disse em meu ouvido.

Eu nem tinha visto quando ele tinha se aproximado, apenas sabia que agora estávamos muito perto, sua cabeça perto da minha, nariz contra nariz, ele deitado de lado enquanto eu deitava de barriga para cima, lutando contra mim mesmo. Eu só precisava relaxar.

— O que eu devo fazer?

— O que você quiser.

O que eu quiser? Que tal fazer nada? Dormir. Sim, dormir era uma boa ideia. Mas Percy… ah, Percy me olhava de uma forma que era difícil descrever, de uma maneira que me fazia querer ser outra pessoa só para ter coragem de seguir em frente. Eu deveria? Provavelmente, não. Mas eu faria de qualquer jeito.

Um beijo? Parecia uma boa ideia. 

Me inclinei sobre ele e encostei nossos lábios. Devagar. Cuidadoso. Lábios contra lábios, os roçando juntos. Esse era um bom começo, certo? Depois veio um arfar, me vi mordiscando levemente o lábio inferior dele, abrindo a boca, capturando sua língua nesse momento e chupando como eu não fazia há muito tempo. Senti mãos… mãos que seguravam contra meus ombros, apenas as apoiando. Pernas… minhas pernas se enfiando entre as dele, encontrando algo duro e metálico no meio do caminho, me fazendo lembrar com quem eu estava.

— Tudo bem? — Perguntei, apenas para ter certeza. Seu rosto corava suavemente e seu peito se levantava ao respirar forte e eu… talvez não fosse tão difícil assim, eu já me sentia pronto para dar o que ele queria. 

Deixei que meu olhar caísse para o meio de suas pernas musculosas e observei o volume ali. A imagem ainda tirava meu fôlego, ele parecia tão pequeno e estufado ali dentro… eu queria me abaixar e ver se Percy se sentiria tão bem com minha boca quanto com minhas mãos. Mas não… não naquele momento. Voltei minha atenção para o rosto de Percy e vi que ele me encarava com atenção, com um pouco de temor? Ou era expectativa?

— Você tem lubrificante? — Perguntei, tentando ser objetivo.

— Eu… eu não preciso.

— Me desculpe? — Eu disse sem entender.

Percy me olhou discretamente, mas com um suave sorriso nos lábios. Ele levantou as mãos que se seguravam na cabeceira da cama e tocou nas minhas, levando uma delas para o meio de suas pernas, em direção a sua entrada.

— Você…?

— Eu queria estar preparado.

Então, quando eu finalmente deixei que meus dedos explorassem melhor o local, vi que Percy… que Percy já estava molhado, seu interior macio e já dilatado. 

— Tudo isso é para mim?

— Sim, Nico. Eu quero ser um bom… 

— Garoto? — Terminei por ele, tentando fazer uma piada. Mas, aparentemente, não era nada engraçado.

Percy se remexeu desconfortável e fechou os olhos bem forte, o rubor se intensificando em seu rosto, embora, ainda assim, ele tenha concordado, acenando e tentando se esconder.

— Você é-- — gaguejei, engolindo em seco. — …você é um bom garoto, o melhor deles.

Deixei as palavras saírem e percebi que elas eram verdadeiras. Nesses momentos, era como se Percy realmente se transformasse em um garotinho tímido e assustado, me fazendo querer protegê-lo e me afastar ao mesmo tempo, com medo de machucá-lo. 

— Tudo bem? — Voltei a perguntar para ter certeza de que meus toques eram bem vindos. 

Percy acenou, me encarando por trás de seus longos cílios e só depois disso, voltei a me mover, afundei meus dedos um pouco mais adentro dele e adicionei mais um até que Percy gemeu baixinho, quase com medo de fazer barulho, um ruído entrecortado escapando por seus lábios.

— Aqui? 

— De novo, por favor.

Foi tudo o que precisei para inserir o quarto. Eu os pressionei contra as paredes do interior de Percy e ele praticamente se curvou para fora da cama, jogando a cabeça para trás.

Acho que era agora ou nunca.

Segurei no meu próprio membro, só agora notando como doía e me guiei para dentro, me deixando relaxar pela primeira vez desde que havia chegado àquele lugar.

***

E pensar que alguém algum dia vai entender o caos que dança dentro de mim ao som da minha melancolia, pensei ao observar Nico, meu dom, só meu, tentando tanto ser o dominador perfeito. 

Você sabe o que isso significa? Um dom? Meu dom? Só meu? Um que eu não tinha que dividir com ninguém e que presta atenção só em mim, como nenhum outro fez ou teve o interesse de fazer? Você sabe o que era isso?

Eu sabia que deveria prestar atenção em como ele tentava me dar prazer e a forma que ele era todo cuidadoso, como se eu fosse quebrar com o menor movimento brusco. Mas, isso, pele na pele e suor e beijos, tudo isso ficava em segundo plano; nunca pensei que falaria algo como isso. Quando é que o sexo ficaria em segundo lugar? Não na minha vida, não quando o escape para todos os problemas sempre tinha sido esse. No fim, parecia que eu estava colocando meus esforços no lugar errado e quem sabe, na pessoa errada também. Só o fato de Nico estar ali, entre minhas pernas, tentando fazer algo que ele não tinha certeza só para me fazer feliz… era a melhor das sensações. Não era exatamente como suas mãos me tocavam ou como elas me elevavam um pouquinho mais a cada toque, era… era o propósito por trás de tudo aquilo, do todo o esforço e cuidado e afeto.

— Percy… — Escutei sua voz sussurrada e estremeci quando ele roçou a cabeça grande contra minha entrada. Não era exatamente a maior coisa que eu já tinha sentido e tampouco era pequena, era só… perfeito. Ele fez um pouco de pressão, segurou forte na minha cintura e se empurrou para dentro com um grunhido entrecortado.

De fato, fazia muito tempo. Tempo demais se fosse o encaixe apertado e a dificuldade com que ele avançava. Não me reprimi, me segurei nos travesseiros e gemi, me empinado todo, sem me importar com nada, provavelmente dando um espetáculo e tanto. 

Eu nem sei porque gostava tanto disso. Eu tinha a certeza que não iria gozar até o fim da noite, entretanto a sensação dele dentro de mim… era outra coisa… me sentia preenchido e completo e quente… tão quente e tão gostoso… também, não era apenas sobre o prazer, eu gostava de olhar para Nico e ver o que ele faria em seguida. 

Uma coisa era certa, Nico não era como os outros dominadores que eu havia encontrado. Parecia algo tão natural nele que às vezes me encantava, e me surpreendia também… e Nico nem percebia; era como ele vivia dando ordens ou contrariando a vontade de outras pessoas só porque achava que era o certo a se fazer. 

Também faltava nele aquela arrogância egoísta tão característica de pessoas que detinham o poder, ou até a ganância que sempre pareceu estar impregnada em outros dominadores. Eu não saberia explicar direito, era uma ausência de tantas coisas que eu pensava fazer parte dos dominadores, que fazia minha cabeça girar, muito mais do que qualquer sexo poderia. Embora… embora eu não pudesse negar, quando Nico me tocava assim, eu ia aos céus e nem precisava que o toque fosse sexual, eu só precisava que fosse...  real. Como… como agora! Ele me apertava tão forte e ia tão rápido… 

— Bebê, você está perto? Eu… eu não vou aguentar.

Nico… Nico tinha me chamado de… bebê? Meus deuses. 

Eu prendi o ar quando Nico… ah! Quando ele segurou em minha cintura e foi aquele centímetro mais fundo. Ele me levantou um pouco para cima e se afundou dentro de mim de uma maneira que me fez fechar os olhos e gemer, só gemer, tão gostoso e tão naquele lugarzinho que ninguém se preocupou em procurar, que eu curvei a coluna, sentindo meu corpo querer chegar ao clímax, sempre querendo chegar lá e nunca conseguindo, nunca! 

Doía… ah! Doía tão gostoso… eu gemi novamente e prendi minhas pernas em volta de Nico, abrindo os olhos para ver o momento mágico em que Nico apenas… parou, pulsando e arfando e grunhindo, alcançando partes que raramente eram alcançadas dentro de mim, pulsando e pulsando até eu me sentir mais quente ainda, uma sensação engraçada dentro de mim, fazendo tudo ficar mais… deslizante, meu membro engaiolado parecendo querer explodir para fora do metal, me fazendo doer e arfar mais forte e mais rápido ainda. 

Oh, meu Dom estava gozando! Eu fiz ele gozar? Euzinho? Percy Jackson? Que já fui chamado de imprestável e coisas piores?  Eu sorri para meu Dom e ele bambeou, quase caindo para frente, respirando rápido, seu olhar frenético me analisando feito um radar e me tocando por todos os lados; minha cintura com suas marcas de dedos, meu abdômen, meus braços, pescoço e até rosto. Então, ele disse:

— Eu te machuquei? Algo dói? Eu… eu não devia… e você?

Eu queria rir, eu queria gargalhar de felicidade, o que provavelmente não soaria bem. Nada doía, era exatamente o contrário, eu estaria gozando sem nem ser tocado se não estivesse com a gaiola, mas, então, eu perderia esse momento magnífico, observando Nico beijar minha mão e depois meu braço, subindo por meu ombro até chegar a minha boca, suave e delicado.

— Eu vou te recompensar, prometo.

Será que eu devia dizer que não precisava? Que ver o prazer dele já me dava toda a recompensa que eu precisava? Mas… eu queria ver até onde ele iria, por isso, acenei que sim e vi ele deslizar para fora de mim, olhando pelo quarto como se procurasse algo.

— Você tem alguma coisa por aqui?

— Como o quê? — Perguntei, curioso.

— Um vibrador? 

Abri um sorriso para ele e indiquei o guarda-roupas.

— No lado direito, no fundo dele.

— Ah. — Ele disse e andou até o guarda-roupas, o abrindo e enfiando a cabeça lá dentro. 

Nico voltou com um vibrador à base de pilha e lubrificante.

Ele realmente ia fazer isso? Os dominadores que eu conhecia nem se dariam ao trabalho de perguntar se eu estava bem, quanto mais… ah! Eu gemi, sinceramente surpreso, quando ele lubrificou o brinquedo e já com ele ligado, inseriu devagar dentro de mim. Ohhh… eu tinha me esquecido da sensação.

— É bom? — Ele me perguntou, não esperando uma resposta. — Talvez eu experimente mais tarde.

Ele? Experimentar? Isso que queria dizer…? Ah, eu gemi de novo ao sentir que Nico levava o brinquedo um pouco mais ao fundo, alcançando minha próstata.

— Aqui?

Eu acenei, com vontade de me cobrir. Porque ele tinha que ser tão cuidadoso… tão… tão detalhista. O pior era ver ele me olhando, analisando cada ação minha. Ninguém nunca tinha prestado tanta atenção.

Sim, eu sei. Eu estava me repetindo, mas… ah!... Dessa vez, até eu escutei meu guincho, ele continuava pressionando o vibrador bem naquele lugar, fazendo mais força e movendo o brinquedo de uma forma tão… 

— Bom? — Ele completou por mim. Mas eu não conseguia falar, só conseguia olhar para ele e arfar feito uma cadela no cio.

Eu queria gozar e queria que ele terminasse com aquela tortura na mesma intensidade que eu queria que ele continuasse e não parasse até que doesse, até que eu não conseguisse mais, até que... Ah! Eu estava sentindo… eu estava! Era aquela sensação que vinha da parte de baixo da minha coluna e subia lentamente, tão lentamente e que navegava… navegava… eu arfei, como se estivesse com falta de ar enquanto ambos, eu e ele, vimos meu membro todo preso, se contrair todo dentro da minha gaiola de metal até que… até que… hmmm, sim! Eu estava ejaculando, nunca um orgasmo completo, uma sensação parecida e alienígena ao mesmo tempo, até que o líquido que saia dentro de mim, diminuísse de intensidade e só restassem algumas gotas que pingavam, escorrendo pela gaiola e chegando as minhas coxas.

— Isso foi lindo. — Nico comentou, como se observasse uma obra de arte. — Tão bonito, bebê.

Ali estava, senti o elogio ir direto para meu membro eternamente excitado e subir para minhas bochechas enquanto era novamente rodeado pelos braços fortes e seguros de meu Dom, ainda me sentindo tão excitado que doía, numa tortura eterna que eu estava destinado a sofrer.

Parte VI

— Vamos, fale comigo. — Nico sussurrou contra meus lábios, os lambendo lentamente e enfiando sua língua dentro da minha boca. 

Eu me senti estremecer e gemi, o abraçando apertado pelo pescoço e devolvendo o beijo, meu ar fugindo quando suas mãos desceram pelas minhas costas, tocando no lugar onde o vibrador tinha estado momentos antes. 

— Tão molhado e tão aberto. Eu fiz um belo estrago. Você quer mais ou quer que eu pare? Hmmm?

— Eu… ah! — Arfei quando seus dedos voltaram a me penetrar, rápidos e profundamente, se curvando dentro de mim. Doía… doía tanto… mas eu gostava, eu queria mais. Entretanto, eu me sentia sem forças, feito uma boneca de pano, que a única coisa que eu pude fazer foi rebolar em seus dedos, os sentindo ir um pouco mais fundo, alcançando onde eu mais precisava.

— Aqui? — Ele perguntou, seus lábios contra meu lóbulo e sua voz baixinha e rouca. — Você quer mais? É, eu acho que quer.

Foi quando eu desisti de qualquer palavra que pudesse se formar em meus lábios. Ele me puxou para mais perto, me fazendo sentar em seu colo e colocou uma de suas mãos entre nossos corpos, enquanto a outra dava espaço para a cabeça gorda de seu membro entrar.

Eu não conseguia explicar, ele parecia maior do que antes; mais largo e mais longo, roçando na minha entrada apertada e deslizando para dentro em movimentos lentos de vai e vem até estar completamente dentro de mim, encontrando o ponto certo.

— Tudo bem? — Ele disse quando eu não disse nada além de gemer, curvado sobre ele, minhas unhas fincadas em suas costas. — Devo parar?

Não, eu desejava que ele nunca parasse. Abri a boca, tentando dizer que não, que esse era um dos melhores momentos da minha vida. Mas quando só um arfar saiu, decidi que era melhor mostrar. Tentei levantar meu quadril e me mover, mas eu estava tão mole que só consegui me balançar em cima dele.

— Acho que isso é um não. — Ele riu baixinho contra meu pescoço e voltou a segurar minha cintura enquanto pegava nos meus cabelos, me fazendo encara-lo, seus olhos negros buscando os meus por permissão. O que era muito interessante, quase contraditório se fosse pelo fato dele ter todo o controle. — Eu preciso que você toque no meu pescoço ou me peça para parar se for muito. Tudo bem?

Eu acenei. Ou foi o que eu tentei. Sinceramente, eu me sentia perdendo a noção do que acontecia ao meu redor. 

Em um momento eu estava no colo dele, sentindo seu membro se mover dentro de mim e no outro eu estava deitado de costas na cama. Minhas pernas estavam abertas e para cima, sobre os ombros de Nico enquanto ele me fodia com tanta força que eu começava a ver tudo embaralhado, o mundo girando e o prazer voltando a subir por meus nervos feito um foguete fumegante.

— Ah, aqui está meu bebê. — Ouvi a voz de Nico, tão arfada quanto a minha, suas mãos voltando a se fincar em meus cabelos. Ele parou dentro de mim durante um momento, longo o suficiente para me beijar, e voltou a se mover, rápido e forte, abrindo minhas pernas um pouco mais e fazendo eu me curvar, praticamente me dobrando ao meio.

— N-nico. — Murmurei incerto, tentando entender o que acontecia, arfando e gemendo, me sentindo tão livre e tão seguro como eu nunca tinha me sentido antes.

— O que meu bebê precisa?

Eu… eu não sabia. Eu só sabia que Nico continuava se movendo dentro de mim sem pausa e forte, e que eu não conseguia desviar o olhar dele, do sorriso sacana e do jeito que ele continuava me fudendo, puxando minha cabeça para trás e fincando seus dedos em minha pele, principalmente pelo jeito que ele parecia nunca se cansar ou perder o ritmo. Eu não queria, mas eu comecei a me mexer, tremendo dos pés à cabeça. Sentia algo subindo por minha espinha e meus dedos se curvando, eu… eu me contraí todo e Nico se afundou mais forte dentro de mim, me prensando contra a cama. Eu não conseguia, eu não conseguia mais. Eu o segurei firme pelo pescoço e gritei, gritei tão forte e tão alto que quase não ouvi o grunhido de Nico ou senti aquelas últimas estocadas que me permitiram relaxar e finalmente deixar que o alívio me cercasse, trazendo para mim o orgasmo mais intenso da minha vida, com gaiola ou sem.

— Shhh… tudo bem. Eu estou aqui.

Abracei Nico bem forte e fechei os olhos, ainda estremecendo, sabendo que ele me limpava e tentava me consolar. Eu apenas entendia que precisava de seus braços ao meu redor e seu calor, não o deixando se afastar de mim até quando eu não pudesse mais.

— Bom garoto. — Eu ouvi Nico dizer para mim, sussurrando bem baixinho, como um segredo que somente eu merecesse escutar.

***

— Como você se sente? — Nico perguntou para mim.

Fiz uma análise rápida e percebi que eu me sentia muito bem. Um pouco dolorido e cansado, ainda todo aberto, mas muito satisfeito. Quer dizer, eu não diria não se Nico estivesse no clima para mais. Em alguns minutos.

— Bem. — Foi tudo o que eu disse, mantendo meu rosto neutro. Eu não queria que ele soubesse que eu tinha gostado tanto, que era uma das melhores transas da minha vida. Eu não estava pronto para dar todo esse poder para ele.

 Ainda.

— Então, é assim? Estamos voltando para esse jogo de palavras? Tudo bem? De 1 a 10, qual seu nível de satisfação.

— Seis. — Eu disse prendendo a risada.

— Seu mentiroso! Eu te fiz gozar no mínimo duas vezes. Isso seria no mínimo um sete, talvez um oito.

— Acho que não.

Ouvi um arfar e olhei para trás. Nico me segurava pela cintura, deitado colado às minhas costas, falando contra meu pescoço, sua outra mão no meu abdômen, me mantendo junto a ele, ambos ainda com a cabeça dividindo o mesmo travesseiro.

— Assim você me magoa.

Foi quando ele agarrou meus cabelos e inclinou minha cabeça para trás, me fazendo gemer.

— É triste, mas teremos que dar um jeito nisso, hmmm?

— Nico…

Gemi surpreso e um pouco animado demais. Senti suas mãos indo para baixo e se afundando novamente em minha entrada. Deveria doer, eu deveria dizer para ele parar, que pessoas normais não tinham tanto tesão, mas minhas reclamações ficaram para trás quando ele apenas se empurrou para dentro de mim, me fazendo choramingar, me movendo contra ele para senti-lo melhor tocando todas as partes certas.

— Hmmm, bebê, tão gostoso… eu não sei o que você tem que me faz te querer tanto. Eu não consigo explicar… hmmm… você quer que eu pare?

Eu gemi e me esfreguei nele, perdendo o ar quando sua mão tocou em meu membro preso. Eu não entendia porque isso me excitava tanto. Eu podia sentir o calor irradiando e parecendo se transferir atrás da minha gaiola e podia sentir a forma que ele me segurava forte, me dominando com um gesto simples.

— Você gosta quando eu toco aqui? Você pareceu tão torturado naquele dia… o estranho é que eu queria te torturar mais ainda e ver até onde você aguenta… mas esse não é o comportamento adequado para casais que não estão juntos oficialmente, sabe? Eu realmente queria…

Então, Nico segurou mais forte e tocou em meus testículos, os agarrando com força enquanto que com a outra mão ele me abraçou pelo ombro e por um momento eu me senti preso, verdadeiramente preso, mas tão leve que deixei toda a pretensão de lado. Eu deixei que ele se encostasse sobre mim e me prensasse contra a cama, deixei que ele abrisse minhas pernas, as levantando para cima e me deixei gemer contra o travesseiro, sentindo Nico me foder mais uma vez rápido e forte e com tanta vontade que lágrimas vieram aos meus olhos e minha mente se perdeu em sensações até que eu estava gemendo longamente e Nico inserido tão fundo dentro de mim que nem deus poderia nos separar.

***

— Agora é sério, precisamos levantar.

— Ni-cooooo!

— Vamos, bebê. Venha tomar um banho.

— Porquê? Eu não quero.

— Percy.

O-ou… eu nunca tinha ouvido aquele tom de voz vindo dele, mas sabia que não era nada bom. Abri os olhos e encontrei Nico sentado na cama, pelado e com os cabelos bagunçados para todos os lados. Seus olhos negros me fitando com irritação e fome e impaciência.

— Se você não se levantar dessa cama, vai se arrepender.

— É, o que você vai fazer comigo? Me dar uma surra? Papai vai ficar bravo?

— Se você quiser, a gente pode entrar em um acordo. Aposto que é isso que você quer, me fazer perder o controle e dar o que você merece.

— O que eu mereço?

Nico sorriu para mim e estendeu as mãos, esperando por mim.

— Se você não se levantar em cinco segundos, vai descobrir.

Certo. Acenei. Eu estava pronto para isso? Provavelmente, não. Parecia muito cedo para que as punições começassem.

Gemendo, me movi devagar e engatinhei para fora da cama, Nico me segurou quando minhas pernas quase cederam.

— Fiz um estrago, hmm? É sua culpa, se você não fosse tão lindo e cheiroso e gostoso… — Nico sussurrou contra meu ouvido e fez minhas pernas tremerem mais ainda.

— Eu sou lindo?

Era a primeira vez que alguém dizia isso para mim. Já me chamaram de bonito, gostoso, apertado, muito alto, e até de vadia, mas lindo… era algo novo.

— Você não se olha no espelho? Você é uma das pessoas mais bonitas que eu já vi.

— Então, você não deve conhecer muita gente. E existe uma diferença entre bonito e lindo.

— É, você é os dois e é muito mais. Agora, pro banheiro.

A passos lentos, deixei que Nico me guiasse para o banheiro, encontrando a banheira já cheia de água com sais de rosas. Eu nem podia me lembrar a última vez que a tinha usado.

— Você vai me dar banho? — Perguntei, divertido. — Depois vai passar talquinho?

— Se você quiser, eu posso. Nada melhor que um bom tratamento depois de uma cena.

— Sabe, você me enganou… para quem disse que não era um dom…

— Talvez… eu possa ter mentido. Mas se você está reclamando, eu devo ter pegado muito leve com você. O que você acha de uma mudança de tática? Eu posso fazer isso. Quem sabe assim você se comporta.

Nico sorriu para mim e eu parei um momento, considerando o que ele falava. Nico parecia falar sério, mas não parecia tão empenhado em concretizar suas palavras. Ele estava… flertando comigo? Oh… engraçado. Talvez eu quisesse que ele pegasse mais pesado, entretanto, não seria eu quem diria isso para ele. Se Nico não entendia isso, Nico não merecia saber.

Com isso em mente, dei um passo para frente, me segurei na beirada da banheira e entrei nela. Nico, é claro, estava bem atrás de mim. Ele segurou na minha cintura e me levantou levemente, me ajudando a sentar nela e apoiou minha cabeça no apoio indicado.

— Agora, hmmm… shampoo? Shampoo.

Relaxei contra o assento, quase fechando os olhos, e observei Nico, tentando não rir da cara dele. Era uma coisa engraçada de se presenciar, algo que não se via todo dia. Nico andava de um lado para o outro, ele abria armários, fechava portas e compartimentos, e juntava as coisas que ele julgava serem necessárias. Quando ele voltou para perto de mim, não aguentei; por algum motivo, eu achava aquilo tão engraçado que meu corpo tremia e eu ficava sem ar de tantas gargalhadas.

— Bebê, respire. — Nico me disse, segurando no meu pescoço e eu obedeci.

Abri bem os olhos e dei uma longa inspirada, deixando o ar sair em seguida, sem conseguir evitar as risadas que insistiam em fugir de mim.

— Muito bom. Bom garoto. — Ele me disse e sorriu, massageando meus cabelos. Beijou meus lábios em um dos toques doces que eu já tinha recebido e me mostrou o shampoo, ainda segurando minha cabeça. — Agora, devagar. Você está em sub-drope.

— É mais parecido com sub-high. — Murmurei, porque eu estava em êxtase, verdadeiramente flutuando nas nuvens, tão maravilhado que o mundo parecia estar mais colorido.

— Então, fique comigo. Não vá muito longe.

— Sim, Dom.

Resisti a tentação de fechar os olhos mais uma vez e vi o exato momento em que Nico parou de se mover e me encarou sério, sinceramente sério, pela primeira vez desde que tínhamos nos conhecido. Eu sabia que ele queria dizer alguma coisa, e que provavelmente era algo importante, mas eu não achava que estava preparado, nenhum de nós dois estava. Por isso fechei os olhos, me forcei a respirar fundo e relaxei, sabendo que eu não estava com a cabeça no lugar certo para tomar uma decisão tão séria. Depois de alguns momentos, tudo pareceu ficar mais leve e ter menos importância, engavetado para depois. Senti as mãos de Nico voltarem a tocar nos meus cabelos, os massageando suavemente, eles sendo enxaguados cuidadosamente pelo jato de água da mangueira que Nico segurava.

— Você sabe que pode falar de qualquer coisa comigo, não sabe? — Nico murmurou baixinho, atrás de mim do lado de fora da banheira, ainda massageando meus cabelos. — Essa coisa entre a gente é nova, mas não significa que eu não vá te ouvir. Eu sempre irei.

Não sei porque isso me afetava tanto, eram apenas palavras ditas da boca para fora na tentativa de me consolar. Mas elas me afetavam. Fechei os olhos com força e prendi a respiração até que a vontade de chorar passasse. E ela só passou quando senti as mãos de Nico nos meus ombros, me massageando e me puxando para perto dele, Nico me envolvendo em seu abraço e em seus lábios.

— Está tudo bem. Eu estou aqui. Estou aqui.

Senti o ar ser sugado para longe de mim e me segurei nos braços dele, o segurando bem forte. Se ele soubesse que o problema era exatamente esse… se ele soubesse… eu podia ver um futuro onde eu e ele tínhamos o que ele oferecia. Uma casa, companhia e todo o companheirismo que eu poderia querer no mundo. Mas eu sabia que isso não duraria, nada durava. E daí se ele me segurava ainda mais forte e agarrava no meu rosto e me beijava como ninguém nunca tinha beijado? E daí se ele cuidava de mim do jeito que ninguém tinha cuidado antes? Nada disso importava, não importava, porque, no fim, não era real. Nada daquilo era. 

Mas o fato digno de observar era que ele continuava tentando. 

Ele me segurou pela cintura, se encaixou atrás de mim e entrou comigo na banheira, me abraçando bem forte pelo o meio das minhas costas. Beijou meu pescoço e me manteve junto a ele, acariciando minha pele sem nenhuma pretensão sexual. Por algum motivo, isso me fez sentir melhor, como se eu fosse amado e mais uma vez estivesse no lugar mais seguro do mundo. 

Ali ninguém poderia me ferir.

Obrigada por ler!


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7 months ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO XXVII

O que é isso! Mais de um capítulo em uma semana? Sim! Talvez tenha mais um até o fim dela. Como eu disse, tenho que aproveitar enquanto o burnout me dá um tempo.

Capítulo sem revisão, quando eu tiver uma versão mais polida, aviso aqui.

Boa leitura!

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX / CAPÍTULO XXI / CAPÍTULO XXII / CAPÍTULO XXIII / CAPÍTULO XXIV / CAPÍTULO XXV / CAPÍTULO XXVI

— Por favor! — Nico gritou a plenos pulmões. Sua sorte era que o resto da família estava ajudando no restaurante, então, não tinha ninguém para presenciar essa cena.

— Eu não sei. Será que você aprendeu sua lição?

Nico choramingou mais uma vez e se remexeu em seu colo.

Sabe, ele era muito paciente, quase um santo de tão caridoso e bondoso. E sabe porque? Percy tinha levado Nico até o carro, colocado suas coisas no banco de tras e dirigido tranquilamente pelos próximo quinze minutos até a casa da mãe. Tinha guardado suas bolsas, oferecido agua para Nico e o feito comer algo antes de leva-lo para o andar de cima, onde o quarto deles ficava. Então, só assim, depois de trancar a porta do quarto e colocar a chave dentro do bolso, ele se virou para Nico, deixando que o garotinho visse suas reais intenções.

— Tire as roupas. — Percy disse sem hesitar. Entretanto, foi Nico quem hesitou. O garoto olhou para a porta e depois para a janela, e por último, o encarou, incerto.

— Você tem certeza? — Nico perguntou. — Você não reagiu muito bem, antes.

Hmm... era verdade. Mas aquele momento tinha ficado no passado.

— Tire as roupas. — Percy repetiu.

Essa seria a parte onde ele geralmente estaria se movendo e ele mesmo tiraria as roupas de Nico. A questão ali não era sobre tirar a roupa ou mesmo sobre as palmadas que viriam, e sim que Nico sentisse que aquilo realmente era um castigo, e para isso acontecer o primeiro passo era fazer Nico se sentir humilhado e depois repreendido. A dor seria apenas uma forma de liberar todas essas emoções.

— O que você está esperando. Você precisa de incentivo?

— Eu... não! — Nico arregalou os olhos, surpreso, e se colocou a tirar as roupas. Ou melhor ele as arrancou de qualquer jeito e as jogou a um lado do quarto, parando em sua frente com a cabeça levemente abaixada e as mãos atras das costas.

Percy sempre se esquecia que Nico entendia como a relação entre dominação e submissão funcionava. Mesmo assim, ele observou Nico por alguns momentos. O rosto que começava a corar, a coluna curvada como se quisesse se proteger e a postura tensa de quem sabia o que estava por vir. Percy deixou o momento se arrastar por alguns minutos, sem falar, e só quando Nico começou a se remexer de ansiedade, decidiu ter misericórdia.

— Você sabe por que estamos aqui?

— Eu... te fiz passar vergonha?

Bobinho. Percy nunca teria vergonha de Nico. Não importava o motivo.

— Você acha que eu tenho vergonha de você? — Ele segurou Nico pelo queixo e o fez encará-lo. E quando Nico não faz nada além de encará-lo de volta, completamente dócil, Percy final se deu por satisfeito. Esse era o jeito que um bom garoto devia se comportar, devia ser obediente e bem-comportado e o tom avermelhado na pele oliva deixava tudo ainda melhor.

Bem, mesmo sendo um bom garoto, Nico era uma das pessoas mais teimosas que ele conhecia. E as vezes, tentar conversar sobre o problema não surtia efeito com Nico. Então, a solução era mostrar para ele. Assim, segurou Nico pelas mãos, se sentou na ponta da cama e colocou Nico sobre seu colo de barriga para baixo.

Percy poderia fazer isso de diversas formas. Nico de quatro na cama, deitado sobre um travesseiro, se ajoelhando no chão, em pé virado para a parede... mas, não, Percy queria que dessa vez fosse algo mais intimo e pessoal, pois ele tão pouco iria utilizar nenhuma ferramenta, como uma palmatoria ou até uma escova de cabelo. Ele queria que Nico sentisse cada palmada e a cada toque me sua pele, queria que Nico se arrependesse e se desculpasse. Entretanto, Percy parou por um momento e admirou a beleza de seu bebê, a pele macia, as nádegas firmes e redondas, a cintura e quadris esguios, o corpo que tremia conforme Percy acariciava a pele morena. Sabia que estava torturando Nico além do necessário, mas, no fim, ele teria certeza que a Nico não duvidaria dele nunca mais.

— Você está pronto?

É claro que aquilo não era uma pergunta, era mais um aviso. Percy não esperou que Nico respondesse e levou sua mão contra o lado direito das nádegas de Nico, e o primeiro gemido já veio. Ou será que tinha sido um resmungo?

— Eu... ah! Estou... faz tanto tempo! — Um gemido mais alto veio com a próxima palmada que veio sem avisar, permitindo a Percy vir a primeira lagrimas aparecer.

— Vou perguntar mais uma vez. Você sabe por que estamos aqui? — E então, mais uma palmada. Nico se curvou todo e segurou nos lençóis, tentando fechar as pernas. — Me responda.

— Eu fui um mal garoto.

— E o que mais?

— Eu não sei! — Nico gritou, sentindo a próxima palmada vir.

Percy estava desapontado. Quer dizer, as palmadas não eram exatamente fracas, mas não devia ser tão difícil entender por que Nico estava sendo castigado. Ele deu mais três palmadas, uma em seguida da outra e no mesmo lugar, e deixou que Nico descansasse por alguns momentos, vendo o garotinho em sua miséria extasiante; seu pequeno membro estava completamente ereto, a ponto de expelir, mas seu choro era tão intenso que Nico soluçava, ansioso e angustiado. Uma punição bem-aplicada em seu ponto de vista.

— Tudo bem, bebê. Eu vou te ajudar.

— Você vai? — Nico disse na voz mais pequena, doce e vulnerável que ele já tinha ouvido.

— Eu nunca teria vergonha de você. Então, o que poderia ser, hm?

— Eu... — Ainda chorando e fungando, Nico franziu a sobrancelha e os olhos, numa careta de concentração. — Eu estava com ciúmes?

— Não, não é isso. Você pode ter ciúmes quando quiser.

— Então...?

— É sobre confiança.

— Oh.

Ah, agora, sim! A expressão que ele queria ver, culpa e arrependimento.

— Eu confio em você. — Nico murmurou, envergonhado.

— Você acha que eu vou te trair? Te trocar por outra pessoa? Se eu não isso por dois anos, por que eu faria agora?

— Eu não sei. — Nico murmurou mais baixo ainda, as lagrimas voltando a rolar por sua pele morena. — Eu só... eu não consigo acreditar que alguém como você iria querer passar o resto da vida comigo.

Deuses, agora quem queria chorar era Percy. Ele pegou Nico no colo e o fez se sentar sobre uma de suas pernas, mantendo o pequeno membro de Nico pressionado contra sua calça jeans. Nico arfou no mesmo momento, seu membro e sua bunda dolorida sendo roçados ao mesmo tempo.

— Bem, isso não está certo. Meu bebê nunca deve duvidar de mim.

— Eu não duvido! Ah!

— Até que isso entre na sua cabeça, vamos continuar fazendo isso. De novo e de novo, até que não reste nenhuma dúvida.

— Por favor! — Nico voltou a gritar, sentindo o ardor se espalhar mais uma vez por sua pele.

Percy admitia, estava em seu momento mais sádico, eram tantas coisas que ele tinha que fazer e planejar que confessava, estava deixando o estresse sair por seus poros enquanto observava Nico gritar e implorar por misericórdia.

— Então, eu quero ver você implorar por perdão.

— Desculpa!

Ali estava, exatamente o que ele queria ouvir. A expressão de angústia no rosto de Nico era tão bonita que ele poderia gozar só de observá-lo. Percy continuou espancando a pele Nico e a cada nova palmada que era acompanhada pela “Desculpa!” gritada, mais algo dentro dele se expandia e se satisfazia, como Percy estivesse em um banquete com todos os seus pratos favoritos.

Isso é, Percy ficaria satisfeito em observar aquela cena pelo resto da vida, se não tivesse pegado o exato momento onde algo em Nico parecia ter mudado, em um momento Nico estava todo tenso e angustiado, e no próximo, bem... Nico amoleceu em seus braços, as linhas em seu rosto se suavizaram e os olhos negros se reviraram, logo em seguida se fechando no completo clímax. E se Percy não estivesse tão perto, mal teria percebido, o único indício era a pequena poça de um líquido contra seu quadril onde Nico estava se apoiando.

O que Percy podia fazer? Ele nunca disse que Nico não poderia gozar ou que não poderia curtir o momento.

***

Nico suspirou e se permitiu ser abraçado, enquanto Percy o consolava. Achava que ainda estava chorando, tremores fazendo os soluços se tornarem mais intensos do que o esperado, sua cabeça vazia e anestesiada, girava lentamente. Nico sabia que um dia Percy o mataria, mas ele morreria feliz e contente. Nada poderia o afetar naquele momento.

O que estava tudo bem. De fato, Nico não poderia estar melhor, viajando nas endorfinas que apenas uma boa sessão de dor podia trazer. Se desobedecer Percy mais vezes fosse o necessário para ser “castigado” mais vezes, Nico se tornaria o pior dos bons garotos. Ele queria rir desses pensamentos bobos, mas Percy ainda o segurava entre seus braços, ainda acariciava suas costas e ainda massageava a pele sensível de suas nádegas. Era difícil ter um pensamento coerente nesses momentos, momentos em que ele se concentrava em apenas obedecer. Nico sabia que assim que as endorfinas deixassem seu corpo, ser um bom garoto ou não, não faria diferença, porém, nesses longos minutos, sentindo as mãos de Percy sobre ele e lábios contra os seus, nada era mais importante.

— Shhhh... está tudo bem. — Percy murmurou contra seus lábios, o fazendo abrir os olhos. Nico inspirou profundamente e gemeu, sentindo os dedos molhados de Percy roçarem em sua entrada, a posição em que eles estavam perfeita para a penetração; ele sentado no colo de Percy com suas pernas rodeado a cintura de Percy.

Não demorou muito depois disso, um dedo virou dois e então a cabeça do membro estava tocando sua entrada, fazendo um pouco de pressão até entrar, deslizando na passagem apertada e o fazendo curvar a coluna, gemendo ao sentir Percy o penetrar completamente. Isso era algo que Nico não entendia, ele costumava odiar essa sensação do esticar de seus músculos, da leve ardência que o queimava sem o machucar. Agora? Ele amava sentir seu corpo se abrir e permitir que Percy entrasse dentro dele, um prazer que Nico não entendia se era completamente físico ou se também era emocional.

Nico deixou que mais um gemido saísse, sentindo a dor voltar com tudo, quando Percy segurou em suas nádegas, o fazendo se contrair todo.

— Hmm. Tão gostoso. Você gosta desse jeito, não?

Ele... Nico amava. Gostava de cada gesto e cada toque, cada palavra, cada movimento. Mas, Nico tinha um problema, tinha medo dizer o quanto gostava de cada coisa que Percy o fazia sentir, fossem emoções positivas ou negativas. Pois, ás vezes, Percy era um tanto... cruel, o dominando para além do que Nico estava confortável. Percy usava o que Nico dizia contra ele, ainda que fosse da melhor forma possível. Mesmo que Nico não quisesse admitir. E se um dia, um dia que estava muito distante de chegar, Percy o dominasse de tal forma que Nico nunca mais seria capaz de sair desse estado mental submisso e se tornasse apenas o que Percy queria que ele fosse, nada mais do que uma boneca de retalhos?

De fato, Nico sentia que isso poderia acontecer a qualquer momento, com o mínimo toque e palavras ditas docemente ao pé de seu ouvido. Sentia que sua mente iria flutuar para longe dele e apenas sobraria a parte dentro dele que vivia para satisfazer os desejos de seu dono.

— Bebê? — Ele ouviu ao longe a voz de Percy o chamando de volta, como se o puxasse com uma corda de volta para a terra. — Aqui está você. Tão bonito.

— Ah, eu vou... gozar... — Nico gemeu, estremecendo, Percy o segurando pela nuca e costas, afetuosamente, movendo sua cintura em direção a mais um orgasmo, seus ossos parecendo feitos de geleia e seus músculos completamente relaxados.

— Isso. Assim?

Nico não aguentava mais. Percy alcançou aquele lugarzinho dentro dele, a sensação vindo repentina. Em um momento ele se sentia feito manteiga derretida e no próximo, Nico se contraia, gozando, enrolando suas pernas ao redor da cintura de Percy e jogando a cabeça para trás em um grito silencioso. E sem ser tocado, expeliu, por longos momentos se sentindo esvaziar, apenas parando quando a exaustão o fez relaxar mais uma vez.

— Per. — Ele choramingou, seus nervos hiper sensíveis. A sensação vindo tão repentinamente quanto seu orgasmo.

— Está tudo bem. Estou aqui.

Um beijo foi colocado em seu pescoço, outro em seu rosto e enfim em seus lábios. E então, tudo pareceu ficar melhor. Sua respiração se acalmou e se coração desacelerava.

— Bom garoto. Tão obediente.

Se ele tivesse um rabo, Nico estaria o balançando de felicidade nesse exato momento. Pois era assim que Nico se sentia, feito um animalzinho de estimação que havia sido elogiado por um aprender um novo truque e por seu um bom garoto.

— Eu não sou um... um... — Nico não conseguiria encontrar palavras mesmo que quisesse, sua cabeça estava vazia demais para montar pensamentos complexos.

— Ah, você não é o meu bom garoto? O meu bebê? Papai vai ficar triste.

Isso era demais para seu cérebro cheio de dopamina. Nico preferiu fechar os olhos e esconder o rosto no ombro de Percy, se sentindo seguro e protegido, concordando com Percy ainda que não pudesse admitir o fato.

— Oh, meu bebê não precisa se preocupar. Tenho um presente pra você.

Nico ouviu um barulho de plástico sendo aberto e algo sendo colocado em sua mão.

— Coma.

Nico obedeceu, assim em transe. Deu uma mordida e prazer se espalhou em sua língua. Era chocolate. Bem, era um doce feito de chocolate que eles costumavam comer quando crianças. Costumava ser o seu favorito, algo que ele fazia com as próprias mãos para se lembrar de sua mãe.

— Obrigado. — Ele viu dizendo entre mordidas, contente em ficar exatamente onde estavam; na cama, sentado no colo de Percy com a cabeça apoiada em seu ombro e comendo seu doce preferido.

— Meu bebê merece o melhor.

Disso Nico não tinha muita certeza. Deixaria que Percy decidisse isso por ele, como sempre fazia.

Entãoooo.... eu decidi desenvolver melhor a relação D/s deles. Eu não ia porque mal tenho energia para colocar no papel o que já tenho planejado, então, imagina adicionar mais coisas ainda. Mas... acho que não vou ter outra oportunidade tão cedo para desenvolver esse tema especifico. Espero que vocês tenham gostado. Comentários construtivos me deixaria muito feliz.


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6 months ago
Everyone: DO NOT EVEN- Xie Lian: BUT?!!!
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+ bonus:

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5 months ago

Aurora Ajuda para Escritores, o inicio

Oii, como vai? Como prometido, hoje começamos a "Ajuda para escritores". Eu entendo se você não estiver interessado nesse tipo de conteúdo. Assim, vamos usar a tag Aurora Ajuda para Escritores, e se você costumava acompanhar o blog @desafiodeescritadiario, vai reconhecer vários dos posts que surgirão por aqui.

Com isso em mente, tentei lembrar dos primeiros artigos que li sobre o assunto ou o que de fato me ajudou nesse fase inicial. Ai me lembrei que minhas primeiras histórias nem chegaram a ser colocadas no papel e elas sequer se pareciam com histórias.

É verdade que para mim escrever sempre esteve ligado a fanfiction, pois nunca tinha passado pela minha cabeça que escrever era algo possível fora da alta literatura, isso é, uma arte que permite nos expressar livremente ao invés de nos colocar em caixinhas pré-definidas. Hoje eu entendo que quando entrei em contato com as fanfics, no começo dos anos 2000, o acesso á escrita era bem limitado, e divulgação sobre o assunto era ainda mais, mesmo que tenha sido incrível presenciar o começo e o desenvolvimento das fanfics no Brasil, lembro que o fandom do Harry Potter já era bem formado e de Supernatural estava começando a se expandir.

O que eu realmente quero dizer é que as fanfics foram um incentivador melhor do que qualquer livro ou professor poderia fazer, e foi lendo centenas de Fanfics que eu iniciei na arte de escrever. Entretanto, depois de um tempo mergulhada nesse mundo, senti a falta de algo a mais, algo que fosse mais concreto e que me permitisse ampliar meu conhecimento sobre narrativas. Foi aí que minha vontade de aprender se tornou a cede de conhecimento, me forçando a aprender técnicas de escrita e me aprofundar melhor na criação de personagens, que eu tenho que admitir, lutei muito contra. Só que eu gostei tanto de desenvolver personalidades que esse acabou se tornando meu foco de escrita e que fez, devagar, ir me afastando de textos mais canon, num ponto de vista de escritora, porque no leitora, eu devoro tudo o que aparecer, desde que seja bem escrito.

Assim, ao invés de me focar no enredo, decidi me focar nos personagens, seu psicológico, vontades, falhas e história de vida, e como o enredo poderia afetar diretamente meus personagens. A partir de hoje, é como levaremos esse projeto, tentaremos desenvolver todos os aspectos que envolvem uma boa narrativa, porém, de forma bem estrutura e levemente técnica, também tentando trazer discussões sobre o tema. Sempre vou tentar usar a linguagem mais simples possível para uma assimilação mais facilitada, e se possível vou usar exemplos práticos.

Para começarmos, gostaria de compartilhar a forma simples que eu conheço para estruturar uma história:

Elementos da Narrativa

Esse é um jeito de montar uma cena ou capítulo da forma mais descomplicada que eu já vi. Ela também pode ser usada para organizar a historia como um todo, porque esse sistema te faz pensar sobre o enredo em sua completude.

Ela é composta de:

• Cena – o que se vai narrar (O quê?)

• Tempo – quando o fato ocorreu (Quando?)

• Lugar – onde o fato se deu (Onde?)

• Personagens – quem participou ou observou o ocorrido (Com quem?)

• Causa – motivo que determinou a ocorrência (Por quê?)

• Modo – como se deu o fato (Como?)

• Consequências – Geralmente provoca determinado desfecho.

Sim, esse é um jeito simplificado de ver os elementos da narrativa. Logo teremos posts que nos ajudaram a mergulharmos mais afundo no estudo da narrativa

Se você quiser se adiantar e ler os próximos posts, temos um Patreon para as dias, contando com mais de 40 posts sobre dicas de escrita e Prompts Criativos. Por lá temos posts toda segunda e quinta.

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Antes de encerrarmos esse post gostaria de saber qual seu nível de escrita. Assim, posso trazer assuntos que agradem a todos. E claro, se você quiser saber algo de especifico, vou ficar feliz de receber sua ask.

Espero que esse post tenha sido útil e até a próxima.


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5 months ago
Lil Avengers By Hallpen
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  • lucemondlover
    lucemondlover liked this · 4 months ago
  • auroraescritora
    auroraescritora reblogged this · 4 months ago
auroraescritora - Aurora Escritora
Aurora Escritora

Sejam bem-vindos! Olá, esse é meu blog pessoal. Escrevo fanfics Pernico/Nicercy e orginais, e reblogo alguns posts de vez em quando. História Atual Não há lugar como o Lar - versão em Portugues There's no Place like home - English version Resumo: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro. Se você quiser saber o que eu escrevo, siga a tag #my writing

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