NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO X

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO X

Ahhhhhh eu disse que não ia voltar até agosto, mas consegui escrever e ficou tão fofinho que eu teve que compartilhar. Me desculpem os erros. Espero que você gostem!^^

Boa leitura!

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PS: Vou voltar a escrever capítulos curtos até 3 mil palavras, assim me sinto menos pressão, mesmo que essa pressão seja eu mesma que coloco em mim. E se vocês acharem que esse capítulo foi apressado ou apareceu do nada, me desculpe! Não sei quando terá novo capítulo, provavelmente na semana que vem.

— Você está pronto? Não contei que a gente vinha. — Percy pegou em sua mão e o puxou para fora do carro.

Nico nem podia acreditar que estava de volta na casa onde suas melhores memórias foram feitas. Essa era a casa de sua infância, o lugar que ele tinha descoberto que o amor e carinho ainda eram possíveis depois que sua mãe morreu. Era o lugar que ele tinha descoberto que o amor podia vir em diversos tamanhos e formas e ser expressado de jeitos simples ou complicados.

— Talvez a gente devesse voltar depois?

— Ela vai adorar te ver. 

— Você tem certeza?

— Nico, essa é sua casa também. Sempre vai ser.

Nico teve que respirar fundo, parando em frente a porta de entrada. Ele se sentia tão culpado! Percy não foi a única pessoa que ele tinha deixado para trás. Sally também tinha sido uma delas. Sua segunda mãe, a pessoa que ele podia contar tudo depois de Percy, sempre oferecendo um abraço apertado e uma cozinha aberta a ele.

— Percy, eu--

— Shhh. — Percy apertou sua mão, sorriu para ele e enfim empurrou a porta da casa, o guiando para dentro. — Mãe! Chegamos!

Não demorou muito e logo ambos puderam ouvir o som de saltos pelo chão de granito branco, e aparecendo de uma das portas que Nico sabia dar na cozinha, Sally veio quase correndo e com tanta energia que por um momento Nico se viu no passado, na primeira vez que ele tinha entrado por aquela mesma porta, vendo a decoração simples, porém, elegante. Sofás cor creme, paredes num azul quase branco, puffs e cobertores espalhados pelo cômodo e uma grande televisão. O cheio era o mesmo, a mesma fragrância de comida recém-feita, açucarada e agridoce, o fazendo sorrir imediatamente.

— Nico, meu filho. — Foi tudo o que ouviu antes do ataque de Sally vir, braços magros e fortes o rodearam e cabelos longos e castanhos escuros caíram sobre ele, o perfume de Sally ainda era o mesmo. 

— Deuses, olha como você cresceu! E essas bochechas, hm? Tão bonito.

— Mãe!

— Percy, olhe para ele? Vocês já se resolveram? Espero que sim! Você sumiu por três dias! É o mínimo.

— Sally. — Nico finalmente disse, sorrindo, e se inclinou em direção a ela, recebendo mais um abraço de Sally com prazer.

— Não acredito que vou ter meu assistente de volta! Nosso cardápio sofreu muito com sua partida. Que tal discutirmos isso amanhã? Você vai ficar hoje conosco? Que pergunta! É claro que você vai ficar.

Sally segurou em sua mão, o puxando em direção a cozinha e Nico olhou para trás, vendo Percy dar de ombros. Ele sabia que agora demoraria para Sally se cansar dele. E como diz o ditado, “tal mãe, tal filho”, ou algo assim. E como não adiantava lutar contra nenhum dos Jackson, Nico se deixou ser levado por Sally, não que ele se importasse; era sempre divertido passar algumas horas na companhia de Sally Jackson, comida gostosa, conversa descontraída e um ombro amigo para desabafar.

***

Fazia tempo que Percy não andava pelas ruas do bairro. Elas não eram o que costumavam ser, pois de quietas e humildes, se tornaram cheias de prédios altos e carros barulhentos devido à linha de metrô localizada há poucos quarteirões de sua casa. O bom nisso tudo é que agora praticamente em cada esquina tinha uma loja ou mercado, ou até um shopping center. Exatamente o que ele estava procurando. Andando despreocupado, foi diretamente a uma loja de papelaria e logo encontrou o que procurava, um diário de couro escuro e de aparência delicada e bonita, exatamente como Nico. Ele pagou, deu uma volta pelo shopping e se viu parando em frente a uma relojoaria familiar, se lembrando de ter entrado naquele lugar anos atrás e comprado algo especial, mas nunca ter prosseguido com seu plano. Agora, algumas horas depois, voltava para casa. Imagina sua surpresa ao ver os ajudantes de sua mãe entrarem com sacolas atrás de sacolas com comida e panelas. Percy nem se surpreendia mais. Na verdade, era uma visão familiar, mas que ele não presenciava desde que Nico tinha ido embora, a casa cheia e o aroma de doces e salgados permeando o ar.

Bem, parecia que seu presente teria que esperar.

Sem ser visto, foi até seu quarto, deixou a sacola em cima da cama e abriu a primeira gaveta da cômoda, entrando os anéis que tinha comprado. Será que esse era o momento que vinha esperando? Afinal, eles já tinham deixado claro que se amavam, então, por que não dar o próximo passo? Tinha aprendido que o melhor a fazer era nunca assumir nada, e se não se expressasse, como Nico poderia saber? Percy mal podia esperar para ver a reação de Nico. Assim, trocando os anéis pelo diário, pegou a caixinha com as alianças e colocou o diário dentro da gaveta, se sentindo confiante. Saiu do quarto e foi em direção a cozinha quase trombando com uma garota que usava um avental do restaurante de sua mãe. Ela pediu desculpa e continuou apressada para fora da casa, sem a bajulação usual. Ele esperava que essa durasse mais do que as outras. O caso não era sua mãe ser uma chefe ruim, o problema é que a maioria das pessoas não tinha o mesmo entusiasmo que ela ou Nico tinham quando se tratava de culinária.

Percy enfim entrou na cozinha e se deparou com um banquete completo. Ele viu carnes assadas, fritas, cozidas, grãos e massas de vários tipos, sem contar os doces e comidas salgadas nem tão saudáveis.

— A gente vai ter um jantar de gala ou o quê? — Ele teve que perguntar assim que entrou na cozinha. Era até engraçado. Sally e Nico, além de vários ajudantes, cobertos de farinha e outras coisas que Percy não conseguia identificar, todos vestindo aventais idênticos e andando de um lado para o outro de uma forma tão organizada que pareciam formigas operárias.

— Você tem razão, querido! — Sua mãe exclamou. Ela limpou a mão em uma toalha, tão energética como ele não via há muito tempo, ou pelo menos não nesse nível de “criança que comeu muito açúcar” e o abraçou apertado para logo em seguida, voltar a andar pela cozinha checando o forno e vendo se tudo estava em ordem. — Chame seus amigos! Chame os amigos dos seus amigos. Não, melhor, também chame os pais dos seus amigos.

Ele não tinha certeza sobre isso. Será que se quer ainda tinha tantos amigos assim? Percy deu de ombros, prestes a fazer o que a mãe tinha pedido quando Nico apareceu em sua frente, tentando encontrar um lugar para colocar uma espécie de bolo esbranquiçado na mesa.

 — Eu te ajudo. 

Percy moveu algumas coisas ao redor e enfim achou um espaço, pegando a travessa das mãos de Nico e a colocando em cima da bancada.

— Aqui está meu bebê. Onde você se meteu?

— Eu não sou seu bebê.

— Não é?

Será que agora era um bom momento? Não importava como Nico estivesse vestido, com o uniforme da escola ou com suas calças justas, e mesmo agora com farinha dos pés a cabeça, Nico sempre seria a coisa mais bonita e fofa que Percy jamais encontraria, principalmente quanto tentava não se constranger pela demonstração de afeto em público. 

Percy colocou a mão no bolso, tocando na caixinha e observou por mais um momento, vendo Nico abaixar a cabeça, seus cabelos negros protegidos por uma redinha de cabelo permitindo que ele visse o rubor se espalhar com força na face de Nico, descendo pelo pescoço longo e elegante. Percy não se reprimiu, segurou na nuca de Nico e o puxou para perto, o beijou devagar e longamente, e só parou quando ouviu um gemido e o repentino silêncio que se seguiu; os murmúrios ao redor deles pararam e o barulho de panelas batendo também.

— Per. — Nico sussurrou numa voz quase inexistente e segurou em seu braço, seu rosto agora pegando fogo. Tão tímido e tão doce, ele pôde sentir o açúcar na língua de Nico e a doçura em seu toque suave. Mas quando ele achava que Nico iria se afastar, como ele comumente faria no passado, Nico apenas ficou ali, agarrado a seu braço e olhando para ele sem saber o que fazer. Talvez esse não fosse o momento indicado, porque, se com somente um beijo Nico tinha reagido assim, pego despreparado e todo ansioso, o que Nico faria se ele se ajoelhasse no meio da cozinha? Infelizmente quando isso acontecia, Nico não sabia o que fazer, o garotinho costumava congelar dos pés á cabeça. Era como se Nico não tivesse um script para tal situação e preferisse não fazer nada com medo de errar.

— Lindo. Me dá um abraço, hm?

Nico piscou lentamente e mordeu os lábios, parecendo indeciso. No fim, Nico fez o que Percy pediu. Colocou os braços ao redor da cintura de Percy e o abraçou forte por longos momentos, Percy o abraçando de volta e acariciando seus cabelos.

— Certo. — Percy levantou a cabeça e ainda abraçando Nico, olhou ao redor e encarou cada um dos ajudantes de sua mãe, o que teve o efeito desejado. 

Todos começaram a se mover como se fossem um e o ambiente voltou ao normal. Ele pensou em se desculpar para Nico, mas só o pensamento de Nico entender que beijá-lo na frente de outras pessoas era errado, embrulhava seu estômago. Nico era um ser bem perceptivo, e se ele entendesse que estava fazendo algo errado, nunca mais faria tal coisa, como na vez que eles estavam conversando com algumas pessoas, Nico riu muito alto e alguém o repreendeu, depois disso demorou meses para ele ver Nico sorrindo em público.

— O que você fez de gostoso?

— Já comeu bolo japonês? — Nico pareceu aliviado com a mudança de assunto e largou de sua cintura. Ele pegou na mão de Percy e o levou até um bolo leve e de textura esponjosa, diferente de tudo o que ele já tinha comido.

Nico cortou um pedaço e colocou em um prato para ele. Assim que levou uma garfada na boca, o bolo se desfez em sua língua, algo tão gostoso que Percy não sabia explicar, então ele apenas gemeu, fechando os olhos de prazer.

— Tão bom assim?

— Tudo o que meu bebê faz é exemplar.

— Obrigado.

Percy parou de comer e prestou atenção em Nico. De verdade, ele parou e o observou. Nico parecia feliz e contente em seu avental e roupa suja de farinha. Ele parecia um pequeno chefe de cozinha, orgulhoso de um trabalho bem feito.

— Eu vi num restaurante em Verona e quis tentar.

— Lindo.

— Você devia estudar culinária. — Dessa vez quem falou tinha sido Sally que estava terminando uma torta de chocolate, os observando discretamente. Ela se aproximou deles e colocou um de suas mãos sobre os ombros de Nico. — Você já pensou sobre isso?

***

— Você devia estudar culinária. Já pensou sobre isso?

Nico piscou lentamente, tentando se concentrar em qualquer coisa que não fosse o jeito que Percy olhava para ele, que quase perdeu o momento onde Sally se aproximou do canto onde eles estavam.

— Hm?

— Já se decidiu sobre a faculdade?

— Ah. — Nico olhou de canto de olho para Percy, mas se focou em Sally. — Eu não sei. Hades quer que eu faça administração.

— Por que não algo que você tenha talento? Como música e culinária? Artes?

— Eu… eu gostaria muito. Não sei se Hades iria permitir.

— Sabe, outro dia desses, esse senhor educado e simpático trouxe a família para jantar. Ele disse que o lugar onde ele trabalha tem um curso excelente de culinária. — Ele olhou bem para Sally, tentando desvendar o que isso significava. — Por que você não faz uma graduação dupla? Tenho o contato dele se você estiver interessado.

— E também fica perto de casa. — Percy completou.

Nico parou tudo e se apoiou na quina da bancada, tentando não criar expectativas.

— Eu não poderia.

— Querido, você não precisa se preocupar com os detalhes. Dê uma olhada, sim? Eu cuido de tudo. 

— Não, Sally. Você não precisa… eu nunca--

— Deixe disso. Dinheiro não é problema. — Então, Sally sorriu para ele toda radiante e o pegou desprevenido mais uma vez, o abraçando forte. — Não importa o que você escolha. Vamos te apoiar, agora e sempre. 

— Oh. — Foi tudo o que escapou de sua garganta, um som engasgado e abafado contra o ombro de Sally. Sua visão ficou embaçada e sua garganta se apertou, mas seu coração batia forte, um calor gostoso aquecendo seu peito, ao mesmo tempo em que as mãos de Percy o tocaram nos ombros, abraçando ele e a Sally de uma vez só.

— Mamãe está certa. Vamos te apoiar não importa o que aconteça, mesmo que eu tenha que ir para a Itália com você.

— Vocês planejaram isso? Me surpreender para não me deixar pensar sobre o assunto?

— Nico, é claro que não! — Sally exclamou toda energética e segurou em seus ombros, seus grandes olhos castanhos claros o acertando em cheio no meio do peito. — Percy fez alguns testes vocacionais e de aptidão ano passado e desde então estamos procurando as melhores opções. Você também tem que fazer, eles são bastante certeiros. Semana que vem parece bom? Ah, nós temos tanto a fazer!

E assim, como se conversar sobre seu futuro fosse algo corriqueiro, Sally continuou, voltando a bater com uma espátula algo em uma grande travessa de vidro.

— Então, está certo. Faculdade decidida. Teremos um casamento?

— Ca-casamento?

— É claro! Quanto mais cedo marcarmos a data, melhor! E uma casa? Vocês vão ficar perto da gente, certo? E… Percy ainda não falou com você?

Nico não sabia se estava pronto para um passo tão grande, ele ainda nem sabia se conseguiria terminar o colégio sem se auto destruir, quem dera um… um casamento.

— Mãe! — Percy resmungou. — Ela está brincando. Não escute o que ela diz.

Era Percy que dizia isso, mas seu olhar era intenso sobre ele, pensativo e analítico. E… talvez… talvez Sally não estivesse brincando, se fosse pela expressão decepcionada no rosto de Percy.

— Desde quando você vem planejando essas coisas?

— Desde que…

— Desde quando?

— Desde que entendi que acordar do seu lado todo dia era a melhor parte do meu dia.

Nico achava que tinha algo estranho em seus olhos, eles não paravam de lacrimejar. Devia ser sinusite, só podia. Sim, era isso. Talvez uma alergia.

— Você não vai dizer nada? — Percy insistiu, e de repente, o mundo sumia e só eles dois importavam; o som de panelas batendo e sussurros sumiram, e até os murmúrios apressados ao redor deles desapareceram.

— O que eu devia dizer? Você está me pedindo em casamento?

Esse era o melhor e o pior momento de sua vida. Percy sorriu para ele e colocou a mão dentro do bolso, tirando de lá uma caixinha em veludo delicada. E então, o pior veio, Percy se ajoelhou no chão cheio de farinha e açúcar, e abriu a tal caixinha, lhe mostrando que dentro havia dois anéis idênticos banhados a ouro e com um pequeno diamante no centro, um grande e o outro menor, com delicadas gravuras ao redor das alianças, os anéis tão delicados que Nico tinha medo de tocá-los.

— Você não pode estar falando sério!

— Eu comprei eles antes de você fugir para a Itália. Queria ter te contado antes. Tinha medo que isso fosse te afastar mais uma vez.

E sem pedir permissão, Percy segurou em sua mão e deslizou a menor das alianças em seu dedo anelar da mão direita.

— Esse anel é a prova do meu comprometimento e fidelidade a você. É a promessa que eu faço de sempre estar a seu lado e sempre dar o que você precisar e desejar. Não importa o que seja ou onde seja.

— Percy, para com isso! Agora mesmo! Você não quer isso. — Nico se afastou das mãos de Percy e tentou tirar o anel, se sentindo ansioso, mas não foi tirá-lo. Algo dentro dele o impediu.

— É claro que eu quero. Eu te amo. Quero passar o resto da minha vida com você. — Percy continuava sorrindo e continuava ajoelhado, como se pagasse por seus pecados em prece enamorada. Percy se arrastou de joelhos até estar novamente perto o suficiente para tocá-lo e ofereceu a caixinha a Nico, dizendo: — É sua vez de colocar em mim. Você aceita se casar comigo?

— Deuses! — Nico choramingou, aquele aperto no coração e quentura no peito se alastrando feito chamas infernais por suas veias. — Você vai se arrepender disso. Vai se arrepender tanto. Depois não me culpa pelo o que acontecer.

— Eu tomo toda a responsabilidade.

Fungando, Nico se ajoelhou também e fez o mesmo que Percy, colocou o anel no dedo anelar da mão direita de Percy e observou suas mãos juntas. Nem em seus sonhos mais selvagens Nico poderia imaginar algo assim.

— Satisfeito agora?

— E o meu beijo, hm?

Ainda se sentindo ansioso e trêmulo, Nico pulou no colo de Percy e o beijou com tudo o que ele tinha, sendo recebido pelos abraços fortes da pessoa que ele mais amava no mundo.

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Obrigada por ler! Sua presença é sempre um prazer.

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nobody warns you that writing makes you obsessed with hands. what are they doing? are they trembling? are they clenched? are they—

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It’s A Secret Recipe 🤫

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9 months ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO XXIII

Oiiiiiii, tudo bem? Então.... eu disse que não ia voltar tão cedo, ne? O que eu posso dizer? Consegui escrever um capítulo essa semana! Mas quase não saiu. Acho que eu estava precisando recuperar as forças, mesmo que eu não me sinta muito melhor que dias atrás.

De qualquer forma, estou aqui! Também descobri que eu tinha algumas cenas já prontas para postar, o que eu vou fazer nos próximos dias. Acho que eu não postei porque quando eu me sinto mal é quando minha autocrítica autodestrutiva mais ataca. Tudo isso para dizer que tem vezes que eu leio o que escrevo e tudo parece um desastre e outras, eu me divirto enquanto escrevo ou reviso. Felizmente no momento estou no aspecto positivo da autocrítica.

Também vou começar a postar algumas coisas mais aleatórias, ok? Eu tinha por aqui um blog de dicas de escritas, e às vezes ainda tenho vontade de fazer posts assim. Então, se aparecer esses tipos de posts ou posts com algumas anotações, relevem. Vou encarar esse blog como um diario. A verdade é que eu gosto de documentar coisas que eu leio e prendo, para assim quando chegar no fim do ano eu ter uma prova de que não fiquei apenas olhando para o teto sem evoluir em nada.

Por enquanto é isso. Peço desculpas novamente para as pessoas que tem que aturar minhas mudanças de humor e ainda estão por aqui, mas... acho que essa sou eu, às vezes tudo está bem e outras, nada está. Principalmente peço desculpas a minha beta😫 estou com muita vergonha para pedir desculpas pessoalmente, por isso espero que você veja isso e me perdoe. Não vou pedir ajuda para ninguém até eu acabar essa história (pra não perder o tempo de ninguém), o que talvez nem aconteça. Então, eu acabar essa história não é uma certeza, mas vou tentar. E com certeza não vai ter capítulos novos todas as semanas, vou tentar meu melhor, porém, não vou me forçar como eu fazia no passado.

Obrigada por me ouvir e boa leitura!

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX / CAPÍTULO XXI / CAPÍTULO XXII

PS: Por enquanto a versão em inglês está em hiatus. Quando eu tiver tempo, vou continuar. Vou aproveitar que as ideias estão vindo para escrever bastante, assim, que burnout vir, porque eu sei que ele vai vir continuo com essa versão.

OBS: Como eu disse antes, percebi que tinha um capítulo pronto. Vamos regredir uma ou duas cenas e continuar daí. Também dei uma revisada na história inteira, ela está aqui no AO3.

CAPÍTULO XXIII

— Bom garoto. Tão obediente. — Nico fechou os olhos bem apertado e se negou a responder, sentindo seu corpo balançar com o efeito do orgasmo.

Não que ele fosse capaz no momento. Não, Nico acha que nunca tinha gozado com tanta força em sua vida, e ouvir Percy falar assim com ele, o fazia estremecer ainda mais. Nico achava que nem o próprio Percy sabia o que essas palavras faziam com ele, o tom de voz aveludado e agora o toque suave que o acalentava depois de algo tão intenso. Não era apenas isso, era a forma como Percy falava com ele, como se Percy realmente estivesse orgulhoso; era a forma que Percy olhava para ele, o analisando friamente dos pés à cabeça e, ao mesmo tempo, com aquela fome no olhar que o fazia querer obedecer a cada ordem. Ele não conseguia lidar com isso, então, era melhor apenas se sentir grato por esse momento estar acontecendo.

— E, então? — Nico ouviu Percy dizer, o sentindo tocá-lo e massagear seus braços, chegando em seu pulso para enfim abrir a algema. Engraçado, para quem tinha medo de ser preso, ele nem hesitou quando Percy sugeriu.

— Então, o quê? — Nico murmurou, ainda ligeiramente desorientado. Ele nem mesmo conseguiu levantar os braços, permitindo que Percy continuasse a massagear a pele avermelhada.

— Foi bom ou ruim?

— Hmm?

— Você gostou do que eu fiz?

Não era obvio?

— Eu gozei duas vezes.

— Não quer dizer que você tenha gostado.

— E você, gostou? — Nico rebateu, tentando se mover, o que apenas o fez cair para trás feito uma jaca podre.

Quando Percy não respondeu, Nico olhou para ele. Era bem claro o que acontecia, Percy e seu complexo de mártir. A verdade é que ele tinha gostado, ambos tinham, e isso parecia ser um problema para Percy.

— Eu gostei, tá bom? Quer dizer, seu queixo ainda está molhado.

Para provar a evidência do crime, Nico se esticou todo, gemendo de dor em seus músculos e passou os dedos no rosto de Percy, mostrando o líquido a Percy.

— É, eu acho que sim. — Mas Percy ainda tinha aquela expressão analítica, quase rígida demais, como se estivesse se preparando para dar a próxima ordem, o que se tornou verdade no final. — Fique aqui.

— Para onde eu iria?

— Com você eu nunca sei. Só não… fuja. Tudo bem?

— Eu disse que não vou fazer isso de novo. Até quando você vai me culpar por isso?

— Eu sinto muito. — Percy tentou sorrir, e quando isso não funcionou, ele deu as costas a Nico, que caiu mais uma vez nos travesseiros.

Parecia que Nico não era o único traumatizado pelo passado. O que ele podia fazer? Essa era a história deles, às vezes feliz, outras, problemáticas. Nico não trocaria o que viveram por nada nesse mundo. Onde ele estaria se não tivesse conhecido Percy em um banheiro público de escola? O que ele teria feito se Percy fosse igual aqueles garotos? Pelo menos, eles não estariam nesse impasse. Será que se… que se ele forçasse as coisas só um pouquinho, Percy veria que não havia motivo para tanta culpa? Afinal, Percy sempre gostou da verdade e de coisas bonitas…

— Nico.

Se assustando, Nico viu o rosto de Percy perto demais e segurou nos ombros de Percy, o afastando.

— No que você anda pensando, hmm? Conheço bem essa carinha.

— Não sei do que você está falando.

— Você não está aprontando, está? Se comporte.

— Eu sempre me comporto. — “A não ser quando eu preciso agir”, Nico pensou, colocando sua expressão mais inocente.

— Vou acreditar em você.

Percy se sentou a seu lado e começou a limpá-lo. Em seu peito, abdômen e então no meio das pernas de Nico, suavemente deslizando uma toalha umedecida, chegando em sua entrada.

— Você não precisa fazer isso.

— Eu quero fazer. — Percy murmurou, o beijando no rosto. — Você tinha razão. Eu estava ausente, prometo que vou te recompensar.

— Que tal começando agora. Me deixa te chupar?

— Como isso pode ser uma recompensa para você? — O importante nisso tudo é que finalmente Percy tinha sorrido, acariciando seus cabelos.

— Isso é um sim ou um não?

— É um talvez depois. Agora, está na hora do bebê tirar uma soneca.

— Eu não sou um bebê.

— Então por que você está bocejando no meio da tarde?

Era uma boa pergunta.

Nico só deixou que Percy o cobrisse porque ele tinha se deitado a seu lado e o abraçado bem forte, também entrando debaixo das cobertas junto com ele.

***

Por algum motivo, Percy se sentia exausto. Ele se permitiu relaxar no travesseiro, colado contra as costas de Nico e fechar os olhos, apenas por um momento, apenas o suficiente para sentir o peso sair de suas costas. Era um peso metafórico, é claro, um peso que ele nem sabia estar ali. Percy nunca imaginou que a culpa poderia drenar alguém a ponto de afetá-lo fisicamente. As coisas também eram assim no passado? Percy não conseguia se lembrar. Esse era um mal hábito que tinha desenvolvido, outra muleta psicológica, ele sabia. Percy se esquecia e guardava a sete chaves no fundo da mente tudo o que fosse traumático ou frustrante.

Quer saber? Percy tinha decidido não pensar no que fosse ruim ou bom, bem ou mal, e se concentraria no que fosse o certo para eles. Eles estavam confortáveis com isso? Ótimo! Parecia divertido? O fazia se sentir bem? Então, seria o que eles fariam. O que adiantava fazer o que era considerado como “normal” se isso causava tanta dor, e não do tipo que Nico parecia gostar? Era melhor se ele falasse com a mãe, só para tranquilizá-la. Percy sabia melhor do que ninguém que Sally o perturbaria até que ele se confessasse para ela.

Se sentindo cansado mais uma vez, Percy saiu debaixo das cobertas, tentando não acordar Nico e viu algo caído no chão. Ele deu a volta na cama e ali no meio do caminho estava o diário que tinha dado a Nico. O diário estava aberto no início das primeiras folhas e tinha uma caneta presa, marcando a última página escrita.

Ele também já tinha se esquecido disso. Felizmente, parecia que mesmo ele sendo uma pessoa horrível, Nico ainda era o mesmo doce garotinho, sempre o obediente. Sim, Percy pôde ver que Nico já tinha escrito algumas palavras e tinha personalizado a contracapa:

DIÁRIO DO NICO Se perdido, devolver para o Percy!

Percy teve que rir, já se sentindo leve. Tinha até uns desenhos bonitinhos de corações, anjinhos e diabinhos ao redor das letras. Entretanto, o que realmente chamou sua atenção foi a página em que a caneta estava presa.

“Eu adoro aquele tipo de espaço mental em que eu quase flutuo, quase delirante, sabe? Minha cabeça fica leve e eu não faço ideia do que quero fazer, só quero o que você quiser que eu faça. Na maioria das vezes, tudo o que sei é que quero ser fodido com tanta força que eu mal consiga falar e tudo o que eu consiga fazer seja pequenos gemidos quando você me perguntar alguma coisa.” “Quero o tipo de sexo que deixa marcas nos meus quadris e a forma das suas mãos na minha pele. O tipo de sexo que deixa o meu peito coberto de mordidas e as suas costas cheias de arranhões. Quero o tipo de sexo que faz o meu corpo doer e pulsar e que me faça te sentir entre as minhas pernas no dia seguinte.”

Esse era um trecho que parecia se destacar das outras páginas, algo escrito às pressas, em garranchos despreocupados, á tinta preta e sem decorações ao redor, como se Nico não quisesse passar muito tempo com aqueles pensamentos e só precisasse despejá-los no papel. Esse foi o real motivo que o fez encarar aquelas palavras por longos momentos, estático, parado no meio do quarto com Nico ainda dormindo tranquilamente, sem nenhuma preocupação.

Era impossível não comparar os dois estilos tipográficos. De um lado da folha, vinhas e arvores que pareciam se entrelaçar até os céus, acompanhados por linhas de poemas, simples e bonitas, do outro, uma prosa desajeitada e vulgar, permitindo a Percy ver os dois lados de Nico que ele raramente via juntos. Tinham outros desenhos, é claro. Um demônio e um anjo que ocupavam uma página inteira, descrições de personalidade e características físicas, algumas poucas linhas de narração que na página seguinte eram interrompidas por mais garranchos com pensamentos soltos.

“Quero que você me abrace e me toque, quero que você me faça sentir seguro e pequeno, feito o bebê que eu nego ser. Quero que você me diga quando ninguém estiver vendo: "Como está o meu garoto? Ele se comportou?" Quero ter regras e quero ter que pedir autorização. Quero ser disciplinado quando não faço o que você mandar.”

Percy teve que parar de folear o diário e olhar para Nico dormindo cama.

Ele... porra! Ele queria fazer tudo isso, queria fazer todos os desejos de Nico se realizarem. E sabe por quê? Eram os mesmos que os seus. Cada palavra e confissão parecendo ser algo que ele faria se a culpa não o tivesse impedido até aquele momento. Será que essas fantasias realmente eram de Nico? Ou será que era algo que Nico tinha escrito para se vingar dele? Ou, pior ainda, era o que ele tinha levado Nico a acreditar que ambos queriam? Mas, ao mesmo tempo, Percy conseguia reconhecer Nico em cada linha, seja desajeitada ou elegante, misturado a influência que ele tinha sobre Nico e outras coisas e momentos em que Percy não esteve presente para moldá-lo.

Sinceramente? Percy estava aliviado. Saber que Nico tinha tido outras experiencias e conhecido outras pessoas e que mesmo depois de tudo isso Nico ainda tinha voltado para ele, tirava mais uma parte do peso que ele nem sabia que levava. Entretanto, a questão importante era: Como ele poderia fazer... tudo isso sem passar dos limites? Como ele poderia se certificar que Nico não sairia disso o odiando de verdade?

Ele... Percy precisava de ajuda. E de algumas coisas, também. Algo que fizesse Nico entender a seriedade da situação, do quanto ele desejava que Nico permanecesse seguro e feliz. Parece que esse era o momento de agir.

***

Nico abre os olhos e a primeira coisa que nota é a luz do sol entrando pelas persianas, o cegando momentaneamente. Sua cabeça pulsava com uma dorzinha irritante nas têmporas, mas seu corpo estava o mais relaxado em que ele já esteve. Sua visão estava turva também, atordoado pelas endorfinas que ainda pareciam manter seu corpo calmo e sua mente maravilhosamente vazia, como se toda a ansiedade tivesse sido sugada por uma mangueira compressora. Nem mesmo suas aventuras com garotos mais experientes tinham causado esse tipo de reação nele.

Ele olhou para o lado, esperando encontrar Percy e recebeu em troca a ausência e um pedaço de papel, Percy nem mesmo tinha deixado seu calor para trás, o que significava que Percy tinham se levantado tempos atras.

Bem, Nico não deveria criar expectativas quando Percy estava lidando tão mal com as coisas nos últimos tempos. E ele disse que daria tempo para Percy se acostumar com as coisas, não disse? Mesmo que fosse difícil continuar esperando por algo que talvez nem fosse acontecer, ele não tinha outra escolha. Era melhor ter a companhia de Percy do que não ter nada. Mas isso não queria dizer que ele não fosse tentar seu máximo para conseguir o que queria.

Se dando por vencido, Nico se sentou na cama e pegou o bilhete.

“Você dormiu bem? Eu tive que sair rapidinho. Prometo estar de voltar para o café da manhã. Me espere. Per.”

Era só isso? Era o que ele merecia depois de sentir seu mundo sacudir? Isso era tão justo! Chega! Ele iria tomar uma atitude imediatamente.

Esquecendo da dor de cabeça e os dos músculos doloridos, Nico amassou o bilhete, o jogou em algum lugar em direção ao cesto de lixo e marchou até parar em frente ao guarda-roupa. Isso era tão ridículo! Nunca pensou que chegaria o momento em que ele teria que se rebaixar a tanto. Ele pegou a caixa com seus brinquedos, enfiou a mão no fundo dela e pegou uma embalagem lacrada, de cor preta. Era algo que a vendedora tinha sugerido e já que ele tinha comprado coisas piores, não era isso que o tornaria uma pessoa ruim. Nico colocou o pacote em cima da cama, pegou os itens que iria precisar e entrou no banheiro. Iria mostrar para Percy quem mandava ali.

***

Percy se sentia bem melhor agora.

Como ele poderia explicar? Bem... tinha um lugar, um tipo de bar, e ele tinha ficado curioso, sabe? Percy nunca participou, entretanto... ele tinha assistido e entendido bem rápido como as coisas funcionavam. O que ele podia fazer? Sua mãe sempre dizia que conhecimento era algo que ninguém podia tirar de você, e de fato, tinha sido algo difícil de esquecer. Talvez ele tivesse ficado entediado sem Nico por perto ou talvez quando ele se viu sozinho, sem ninguém para vigiá-lo... por que não? Sendo que Percy não precisava mais ser o cara bonzinho?

O fato era, Percy tinha descoberto que ele fazia aquelas coisas sem precisar que ninguém o ensinasse. Pelo menos ali, aprendeu que o que ele fazia era errado se Percy não pedisse permissão antes.

Um bom exemplo disso eram as palavras, pequenas sugestões que se repetidas poderiam se tornar em comportamentos condicionados, como quando você ensina seu cachorro a dar a patinha em troca de petiscos. Pessoas tinham as mesmas tendencias e vontades semelhantes, também. Algumas mais assertivas e outras, mais obedientes. Era um dinâmica normal, nada forçado, é claro, apenas modos de comportamentos onde cada um se sentia mais confortável para se expressar. E isso era só o começo, nem sequer era algo sexual ou romântico, apenas atitudes que a maioria das pessoas não reparavam. Sua psicóloga da época tinha sugerido algo parecido. Não que ele fosse atras desses tipos de clubes e sim que Percy analisasse por que ele se sentia tão codependente de Nico ou porque Percy se sentia tão frustrado. E como parecia estar relacionado a sexo, ele pensou... por que não? Sua mãe tinha apoiado a ideia e, seu irmão e Grover, amado mais ainda. Assim, como uma família unida, todos foram investigar o bar, incluindo sua mãe.

O importante era que quando ele descobriu o que fazia com Nico já era tarde demais, Nico tinha ido embora e ele tinha ficado sozinho, com todas aquelas ideias e ninguém para testá-las. Percy não se orgulhava do que tinha feito, mas não se arrependia tão pouco. Sendo sincero? Ele não se importava com aquelas pessoas e se ele tivesse magoado algumas pelo caminho, não era da sua conta. Percy nunca prometeu nada a elas, cansando de avisar o que aconteceria no fim.

Era por isso que Percy estava ali naquela manhã, um bar vinte e quatro horas que funcionava como lanchonete durante o dia. Fazia mais de um ano que Percy não entrava lá, mas como eles eram o lugar que ele mais confiava, teria que ser ali mesmo.

Percy respirou fundo e entrou pelas portas de ferro negras, chegando a primeira área onde havia mesas e cadeiras de madeira que ao anoitecer seriam retiradas para dar lugar a pista de dança. Continuou andando mais ao fundo e encontrou o bar, um balcão longo junto a uma cozinha espaçosa, vendo os garçons pegarem pratos de comida para serem entregues. Ele só esperava que ningue--

— Percy, querido. Quanto tempo!

— Vanessa. — Percy disse e se virou, vendo sua “professora” favorita. Ela era uma dominatrix atenciosa, bondosa e firme, algo que ele sempre quis ser e que nunca teve a paciência. Em comparação a ela, Percy era ansioso e um tanto cruel. Quem sabe um dia?

— O que te trás aqui? Finalmente procurando companhia? Tenho um submisso que--

— Não dessa vez. — Percy disse e sorriu, negando educadamente. — Estou procurando Apolo. Será que ele está por aqui?

— Ah, isso é tão bom. Quem é o garoto?

— Alguém novo.

— Hm, entendi. — Mas ela parecia o julgar como todos faziam.

— Não tão novo. Ele é novo na cena.

— Ah, tudo bem. — Vanessa voltou a sorrir e saiu de trás do balcão. — Eu sei exatamente o que você quer.

Então, juntos, eles passaram por mais uma porta, subiram uma escada em caracol e chegaram no segundo piso, cheio de portas com quartos particulares, alguns com janelas que permitiam ver dentro dos quartos e no fim do corredor, uma porta grande de metal negro que eles também entraram.

Realmente, aquela sala era o que Percy estava procurando. Ele sentia que se trouxesse Nico ali, o garotinho iria passar algumas horas perguntando para o que aquelas coisas penduradas na parede serviam. Também havia um balcão mais ao fundo do cômodo, onde um homem alto e loiro lia uma revista, usando um fone de ouvido.

— Ei. — Percy disse assim que se aproximou.

Apolo olhou para cima e no mesmo momento tirou o fone e se levantou, correndo em sua direção. Estava tudo bem, porque Percy estava preparado. Ele abriu os braços e deixou que Apolo o abraçasse o quanto quisesse, se esfregando nele.

— Ah, olha o nosso pequeno Dom. Tão crescido. Você tem malhado? Aposto que os garotinhos te perseguem.

Não desde que Nico tinha voltado, mas esse era outro assunto.

— Só um. Eu estava procurando algo específico.

— Eu sei exatamente o que você precisa.

— Eu não disse nada ainda.

— E nem precisa.

Apolo sorriu todo esfuziante, pegou uma cestinha de compras e começou a andar pelos corredores e prateleiras.

— Deixa eu ver. Algo discreto para o dia.

Apolo esticou a mão e pegou uma gargantilha, algo no estilo gótico. Uma tira de couro maleável e discreta com cristais pequenos a enfeitando.

— Algo para brincar.

Dessa vez Apolo pegou uma coleira rosa clara, pesada e com grandes furos, com uma plaquinha de identificação e um fecho para colocar uma guia se ele quisesse.

— Algo para mantê-lo quietinho e comportado, sim?

Finalmente Apolo pegou uma focinheira com uma bola no meio, uma venda de ceda e algemas macias.

— Pronto. Isso deve bastar.

— Eu não posso, isso é muita coisa.

— É um presente para nosso Dominador júnior!

— De verdade, eu não posso--

— Ah! Está faltando uma coisa!

— Apolo, não!

— Sim.

Antes que Percy pudesse impedi-lo, Apolo voltava com uma palmatoria. Sua superfície era toda em couro preto, feito de um material rígido, mas a ponta dela tinha um acolchoamento macio que traria dor sem deixar muitas marcas.

— Apolo!

— Vamos, é só dessa vez. Eu nunca vi você interessado em ninguém. Considere um presente de boa sorte.

— Exatamente! Eu não posso aparecer com isso. Ele vai pensar que eu--

— Ele não está errado.

Percy bufou e desistiu de discutir. Apolo era tão ridículo que isso tornava impossível contrariá-lo.

— Além do mais... — Apolo continuou, embalando os itens em uma caixa bonita. — Já que você me rejeitou, o mínimo que você pode fazer é aceitar meu presente.

— Quanto ficou? — Percy, para sua própria sanidade, decidiu ignorá-lo, e pegou a carteira.

— Você não ouviu o que eu disse? É um presente.

— Qual é! Isso vale pelo menos mil reais.

— E daí? Eu sou rico.

— Eu também sou.

— Parece que estamos em um impasse. — Apolo fez uma careta de tristeza e balançou a cabeça. — Parece que o seu garoto vai ficar muito decepcionado, então.

— Ele não sabe que eu estou aqui.

— É uma surpresa? Eu não sabia que você era um romântico. — Dessa vez, não havia nenhuma ironia na voz de Apolo. — Estou me sentindo muito solteiro agora.

Percy tinha esquecido como Apolo podia ser dramático. Ele era bonito, isso Percy não podia negar. Entretanto, beleza não era tudo na vida, mesmo que ajudasse muito.

— Vanessa! Me arruma um dom agora mesmo!

Percy se virou e lá estava Vanessa, os observando de longe como se assiste uma série de comedia.

— Eu fiz, três vezes no último mês.

— Você chama aquilo de dominação? Minha mãe é menos vanila do que aquilo.

— Por favor, me poupe. — Vanessa cruzou os braços e revirou os olhos.

— Custava me apresentar alguém alto, gostoso e com atitude? Será que é muito?

Foi a vez de Percy revirar os olhos. Ele queria dizer que essa era a primeira vez que algo parecido acontecia. Ele jurava que não estava tentando se gabar, mas... de fato, Percy pensou que esses dias de D/s tinham ficado para trás. Mas ali estava ele, pedindo ajuda para essas pessoas.

— Se comporte. — Percy se pegou falando, já irritado pela situação. O pior é que Apolo imediatamente endireitou a coluna. E ele teve que completar: — Não se atreva.

Também não seria a primeira vez que Apolo se ajoelharia sem nem perceber.

— Tão malvado.

— Olha, eu agradeço a ajuda, mas eu tenho que--

— Está tudo bem? — Apolo perguntou, agora sério. — Você disse que nunca dominaria ninguém. É sobre o garoto que te fez sofrer?

— Talvez. — Percy deu de ombros. — Não é culpa dele.

— Tudo bem. Você precisa de ajuda? Talvez uma mediação?

— Não. Eu consigo. — “Talvez”, ele queria ter dito. A verdade é que Percy não conseguia nem mesmo pensar em ter que dividir Nico com alguém ou deixar que outras pessoas assistissem. Percy não sabe se conseguiria se controlar. — Não precisa se preocupar.

— Tem certeza? A gente podia dar uma ajuda pro pobre do garoto. Ele sabe no que se meteu?

— Não precisa se preocupar. — Repetiu.

O pior era que Percy não estava mentindo. Nico sabia muito mais do que ele gostaria.

Por enquanto é isso. Até que eu gostei desse capítulo. Não sei, acho que consigo ver um amadurecimento no Percy. Pelo menos ele está tentando ser responsavel. Vou adorar saber a sua opnião ou possiveis sugestões e feedebacks. Provavelmente semana que vem estou de volta, já que eu tenho mais algumas cenas prontas.

Até proxima!


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2 years ago

Hey, I'm at a point where I think I'm a bit lost with my writing. I used to be around people who made me think that I needed to add more suffering to my writing, and now people say I have too much angst. My main other issue is just that I need to make my characters less passive and have their actions decide the plot. I don't really know what my style is or what I'm good at because I'm not honest with myself or what I love. I can't write regularly because of school and bad habits, so any advice?

Start writing regularly. Write in class, write on the bus, write on your phone between classes. The back pages of class notebooks or even a small pocket notebook should always be handy for wordy scenes and quick ideas. I used to keep both my class notes and my writing notebook on my desk at the same time. Passed my classes and wrote my novel just fine.

Dismiss outside opinions as all wrong and let the writing be just you. You can’t develop a style or a voice if you let others’ opinions cloud your craft early on. They don’t know who you really are inside, and likely neither will you until you write it down. Writing for others comes when you’re writing for a paycheck.

Be honest with yourself, write what you know, and keep writing. That’s the best advice I can give you.

+ Please review my Ask Policy before sending in your ask. Thank you.

+ If you benefit from my updates and replies, please consider sending a little thank you and Buy Me A Coffee!

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5 months ago
PSA From Blobby. Something We Should Talk About More ❤️

PSA from Blobby. Something we should talk about more ❤️

7 months ago

are there any aspects of what fanon sometimes assigns as percys personality that you think has less to do with him and more to do with how theyre interpreting his adhd symptoms?

oh yeah, absolutely. without a doubt.

something that tends to happen in the percy jackson fandom is the characters’ adhd is erased – not in that it’s unwritten or untalked about, but in that the fact that they have adhd is completely ignored. rick riordan is one of my favourite writers, he holds a special place in my heart, because not only is he among the only authors i know of to actually write adhd characters, but he writes them with realistic adhd. so it really bothers me when people are like “oh, percy’s so annoying, he’s stupid, he’s an asshole, blah blah blah” because it takes me back to the days when people would say that about me to my face. 

like, take annoying for example: percy’s impulsive and he blurts out what he’s thinking a lot of the time without any sort of tact. he also makes a lot of immature jokes, and i think people translate that into percy himself being immature (keep in mind this is the same percy that has seen his friends die, seen people die, seen two major wars, fallen into tartarus, lost his memory as well as seven months of his 16-year-old life… the list goes on).

now, let me tell you, that part of percy’s behaviour is certifiably adhd. i just Say Shit all the time – i crack dumb jokes right when they come to mind and sometimes people laugh but sometimes i feel mortified seconds later because jesus christ those words just came out of my mouth??? and i got called out on it a lot, too, like “eilidh that isn’t funny” like i fuckin know it’s not funny you don’t have to remind me. “eilidh stop being so immature” pardon me for trying to stay lighthearted in times of crisis okay my adhd brain doesn’t like ruminating on things that make it sad that’s why i never do my math homework ever

then there’s the whole percy is stupid thing. he’s just not. i don’t know where people even got that idea. he’s not very good at communicating with people, but he’s good at piecing together information and thinking on his feet. he notices things, like in camp jupiter one of the things he does is piece together the whole “missing eagle” thing from a bunch of offhand comments. 

finally, the general misconception that percy is an asshole.

yikes.

this is the same kid that immediately forms attachments to the underdogs in any situation he happens to be in (some examples, in sequence: grover, his mom, tyson, ethan nakamura, hazel and frank) and proceeds to be 1000% willing to actually fight anyone who picks on them (nancy bobofit, smelly gabe, matt sloan and half of camp half blood, luke and an entire arena of monsters, octavian). 

also backtracking a bit to the whole “he’s not very good at communicating with people” thing – since when does that make someone an asshole? percy’s never really aware of what people think about him (but he’s good at noticing how they feel about other people), and he’s generally surprised by people’s opinions of himself if they contrast with how he feels about himself, like he sees himself as this chill dude that stuff just happens to all the time and he just rolls with it, just about everyone is like what the fuck percy jackson is fucking terrifying and dangerous as shit and he acts like it’s normal what the fuck and he’s like ¯\_(ツ)_/¯ )

that’s also a pretty adhd thing to do, if you’re busy you don’t really tend to think about yourself and how you come across because it’s just background information. like when i’m reading and someone tries to talk to me i’m the bluntest fuck because i don’t have the parallel processing capacity to be polite and keep up the reading hyperfocus at the same time. since percy’s literally almost dying so much of the time (something that often gets overlooked because of how much it ties into the worldbuilding of being a demigod; it’s just not that huge to them. it’s a casual enough thing to be experiencing near-death so often that percy jokes about it – “don’t worry, i’m usually about to die”) i can absolutely forgive him for overlooking other people sometimes. wouldn’t you?

which brings me to the only-thinking-about-annabeth-in-tartarus thing in the context of parallel processing issues.

jesus.

okay, i have about 2 focus slots in my brain. 3 on a really good day. i can only juggle 2-3 bits of information at once in my short-term memory, and i have to drop one or both of them if i feel like reminiscing. percy, while in tartarus, is in a hyper-fixated state of trying to keep himself and annabeth alive – let’s assume the rest of his brain is being used to keep morale up. i’m not surprised he’s only thinking about annabeth and i didn’t even question it: annabeth is right there. she’s immediately relevant and he cares about her a whole fuckin lot, right? he doesn’t have the parallel processing capacity to be thinking about everyone else, he’s focused on the problem at hand: getting both of them out alive. sorry he can’t call his mom from literal greek hell.

also, in mark of athena, i see people like “he doesn’t even think about nico in the jar!” and like, that bothers me too because i love nico, but the only person on the argo 2 that was openly worrying about nico was hazel. they were all worried, but worrying about nico wouldn’t have made the ship go any faster, and they were constantly being distracted by monster attacks. when percy actually got to the hypogeum in rome, he started freaking out about whether or not nico was alive because he was right there, looking an awful lot like he wasn’t alive. after all goes well and they’re back on the ship, percy realizes he was so caught up in the nico thing that he forgot annabeth was still fighting for her life down in arachne’s lair. and he feels guilty, but that’s all actually normal. 

adhd brains can be weird, or so i’ve garnered, because i’ve never lived without one. it’s hard for me to look at percy from the perspective of someone without adhd who doesn’t understand what it’s like to live with it. i’ve been able to relate to percy since i was 11, and i’m used to being on the receiving end of all the hate he gets because people mistake his adhd traits for personality traits or for riordan being a “quirky” writer. i’ve mostly become indifferent to it by now – i just ignore people who are like “percy is stupid and a jerk”, but that doesn’t really make it any less insensitive.

i see the same thing happen to leo all the damn time too, for the same reasons. notice how they’re both of the characters with the most obvious adhd?

both percy and leo have character flaws, but that just means they’re realistic people?? like jfc. everyone has flaws, that’s inescapable, but behavioural patterns that are given to both of them by their mental disorders shouldn’t be counted under “things these characters choose to do or be”. 

some traits of percy’s that are not an effect of his adhd include his loyalty, his protectiveness, his tendency to trust his instincts over logic, his lightheartedness, his changeability, his self-importance, his wanting to be included in everything, his irreverence, his adaptability, his good heart, his bravery, his self-sacrificial nature, his brightness, and his recklessness.

1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO XXI

Oii, como vai? Mais um capítulo! Decidi não me alongar muito na história já que acabei criando uns furos de enredo, o que significa muita coisas para reescrever, mas também encontrei alguns temas interessantes além do relacionamento entre o Percy e o Nico. Assim, vou escrever até o fim de janeiro, em fevereiro vou fazer a versão em inglês e depois passar os proximos meses revisando. Obrigada pela compreensão!

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX

— Eu também te amo.

Percy continuou segurando Nico contra seu peito e só se moveu quando teve certeza que Nico não continuaria o odiando. Se recostou contra o apoio do sofá e trouxe Nico com ele, o tocando delicadamente. 

Por um momento, no silêncio da sala de estar, onde se podia ouvir apenas a respiração pesada de Nico que começava a desacelerar, pensou que as coisas entre eles voltaria ao normal e que finalmente Nico ficaria satisfeito. Imaginem sua surpresa ao sentir Nico se mover em seu colo de uma forma bem específica, se esfregando contra ele, o fazendo perder o ar quando sentiu mãos pequenas tocar entre suas pernas sobre a calça, um toque tão suave que o fez arfar, a doce tortura o fazendo se lembrar de sua ereção.

— Você quer…? — Ele ouviu Nico dizer, certa incerteza em sua voz, embora isso não fosse um empecilho para Nico, sentindo as mãos de Nico continuarem a explorar a área, deslizando para cima e para baixo, arrancando um gemido torturado dele.

— Não precisa. — Ele murmurou, ou achava que tinha. Nesses momentos era difícil diferenciar o que era real e o que era criação de sua mente.

— Eu sei que você está… está tentando me tratar com respeito, mas… será que isso é necessário? Não foi por causa de sexo que a gente… se separou?

A insinuação era clara, e a cada dia que passava Percy via o quanto as palavras não ditas faziam a distância entre eles aumentar.  

— Você acha que esse é o motivo por eu gostar de você?

— Bem… você sempre diz que eu sou bonito. — Nico disse na voz mais baixa, como se esperasse não ser escutado. Foi nesse momento onde Nico hesitou que Percy se lembrou de desgrudar os olhos do que Nico fazia entre suas pernas e prestar atenção no que Nico dizia. O que mais chamou sua atenção foi a expressão vazia no rosto de Nico, a forma distraída que ele o tocava, como se ele tentasse esconder algo por trás da máscara de indiferença. — Não foi por isso que você procurou outras pessoas quando eu estava bem na sua frente? Por pensar que eu era… puro?

— Nico. Isso não faz sentido! Eu não faria isso de novo. — Quando ele teria tempo de fazer isso? Entre a depressão e a montanha de trabalhos e estudo?

— Não faria? — Nico então levantou a cabeça e o encarou, sem nenhum tipo de julgamento na voz, mas que ainda assim isso o fez se sentir muito julgado. — O que eu tenho que fazer para você não me ignorar?

— Eu não estou te ignorando! — Quer dizer, ele achava que não estava. Certo? Eles não passavam o dia todo juntos? Como Percy poderia ignorar alguém que estava ao lado dele?

— Quando foi a última vez que você fez algo que queria?

— Eu… a gente foi naquela festa semana passada?

— Percy. — Agora Nico parecia a ponto de chorar. — Quando foi a última vez que você fez algo que ninguém te pediu? Você diz que eu não tenho interesse nas coisas? Você também não tem. E agora, nem sexo você quer.

— Não é sua culpa. Não é porque você voltou.

— Estou começando a ver isso. Mas isso não me faz menos culpado.

— O que você quer que eu faça? Tudo o que eu faço é um erro! É melhor que as coisas fiquem assim. Se eu fizer o que as pessoas esperam de mim, eu não vou errar.

— Percy! — O grito de Nico ecoou pela sala, o fazendo abrir bem os olhos. Com a garganta seca, Percy observou Nico se levantar de seu colo e se ajoelhar entre suas pernas, os olhos cheios de lágrimas, apoiando as mãos em coxas e apoiar o rosto em seu colo, pronto para começar a implorar. — Ninguém está pedindo que você seja perfeito!

— Eu tenho que ser!

— Eu nunca devia ter voltado! Se for para ver você assim, era melhor ido para outro lugar. Doeria menos. Você pode dizer o que quiser, eu sou culpado por você estar agindo assim de novo.

— Como você poderia fazer isso?

— Eu fiz você se lembrar do passado.

Nisso Nico estava certo. Percy estava pensando sobre sua infância com mais frequência do que o costume. Ele tinha trabalho para se livrar dela e agora que suas memórias vinham à tona era difícil diferenciar a pessoa que ele costumava ser e a pessoa que ele era agora.

— Por favor. — Nico enfim implorou na voz mais miserável que ele já havia escutado. — Eu não quero que você se reprima por causa de mim. Eu sei que você se importa comigo e eu me importo com você. Eu só… eu quero viver essas coisas com você. Quero acordar todos os dias do seu lado e quero estar com você todos os dias, quero que você tenha todas as coisas que deseja e quero… quero, hm… você sabe… não me importo se você for… não tão bondoso na cama. Eu gosto… de verdade. Quer dizer, você nem sempre foi um santo, talvez um pouco vingativo, e também--

— Fico feliz que você pense isso de mim. — Percy disse e sorriu sinceramente pela primeira vez em muitos dias, interrompendo Nico. O garoto queria que ele fosse sincero e fizesse o que queria, não? — Isso não é justo. E como você fica nisso?

— Eu? Eu fico com você. — Nico disse e sorriu de volta para ele, ainda com a cabeça em seu colo, se esfregando nele feito um gatinho. — Prefiro ver você agindo feito a pior pessoa do mundo do que ver você se transformando em uma casca vazia.

— Nico. — Percy se inclina para a frente a segura Nico pela nuca, o fazendo levantar a cabeça. — Eu não quero abusar de você. Sinto que isso vai acontecer se a gente continuar assim.

— O que você está esperando, então?

— Nico!

— Não há nada de nenhum de nós possa fazer. O estrago já está feito. Agora, você tem que se responsabilizar pelo o que fez.

— E o que seria isso?

— Você pode começar me levando pro quarto e tirando minha roupa.

— Eu não tenho certeza.

— Mas eu tenho. — Nico fez um biquinho fofo, e Percy se viu sorrindo novamente, observando Nico se esticar em direção a ele ainda ajoelhado e o beijar docemente. — Eu posso esperar.

Quando Nico falava assim… tão convincente, Percy quase podia ver a razão nisso tudo. Embora não entendesse de verdade. Quem gostaria de ser tratado como Nico tinha sido e ainda pedir para continuar sofrendo ao lado de uma pessoa como ele? Percy tentaria mais uma vez. Se Nico tinha se ajoelhado a seus pés e colocado a cabeça em seu colo feito um pet de estimação, Percy também poderia se esforçar para ser um bom dono.

***

Sinceramente? Percy não pensava que seria tão fácil se render depois de tanto tempo lutando contra essas vontades. Era uma visão magnífica observar Nico se levantar do chão. Ainda com as calças abertas, cabelos bagunçados e lábios inchados, Nico ofereceu a mão a ele. Percy não hesitou, como tinha prometido, subiu as escadas em direção a seu quarto. Se sentou na beirada da cama e tirou as roupas de Nico. Primeiro, a camiseta de caveira, depois, puxou as calças de Nico para baixo, levando junto a cueca, tirando os allstar’s e meias, se permitindo um momento para apreciar a beleza de Nico.

No fim, o que seu bebê tinha dito era verdade. A primeira coisa que tinha chamado sua atenção em Nico era a beleza natural. Longos cílios, olhos negros profundos, boca carnuda, pele macia, quadril arredondado, longas pernas, a voz mais doce mesmo quando zangada e principalmente aquela aparência de garoto bem-comportado, sempre obedecendo o que ele dizia. Tinham suas exceções, é claro, momentos como esses em que eles se encontravam, onde Nico implorava, nunca parecendo exigir e dar uma ordem, não como ele faria.

— E agora? Como a gente fica? — Era um pergunta retorica, e ambos sabiam disso. Percy sorriu e Nico se aproximou mais, se colocando entre suas pernas, segurando em seus ombros.

— Você quer ver uma coisa?

— Depende. É uma surpresa?

— Você poderia dizer isso.

Nico sorriu e correu em direção ao guarda-roupa, voltando com um caixa dourada com uma tampa em cima.

— Você comprou pra mim?

— Não, é pra mim. — Ainda sorrindo, Nico disse e tirou a tampa revelando uma bela coleção de brinquedos, só que esses brinquedos eram para adultos. Três dildos de diferentes tamanhos, uma bolinha vibratória, algemas, pregadores de mamilos e até uma palmatória. E muito lubrificante, no mínimo três tubos grandes.

— Tem certeza que você não andou se divertindo com alguém? — Ele nem poderia culpar Nico se esse fosse o caso.

— Eu não quero ninguém além de você me tocando. Isso tudo é sua culpa! Eu aqui me oferecendo e dizendo que você pode fazer o que quiser comigo e você tendo uma crise de consciência? Nunca pensei que algo assim aconteceria.

— Ei! Eu não sou tão ruim!

— Não é agora.

— É exatamente por isso que eu prefiro ir devagar.

— Desculpa. Eu também mudei. Mas se eu soubesse nunca teria fugido. Pelo menos, você não fez o mesmo eu fiz.

É, Percy até poderia imaginar. Para onde ele fugiria? Para casa do pai? Olhar para a cara da madrasta que o odiava ou lidar com o meio-irmão que o perseguia quando a mãe não estava vendo? Sem chance.

— Eu precisava de um tempo. Quero ter certeza que algo assim não vai se repetir.

— Eu sei. Eu estava seguro em Verona. Hades não tem coragem de enfrentar a nona. Se ela soubesse de tudo hoje Hades não teria um centavo.

— Por que você não contou pra ela?

— Não é importante. Ela já me mima demais. — Mas Nico dizia isso com um sorriso no rosto, parecendo se lembrar de tempos felizes. — A gente não precisa fazer nada hoje. Nem amanhã. Eu quero que você saiba que estou aqui e que você não precisa se sentir culpado, porque eu nunca te culpei de nada. Tudo bem?

Nico pegou a caixa de suas mãos e a colocou na cama para logo em seguida sentar em seu colo, o beijando mais uma vez. E talvez… talvez não fosse tão ruim assim se deixar levar um pouco.

***

Então… hmm… Percy descobriu que gostava muito daquela caixa de brinquedos que Nico tinha montado. Especialmente a bolinha vibratória. Ela tinha o tamanho de seu dedão e era rosa fosforescente, com um fio longo e um botão no meio. Realmente interessante. E já que Nico tinha comprado todas aquelas coisas, seria um desperdício não usá-las. 

Ele pegou as algemas, o lubrificante e a bolinha, e bem, ali estavam eles. Nico deitado contra os travesseiros, de costas na cama e mãos presas em cima da cabeça no batente da cama, enquanto ele se encontrava entre as pernas de Nico, completamente vestido. Era até engraçado. Percy tinha apertado o botão na bolina e ela tinha começado a vibrar imediatamente, o fazendo rir e dizer “Foi você quem pediu por isso” e antes que Nico pudesse reclamar, Percy levou o brinquedo que vibrava loucamente para as pernas de Nico, seguindo o mesmo caminho com sua boca. Parecia que Nico não sabia o que fazer, se ele ria por causa da vibração ou se gemia, marcas de mordidas, de dentes roçando em sua pele e chupões de lábios em lugares que nunca tinham sido marcados antes.

— E agora? Devo parar? — Percy disse na voz inocente, subindo com a bolinha entre as pernas de Nico, parando em sua virilha antes alcançar alguma parte mais sensível.

— Não! Por favor!

— O que eu ganho se continuar?

— Qualquer coisa!

— Eu não sei… parece muito genérico.

— Um-- eu… eu te chupo? Ou…

— Ou?

— O que você quiser.

— Mesmo?

— Hmhm. — Nico suspirou e arfou, porque Percy tinha cansado de brincar. Ele levou a bolinha um pouco para baixo e a pressionou contra o membro de Nico, que de semi ereto, em um passe de mágica, parecia tão duro a ponto de doer. Percy deslizou o vibrador pela base do membro e subiu lentamente, chegando na pontinha e se demorando por lá, pressionando em pequenas voltas na cabecinha a avermelhada. 

Percy não podia acreditar em seu olhos, ele pressionou só mais um pouquinho e de repente, Nico estava gritando, o pequeno membro pulsou em sua mão e expeliu mais rápido do que Percy pôde reagir. Ele tirou o vibrador do membro de Nico e observou Nico se contrair todo, respirando como se tivesse corrido uma maratona. Mas ele queria mais, Nico reagia tão forte as vibrações que Percy queria ver até onde Nico aguentaria.

Ele ligou o brinquedo novamente, o sentindo vibrar em sua mão por alguns momentos e esperou até que Nico não estivesse a ponto de ter um ataque de asma, e devagar, como se nada tivesse acontecendo, voltou a encostar a bolinha na pele de Nico, perto do seu quadril, descendo pelas longas pernas. Tudo o que Nico fez foi arfar surpreso, e ainda tremendo, não disse nada e nem mesmo se moveu como protesto, apenas olhou para Percy o olhar meio perdido e meio extasiado, confiando em Percy e se permitindo sentir, como se isso fosse tudo o que desejava fazer. Então, Percy, como o cavalheiro que era, continuou com sua exploração. Voltou a subir com o vibrador e chegou mais uma vez a virilha de Nico, dessa vez passando direto por seu membro e tocando em seus testículos, vendo Nico abrir os lábios em um gemido silencio, seu corpo tremendo sem seu controle. Para Percy a experiência toda parecia dolorosa, a forma como Nico se contraia e se curvava, os gemidos agudos, se não fosse a expressão de completo prazer no rosto de Nico, pensaria que… não… era melhor ele não pensar nisso.

Percy se concentrou no que estava fazendo e finalmente levou o vibrador mais para baixo, encontrando a entrada de Nico, que deixou escapar um gemidinho tão gostoso que Percy teve vontade de tornar as coisas ainda mais interessantes. Mas, não, isso era suficiente. Então, ele roçou a bolinha ao redor da entrada até que ela entrou, sumindo dentro de Nico. Talvez ele tenha exagerado, Nico abriu bem olhos e se remexeu, choramingando e arfando, como se nunca tivesse feito isso antes, mas como Nico não fez nada para pará-lo, Percy continuou. Ele puxou o vibrador pela cordinha e pressionou de volta, brincando com a entrada, fez isso por tantas vezes a pele começou a ficar inchada, como quando você beijava alguém por um longo tempo e esse era o resultado.

— Por favor! — Nico implorou, se contraindo na cama, costas curvadas e cabeça jogada para trás, parecendo a ponto de gozar mais uma vez. E quem era Percy para negar seu doce bebê.

Ele pressionou a bolinha mais uma vez para dentro, fazendo Nico estremecer e dessa vez, a empurrou mais para dentro, inserindo seus dedos juntos, movendo o vibrador ao redor. Nico foi a loucura, começou a implorar sem parar e segurou no batente da cama, seus dedos dos pés se curvando. Foi um momento mágico para Percy, com dois dedos, ele levou a bolinha um pouco mais adentro e pressionou naquele lugarzinho que ambos conheciam bem. A reação foi imediata, Nico gritou com toda a força e Percy se maravilhou, ele nunca tinha visto Nico gozar tão rápido e forte, fazendo o orgasmo de Nico atingir seu peito.

— Bom garoto. Tão obediente. — Ele disse enquanto puxava a bolinha pela corda, enfim a trazendo para fora. Nico caiu na cama e soluçou, ainda terminando de gozar com uma estranha expressão presa entre agonia e êxtase. Talvez ele tenha exagerado, mas Percy deixaria para que Nico decidisse isso, já que ele próprio não sabia se fugia para longe, enojado consigo mesmo ou tentava não pensar na ereção ao ver Nico sob seu controle dessa forma.

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Obrigada por ler! Sua presença é muito bem vinda e sua opnião ainda mais!

Até logo.


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1 year ago
auroraescritora - Aurora Escritora
auroraescritora - Aurora Escritora

Thinking of them being domestic in their apartment in New Rome🤲 (and un-colored background version bc I found it cute)


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7 months ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO XXVIII

Oii, como vai? Não deu para postar no fim de semana por causa das eleições, mas aqui está. Espero que vocês gostem.

Sem nenhuma revisão.

Boa leitura!

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV / CAPÍTULO XVI / CAPÍTULO XVII / CAPÍTULO XVIII / CAPÍTULO XIX / CAPÍTULO XX / CAPÍTULO XXI / CAPÍTULO XXII / CAPÍTULO XXIII / CAPÍTULO XXIV / CAPÍTULO XXV / CAPÍTULO XXVI / CAPÍTULO XXVII

— Bebê, tudo bem? — Percy teve que perguntar.

Geralmente Percy não se preocuparia se Nico ficasse longos períodos em seu mundinho feliz e submisso. A verdade é que ele gostava de ver Nico completamente sob seu controle, obedecendo cada ordem sua e se esforçando tanto atender suas vontades que se fosse por ele, esses momentos entre quatro paredes nunca teriam fim. Entretanto, o céu já começava a escurecer e ele podia ouvir o barulho da risada de seus irmãos e a voz de sua mãe os repreendendo.

Era nessas horas que Percy desejava ser um adulto e não ter que dividir o tempo que tinha com Nico, e muito menos deixar que eles vissem Nico em seu estado mais vulnerável. Sinceramente? Percy não se importava como outras pessoas iriam reagir e sim, como Nico se sentiria quando enfim emergisse de seu estado leve e contente.

Percy fez o melhor que pôde para que Nico se sentisse seguro o suficiente para sair de seu transe. Eles tomaram um longo banho de banheira, lavou os cabelos de Nico, ofereceu a comida favorita de Nico e depois o fez tirar uma soneca. Isso costumava ser o bastante para fazer Nico voltar ao normal. Hoje? Nico parecia especialmente decidido a se manter distante.

— Bebê? — Percy chamou mais uma vez.

Nico meramente levantou a cabeça que estava encostada em seu peito e se acomodou melhor debaixo das cobertas, piscando lentamente, parecendo esperar pela próxima ordem.

— Eu preciso que você volte para mim.

— Voltar? — Nico franziu a testa e se sentou, tentando raciocinar.

— Faz cinco horas. Quer jantar?

— Oh. — O vinco desapareceu do rosto de Nico, mas ele continuou como estava, lento e dócil, sem questionar nada. — Tudo bem.

Nico, então, se levantou. Ele se arrastou para fora da cama e, calmamente, calçou o sapato, andou até a porta do quarto e o esperou, paciente, obediente, quase se curvando, segurando as próprias mãos atras das costas.

Percy suspirou, pelo menos Nico não estava completamente aéreo. Aquilo era tudo sua culpa, sabia bem disso. Não era isso o que ele queria? Nico completamente obediente e submisso cem por cento do tempo?

No fim, Nico estava certo. O que Percy realmente queria era diversão e realizar suas fantasias mais obscuras.

Momentos mais tarde, Percy percebeu que não tinha motivos para se preocupar. Eles desceram as escadas, comeram sem nada estranho acontecer e Nico até interagiu com Tyson e Grover, ajudando Sally a colocar as travessas na mesa. Houve um momento em que Nico e Sally sumiram para dentro da cozinha e só voltaram dez minutos depois, momento que Percy pensou estar encrencado, mas tudo o que viu foi Nico se sentar em seu colo e encostar a cabeça em seu ombro, e Sally, que sorriu para ele toda orgulhosa.

***

Às vezes, Percy desejava voltar ao momento onde seus pais ainda eram casados e sua família tinha muito menos dinheiro. Isso significaria menos responsabilidades, mais tempo livre e menos estresse em sua vida. Primeiro, sua mãe teve a brilhante ideia de fazê-lo acordar as cinco horas da manhã naquele fim de semana para ajudar com o faturamento e inventario mensal, algo que um contador poderia fazer facilmente. Mas, não, Sally havia sofrido um golpe no passado e não estava disposta a receber outro. Por isso, todos da família eram obrigados a ajudar. Nico era um caso a parte, é claro, ele já ajudava Sally mais do que devia na cozinha, então, Nico estava dispensado desse trabalho árduo. E se não bastasse isso, eles teriam uma reunião com os abastecedores do restaurante.

Aparentemente, a qualidade dos legumes não estava agradando Sally, e, aparentemente, Percy intimidava qualquer um que olhasse muito tempo para ele. Vai intender. Sendo assim, essa era uma de suas obrigações; sempre que eles tinham que lidar com algum cliente ou prestador de serviço insuportável, ali estaria ele. E dessa vez, era o abastecimento de legumes; sua nova missão era ficar atras da mãe e encarar os homens até que eles concordassem com o novo contrato. Seria engraçado se não tivesse que deixar Nico sozinho em casa.

Mas antes de ir a reunião, Percy fez questão de ir acordar Nico. Sabia que ainda eram oito horas da manhã de um sábado, porém, ainda se lembrava como Nico tinha reagido quando não o encontrou na cama naquela vez que havia visitado o clube de Apolo. Então, sem fazer barulho, Percy subiu as escadas e foi em direção a seu quarto, vendo que a porta estava encostada, podendo ver dentro do quarto pela fresta da porta.

Percy empurrou a porta e o que viu tirou seu folego.

Nico estava no meio do quarto, pelado, cabelos molhados e descalço, de costas para a porta, sentado na beirada da cama. Nela, estava a caixa preta com a coleira, a mesma coleira que ambos tinham decidido ignorar, feito um taboo que nunca deveria ser mencionado. Mas ali estava Nico, segurando a coleira contra seu colo, parecendo admirar a peso em seus dedos longos e magros, completamente calmo e composto, e com a mesma atitude quieta e dócil que havia adotado pelos últimos dias.

Pela primeira vez, decidiu que não tomar nenhuma ação era o melhor a se fazer. Porque, não importava o que ele dissesse ou até mandasse, isso era algo que Nico teria que decidir por si mesmo. E se no final Nico decidisse que não queria nada daquilo, Percy teria que aceitar.

Não demorou para que Percy tivesse sua resposta. Lentamente, Nico levou a coleira até o próprio pescoço e a enrolou em volta de sua pele, ainda sem afivelar o fecho, parecendo medir o peso do couro em sua pele. Quando nada aconteceu, Percy observou Nico afivelar a coleira e continuar segurando o couro contra sua pele, como se a coleira fosse muito pesada para seu pescoço aguentar. Nico se levantou, e ainda de costas para a porta, andou até o espelho que ficava do outro lado do quarto, perto do guarda-roupa. Nico estava se admirando, era isso o que acontecia; ele tocou no couro da coleira, como se acariciasse o pelo de um animal de estimação, e mesmo daquela distância, Percy podia ver a pele oliva escurecendo com o rubor, embora Nico não estivesse entrando em pânico como antes. Afinal, por que ele iria? Era apenas fantasias, não era?

Percy não aguentava mais. Ele marchou a passos decididos para dentro do quarto e parou atras de Nico, quase colado a suas costas, observando agora ambas suas reflexões em frente ao espelho. Era algo automático, suas mãos foram para o pescoço de Nico, seus dedos rodeando o longo pescoço, bem na parte da coleira que agora escondia a gargantilha, massageando a pele que encontrou lá.

— Então você gostou. — Não havia sido uma pergunta, porque a resposta era óbvia. A expressão no rosto de Nico dizia tudo o que Percy precisava saber, e o arfar surpreso e tímido, mais ainda.

— Eu não... eu estava curioso! — Ali estava, a ansiedade vindo feito um trem-bala. Então, o problema devia ser sua presença. Ou talvez a expectativa que o próprio Nico colocava em si mesmo.

Nico deu um passo para a frente, tentando se livrar de suas mãos, e dessa vez, Percy permitiu que Nico fugisse; isso não era algo que ele devia brincar se quisesse que no futuro a visão de Nico usando uma coleira fosse algo cotidiano.

— Tudo bem. Eu não quis te assustar.

— Você não assustou. É só que... você sabe... não sei consigo fazer o que você espera de mim. O diário, são apenas fantasias e... nunca pensei que eu fosse... fosse gostar tanto disso a ponto de ter sexo com alguém. Eu só... eu não sei.

— Eu entendo. — Percy disse em sua voz mais afável.

— Você entende? — Nico abriu bem olhos, parecendo surpreso e tão inocente, que Percy voltou a se aproximar, tocando nos cabelos negros, tentando confortá-lo.

— Tudo bem se você quiser brincar. Tudo bem se você não quiser. A gente não tem que tentar algo novo só porque eu quero.

— Eu pensei que o papel de um submisso fosse fazer as vontades do dominador?

— Isso é uma fantasia, não é? Você mesmo disse. Não quero te forçar.

— Oh. — Nico murmurou, relaxando nos braços de Percy, encostando a cabeça em seu ombro e o abraçando pela cintura. — As vezes, eu sinto que devo fazer certas coisas... quer dizer! Você nunca me pediu para fazer isso...

— Está tudo bem. — Percy disse mais uma vez, sorrindo para Nico, decidindo tirá-lo de sua miséria. — A partir de agora sempre que eu quiser fazer algo vou pedir permissão. Não importa o que seja, mesmo que seja um beijo.

— Sempre?

— E você não tem a obrigação de aceitar ou retribuir, ou de se sentir pressionado.

— Eu não sinto que você me obriga, eu só... — Então Nico olhou para baixo, todo tímido, o virou o rosto para lado tentando se esconder. — É essa vontade incontrolável de... de fazer essas coisas.

— Como o quê?

— De obedecer. Não te desapontar. — Foi quando Percy viu Nico fechar os olhos, os apertando bem forte, ainda com o rosto contra seu ombro. — Eu quero ser o seu bebê e seu bom garoto para o resto da vida. Só seu.

Por essa Percy não esperava! Eles tinham com toda a certeza percorrido um longo caminho até ali. Percy se pegou endireitando as costas e respirando fundo, um sorriso um tanto maníaco se formando em seu rosto, uma reação mais rápida do que ele podia controlar. E tão rápida como veio, aquele senso de satisfação e possessão doentia, também desapareceu, restando a Percy apenas puxar Nico contra seu peito e o abraçar forte.

— Obrigado por me contar. Você é tão corajoso. Meu perfeito bebê, hm?

Nico não disse nada, mas ele gemeu, o abraçando mais forte ainda pela cintura, se encolhendo contra seu peito, quase se fundindo a ele. Percy não trocaria esse momento por nada nessa vida.

***

— Obrigado por me contar. Você é tão corajoso. Meu perfeito bebê, hm?

Sim, ele era! Deuses! Ouvir Percy dizer essas coisas, por mais que Nico já soubesse desse fato, fazia algo dentro dele explodir em contentamento.

Bem, o que ele podia dizer? Tinha decidido se deixar levar.

Quer dizer, o que de tão ruim poderia acontecer além de Percy o levar cada vez mais fundo nesse mar de prazer que ele nem sabia ser possível existir? Do que adiantava fugir e lutar contra esses sentimentos quando sem nem perceber se via no mesmo lugar? Essa sensação leve o fazia se lembrar de um jogo que ele e Percy costumavam jogar quando crianças; a cada vez que venciam um desafio, o jogo os levava a um nível acima, subindo degrau por degrau até chegarem ao nível final.

O problema é que aquele jogo inocente e bobo parecia não ter fim, os degraus se estendendo infinitamente a se perder de vista. Era assim que Nico se sentia, quanto mais longe Percy o levava, mas difícil era encontrar aquele mesmo Nico que havia começado no primeiro nível. As vezes, Nico mal se reconhecia. Não se sentia tão pequeno quanto antes, tão tímido ou tão indefeso. Era como se durante o jogo ele tivesse ganhado poderes especiais e eles ainda estivessem com ele, como se Nico os tivesse sugado para dentro de seu ser, para sempre absorvidos em sua pele. Mas, as vezes, mesmo que não ele quisesse, o velho Nico fazia suas aparições, ele não se orgulhava disso, forçando Percy a dar um passo para trás nessa valsa onde ninguém sabia qual seria o próximo passo. Entretanto, o que ele podia fazer se não entrar no ritmo da dança?

Esse era um bom exemplo, o melhor deles. Sentindo Percy acariciando seus cabelos e deslizando as mãos por suas costas, sempre tentando confortá-lo não importando o motivo. Mesmo quando não havia motivo ou quando o culpado era o próprio Nico. Naquele instante, Nico percebeu que dessa vez não precisava ser confortado, mas que gostava do gesto gentil de qualquer forma.

— Sei que eu posso ser... rigoroso. — Percy murmurou em seu ouvido, roçando a barba que crescia contra seu pescoço, o fazendo estremecer. — Você tem que me dizer se eu estiver sendo exigente.

— Você nunca exigisse o que eu não quero dar.

Essa era a verdade. Por mais que ele hesitasse ou dissesse que não queria, era difícil mentir para si mesmo quando o objeto de sua única obsessão na vida estava bem a sua frente, oferendo tudo o que pensou que nunca teria, ainda fosse tão intenso que parece que estava a ponto de desmaiar a qualquer momento. Não porque fosse ruim, mas porque Nico perdia o folego toda vez que Percy olhava para ele por mais de dois segundos.

Então, Nico sentiu lábios tocando os seus numa caricia doce e lenta, e fechou os olhos, relaxando conforme o beijo continuava; uma mordiscada e uma lambida depois, um arfar, línguas se encontrando em um encaixe perfeito, como sempre tinha sido, como naquela primeira vez onde ele tinha fugido e só voltado dois anos depois. Parecia que era tudo o que Nico tinha feito até esse momento, fugir e se esquivar até que ele não tinha vesse alternativa, até que seu único pensamento fosse se redimir por todo o tempo perdido.

— Bom garoto. — Percy disse colado a seus lábios, pressionando suas bocas juntas pela última vez antes de se afastar, sorrindo para ele.

Nico queria seguir Percy, pedir para ser jogar na cama e continuar subindo os degraus. Percy tinha outras ideias, como ir para longe de Nico e abrir o guarda-roupa, tirando um blazer e uma calça caqui social.

— Você não tinha que sair com seus amigos? — Percy disse, ainda com a cabeça dentro do guarda-roupas.

Isso era verdade. Era por isso que Nico tinha acordado tão cedo em um sábado, se distrair com o pensamento de vestir aquela coleira e se ajoelhar aos pés de Percy, jurando fidelidade e obediência eterna não estava dentro dos planos. Talvez depois do casamento se ele realmente acontecesse.

Quando Percy emergiu, estava completamente vestido. Sapatos italianos, camisa preta, terno completo e cabelos penteados para trás. Nico era tão sortudo! Como ele conseguir noivar com alguém tão bonito e charmoso estava além de sua compreensão.

Nico nem tentou se conter, ele andou até Percy, ficou na ponta dos pés e o beijou novamente, algo rápido e suave, e disse: — Você nunca se veste desse jeito pra mim.

Percy sorriu para ele, daqueles tipos de sorriso de lado e covinhas que o fazia parecer um tubarão, e o segurou pelos cabelos, o fazendo gemer.

— Do que adianta eu me vestir assim se as roupas vão ser tiradas em menos de cinco minutos?

Percy o beijou forte nos lábios, arrancando outro gemido dele e o deixou ir, se olhando uma ultima vez no espelho.

— Porque você não descansa um pouco, hm? Eles podem te esperar.

Bem, descansar não era a palavra certa.

Nico seguiu os olhos de Percy e olhou para o próprio colo. Nico tinha um certo volume aparente, e Percy parecia que iria a qualquer momento se ajoelhar no chão e ajudá-lo com isso. Em seguida, Percy voltou a olhar em seus olhos e sorriu novamente.

— Depois. Eu prometo. — Percy, seu dom cruel, disse, se afastando a lentos passos em direção a porta. Mas antes de ir, disse: — Não se divirta muito sem mim.

Então, parece que estou enrolando, não é? A verdade é que falta pouco de plot para escrever. Vou tentar terminar essa história nas proximas 30 mil palavras. Estou planejando alguns extras também, nada muito complicado.

Obrigada pela presença!


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Aurora Escritora

Sejam bem-vindos! Olá, esse é meu blog pessoal. Escrevo fanfics Pernico/Nicercy e orginais, e reblogo alguns posts de vez em quando. História Atual Não há lugar como o Lar - versão em Portugues There's no Place like home - English version Resumo: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro. Se você quiser saber o que eu escrevo, siga a tag #my writing

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