Thing I Love About Nico Is How Miserable He Is

Thing I love about Nico is how miserable he is

More Posts from Auroraescritora and Others

4 months ago

AMOR DE BABÁ - Nico!Babá, Percy!Professor - Capítulo III, Capítulo IV, Capítulo V, Capítulo VI, Capítulo VII

Olá, como vai? Então... eu acabei esquecendo de atualizar a versão em português. Aqui está todos os capítulos atrasados. Mil desculpas!

Boa leitura!

Capítulo III

— A culpa não é sua. Entre.

Sr. Jackson deu espaço para Nico entrar e fechou a porta, logo em seguida caminhou para dentro da casa, o guiando pela câmara de entrada.

Nico tentou seguir pelo cômodo na velocidade do homem, mas teve que parar por um momento. A primeira coisa que viu foi o branco em seu tom mais puro, vendo que conforme ele andava e seus olhos percorriam o saguão, o branco se misturava a outras tonalidades mais claras e neutras. As paredes também eram brancas e os móveis eram de uma cor igualmente clara, neve pálida, que contrastavam com os quadros bonitos no qual ele nunca poderia reconhecer seu real valor mesmo que o pagassem, decoravam tais paredes intercaladas por grandes janelas que iam até o chão em pontos estratégicos; tudo era tão imaculado, tão limpo e claro que ele teve medo de dar um passo à frente e sujar alguma coisa.

Ele piscou, e se perguntou o que mais iria encontrar naquele lugar. Por isso, com o maior cuidado possível, Nico pisou no tapete branquíssimo que se estendia por toda a entrada e andou o mais rápido que pôde tentando alcançar Sr. Jackson que já lhe esperava na entrada para a sala de estar.

E como todo o resto, o chão daquela casa também era de um granito branco que reluzia quase lhe cegando. Ele tinha mencionado a grande escada em caracol que levava ao andar de cima? Era lindo, algo saído de algum conto de fadas. Nico podia muito bem imaginar uma princesa descendo por aqueles degraus claros e lustrados. Ele escutou um pigarro e enfim desviou o olhar da escada vendo que havia duas portas à direita e uma a esquerda, e o cômodo que ele pensava ser uma pequena sala de estar se abriu ampla mais à direita, bem iluminada pelas grandes janelas que também havia ali mostrando o jardim bem cuidado, mais paredes brancas, sofás creme, uma mesinha de centro e uma televisão de setenta polegadas presa a parede.

Feito um idiota, ele continuou andando enquanto olhava para os lados e sem querer tropeçou no fim do tapete, parando no início da sala de estar. Já o Sr. Jackson, tinha andado a passos confiantes pelo longo corredor, lhe esperando, parecendo a cada minuto mais impaciente agora parado no meio da sala.

— Entre. Por favor. — Sr. Jackson lhe disse tão sério quanto antes.

Por algum motivo que Nico não podia explicar, ele se sentia em conflito, embora… embora soubesse ser um tipo diferente de conflito. Era uma sensação engraçada no pé do estômago que fazia os pelos em sua nuca se arrepiarem, como se… podia parecer ridículo, mas ele sentia ter entrado em uma armadilha de forma que se pisasse em falso seria devorado. Ele admitia, tinha atração por um tipo específico de homem. Alto, forte e… decidido. 

Bem, ele não sabia se “decidido” era a palavra certa, mas Nico gostava de acreditar nisso. Ele não sabia, talvez fosse toda aquela pele à mostra, a forma que o homem seminu estava parado no meio do cômodo como se não tivesse nada a esconder, a forma que o Sr. Jackson parecia usar sua altura para exigir… exigir algo dele. Também era o jeito que aqueles olhos que brilhavam intensos pareciam o espreitar, contidos, atentos, tentando comunicar algo que Nico se negava em compreender.

Também poderia ser aquele lugar gigante e deserto que lhe dava essa impressão de sufocamento, como se ele fosse minúsculo e a vastidão branca fosse engoli-lo naquela casa que parecia ser a perfeita prisão feita de ouro. Ou ainda pior, poderia ser algo inédito, algo que Nico recusaria até o fim por puro senso de moral; ele odiava essa sensação que subia por sua coluna e lhe deixava mais confuso, pois, não era justo, ele estava irritado com o homem há menos de dez minutos! E agora, bem… Nico não conseguia esconder, era algo que vinha a ele naturalmente; essa sexualidade que ele tentava enterrar o máximo que pudesse e que era óbvio se Nico pudesse comparar, era a semelhança na postura desse homem que o encarava dos pés à cabeça tão intensamente que lhe deixava desconfortável e ao mesmo tempo com vontade.

Mas tudo estava bem, Nico podia admitir isso para si mesmo. O único motivo de hesitar tanto era a lembrança do que havia acontecido ontem, era exatamente por conhecer pessoas como esse homem, autoritário e confiante, como se fosse óbvio que os outros viviam para atender seus desejos, que ele tinha perdido o emprego. Nico não queria que acontecesse a mesma coisa tão rápido. Ou que acontecesse algo pior.

Ah, por que ele não escutou sua intuição e foi embora quando pôde? Quer dizer… ninguém o obrigava a estar ali, certo? Sr. Jackson apenas tinha segurado a porta, lhe dando passagem e andado para dentro da casa. Talvez um pouco com a cabeça empinada? Talvez se colocando mais ereto do que antes como se… como se estivesse estufando o peito? E só talvez… só talvez ele pudesse ver um brilho meio sinistro naqueles olhos que por algum motivo Nico não conseguia desviar a atenção… Não, devia ser coisa da ansiedade que gostava de lhe pregar peças.

Nico respirou fundo e fez o seu melhor para se convencer, ele fazia esse sacrifício apenas pelo dinheiro. 

Ele inspirou profundamente, mais uma vez, e deixou o ar sair, dando o primeiro passo para dentro da sala. Depois deu mais um e parou na frente do Sr. Jackson que o encarou por mais uns segundos, seu rosto ilegível, braços cruzados em frente ao peito, parado no meio do cômodo com as pernas afastadas. Era difícil impedir seus olhos de seguir a direção natural das coisas.

— Me siga.

Sem esperar por Nico, Sr. Jackson andou a passos largos em direção aos sofás na sala de estar e se sentou pesadamente contra uma das milhares de poltronas que enfeitavam o cômodo, o forçando a ir atrás dele.

— Não vou enrolar. Minha esposa viaja a maior parte do tempo e eu cuido das crianças. Sou pesquisador e não tenho tempo a perder. Elas têm uma rotina. Você deve acordá-la às sete em ponto, trocar elas, me ajudar com o café da manhã, levá-las para a escola, buscá-las, ajudá-las com o dever de casa, mantê-las entretidas até a hora de ir dormir e dar banho nelas no fim do dia. Durante o resto do tempo, eu não me importo com o que você faz. Se você fica aqui ou em outro lugar, não é da minha conta.

— Hmm… tudo bem? — Nico disse meio confuso, a irritação voltando a subir por seus nervos. — O senhor vai estar presente em algum momento? Ou devo fazer alguma coisa a mais?

— E o que seria isso?

O homem finalmente sorriu para Nico, mas era algo tão zombador e cínico que ele quase se levantou da cadeira para dar um soco nele.

— Olha, eu não sei o que você faz na casa das outras pessoas, mas aqui você vai fazer o que foi contratado para fazer. Cuidar das crianças e arrumar a bagunça que elas fizerem. Duzentos reais por dia é o suficiente?

— Duzentos reais? — Nico disse, surpreso. Isso era o dobro do que ele esperava.

— Duzentos reais mais transporte e almoço. Você está livre para comer ou fazer o que quiser.

Sr. Jackson deu mais um sorrisinho na direção de Nico e se espreguiçou lentamente ao se levantar, Nico observando cada movimento com mais atenção do que o necessário, ainda levemente confuso e se negando a corar. O pior era saber que ele era tão óbvio, não conseguindo evitar o constrangimento.

— Não se preocupe. Acontece com todo mundo. — Sr. Jackson piscou para Nico e enfim se afastou, mas não sem antes falar: — Subindo as escadas, estou no primeiro quarto à direita. As crianças devem ser acordadas em vinte minutos.

Nico acenou meio zonzo e viu a silhueta dos ombros largos de seu mais novo chefe desaparecer escadas acima.

Capítulo IV

Nico se virou no sofá, se apoiando de costas e colocou a mão sobre os olhos. Piscou devagar e sentiu a claridade do começo do dia cegá-lo, feito uma flecha que acertava o alvo. Quando os abriu novamente, viu que o sol já brilhava forte em todo o cômodo, banhando as paredes frias e brancas com os raios cálidos do amanhecer, iluminando e aquecendo o lugar que antes parecia tão ausente de vida ou de calor. 

Ele piscou mais uma vez, tentando despregar as pálpebras e coçou os olhos, a visão clareando conforme Nico se acostumava com a luz da manhã. Olhou ao redor e enfim se lembrou de onde estava, se inclinando para a frente em busca de seu celular. Tateou a mesa de centro e os bolsos de sua calça até que uma imagem que ele não esperava ver se fez nítida; tudo o que Nico conseguia enxergar eram olhos verdes azulados, tão intensos quanto o mar em dias chuvosos junto a um nariz fino e lábios bonitos, abertos em um sorriso mais bonito ainda, embora ele sentisse que esse sorriso não indicasse boas notícias.

Em um pulo que fez seu coração disparar, Nico se lançou para fora do sofá bem no momento em que o despertador tocou lhe avisando que a hora de acordar as crianças havia chegado. Decidido a recuperar o controle da situação, ele deu alguns passos para trás e colocou certa distância entre ele e o homem que se inclinava sobre o sofá, insistindo em lhe perturbar e que agora sorria em sua direção, lábios bonitos se alargando e o prazer no rosto bronzeado deixando claro que a diversão estava longe de acabar.

Ainda meio sonolento e com a face em fogo, se sentindo como se observasse a própria vida por uma lente desfocada, viu quando o Sr. Jackson endireitou a coluna e ainda sorrindo, se aproximou dele. O homem parou na frente dele, colocou uma das mãos sobre os ombros de Nico e o encarou no que parecia ser algo amigável. Porém, dessa vez, Nico pôde notar que o Sr. Jackson tinha se dignado a usar roupas e até tinha penteado os cabelos que agora estavam jogados para trás, permitindo que ele percebesse o quanto o homem realmente era bonito. Barra feita, dentes brancos e sorriso de canto, parecendo tão charmoso que por um momento Nico se esqueceu de onde estava.

Se Nico dissesse que algo tinha lhe possuído e controlado sua mente, alguém acreditaria? Pois, foi o que aconteceu. Em câmera lenta, ele se viu levantando a própria mão e segurando nos dedos que repousavam sobre seus ombros, os encarando meio sem ver nada e sem acreditar. Dedos sobre dedos, sua palma curvada sobre a dele, observando como ambas as mãos, juntas e de tonalidades tão diferentes, se encaixavam tão bem que por um momento Nico apenas se permitiu observar. Ele ouviu um pigarro e apenas assim voltou sua atenção para o Sr. Jackson; seus olhos verdes, rosto bonito e sorriso cordial finalmente o fazendo perceber que o silêncio durava por mais tempo do que o normal.

Esse era um fato que ele não podia negar, Percy Jackson podia ser estranhamente irritante e agradável ao mesmo tempo, mas ele era uma das pessoas mais bonitas que Nico tinha conhecido, mesmo que seu rosto tivesse uma forma levemente arredondada e agora estivesse usando óculos de grau, sem se esquecer do sorriso mais doce que já tinha visto.

— Noite difícil?

— …algo assim. — Nico disse sem ter certeza. A cada momento que se passava mais a confusão crescia em Nico o deixando… desconfortável, o fazendo sentir aquela sensaçãozinha que agora saia de seu estômago e passava por sua coluna, provocando um rastro de calor e arrepios, algo além do que ele estava disposto a admitir.

A verdade era que Nico não conseguia evitar, a voz do Sr. Jackson soava tão rouca e tão aveludada que ele não pôde suprimir outro arrepio e tão pouco pôde evitar a forma que suas mãos agarraram mais firme as dele. Em contrapartida, Percy Jackson não parecia estar atrás. O aperto em seu ombro era tão forte e decidido que a atenção de Nico foi imediatamente para o que o homem falava, lhe fazendo prestar atenção em sua boca, em como seus lábios se moviam, em sua língua que veio para fora e molhou os lábios levemente secos, Nico pouco a pouco se sentindo enlouquecer a cada segundo em que passava perto daquele homem; numa hora, Sr. Jackson parecia que ia lhe expulsar da casa e na outra, eles eram os melhores amigos. Nico não se sentia confortável com nada disso, incomodado com a mudança repentina do homem. Isso lhe deixava inseguro e incerto de como agir.

Percebendo o que acontecia, Nico se soltou dele e deu outro passo para trás.

— Senhor, se você pudesse--

— Não, é minha culpa. Não me expressei direito. — Sr. Jackson levantou a outra mão e quando viu que Nico se afastava novamente, a abaixou e continuou num tom de voz bem mais suave, mantendo seus olhos intensos sobre os de Nico. — A gente pode começar de novo?

Nico sentiu um tipo diferente de calor subir por sua coluna, ele abriu a boca para xingá-lo de doido bipolar quando parou no meio do que ia dizer. Sim, Nico se calou. Ele se calou porque Sr. Jackson continuava olhando para ele como se Nico fosse a única coisa digna de atenção, ele se calou principalmente porque Sr. Jackson sorria novamente, um sorriso pequeno e bonito, mas tão sincero que tinha lhe acertado completamente e com força total, lhe fazendo perceber que ele estava mais encrencado do que pensava.

Quer saber? Nico não sabia o que estava acontecendo consigo mesmo ou com esse homem, ou o porquê dessa súbita mudança de comportamento. E ele nem queria saber. Será que Nico devia ir embora ou…

— Eu juro, estou sendo sincero. Me desculpe por antes. A última babá que ela arrumou não deixou a melhor das impressões, entende?

— Ela?

— Annabeth Chase, minha esposa? A pessoa que te contratou? Não importa, ela fez isso de propósito.

— Eu entendo se o senhor--

— Não, eu insisto. — Percy Jackson disse, soando mais… firme do que antes. — Vamos ver o que acontece até o fim do dia. Veja isso como um experimento, sim?

E assim, o assunto se encerrava. Sr. Jackson acenou para Nico, endireitou a coluna e se virou, indicando o caminho. Ele andou a passos largos na direção apontada e subiu os lances de escada, percorrendo um longo corredor que dava no quarto das crianças.

Ainda meio zonzo com tantas mudanças de humor, Nico não teve escolha senão segui-lo praticamente correndo para alcançá-lo. Ele subiu os degraus de dois em dois e, já arfando, alcançou o Sr. Jackson no andar superior.

— Eu pensei… que o senhor… não fosse participar?

— Eu não estava falando sério. Vou estar presente sempre que possível. Então, relaxe. Não sou esse tipo de pai.

Por algum motivo, Nico sentia que Sr. Jackson continuava zombando dele mesmo que o deboche não fosse óbvio. Do mesmo modo, ele o seguiu mais uma vez para dentro do quarto, sendo recebido por duas crianças que já estavam acordadas. Elas correram até o pai, gargalhando, e cada uma delas segurou em uma das pernas do homem, a felicidade delas sincera e contagiante, logo o fazendo esquecer do que havia acabado de acontecer.

Capítulo V

Percy tentou segurar a risada e deu as costas para Nico, subindo as escadas, no fundo tentado a continuar e ver até onde poderia provocar Nico. Ele gostava de pensar que não era tão sádico assim. Na maior parte do tempo fazia o seu melhor para ser um bom pai e se mantinha fiel à imagem de Annabeth. Querendo ou não, no papel, eles ainda estavam casados, mesmo que Annabeth não fizesse o mesmo esforço que ele, e no momento, Percy tentava especialmente ser um bom anfitrião; era visível que Nico era um bom garoto, paciente e respeitoso quando ele não o tratava da mesma forma, mas era tão fácil provocar aquele garotinho… quando menos viu, estavam perto demais, Percy se divertindo mais ainda enquanto tentava se controlar e esconder o divertimento por trás de uma carranca.

Tudo bem, ele era o culpado nessa história, Percy admitia, estava testando o garoto. Nico parecia bonzinho demais e jovem demais para estar trabalhando, era como ver uma criança cuidar de outras crianças, além do fato dele não saber nada sobre o garoto. Não podia ser possível, aquela carinha bonitinha e toda inocente não devia passar dos quinze, talvez dezesseis anos. Ele era tão magrinho que Percy temia que as crianças sem querer o quebrassem no meio quando fossem brincar. E mesmo sabendo que iria se arrepender, Percy subiu o resto das escadas e abriu a porta, sendo recebido por seus pequenos anjinhos arteiros que lhe abraçaram forte antes de voltar a seus afazeres.

— Papai, Papai! Onde você estava? A gente tá atrasado! — o pequeno Logan gritou de sua cama, colocando os sapatos e já vestido. Ele era um doce, inocente e bem-comportado, sempre tentando fazer o certo. Isso também tinha a ver com o fato de Logan odiar chegar atrasado.

— Kelly não veio hoje? — Alice perguntou de maneira bem mais calma, quase distraída, lendo algo em seu celular enquanto se esparramava na cama.

— Ela teve que se ausentar. Nico ficará com a gente hoje. O que vocês acham disso?

— Mais uma foi embora? — Alice disse.

— Eu não gostava dela mesmo. — Logan falou. Ele sorriu para seus sapatos, satisfeito com um trabalho bem feito e deu de ombros. — Ela não sabia brincar, ficava o dia todo no telefone.

— Eu sei, querido. Com sorte, o Sr. Nico vai ser diferente. Vocês querem conhecê-lo?

Obedientes, as crianças interromperam o que faziam e se levantaram da cama, cada uma parando de cada lado de Percy e enfim avistando a pessoa parada atrás do pai. Com suas colunas retas e olhares curiosos, esperaram pacientes quando Percy enfim saiu da frente delas, permitindo que elas o vissem. E Nico que em todo esse tempo tinha estado encostado ao batente da porta e permanecido observando a interação entre ele e as crianças, deixou que um sorriso tomasse conta de seu rosto.

Percy viu Nico dar um passo para dentro do quarto, se aproximando delas, e continuou observando de longe, tão curioso quanto elas olhavam para Nico.

— Crianças, o que dizemos quando conhecemos pessoas novas?

— É um prazer te conhecer! — Logan disse todo animado, seus olhos chegando a brilhar quando se encontraram com os de Nico.

— Espero que você dure mais do que um mês. — Foi a vez de Alice murmurar. Logo em seguida, ela desviou o olhar para o celular e fingiu que nada estava acontecendo. 

Percy entendia perfeitamente, era a forma que Alice tinha para se proteger; ela iria ignorar o problema até que ele desaparecesse ou até que alguém o resolvesse para ela. Porque, de fato, ele já tinha perdido a conta de quantas pessoas tinha contratado nos últimos anos.

— O prazer é todo meu. — Nico disse, o tom de sua voz o surpreendendo.

Percy não podia negar, aquele tom era algo bem mais amoroso e amável do que Nico tinha usado com ele. Isso o surpreendeu ainda mais quando, ao contrário do que ele pensava, Nico se ajoelhou até ficar na altura das crianças e segurou nas mãos delas, sorrindo gentilmente enquanto falava: — Espero que a gente possa se divertir.

— Você vai me levar pra escola? As babás sempre fazem isso. — Logan falou.

— Vai ajudar a gente com o dever de casa? — Alice completou.

— Sim, vamos fazer isso e muito mais.

— Você não devia estar na escola? Quantos anos você tem? — Alice voltou a dizer, parecendo desconfiada.

— Eu tenho vinte. E você?

— Onze. Meu irmãozinho tem sete.

— É verdade! O papai vinte e nove. Mamãe, trinta e um! — Logan falou animado como num jogo. Quem falasse mais rápido, ganhava.

— É muito bom saber. — Nico sorriu e Percy não pôde deixar de sorrir junto.

Ele bagunçou os cabelos de Logan e sentou na cama enquanto continuava a observar a forma leve e fácil que Nico falava com as crianças.

— Você… estuda? — Alice perguntou.

— Não, estou juntando dinheiro para pagar a faculdade.

— Você mora na cidade? — Foi a vez de Logan.

Percy viu Nico sorrir ainda mais, um sorriso tão aberto e angelical que ele tentou disfarçar o interesse enquanto Nico continuava respondendo às crianças sem hesitar. “Não, eu moro mais para o interior, há uma hora da cidade. Sim, tenho quatro irmãos, duas garotas e dois garotos. E sim, tenho namorado”.

— Por que tantas perguntas? — Nico perguntou depois de um tempo.

— Estamos ajudando o papai! — Logan contou a ele, sentado ao lado de Nico no chão junto com a irmã.

— Quando a gente pergunta, as pessoas mentem menos. — Alice acenou, confirmando.

— Quem já mentiu?

— A última babá. Uma mulher de vinte e cinco anos.

Percy sentiu vontade de se estapear e sair dali de fininho bem no momento em que Nico se virou para ele e levantou a sobrancelha, claramente lhe questionando quanto a isso. Ele deu de ombros, fingindo que não sabia de nada e se ajeitou na cama, disfarçando com o celular na mão como se ele lesse algo muito importante. Nico se voltou para as crianças, mais uma vez prestando atenção no que elas diziam, mas… é… Percy podia ver um leve rubor subindo pelo pescoço de Nico, parando em suas altas maçãs do rosto, dando a Nico uma tonalidade ligeiramente mais escura.

— Acho que por hoje foi o suficiente. Quem está pronto para ir para a escola?

Surpreendentemente, não era Percy quem tinha dito isso. Tinha sido o próprio Nico, já entrando em modo de cuidador infanto-juvenil. Tudo pareceu tão natural que Percy se pegou acatando a ordem de Nico. Ambos ajudaram as crianças a pegarem as bolsas, livros e garrafas de água, cada uma delas pegando nas mãos de Nico e o puxando para a porta de entrada, descendo as escadas e parando na câmara de entrada.

Se sentindo satisfeito, entregou as chaves do carro nas mãos de Nico e disse: “Divirta-se!”

— Você não deveria…?

— Você não sabe dirigir?

— Não é isso!

— Então, está resolvido. É o Jeep preto.

Sendo arrastado pelas crianças, Nico fez uma careta engraçada para Percy e ele se viu novamente os seguindo enquanto as crianças continuavam a arrastar Nico pela casa. Eles deram a volta na casa, passaram pelo jardim, e atrás dela onde havia um longo jardim estavam os carros, um conversível que Percy tinha ganhado de presente em seu aniversário de dezoito anos e um Jeep, um monstro de quatro portas com rodas que ele amava dirigir, quase mais alto do que ele próprio.

Percy indicou o carro para Nico e prestando atenção no rosto de Nico, se sentiu ainda mais satisfeito. Nico parou no lugar e ficou um tempo admirando o carro, seus olhos bem abertos com uma expressão tão surpresa que o deixava ainda mais bonitinho.

 Nico balançou a cabeça e olhou para ele, parecendo vencido pelo cansaço.

— Vamos, destrave o carro. — Nico fez, é claro. Nico apertou o botão e assim que o alarme foi desativado, Percy abriu a porta para ele e então pegou as crianças, as colocando no banco de trás e ajeitando o cinto de segurança para elas.

— Você consegue subir?

Nico acenou, deu um impulso para frente e caiu de cara no banco do motorista, todo desajeitado. Percy teve o impulso de o ajudar, mas como Nico não tinha reagido bem antes quando ele tocou no ombro dele, Percy parou antes que Nico interpretasse aquilo de forma errada. 

É, parece que ele teria que comprar outro carro para eles. Um… que fosse mais rebaixado? Era uma boa ideia.

Percy enfim bateu a porta do carro, acenou para eles e só entrou para dentro da casa quando Nico de fato mostrou saber dirigir, continuou observando o carro se afastar até que Nico fez uma baliza para completar o retorno em direção à saída. Parece que as coisas seriam mais interessantes do que Percy pensava.

Capítulo VI

— Sem correr, por favor. — Nico murmurou sabendo que as crianças já estavam muito longe para escutarem.

Felizmente o dia tinha passado sem muitos problemas. Depois daquela apresentação calorosa, ele tinha deixado as crianças na escola e sem nada para fazer lhe restou voltar para a casa do Sr. Jackson. Foi apenas quando Nico se viu parado na ampla sala de estar que encontrou um bilhete em cima da mesinha de centro:

“Nico, preciso que você cuide das crianças essa noite. Pago horas extras. Espero que você não tenha problemas. Desculpe o aviso tardio. Estarei em casa até as 17hs se você tiver alguma pergunta.

Percy Jackson.”

Percy Jackson só podia estar brincando com ele, certo? Era seu primeiro dia e o cara já pensava que ia o fazer de escravo? Que família mais estranha! Pelo jeito, Percy Jackson era do tipo que ficava preso no quarto por horas e a misteriosa senhora Annabeth Chase era pior ainda, ela nunca estava em casa e ainda por cima parecia praticar abandono maternal. Era até engraçado, ela o contratava e nem estava em casa para explicar as coisas enquanto que ele tinha que aguentar o marido bipolar dela? Mas estava tudo bem, como sempre. Iria ficar, de qualquer forma.

O problema real apareceu quando Nico foi para a cozinha naquela tarde em busca do almoço se deparando com uma geladeira cheia de comida, sim, porém toda a comida ali estava crua. Ou estragada. De fato, parecia que ninguém abria aquela geladeira há meses. E já que ele estava ali, por que não?

Respirando fundo e se sentindo meio enjoado, Nico enfiou a cara dentro da geladeira e começou a tirar tudo o que tinha cheiro ou aparência suspeita, hortaliças, verduras, legumes e até um pedaço de carne que parecia ter uma coloração diferenciada. No fim, deu um saco de lixo gigante, cheio até a boca que exalava um odor fétido, havendo muito pouca coisa que poderia ser usada. Ele tinha algumas possibilidades, é claro; ou passava a tarde fazendo uma sopa, ou poderia comprar comida. E como Nico era o único que iria comer, ele achou melhor comprar alguma coisa por enquanto. Dessa forma, ele pegou novamente as chaves do carro e saiu antes que ficasse tarde demais. Na volta trouxe um pouco de arroz cozido, legumes, carne assada e uma saladona que poderia ser dividida com mais três pessoas. O bom era que ele tinha chegado bem há tempo do almoço, quase passando das treze horas.

Foi assim que Nico passou sua primeira tarde na casa dos Chase-Jackson, lendo um livro sobre literatura, comendo devagar e depois explorando o resto da casa, ele até achou uma piscina no quintal mais à direita da propriedade enquanto esperava pacientemente até que a hora de pegar as crianças chegasse. E quando essa hora finalmente chegou, ele pegou as chaves do carro, se lembrando da comida que tinha sobrado na geladeira e bem embalada em seus potes. Então, Nico decidiu, o Sr. Jackson também merecia um pouco de comida; quer dizer, o homem não podia ficar o dia inteiro dentro do quarto sem comer, podia?

Ele fez um prato caprichado para o chefe, bateu na porta e colocou o prato com a bandeja no chão. Sem olhar para trás, se virou e desceu escadas indo direto para fora da casa em direção ao carro, felizmente chegando à escola das crianças antes delas saírem. Não demorou muito e veio aquele mar de estudantes, todos apressados para irem embora. 

Quando menos viu, Nico foi atacado por mãos e braços que se fincaram nele de uma forma que não seria possível se soltar.

— Você veio!

— Eu não devia? — Perguntou confuso a Logan.

— As babás sempre chegam atrasadas. — Alice completou a fala do irmão. — É chato ficar aqui esperando. Será que é tão difícil chegar na hora, sabe?

— Eu entendo. Comigo vocês não precisam esperar.

Contentes, as crianças seguraram em sua mão e andaram com ele até o carro, com a ajuda dele se sentaram no banco de trás sem parar de falar; até Alice que naquela manhã pareceu ser quieta agora gesticulava e contava de seu dia. Nico fez o melhor para prestar atenção no que elas diziam e acenar nas horas certas, preferindo prestar atenção ao dirigir pela cidade, logo entrando no condomínio. E Agora? Agora ele tentava acompanhar o ritmo delas. No momento em que chegaram em casa, Nico as ajudou a sair do carro e logo que elas se viram livres, lhe deram um abraço apertado cada uma e ambos correram pelo jardim, já subindo pela pequena varanda e passando pela porta da frente.

E, ele, num rompante de energia correu atrás das crianças, levando consigo suas mochilas e lancheiras, ouvindo elas conversarem dentro da cozinha, essa cena o fazendo lembrar que elas não teriam nada para comer.

— Nico! Nico! Estou com fome! — Ele ouviu uma delas gritar.

— Você sabe cozinhar? — A outra completou.

Admitindo a derrota, parecia que Nico no fim das contas teria que cozinhar, não?

Ele colocou a bolsa deles e as chaves do carro perto da mesa da sala de estar e andou em direção à cozinha até entrar nela; Nico já se arrependia de não ter pedido mais comida. Por mais que quisesse fugir de mais interrogatórios, ele não teve escolha. As crianças tinham sorte de serem tão fofas. O bom era que depois de passar parte da tarde limpando a geladeira, Nico sabia exatamente onde encontrar tudo o que precisava; legumes, temperos e verduras, indo direto ao armário e pegando uma panela. Ele a encheu com água e a colocou no fogo, tentando disfarçar de frente para o fogão, simulando que estava ocupado apenas para não ter que encarar esse suplício.

E sinceramente? Ele já estava ficando cansado disso.

— Nicoooo… onde você aprendeu a fazer isso?

— Foi seu papai que te ensinou?

Ele já disse que estava cansado disso? Nico sabia como crianças podiam ser curiosas e ter mil perguntas. Mas isso ia além de pura curiosidade, era a obra de um ser feito inteiramente de crueldade. Entretanto, algo o fez parar no meio do caminho em direção a geladeira. Ele se virou em direção a Logan e viu como o garotinho mostrava a maior expressão de inocência que ele já tinha visto. Seus olhos verdes-azulados iguais aos do pai e cabelos loiros devendo ter herdado da mãe, cintilavam como raios de sol que reluziam intensamente em sua direção. Sim, Nico não pôde mais ignorá-lo. Parou o que fazia e levantou a cabeça, a última pergunta lhe pegando de surpresa.

Nico sorriu e em seguida abriu a geladeira, tirando todos os legumes que precisaria; batatas, cenouras, alho, cebola e coentro. Alguns pimentões também e chuchu para tornar tudo mais saudável.

— Por que o meu pai? — Nico teve que perguntar. A pergunta era específica demais para ser coincidência.

— Papai ensina tudo pra gente! — Logan disse. Seu rosto expressivo, orgulhoso de contar isso para ele.

— E sua mãe?

— Ela nunca fica em casa. — Dessa vez foi Alice que respondeu, desviando a atenção do celular que ela segurava. Alice deu de ombros e voltou a seu aparelho, embora ele soubesse que Alice prestava até mais atenção que Logan.

— Ah. — Ele disse. Pelo menos isso parece ter freado a sequência de perguntas intermináveis que eles insistiam em disparar.

— Você gosta da sua mãe? — Alice perguntou.

Nico olhou pelo canto dos cílios e viu que dessa vez não era o tipo de pergunta para arrancar informações dele.

— Ela é uma das melhores pessoas que eu conheço. Me ensinou a cozinhar e a estudar. Cuidar da casa e dos meus irmãos.

— E seu pai? — Logan quis saber.

— Ele… ele fez o melhor que pôde. Me ensinou a cuidar da terra e a ter respeito por todas as coisas vivas. Mas ele pode ser violento quando provocado.

— Que nem a mamãe e o papai?

— Logan! — Alice o repreendeu. Ela colocou a mão na boca do irmão e tentou sorrir para Nico.

— Entendo. — Nico disse depois de um tempo, sabendo exatamente o que Logan queria dizer com isso. Quando o silêncio se tornou desconfortável, completou: — Esse vai ser um segredo só nosso.

Felizmente após essa revelação as perguntas pararam completamente. Nico voltou para o fogão e vendo que a água estava quase fervendo, descascou rapidamente os legumes. Fritou o alho e a cebola, juntou com os pimentões e colocou tudo no panelão, esperando que a mistura cozinhasse adequadamente e o caldo engrossasse um pouco. Lidar com crianças era sempre estranho e apesar dessas crianças terem tudo o que qualquer pessoa poderia querer, se sentia mal por elas. Elas pareciam tão solitárias e conformadas com isso, como se fosse tudo o que poderiam ter, o fazendo lembrar de sua própria infância. Agora ele sabia que poderia ter muito mais se quisesse, sentindo o impulso de mostrar que eles podiam ter isso e muito mais também.

Só tinha um detalhe, ele não era o pai deles e não cabia a ele se meter no que não era de sua conta; Nico tinha que se lembrar disso, sabia que o Sr. Jackson era o responsável por todas essas perguntas que as crianças insistiam em lhe fazer e ele não tinha o direito de descontar nelas ou influenciá-las dessa forma. Assim, enquanto a sopa não ficava pronta, Nico foi até a mesa, sorriu para Logan e Alice e se aproximou até estar na altura deles, beijando cada um nos cabelos, tentando passar tranquilidade e afeto.

— Então, o que vocês querem fazer? Dever de casa?

— Vamos jogar 10 perguntas!

Logan não tinha jeito, ele sempre seria o filho do papai.

— Boa tentativa. — Ele apertou o nariz de Logan e Logan gargalhou, tentando afastar as mãos de Nico. — Vamos, vai ser rápido. Você não precisa de ajuda? Vou fazer com você.

— Vai mesmo? Papai nem sempre tem tempo…

— Certo. Se levante. Você também, Alice.

— Eu não sou uma criancinha que precisa de ajuda.

— Ei! — Logan, reclamou, cruzando os braços.

— Sem exceções. — Foi tudo o que ele disse antes de abaixar o fogo e se encaminhar para fora da cozinha.

Logan foi saltitando atrás dele e, a Alice, só restou revirar os olhos e os seguir até a sala de estar onde eles espalharam os cadernos e livros sobre a mesa de centro enquanto Nico os fiscalizava. Foi estranhamente agradável, as crianças fizeram todo o dever de casa e ainda tiveram tempo para assistir um pouco de televisão antes de voltarem para a cozinha.

No fim, a sopa tinha ficado melhor do que Nico se lembrava, a receita de sua nona nunca falhava ou era o que ela costumava lhe dizer. Ele foi até o fogão, o desligou e inspirou o aroma apetitoso e fragrante, levou a panela até o centro da mesa, colocou três pratos na mesa e serviu porções generosas. Sentia que deveria esperar pelo dono da casa, entretanto, como o Sr. Jackson já devia ter saído, seriam apenas ele, as crianças e o sofá confortável na sala de estar. O que ele não se importava; a companhia delas sempre seria melhor do que a daquele homem que ficava o tempo o encarando, seu olhar inquisitivo fazendo algo dentro de Nico se remexer inquietamente. Sua pele esquentava e a base da sua nuca formigava por horas. Então, essa ansiedade, diferente de qualquer outra, lhe tomava de uma forma que o forçava a levantar ou fazer algo útil com as mãos. Por isso, tardes como essas fazia bem para seu coração, sua ansiedade se mantinha em níveis normais e ele podia relaxar mesmo que em meio as milhões de perguntas que aqueles pestinhas insistiam em fazer.

— Nossa! Isso tá tão gostoso!

— Está mesmo. — Alice concordou com Logan. Ela assoprou devagar e tomou mais uma colherada, gemendo de prazer.

 Nico sorriu satisfeito com o elogio. Era bom saber que alguém ainda gostava do que ele fazia.

Capítulo VII

— Nico? Nico? Está na hora de ir pra cama. — Nico escutou alguém chamar por ele na forma de um sussurro ao pé de seu ouvido. Na verdade, fazia tempo que qualquer pessoa usava aquele tom de voz com ele, algo cuidadoso e gentil, suave, tentando acordá-lo sem assustá-lo. Então, a mão de alguém tocou em seu ombro, pesada, porém reconfortante ao deslizar e pousar sobre suas costas, o movendo e o ajudando a levantar delicadamente do sofá.

Nico abriu os olhos devagar e dessa vez não reagiu como ele próprio esperava. Era o sr. Jackson, é claro, em um terno negro de grife e cheirando tão bem que Nico se viu inclinando em direção ao homem, observando os cabelos escuros penteados para atrás e a barba que já crescia ralinha pinicar as pontas de seus dedos.

Como ele sabia disso? Bem… talvez ele tenha tocado no rosto do Sr. Jackson, dedilhando a pele enquanto tentava se sentar e encarar quem lhe chamava. E talvez, ele tenha mantido sua mão ali um pouco mais do que o necessário, apenas um pequeno erro de percurso, vocês entendem, certo? Era só isso. O bom disso tudo era que o Sr. Jackson pareceu não se importar; ele sorriu para Nico e estendeu a mão para que ele pudesse levantar, lhe guiando pelo meio das costas enquanto andavam pela casa. E Nico, com a maior cara de paisagem que foi capaz de fazer, enfim sentou direito no sofá e o seguiu, fazendo seu melhor para fingir que nada estava acontecendo. Agora, porque esse homem vivia lhe pegando nessa situação, Nico não sabia explicar.

— Cama? — Nico murmurou enfim. Ele coçou os olhos e tentou pensar em que cama seria essa.

— Já são duas horas da manhã. Me desculpe, a reunião durou mais do que eu pretendia. E obrigado pela comida.

— Ah… então eu… eu acho que vou indo.

— Não, você pode usar o quarto de hóspedes. Por favor.

Sr. Jackson não deu nenhuma outra desculpa ou tentou explicar porque Nico devia dormir ali. Não, o homem apenas afirmou como se fosse obvio que ele iria obedecer. E pronto, simples assim, as coisas estavam resolvidas. Nico pensou em discutir, em dizer que eles não deveriam fazer isso, mas… mas ele sabia que as coisas seriam mais fáceis se ele apenas aceitasse e já que Nico não tinha direito de escolha, deu de ombros; afinal, o que de mal poderia ter em dormir uma noite fora de casa? “Isso. Não tem problema”, ele voltou a pensar. Nico teria que acordar cedo e estar ali às sete, então… só dessa vez… só dessa… não tinha problema. Certo?

Sentindo o corpo mole, deixou que o Sr. Jackson o segurasse pelos ombros e continuasse a lhe guiar pela casa.

— Você está com fome? — Sr Jackson perguntou a ele.

Nico piscou devagar, tentando pensar e se virou para ele, vendo o sorriso do homem retornando com força total.

Ah, era verdade! Ele tinha se esquecido.

— Eu fiz sopa.

— Você fez sopa? — Sr. Jackson repetiu, como se para ter certeza.

— Está na geladeira.

Tudo bem, essa nem era uma situação tão estranha assim, certo? Devia ser comum jantar com seu chefe…? Nico balançou a cabeça e decidido a não fazer mais nada impróprio, se sentou perto da bancada da cozinha, enquanto ainda sorrindo o Sr. Jackson andou até a geladeira, a abrindo. E lá dentro, como Nico havia dito, tinha um vasilhame gigante cheio de sopa de legumes e um com o resto da comida que ele havia comprado. 

Sr. Jackson claramente surpreso, pegou o contêiner e o abriu, inspirando o aroma.

— Isso são legumes de verdade? — Sr. Jackson pergunta mais surpreso ainda, percebendo que não era o tipo de sopa instantânea.

— Não é assim que se faz sopa? O senhor sabe que não tinha comida para as crianças? — Murmurou incerto.

— Nah. Temos comida congelada.

— Ah. — Nico disse. 

Sua vontade era dizer que comida congelada era horrível e nada saudável. Mas é claro que ele não disse o que pensava. Ao invés disso, observou o homem tirar um pouco da sopa, colocar em um prato fundo, o levar ao micro-ondas e depois se sentar de frente para ele, dando a primeira colherada. Quando Nico diz isso, ele não está brincando; Sr. Jackson fechou os olhos de uma forma contente e gemeu tão alto que ele parecia ter alcançado o paraíso.

— Sr. Di Ângelo , quem diria! Você é cheio de surpresas. O que mais você pode fazer?

E não é que a pergunta soava… estranhamente dúbia? Nico sentiu o sono se dissipando mais rápido que um foguete enquanto seu rosto pegava fogo. Ele não podia evitar, era algo físico, sentia a pele esquentando e suando e seu coração disparando por algum motivo. Não era sua culpa se o Sr. Jackson olhava daquele jeito para ele, o sorriso do homem parecendo… ligeiramente diferente.

— Qualquer coisa. Comida, sobremesas e massas. Minha mãe… — Ele engoliu em seco e pigarreou, sentindo a garganta se fechar por algum motivo que não podia entender. — Ela aprendeu com a mãe dela. E como minhas irmãs não se interessam… gosto de passar meu tempo ajudando ela.

Ele deu de ombros, não era algo tão incomum assim. A diferença era que ele preferia ficar em casa enquanto outras crianças corriam pelos campos brincando.

— Quantos anos você tem mesmo?

Foi o exato momento em que Nico percebeu que o questionário retornava com força total.

— Eu queria falar sobre isso com o senhor.

— Por favor, me chame de Percy.

— Certo, Percy. Será que você podia parar com esses interrogatórios? —  Nico falou com a maior seriedade que pôde. Endireitou a coluna, colocou as mãos em cima da bancada e completou, para não parecer muito rude: — Por gentileza. Se o senhor quiser saber de alguma coisa, é só me dizer. Não tenho nada a esconder.

O encarando de frente, Sr. Jackson, quer dizer, Percy, colocou a colher sob o prato e se inclinou para perto dele, ficando um pouco perto demais.

— O que foi? — Nico teve que perguntar.

— Tudo bem. Vou pedir que as crianças parem. Mas você tem que ser sincero comigo.

— Certo…?

Ele viu Percy respirar fundo e não pôde acreditar no que escutou em seguida:

— Como você encontrou o anúncio? Você estuda? O que pretende fazer no futuro? Como tem tanto jeito com crianças? Quantos anos você tem? De onde sua família vem? E sobre--

— O-o quê? Espera aí! Eles não te deram essas informações?

— Me dar informações? Eu nem sei quem são eles!

— Oh. — Agora ele entendia.

— Eu não tive escolha! A garota que limpava a casa pediu demissão, logo depois da babá ser despedida. Eu não tive escolha mesmo. Você sabe como é difícil cuidar de crian…

Nico colocou o braço no balcão e apoiou a cabeça nele, observando meio fora do ar Percy bufar irritado, tentando não rir na cara do homem e só quando teve certeza que Percy tinha terminado, respondeu:

— Então… tenho vinte anos. Estudo direito na faculdade comunitária aos fins de semana e trabalho durante a semana para pagar minha faculdade desde os dezessete.

— Oh. — Foi a vez de Percy murmurar.

— Minha família é da Itália, viemos para cá quando meu avô paterno morreu há alguns anos e como meu pai não tem irmãos, ele tomou responsabilidade pelos negócios da família.

— Ele não devia pagar sua faculdade? — Percy disse.

— Nós… a gente não se dá muito bem. Ele acha que fazer direito é perda de tempo.

— Vejo que você gosta de crianças…

 Nico deu de ombros mais uma vez.

— Eu ajudava minha mãe em casa. Crianças são… puras e elas não mentem. São melhores companhias que muitos adultos.

Depois disso… Nico não tinha certeza de mais nada. Sr Jackson, quer dizer, Percy, continuou tomando sua sopa enquanto que Nico apenas ficou ali pensando que, no fim, Percy tinha um motivo para agir daquela forma, esperando por Percy terminar seu jantar. Ele sabia que não precisava esperar e até sabia onde ficava o quarto, Nico só… só não queria se mexer, sentindo aquela sonolência retornar. Era mais interessante ficar onde estava, sentindo o sono voltar minuto por minuto a ele, parecendo quase hipnótico o movimento que Percy fazia com a colher, a levantando e baixando, até que o prato estava vazio e Percy tinha se escorado no assento do a cadeira.

— Você sabe que amanhã é sábado, não sabe?

— É? — Ele tinha esquecido completamente.

— E nessa casa ninguém acorda cedo no fim de semana.

— Hmm.

— Então, se você quiser tomar um banho e dormir até o meio-dia…

— Oh. Certo.

Nico parou de olhar para as mãos de Percy e levou a vista para seus olhos em seguida. Ele estava confuso… Percy estava lhe convidando como um hóspede? O homem parecia tão diferente de antes que parecia ser uma pessoa totalmente mudada. Nico não sabia se gostava disso, dessa mudança rápida, e ainda continuava sem saber se era correto uma pessoa que prestava um serviço dormir na casa de seu empregador.

— Eu não tenho roupas.

— Vou te emprestar algumas. Olha, não posso te deixar sair uma hora dessas. Então, seja um bom garoto e me obedeça, sim?

Assim, Percy se levantou, lavou o próprio prato e na saída o puxou pela mão. Nico se viu sem escolha além de segui-lo feito um cachorrinho sonolento, como se fosse guiado pela coleira, todo obediente e sem dizer uma palavra sequer.

Obrigada por ler!


Tags
4 months ago

SITTER'S LOVE - Nico!Babysitter, Percy!Teacher-father - Chapter X, Chapter XI, Chapter XII e Chapter XIII

Hi, how are you? Today we have a few more chapters, over six thousand words. I hope you enjoy it.

Previous chapters: CHAPTER I / CHAPTER II / / CHAPTER III, CHAPTER IV e CHAPTER V / Chapter VI e Chapter VII / Chapter VIII e Chapter IX

Chapter X

A few chapters earlier…

“It’s the least I can do,” Percy said, forcing Nico to accept the money. He saw Nico’s face tighten, creating a cute grimace.

He couldn't help himself. Percy swore he tried to stay serious to show that his intentions were honest, but just looking at Nico made him smile. The little boy was so innocent that Percy almost couldn't resist the urge to pinch those cheeks that seemed to have a redder tone than normal.

No, that wasn't what he meant. No, it was about the money; the right thing to do was to replace what Nico had spent.

"Sir, I can't--”

“Actually, where did you buy that food? It must have been very expensive.”

Nico didn't answer him, he just took another step back and staggered. The boy closed his eyes and took a deep breath, probably not even realizing what he was doing, because while Nico was walking backwards he accidentally got closer to Percy, almost leaning against his chest. Nico crossed his arms and hesitated, tripping over his own feet.

"Nico? Are you okay?" He worried.

Giving up on respecting Nico's space, Percy grabbed him by the shoulders, keeping him standing, finding his attitude strange.

"I'm sorry. I have to go.”

"You're not even going to tell me where you bought the food?" 

And what was he sorry for?

"I… went… went to a restaurant… that sells homemade lunch boxes… in the city center.”

Percy paused for a moment, afraid to let him leave in this state, and asked, "Do you need a ride?"

Nico nodded, but he remained standing where he was. He didn't pull away from Percy for touching him without permission or blush, nor did he say a word. Nico didn't even seem to be breathing. It was when the boy collapsed in front of him that Percy's heart nearly jumped out of his throat. If it weren't for him being so close, Nico would have hit his head on the edge of the table.

“Dad!” Percy heard Alice scream and a whimper came from Logan. They rushed around the table and helped Nico sit in the chair, carefully supporting him against the back.

"Dad. Nico isn't breathing! He's not breathing!”

"Is he going to die?" Logan said and Percy for a moment didn't know what to do.

He tried to touch Nico's face, shook him gently, and even patted his pale cheek twice, but nothing happened. Nico remained motionless, passed out in his arms, growing a little paler than before, looking like he would stay that way. Then, in a flash, Percy remembered that Tyson, his younger brother, had had an asthma attack as a child; one of the few things that had helped was talking to him and encouraging him to breathe, calming him down, if Percy could.

"Stay calm, okay?" Percy told them and, contrary to what he wanted to do, he stood up with Nico and hugged him, keeping their chests together.

"Nico, pay attention to me. Can you hear me? Breathe with me.”

Percy grabbed the back of Nico's head and kept his back straight as he breathed as slowly as he could, trying to set an example. Nico looked like he was in pain, a grimace fixed on his face, but his mouth was open struggling to breathe. Relieved, Percy held Nico's neck up for better oxygenation and massaged his back, whispering softly so the boy wouldn't be startled. His skin was so cold and sweaty that Percy feared the worst. When Nico finally took a deep breath it was like a weight had been lifted off his back.

“Again." He said.

Nico obeyed like the good boy he was, taking a long breath and then letting it out even more slowly. Of course, it was at that moment when he thought the danger had passed that Nico just… relaxed, relaxed so much that his head rested on Percy's shoulder and his body leaned completely against his. Well, leaning wasn't the best word to describe it. It was more like collapsing, as if someone had cut the strings of a puppet and it had fallen, just like that, lifeless.

Percy held Nico’s face again and only then did he calm down, seeing that Nico was breathing normally and the grimace of pain had disappeared, replaced by one of happiness and contentment.

“Daddy, is he going to be okay?” Logan asked beside him once more, his childish voice sounding scared.

"Shhh… don't worry. Everything is okay now.”

***

“Do you feel better?” Percy sat up in bed with Nico and finally saw him opening his eyes. Nico seemed a little dazed and slow, looking around, but at least Nico was moving, leaning gently on his shoulder, his small hands around Percy’s neck, limp and lifeless.

Percy couldn't resist the temptation and touched Nico's face, turning him towards him. Nico didn't seem to mind the contact, and in fact, he lowered his face and rubbed himself against Percy's hand, like a needy kitten. The important thing was that it had worked, Nico was now looking at him and seemed more attentive, although he hadn't completely returned to normal yet. Percy adjusted him better and held his back, not letting him look away until Nico answered him.

"Hm." He finally said.

Well, it was more like a mutter, almost soundless. Nico looked tired, without the energy to even hold his head up. Percy wanted to ask if this was common, if he often fainted or had panic attacks. But right now, he just wanted Nico to be okay. Nothing else mattered.

"Do you need anything? Water? Pain medicine?”

Nico just blinked at Percy with those big black eyes and continued to stare at him. He licked his lips and settled himself on Percy's lap. Slowly. Distracted. Slow. He would say, even lazy.

Was that… a blush appearing on his face?

"I… I'm fine. I'm sorry. I have--”

"You don't need to explain yourself.”

“I want to.”

He nodded, letting Nico speak.

"When I was eight, I had a panic attack and was diagnosed with GAD, Generalized Anxiety Disorder. I'm always anxious, but I can usually control it without it interfering with my work. It's been years since that happened. I... I'm so sorry. Routine and feeling stable helps. I'm really sorry. I know I should have told you.”

"It's okay. It wasn't your fault.”

"No, it’s not that. I recently came off the meds. The doctor told me I would be able to control it. It’s just that…”

"What happened?" He asked curiously. Nico was like a box of surprises.

“I've been more nervous than usual. It's just... well... the change in routine…”

Percy understood exactly what he was talking about.

"I understand. I'm sorry if I caused this. It won't happen again.”

But wouldn't he? Percy worried about himself, that maybe he wouldn't be able to control himself, and about Nico, too. What if something happened while he was driving? What if it was when Nico was walking home alone? Did Nico have someone to look after him? Someone who would come to his rescue if he needed it? What if…

Percy snapped out of his thoughts when Logan and Alice entered the room. Logan was crying, his big green eyes puffy while Alice just watched attentively and quietly, both trying to smile at Nico.

Nico smiled back and he could finally breathe a little easier.

"Okay, you can rest now." He murmured when he saw that the children weren't going to say anything and Nico was almost falling asleep. "Do you have your cell phone? I'll let your family know.”

“Oh.” Nico said. He frowned, but soon raised his head.

Nico looked at Percy, stared at him closely, and then gave him the most beautiful, happiest smile Percy had ever seen.

"It's in my bag.”

And so, in the middle of the sentence, Nico closed his eyes and Percy felt as if something inside him was being stirred and rearranged in a way he didn't know was possible, but which seemed like a good change, even if painful.

Chapter XI

Percy placed Nico on the pillows, covered him with the blanket and stayed by his side for a few more moments until he was sure that the little boy was okay. Percy just watched him, his breathing calm and his face content, nestled against the sheets of his bed.

What was he doing? Why had he brought Nico to his room? Why did he keep acting so irresponsibly, like a teenager meeting his first crush? Percy knew it was a bad idea, he had known it from the moment he looked at that small, defenseless boy. Now he was sure, Nico really was defenseless, as vulnerable as a flower in the middle of a battlefield. He should--

"Daddy, is he okay?" It was Logan who asked once again. Apparently, Percy wasn't the only one who was getting attached.

No, really, he wondered: how had they become so attached to Nico in less than a week? How had this happen? Percy shook his head and decided, there was no point in thinking about such things now. It was too late.

He took the children's hands and smiled at them, leading them downstairs.

“Dad, what happened?” Alice said. She was quieter than usual, her voice almost a whisper, clutching her phone between her fingers like it could save her life.

“Nico has a disease,” Percy told her. “A type of intense anxiety. That’s why he’s so calm. If Nico gets too stressed, something like this could happen again.”

"Can anxiety do this to someone?" She asked.

"Yes. There are different levels of anxiety. Everyone has some, it's normal. When this anxiety prevents you from doing something or makes you feel sick, it is considered an illness.”

"Ah." It was Logan's turn to murmur. He had stopped crying and was now sitting on the couch with his legs up and his head resting on his knees, hugging himself.

"Do we have it too? Sometimes… I don’t feel so well." Alice confessed.

"Do you want to talk about it?”

She shrugged. 

“I mean, there’s so much to do, and exams coming up… I’ve got fencing and running, and all these exams piling up. It’s hard sometimes. I didn’t think it was anything unusual, you know? It’s always been like that. I feel like I’m going to explode sometimes.”

Percy looked at his daughter and once again felt useless. How had he never noticed this? And how had the subject only come up because their nanny had been sick? He… he was the worst father.

"It's okay, honey. We'll figure it out. Don't worry.”

He approached Alice and hugged her tightly, feeling a lump in his throat. She gasped slightly and hugged him back with all the strength an eleven-year-old could muster. Percy pulled Logan into the hug and they stayed like that for longer than they could count.

"I want you to know, you can tell me anything. It doesn't matter what it is.”

Percy heard a couple of sniffles and closed his eyes, trying to control himself. He promised himself that he would be a better father from that moment on.

***

"Come on, kids. You stay here. I'll be right back.”

And just to be sure, Percy gave each of them a tight hug before walking away. They had barely moved, watching a movie on television, but they hugged him back now with happy expressions after lunch and all the drama had passed.

He walked up the stairs, heading towards his room, and stopped in front of the door before going inside. These were the types of situations Percy least liked to face, the ones where he would be forced to be the adult one and ask the right questions. Straightening his spine and giving in, Percy couldn't prolong himself any longer than he already had; how much longer would Nico need to sleep? The morning had already passed and the afternoon was coming to an end with the sun setting on the horizon and he was still there, standing in the middle of the hallway like an idiot, avoiding what was of vital importance.

Percy pushed the bedroom door, which was half-open, and stepped inside, in his own room, where he definitely shouldn't have taken Nico to. He walked over to the bed and without making much noise, sat on the edge. Nico was there, of course he was. He was snoring softly on his back and holding the pillow against his chest, the blankets were thrown onto the floor and the lower part of his belly was exposed, making Percy notice the sparse hair that continued in a trail towards his pants... Percy closed his eyes for a moment and concentrated. He didn't understand why this boy affected him so much, to the point of awakening these feelings that he thought were buried, especially for someone so young that could be mistaken for his son.

Even knowing all this, Percy moved a little closer and placed his hand on Nico's head. First on his forehead, making sure he didn't have a fever and then, as a passing thought, he stroked his soft, long, slightly wavy black hair, combing it back so he could see his beautiful, flushed face. But Percy was a man of his word and before he could give in to temptation and do something he would regret, he moved away enough to avoid contact between them and called for Nico, touching him on the shoulder until Nico opened his eyes, heavily, as if he were going to fall asleep once more.

"I spoke to your parents.”

"Hm?" Nico murmured, blinking slowly. He rubbed his eyes and sat up in bed, staring straight ahead as if he saw nothing, and then the boy looked at him, his gaze a little lost. Something happened next, because Nico smiled at Percy, one of the sweetest expressions he had ever seen, Nico stretched out one of his hands until it rested on Percy's, which was resting on the bed.

"Thank you. With all my heart. I don't know how to thank you. You didn't have to.”

Percy swallowed and nodded. Okay. Nico was grateful and seemed to have recovered from his crisis. Was this the time to ask more questions? Try to provide some assistance? Take him to a doctor?

"You don't have to look at me like that. I promise I'm fine. It's the endorphins. My bad mood will come back soon. Don't worry.”

"Are you sure? Your mother sounded worried on the phone.”

"She worries too much. And I'm sorry about my dad.”

The fact was that Percy had not mentioned anything about the honorable Mr. Di Angelo. Let's just say it was better not to comment on him.

Nico shrugged and dragged himself out of bed, stretching and lounging as he went, as if he’d just taken a mid-afternoon nap. This time, he didn’t stagger. He searched for his discarded sneakers in the doorway of the room and turned to Percy, now looking uncertain.

“Everything is fine?”

He wanted to say yes, he wanted to pretend nothing had happened. But... what if the same thing happened again and he was the one causing these crises?

"Nico, sit with me. Please.”

"What? It was nothing.”

"I'm asking you.”

Nico huffed and his shoulders slumped forward. The important thing was that he did what Percy asked. Nico walked slowly over to him and sat on the bed, staring at him and paying attention.

“What happened today was very serious. Do you know that you stopped breathing? That you fainted and almost hit your head?”

"Well…" Nico looked away and stared at his own hands.

“Tell me.”

"It's happened a few times over the years. It was an accident. I forgot to meditate and then I ended up maybe a little bit tense and overwhelmed. Mentally. Psychologically. Sometimes… It's hard.”

It had been exactly what Alice had said, that it was difficult.

"Does meditation help?”

"Most of the time. It’s about self-knowledge and control. Not letting yourself be carried away by any emotions. It’s about accepting that we have limitations and trying to deal with problems instead of… running away from them.”

"So, that's it? You were running away?" Percy asked, curious.

"I'm not running away anymore." That's when Nico raised his head and looked him in the eyes, biting his lip. "I'm not going to do anything about it, but I'm not going to run away from it either.”

Hmm… was that really what he had heard? Nico was saying that…

Without really paying attention to what he was doing, Percy leaned towards Nico while Nico simply continued to stare at him, his dark eyes opening wider and his pupils dilating comically; Percy felt like laughing and teasing him just a little bit more… just…

“That’s not what I meant! I—I have a boyfriend!” Nico practically squeaked, though Percy could see Nico’s lips twitch in a suppressed smile, widening without his consent. “I mean that I’m not going to let these… these feelings control me anymore.”

Percy knew very well what those feelings were.

"If this happens again, what should I do?”

"Just… talk to me? Don’t let me get hurt? It worked well.”

“Just that?”

"You don't need to worry, it won't happen again. I mean... if you want to fire me, I'll understand.”

"It’s not necessary.”

Nico smiled at him and Percy finally let his tiredness get the best of him. He ruffled Nico's hair and stood up.

"Let's eat. Then I'll take you home.”

This way, Nico happily got up and followed him out of the room.

Chapter XII

"So, this is where you live?" Percy parked the car on the road and looked around.

From the driver's seat, he could see what Nico meant by living in the countryside. The property was surrounded by wide fences, full of trees that climbed high above the barbed wire that protected the perimeter of the property, and there was a large wooden gate that allowed a view of the land that stretched for miles.

“It’s no big deal,” Nico finally said, shrugging.

Percy watched him for a while and didn't want to accept it. He wasn't that kind of man, was he...? A man who was attracted to a boy who barely had a beard on his face? Because there he was, a man in the body of a teenager, so handsome that Nico almost seemed delicate, so vulnerable that Percy began to worry for his safety.

But there it was, he couldn't deny it, this was the sign Percy needed to see, the clearest indication that something between them had changed. 

It didn't take long for Percy to realize what was happening. He noticed it just as Nico was finishing his soup and was getting into the car. What was supposed to be a trivial joke, something to see how long Nico would continue to act like this responsible and honorable person, had become something he couldn't have predicted, because, in the end, the one who had lost was him.

Soon they were on the move. Nico had followed him down the stairs, eating while he and the children watched him closely, and just as he was leaving, Nico gave the children a tight hug as if he were saying goodbye. Then he grabbed his bag from the couch and when the children finally let go of him, he walked out of the house, Percy following closely behind, afraid that he would faint at any moment. 

Still, Percy couldn't quite pinpoint what had changed. The air around them had become lighter and, at the same time, static, with a soft electricity that emanated as the minutes passed by, something that made the hairs on his arms stand on end, forcing him to pay more attention to Nico, appreciating him in a way that had a certain... fantasy involved, he admitted, something forbidden that was so close that, if Percy really wanted, he just had to reach out and take what he desired.

Nico didn't act like he used to either, it was like he suddenly felt comfortable and didn't feel the need to fill the silence with idle conversations. The look he gave him when their eyes met the few times during the car ride was an obvious "I want you, but I'm taken." Nico didn't even try to hide it, his eyes said much more than his previous words could; which in turn made him anxious and positively physically uncomfortable. 

Percy refused to accept that. Someone having a crush on you was one thing, knowing that the possibility of it was real was another. It must be cosmic revenge, Nico doing to him what Percy had done first.

"Percy." Nico called his name and in the silence of the car, it sounded hoarse and low, something intimate, just to tease him a little more.

Percy stared at him, now paying all the attention he had to offer. Nico wasn't exactly smiling, it was more the way his eyes sparkled, as though he was hiding something behind them. His lips were also relaxed, almost showing his dimples.

"I think I have a solution for you.”

"Solution?" Did Nico have a cure for… this?

"Yes, a cook." Nico said amused.

"A cook?" He repeated.

This time, Nico actually smiled and shook his head.

"You know the restaurant where I bought the food? They always accept work. Are you interested? I have their phone number.”

"Ah." Percy muttered. He ended up smiling too, feeling ridiculous.

Nico picked up his bag from the floor of the car and took his cell phone out of it.

"I'll share their phone number. Tell them Nicollas recommended you.”

"Nicollas, is it? How charming.”

Nico blushed so beautifully that Percy was happy to know that he was still capable of causing that in him. Satisfied, he got out of the car, walked around it and helped Nico out, holding him by the waist and placing him on the ground, soon after hearing a soft thank you and a deep voice coming from inside the property.

"Nico Di Ângelo! Ah, he finally graces us with his presence.”

Percy looked at the gate and there stood a tall, muscular black man, no older than forty but who looked too young to be anyone's father. Percy only recognized him because of his rough, gruff voice, the same one he had heard on the phone and with the same Italian accent that Nico had. No, Percy was lying. Nico also had the same dark eyes, thin nose and full lips.

Percy immediately put a smile on his face and approached the gate, extending his hands in greeting:

"It's a pleasure to finally meet you.”

"It's a shame I can't say the same." Mr. Di Ângelo replied. He crossed his arms and stared at him without showing any sympathy. "Aren't you ashamed? He's old enough to be your son.”

“I think--”

“Papa! What are you saying!?” Nico practically screeched beside him. He ran forward and unlocked the gate, speaking very close to his father. Unfortunately, Percy could hear every word.

"He's my boss. He was kind enough to come to my rescue. Could you be a little more polite, please?”

"Nico. This is not the behavior I expect from you. I let you date the Solace boy, now, this… straniero? What are you thinking?”

"Papa!”

"You slept at his house!”

"He had an event and I ended up falling asleep! He wasn't even there!”

"Nico.”

"You don't believe me? Okay. But don't interfere in my life.”

"Listen here! As long as you live under my roof--”

"Really? Don't worry. Soon you won't have to worry anymore.”

"Who do you think you are, you brat!”

That's when Percy saw that things were getting out of hand. Mr. Di Ângelo raised his hand and Percy feared the worst. Before he could think straight, Percy moved and placed himself in the middle of them, being hit squarely in the right shoulder. If it weren't for Percy defending himself by raising his arm, he would have been punched right in the jaw.

"Mr. Di Ângelo. Calm down, nothing happened. I never--”

"I know very well what men like you want. Fancy cars and weak little boys. Something easy to manipulate, hm?”

The man then gave a wicked little laugh that not even he could have done better and marched into the property, leaving him and Nico open-mouthed because of his fury.

***

"What just happened?”

"Welcome to my life." Nico murmured absently. He was still staring at his father's back, watching him as the man disappeared down the dirt road and into the vegetation.

"Nico." Percy said, moved. Now Percy understood everything. He understood why Nico at that age was working instead of studying.

"Oh, did you hurt yourself? My father can be heavy-handed.”

Percy stopped and watched, feeling like he was just a spectator. He watched Nico reach out and touch his shoulder and arm, he saw the careful way Nico massaged the place, looking into his eyes, asking for permission, his expression saying how guilty he felt. He couldn't help it, Percy smiled at Nico's reaction and returned the caress, touching the little boy's black hair, thinking that although he was the injured one, Nico was the one who needed help. I mean, it wasn't even hurting. Much. Just a little.

"Ouch." It escaped before he could stop it when Nico's fingers brushed against the spot Mr. Di Ângelo had hit.

“I’m so sorry!” Nico hurried to apologize. He massaged more gently and the pain eased.

"It was nothing.”

"You should fire me! In less than a day I traumatized your children and got you beaten. What kind of professional am I?”

"Nico, really.”

"No, let's put some ice in there, okay? It'll be quick.”

So, leaving the car in the middle of the road, Nico took him by the hand and guided him to the huge house in the center of the property where Percy could hear more voices, sounds of chairs and instruments rumbling only to find a group of people standing outside it.

"Mamma!" Nico ran to where his mother was and knelt on the ground with her, hugging her tightly.

"Figlio mio! Mamma was so worried. Did they take good care of you? Let me see.”

Maria took off the thick gloves she used to work the soil and held him by his face, and only when she was sure that everything was okay did she let him go, smiling slightly, and very satisfied.

"Don't do that again, okay? Now, have you eaten? Have you had a good rest?”

"Mamma, stop it. Percy is the one who needs help.”

"Percy, hmm?" She asked with a smile, winking at Nico.

"My employer " Nico made it clear.

"What an employer, huh!”

"Mamma! Don't let Papa hear you.”

"That silly old man." Maria waved her hands in denial. "He never learns.”

Percy found that interaction funny and decided to approach them. The most incredible thing was that Maria Di Ângelo was not what he would expect from a mother who lived in the countryside. She was no more than thirty years old, with light brown skin tanned by the sun, honey-brown eyes and thin lips that were now stretched into a sweet smile, identical to the way Nico had smiled at him that same afternoon.

"Welcome. I'm glad Nico is making friends." He found those words strange, but accepted the greeting when she offered her hands. "I know it must have been a hassle to come all the way here. Thank you for taking care of him.”

"Mamma! I give up, you're incorrigible." Nico shook his head, denying it to himself, but with all the affection possible.

"And you." Nico said to him "Stay here, I'll get some ice.”

"Ice?" Maria said.

"It was a little accident--”

"Papa hit him. Can you believe it?" Nico said as he walked away, making him feel a little embarrassed, but enjoying himself more than he should in a situation like this. It was funny, it had been over a decade since he felt like he was going to meet the parents of a new girlfriend. Or boyfriend. Percy wasn't the prejudiced type.

Maria put her hand over her mouth and gasped. He had to laugh, it was exactly how Nico would act. Well, it was exactly how Nico had acted, all over the place and dramatic.

"I'm so sorry, Percy. I don't know how to apologize.”

"It's no problem. It was just a graze, nothing a good night's sleep can't cure.”

"You are very polite. Thank you for understanding. We want the best for Nico. I would like you to consider that.”

Consider… oh. Did they really think…?

"Ma'am, there's nothing to consider. I pay Nico to take care of my children.”

"Just that?" She placed her hands in her lap and looked down. "Nico is an impressionable boy. He never had many friends, you know? So when men, especially like you, show up…

“Ma’am.” Percy sighed, wearily. “Nico is too young. I would never… consider that.”

"I'm glad. As long as we can protect him, that's what we'll do. We're afraid that the worst will happen at college.”

“And what would that be?" He wanted to know.

"That I act like a slut." Percy heard Nico's voice coming from behind him and turned around. And indeed, Nico was carrying an ice pack in his hands. "Even though they know I have a boyfriend.”

“Hm.” Percy said, not commenting on it. Because at that moment, Nico didn’t seem like the innocent and shy or even vulnerable person that everyone thought he was. No, Percy could see someone who would be successful in the future, someone capable, someone who wouldn’t let anything get in his way.

He liked that.

"You want me to…" Nico showed him the ice pack and he understood.

Percy shrugged and, right there, in front of those people, took off his shirt and let Nico place the ice against the red spot on his shoulder that was starting to turn purple.

He gasped and Nico stared at him, his eyes wide and full of guilt.

“Sir…”

"I thought that had stayed in the past.”

"Percy. I'm really sorry.”

But Percy didn't feel it. How could Percy when Nico looked at him like that and touched his shoulder so gently? How could he be angry when those sweet eyes looked at him with such concern?

He heard someone clear their throat beside him, making him turn towards them. It was a little girl with curly hair the same shade as Maria and the same honey-colored eyes that lit up even more vividly under the sun's rays.

"Hi, I'm Hazel. And this is Bianca. And that's Thanatos." She smiled at Percy and indicated each person, each ranging from thirteen to thirty years old.

"Nice to meet you. "He said back, still distracted by Nico's hands that were now sliding the ice pack over his reddened skin, only now realizing that maybe they were too close.

Chapter XIII

“Nice to meet you,” Percy said. And him? Nico continued to run the ice over Percy’s broad shoulders, allowing himself to look. Maybe touch a little. What? Weren’t they so sure he was a whore? Nico was just trying to live up to their expectations.

Unfortunately, Nico had to pay attention to Hazel when she started talking and making conversation with Percy. Nico loved his sister, he really did. Hazel was his favorite person in the whole world, but Nico felt like if he didn't butt in, they'd even ask about the tenth generation of Percy's family. Nico knew he rarely brought people home, the only one being Will, so maybe they weren't so wrong after all?

It didn't matter, before the massacre could happen, Nico turned to his brothers, glaring at them.

"Yeah, everything's great. Now it's time for me to walk Percy to the door.”

"Nooo! We never have visitors. And no one is so--”

"Hazel!”

"I was going to say, generous.”

Hazel let out a soft chuckle, her eyes sparkling and he looked at Bianca, asking for help with his eyes. She shrugged, seeming to enjoy the show while Thanatos, his adoptive brother, just watched everything with a smirk on his lips.

"Percy has to stay for dinner! Dad even cooked.”

"I don't want to abuse the hospitality." Percy smiled at Hazel and something inside him turned, seeing them like this, so... comfortable with each other. Hazel practically hanging on to Percy's uninjured arm and Percy smiling, all charming, still holding the shirt in his hand.

He took a deep breath and opened his eyes again, seeing that Hazel was already dragging Percy into the house. His brothers followed them happily, of course, while his mother just laughed as happily as they did, still kneeling in the dirt, going back to making holes in the soil and throwing the seeds to fill the holes again.

In the end, Nico reluctantly followed them into the house. He followed them in, took off his shoes, and walked through the front door, leaving his bag by the foot of the door. The house was a compact but a spacious building, built in ancient times. From where he stood, he could see the entrance to the dining room, an open space that divided the living room, right in front of the exit door and next to the kitchen, with the bedrooms and most of the bathrooms located upstairs.

He didn't think much, he walked barefoot to the table where all his brothers and father sat and stopped in front of Percy. He barely paid attention to the smile on the man's face, he just took the shirt and the ice pack from his hands and went to get rid of them. He hung the shirt on the coat rack that was in a corner of the room and took the ice pack to the kitchen, putting more ice on it and returned to the room. He placed the ice pack on Percy's shoulder once more and then took his plate, putting pasta, meatballs and salad on it.

"Do you like wine?”

"Nico, it's not necessary--”

Nico wasn't really listening; of course Percy liked it, he had seen several types of drinks at Percy's house. He opened the bottle of dry wine that was on the table, poured a shot for Percy and in the other glass, he put some water, finally sitting down and making his own plate.

"Percy, do you need help? Let me…" He didn't even pay attention to what he was doing, he cut the meatballs for Percy and then, he heard a noise. Someone cleared their throat, breaking the silence that Nico didn't even realize was happening.

Nico looked up and put down his cutlery. Why were they looking at him like that? He was just helping, it had become a habit in the few days he had worked for Percy.

"Did I do something wrong?" Nico turned to Percy since it seemed like no one was going to tell him.

"Of course not, dear.”

It was his turn to remain silent, as the one who had answered him and called him “dear” had been Percy.

"I'm not your, dear.”

“That's what it looks like when you do these things.”

"Oh." So that was it?

However, Percy didn't speak to him in that ironic tone, it was more like he was trying to show Nico something without shocking him too much.

“But thank you." Percy finished.

Percy brought his hands to Nico's shoulders and squeezed gently, his smile sincere and small. Nico swallowed, of course, preferring to look at Percy rather than face his family watching them. Maybe inviting Percy in hadn't been such a good idea, maybe if he ran to his room he could escape the humiliation.

In slow motion, Nico watched Percy take the first bite of pasta to his lips and groan before swallowing, feeling something uncomfortable and warm take over his body. Fortunately, that was the moment Hades decided to interrupt the path his thoughts were taking.

"Percy Jackson, hmm? Why haven't I heard anything about you until now?”

So it was going to be like this? Straight to the point?

"I started working for him a week ago.”

Another silence fell and perhaps he was beginning to understand their reason.

"Did you know each other before?”

“No, sir,” Percy replied this time, his smile changing, becoming sharper.

No, gods! Don't say anything. Don't say anything. Don't say anything... was all Nico could think. Though he knew what was about to happen by the way Percy tilted his head, listening in disbelief to what came next:

"It must be our chemistry.”

Nico saw Hades' face turn red with fury while Hazel lowered her head, laughing discreetly. Bianca, unlike her, threw her head back and laughed like she had heard the best joke of all times.

"My little brother is finally learning. He even seems like a normal person. I'm so proud!" Bianca said happily and put her hand over her heart, her eyes tearing up from laughing so much. And Nico? All that was left was to cover his face and not burst into flames instantly.

***

"No, no! He's joking. Right?" Nico said as soon as he was sure he wouldn't die of embarrassment.

"Of course, Nico. We're just playing around.”

Someone help him, please!

"I'm sorry." It was Percy's turn to laugh. He grabbed Nico's shoulder again and didn't seem the least bit sorry, staring at him for a long moment.

Percy came closer and whispered so that no one but them could hear.

"I'm sorry. I promised I wouldn't do that again. Are you okay? I'll behave now, seriously.”

"Whatever." Nico sighed in defeat. "You always do that.”

"I won't do it anymore. It's just that you're so easy to tease. And your father is even easier, he's so hot-headed.”

"Could you please not bring me any more trouble? Could you?”

"I can. I promise. I'm really sorry.”

Percy then pulled away a little and caressed the back of Nico's neck, massaging the hair there and making him gasp softly. Nico didn't know where this gesture had come from, but he knew he shouldn't allow this to happen. Mainly because he knew Percy only did this to annoy Hades even more.

Well, that was the moment he realized his mistake; they were standing too close, whispering in each other's ears. How could Nico say that there was nothing between him and Percy when they were showing the exact opposite to his family? He had even… even taken Percy to meet them! It was like Nico was introducing his new boyfriend!

Trying to hide it, he moved away from Percy as if he had been shocked and looked at Hades. He was looking at him seriously, neither angry nor happy. There was something calculating, almost analytical in his gaze, as if his father was making up his mind, dissecting the information he had received.

"What do you do, again?”

"I am a researcher and have a master's degree from a federal university.”

"What exactly does that mean?”

"I develop theses, I do tests if necessary and I am a teacher.”

"Interesting. In what areas?”

"History, art, finance and administration.”

"Wow, that's so cool!" Hazel commented.

"So, you're a scholar. Does that make money?" Hades asked again.

"Not at first. My parents have a biophysics lab and a pharmacy. So I usually help them with the financial side.”

What was going on? His father was…

“Children?”

"Two. They love Nico.”

"Wife?”

"Technically, yes.”

W-what?

"Alright." Hades finally said.

"Everything okay? What was okay? Are you guys speaking in a language I don't understand? What's okay here?”

"Nico, I think Hades is deciding your future… again." Bianca said beside him.

"Percy Jackson!" He said through gritted teeth.

Percy just smiled at Nico and raised his hands, as if in surrender.

"Come on, don't be like that. You told me about yourself and introduced me to your family, the least I can do is tell you about mine.”

"Are you serious?”

"I am. It's no big deal. It's nice to know who's taking care of my kids. That way everyone knows what we're dealing with.”

Percy stood up, took a card out of his pocket and placed it on the table.

"In case you want to talk to me.”

This was shaping up to be one of the most awkward and embarrassing moments of Nico's life. But at least it seemed to lighten the mood. Hades relaxed back into his chair just in time for Maria to enter the room and everyone to start eating. It was like none of it had happened as the platters of food were passed around the table and more arrived from the kitchen.

Comments are welcome. See you next Monday!


Tags
4 months ago

Comment on fanfics

A few days back on AO3 I found an unfinished, two chapter spideypool fanfic that was cute and had lots of potential and was also last updated two years ago. Two whole years! And it had only three comments, all of which on chapter one, none on chapter two. I enjoyed the fanfic, despite it being far, FAR from being finished and the chance of it ever updating again anytime soon was just about zero. So you know what I did?

I wrote a damn comment. On chapter two.

And I made sure that fucker was long and had a small theory of where I think the author would take the fanfic in the future. I let the person behind the fic know that I friggin LOVED the two chapters I got to read! That I would LOVE to see more! That I’d jump out of my skin in happiness and virtually hug them half to death if I saw that they updated it.

Let me remind you this fic wasn’t updated in two YEARS! I was the first to comment on it in a year. And the first to comment on chapter two! And you know what happened today?

I got a reply.

From the author of the fanfic. And the author said how I gave them life for a project they had loved (still did) and that they were now working on a third chapter. After two YEARS of not updating. Of not writing. And it makes me so friggin happy seeing what I did. What I caused.

With a single. Damn. Comment.

All that it took for me was to think a bit about what I wanted to tell the author and the comment it. All it took was one comment. And suddenly this person was inspired to continue a fanfic they had abandoned for TWO YEARS!!

I couldn’t be happier. I couldn’t be more proud.

Comment on people’s fanfics. No matter how few chapters there are. No matter how many years have passed since their last update. Comment. You like a fanfic? Comment on it. It’s that easy.

2 years ago

Writer’s Guide to Unreliable Narrators

Writer’s Guide To Unreliable Narrators

Unreliable narrators are narrators who intentionally or subconsciously mislead the reader with their own bias and lies. I love nothing more than a narrator who deceives me. There is something incredibly charged about not being able to rely on your guide through a story. So how can we write them?

Determine What Kind of Unreliable Narrator your Narrator is.

Writer’s Guide To Unreliable Narrators

There are five kinds of unreliable narrator we see in fiction, each with their own way of leading the audience astray.

The Unstable: This narrator is usually an unstable character with problems with grasping reality or having trouble accepting it so they bend it to their own tastes. Example: Arthur Fleck in Joker & Amy Elliot Dunne in Gone Girl

The Exaggerator: the one who spins fanciful lies to embellish the facts of the story around them. Usually they embellish it in such a way to make themselves look good.

The Child: Though children can be a font of truth, they often have a way of muddling facts and being confused by certain aspects of the story they are not versed in. Example. Bran in A Song of Ice and Fire & Scout Finch in To Kill A Mockingbird

The Biased: The biased Narrator is usually an outsider. They enter the world with preconceptions of the world and/or characters around them. Usually they get disabused of their biases by story’s end but not always. Example Damen/Damianos of Akielos in The Captive Prince Trilogy

The Liar: The Liar is simply just a liar liar pants on fire. They twist the narrative and outwardly lie about their actions and the reactions of others. The liar is self-serving, usually narcissistic. Example Cersei Lannister from A Song of Ice and Fire.

How to Write Your Unreliable Narrator

Writer’s Guide To Unreliable Narrators

The thing you must remember is that your audience immediately trusts your narrator, they have no other choice. It is a given. However, it is your job to break that trust.

Allow the narrator to outwardly lie. Let them spout half truths or full out lies in the narrative. The audience will take what your character says as the gosphel until slapped with a conflicting account or detail. It provides a wham to the story that becomes a turning point. Perhaps the best example of this is Amy Elliott Dunne in Gone Girl (I recommend). She introduces herself as a sweet housewife who loves her husband despite her fears over his temper. However, in the section of the book she narrates she quickly flips Nick’s account of the events leading up to her disappearance, turning the audience on their head so fast none of us have a chance.

Allow the character to mislead your audience with the absence of details. Your story is one big chain, omit a link and the thing is useless & subject to the questioning you want to draw out of the audience. For example, Daenerys Targaryen believes wholeheartedly that the house with the red door is in Braavos. However, she vividly remembers a lemon tree outside her window and sunsine. But lemon trees cannot grow Braavos and it is notoriously damp and cold. #lemongate

Speak to your audience through the events of the story, bypassing the narrator to get through to the audience. Sometimes the best reveal that the narrator cannot be trusted is showing the audience evidence that they are either not seeing what’s happening or they are ignoring it. For example in Captive Prince, it is almost explicitly suggested that the Regent molested his nephew Laurent as a child. If one ignores Damen’s narration, the signs are there to see from Laurent’s reaction to his Uncle’s presence and in some of Laurent’s words. Damen chalks this down to Laurent being a brat and the Regent just being a villain. He has to be told despite the audience realising or at least suspecting it from the second book onward.

Play off your secondary characters. Use the characters around your narrator to disprove their account if the story and completely flip the story on its head. Usually, I trust the secondary characters when it comes to Unreliable Narrators. For example, Cersei Lannister gets her own POV in a Feast of Crows. Up until this point she has been very mercurial in her reactions in the first few books, to the point where other characters and the audience are confused about who the real Cersei is: the shrewd polictian or the wine mom with way too much faith in herself and her spawn. In truth, Cersei is incredibly paranoid about those around her and she thinks herself the cleverest player in the game. However, from others such as Tyrion, Tywin, Littlefinger and the members of the Small Council (who yes, all have a touch of misgyny to their criticisms of Cersei but really most of their points have a point since she is mad as a box of frogs) we see that Cersei tends to make enemies out of allies, assume the worst in others and make political choices to spite others or to put her faith in those who offer her little more than flattery.


Tags
1 year ago

NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO III

Oii, como vai? Capítulo na hora prometida. Nesse capitulo vamos entender mais um pouco sobre a relação deles. Devagar vai chegar lá, e desde já obrigada pela presença e apoio^^

Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II

O sinal bateu bem na hora em que Nico bocejou, levando a mão à boca. 

— Você quer ir pra casa? — Percy perguntou, parando de escrever na folha de questões sobre física, momentaneamente, parecendo pensar seriamente sobre alguma coisa para voltar a escrever apressadamente, sem desviar sua atenção da tarefa, tudo isso enquanto segurava em uma de suas mãos, como se Nico fosse sair correndo no caso de Percy não estar lá para impedi-lo. Era quase engraçado, eles sentados em uma roda de seis ou sete pessoas no chão da biblioteca enquanto ele observava Percy fazer todo o trabalho pesado.

Ele queria dizer para Percy que não estava cansado, que era só o fuso horário. Mesmo que ele tenha chegado há dois ou três dias, ainda não tinha se acostumado e mal tinha conseguido dormir nas noites anteriores, sem mencionar o clima que era bem mais ameno do que na Itália, o clima frio o fazendo ficar com sono facilmente. O problema era que Percy disse que seriam dez minutos que viraram trinta e agora, uma hora e meia depois, sentado no meio dos colegas de classe, eles resolviam as questões que o professor tinha entregado, valendo nota. Ele sabia que devia estar ajudando Percy com a tarefa, igual os outros estavam fazendo, trabalhando em pares, mas como Percy parecia feliz em escrever sozinho, Nico deixou que Percy se divertisse, observando a expressão séria e concentrada no rosto do amigo, que enfim, levantou o rosto e o encarou, sorrindo, como se apenas naquele momento tivesse lembrado da presença de Nico.

— Desculpa. Eu sempre acabo fazendo essas coisas sozinho. Não tenho paciência para ficar enrolando.

Percy estava certo. As pessoas ao redor estavam escrevendo, mas elas também conversavam em voz baixa, discretas, porém óbvias.

— Eu prometi. Vamos.

— Você pode terminar, eu não me importo.

— Eu terminei.

Percy estava certo mais uma vez, Nico espiou a folha no colo de Percy e viu que todas as questões estavam preenchidas com respostas completas.

— Você quer levar para casa e estudar?

— Não, não precisa.

Então, ele estava se levantando, Percy atrás dele, o apoiando pelas costas e guardando a folha dentro da bolsa. Ninguém pareceu vê-los sair, apenas a bibliotecária os cumprimentou na saída e finalmente eles estavam livres, o sol de fim de tarde ainda brilhava, trazendo um pouco da umidade e calor que ele tanto sentia falta. Contente, Nico deu alguns passos para fora dos corredores, indo em direção ao pátio descoberto e fechou os olhos, deixando que os raios de sol o esquentassem suavemente. É claro que logo Percy estava a seu lado, segurando sua mão, como sempre havia sido. A presença de Percy sempre acalentadora, ele até podia sentir o olhar do amigo sobre ele.

— O que foi? — Ele teve que perguntar, ainda de olhos fechados.

— Eu te mantive em cárcere privado, não foi?

— Não seja ridículo. — Nico quase revirou os olhos de impaciência, querendo sair logo dali, se contentando em passar mais alguns minutos sobre o sol.

— Não fica bravo comigo.

— Não estou bravo. — Ele quase não deu importância ao que Percy falava, Nico conseguia sentir o tom brincalhão retornando com força. Porque, no fim, o que Percy queria era atenção.

— Hmm, não. Isso não pode ficar assim.

Nico abriu os olhos e viu que sem perceber, já estavam no estacionamento do colégio. Esse tinha sido seu maior erro, porque enquanto ele estava distraído com o céu limpo e o clima agradável, perdeu o momento em que Percy o encurralou contra a parede do estacionamento e levantou as próprias mãos e… e as enfiou contra sua barriga e abdome, começando uma guerra de cócegas. Ele não se lembrava da última vez que alguém tinha tido a coragem de fazer aquilo com ele. De fato, Percy tinha sido o último, dois anos atrás, antes dele viajar para longe. Naquela época quando Nico ficava quieto por muito tempo essa era a tática favorita que Percy tinha para fazê-lo falar ou reagir; ele tinha que admitir, não sentia saudade dessa tortura humilhante, mas o contato era bem-vindo. Contraditório, não? Parecia que qualquer coisa que Percy fizesse naquele momento seria recebido de boa vontade.

— Percy Jackson! — Ele guinchou e se desenrolou das mãos de Percy, correndo para longe daqueles longos dedos incansáveis. É claro que ele não teria paz! Percy veio correndo atrás dele, gargalhando feito um maníaco e com pernas medindo o dobro das suas, Percy em meros minutos o alcançou, o segurando pela cintura.

— Ni-coo… — E tudo bem, agora que ele analisava as coisas… eles não tinham as brincadeiras mais inocentes, porque a forma que Percy o segurava apertado, costas contra peito e boca bem perto de seu ouvido… era exatamente como as coisas costumavam acontecer no passado.

— Eu te perdoo! Te perdoo.

— De verdade? Você não está falando isso para depois se vingar de mim de formas lentas e cruéis?

— Eu nunca faria isso!

— Mentiroso. — Percy disse na mesma forma doce e baixinha contra sua pele, parecendo que não iria soltá-lo tão cedo.

— Percy! A gente não é mais criança!

— Não é mesmo. — Percy voltou a murmurar e deu uma risadinha seca que fez os cabelos em sua nuca se arrepiarem. Isso é, antes de Percy o virar de frente e se aproximar mais ainda dele, encostando sua testa a dele. E talvez, esse gesto seria algo comum quando eles estavam longe de olhares curiosos, debaixo das cobertas, nas milhares de vezes que ele dormia na casa de Percy já que apenas as empregadas e Bianca estariam o esperando em casa. Quando eles eram pequenos parecia algo afetuoso e inocente, mas agora… bem… ainda parecia afetuoso. — Você quer jantar? O restaurante ainda está aberto.

Mas como ele podia pensar em comida quando eles estavam tão próximos, respirando o ar do outro? Quando as mãos de Percy estavam em sua cintura e em seus cabelos, não permitindo que ele desviasse o olhar? Quando ele o abraçava de volta? Seus corpos prensados juntos e mesmo através das roupas ele podia sentir o calor de Percy.

— Nico… Niccolas… — Por que Percy tinha que sussurrar seu nome daquele jeito? Porque ele tinha que tocá-lo daquele jeito? Tão forte e firme, como se temesse que ele fosse desaparecer a qualquer momento. Ele… ele não sabia se estava pronto.

Tão perto agora… a cabeça de Percy veio em direção a sua e… e… e ele deixou o ar sair, fechando os olhos.

— Comida. Comida é uma boa ideia. Certo? — Ele engoliu em seco por um momento, mas quando Percy não fez nada além continuar o abraçando sem se aproximar mais, Nico abriu os olhos, vendo seus olhos intensos sobre ele, queimando feito labaredas.

— Você está com medo de mim. — Tinha sido uma afirmação, a luz nos olhos de Percy parecendo sumir junto com seu sorriso brincalhão.

— Não… eu não… eu só… não estou pronto?

— É isso mesmo? Ou é outra coisa? Eu não quero ser uma dessas pessoas…

Ele entendia o que Percy queria dizer. Percy nunca faria algo para abusar de sua confiança mesmo que tentasse. Ele confiava em Percy, era em si mesmo que Nico não confiava. Se ele já estava assim em menos de vinte e quatro horas perto de Percy, o que aconteceria se ele se deixasse levar? Temia que… que a obsessão retornaria ainda mais intensa do que antes.

— A gente pode ir devagar? — Nico enfim conseguiu cuspir para fora, se sentindo estremecer.

— É claro. Tudo o que você quiser. — E Percy parecia falar sério. Percy o observou por mais uns momentos, como se decidisse algo importante e deu um passo para trás, apenas o suficiente para segurar em sua cintura e o guiar até o carro que estava parado perto da saída do estacionamento.

Percy abriu a porta para ele, pegou ambas suas mochilas e as colocou no banco de trás, dando a volta rapidamente para se sentar a seu lado, parecendo ansioso. Não era aquela ansiedade do tipo de quem estava bravo ou irritado, era mais… alguém cheio de energia e que não sabia o que fazer com isso. Restou a Nico relaxar contra o assento do carro e encostar a cabeça no apoio, quem sabe quando eles chegassem no restaurante a tensão que ele sentia teria se dissipado.

***  

— O que você acha?

Era um lugar bem aconchegante e acolhedor, a decoração era feita de forma simples e em confortáveis tons vermelhos, como algo que ele veria na casa de sua avó já falecida há alguns anos. Ele sentia vontade de sentar em uma das poltronas perto da recepção, fazer um chocolate quente e se sentar perto da lareira com um cobertor sobre seus ombros.

— Eu gostei.

— Tenho uma reserva. — Percy disse todo orgulhoso. Eram seis horas da tarde em ponto, o que significava que Percy tinha planejado tudo aquilo, matar tempo na escola para trazê-lo ali na hora certa.

— O que eu faço com você, hein?

— Que tal dizer “Obrigado, Percy. Você é tão atencioso”.

— É assim que você dá em cima das pessoas?

— Está funcionando?

Nico suspirou e aceitou a mão que Percy oferecia, o guiando em direção ao maitre. O lugar era específico demais. Provavelmente outras pessoas da idade deles não gostariam do lugar tanto quanto Nico tinha gostado. O pior era que ele não odiava nenhum pouco isso, Nico apreciava o esforço que Percy tinha feito para encontrar algo tão… tão a sua cara, como se tivesse encontrado um pedacinho da Itália apenas para que ele se sentisse melhor.

— Você não precisava.

— Eu quis que você se sentisse bem vindo. — Ele não precisava olhar para Percy para entender o que aquelas palavras realmente significavam, porque o que Percy realmente queria dizer era “Eu quero que você se sinta em casa para nunca mais precisar ir embora”. 

Ele não sabia desde quando tudo era tão óbvio. Cada palavra e cada gesto. Era como se eles estivessem dançando, como se soubessem cada passo e só estavam esperando a música acabar para enfim… certo. Ele, então, levantou a cabeça e encarou Percy que naquele momento parecia como o homem mais perfeito do mundo, aquele que Nico sempre havia sonhado em ter; gentil, compreensivo, bonito, bem vestido, tão alto e forte que ele sabia que nunca precisaria se preocupar em se defender. Mas Percy sempre tinha sido assim, o perfeito príncipe. No fim realmente era óbvio, não era? Esse era o motivo de seu problema. Não importava por quem ele procurasse, Nico sempre acabaria nesse mesmo lugar, buscando por Percy em todos os rostos. Talvez ele apenas devesse… parar de procurar em outros lugares.

— A gente pode ir pra casa se você quiser. — Percy disse a ele, agora parando a sua frente. Ele devia estar fazendo papel de bobo de novo, olhando para Percy sem dizer nada.

— Não, a gente pode comer. — Quando o sorriso voltou para o rosto de Percy, ele soube que tinha feito a escolha certa.

Eles seguiram o maitre pela fila de mesas até que subiram um par de escadas e então entraram em um salão que era maior que o andar de baixo, mas que estava mais vazio, cheio de mesas redondas e pequenas e outras com mais privacidade ao fundo do cômodo ao lado de grandes janelas que deixavam a luz do dia entrar, mas como a noite começava a cair, velas aromáticas já estavam acesas.

— Espero que os senhores aprovem os acentos? — Eles acenaram e logo lhes foi oferecido o menu.

A verdade é que Nico não estava interessado em comida, não era por isso que estavam ali. Ou era? Por isso tinha decidido, deixaria que Percy lhe dissesse.

— O que você quer comer? — Percy perguntou, mãos segurando o cardápio, mas seus olhos estavam sobre os dele, olhos que pareciam mais verdes do que nunca sobre a luz das velas naquele restaurante, a penumbra da noite deixando o ambiente ainda mais intimista e pessoal.

— Não sei, um vinho? Você escolhe.

Percy o encarou por um momento, parecendo refletir sobre a resposta e se aproximou mais um pouco, colocando o braço sobre seu ombro e desfazendo o resto da distância entre eles.

— Eu queria conversar sobre a gente.

— Eu sei disso.

— Eu só… preciso saber.

— Eu sei.

— São dez anos nisso. Eu preciso saber.

E Percy estava certo. Eles eram tão pequenos e inocentes naquela época, e depois… depois eles ainda eram pequenos, mas não tão inocentes até que… até que ele surtou e depois Percy surtou e ele foi embora sem avisar ninguém. Assim, do nada, e tão do nada quanto ele tinha partido, Percy tinha ligado para ele, tão diferente do que Nico conhecia e tão familiar ao mesmo tempo que o deixou confuso por um longo tempo. Ele se lembrava que durante longos meses ele só teve energia para cumprir suas obrigações e se apegar a essas ligações diárias até que ele soubesse o que fazer. E ali estavam eles, praticamente no mesmo lugar, a diferença era que agora eles entendiam quais seriam as consequências, não importava qual fosse a decisão no final.

— Eu gosto de você. — Nico se decidiu pelo mais simples. Admitia que não era a pessoa mais assertiva ou que sequer fazia boas escolhas.

— Não foi o que eu perguntei.

— Eu não sei. Sinto sua falta. É o suficiente?

— Não. — Percy dizia tudo aquilo tão sério que ele meio que… queria rir. Talvez já estivesse um pouquinho. Ninguém podia culpá-lo por isso.

— Então, você decide.

— Nico! Você disse que não estava pronto!

— Não estou. Nunca vou estar. Não quero destruir o que a gente tem. Na verdade, não quero um relacionamento.

— Porque você tem que ser tão confuso!

— Não é sobre sexo. Essa é a parte fácil.

— Nico, eu sei. O que posso fazer para você--

— Deuses, Percy! Eu sou o problema. Sou muito instável. Você não quer andar com uma bomba relógio no bolso, quer?

— Bebê, você pode explodir quando quiser, contanto que exploda comigo.

Nico gemeu e levou as mãos ao rosto, isso era ridículo! Ambos sabiam porque ele tinha ido embora e sabiam perfeitamente porque ele tinha voltado. Nico ainda estava se acostumando com a ideia de que dessa vez ele não tinha para onde correr quando seus sentimentos irrompessem por todos os cantos, obrigando Percy a catar os pedaços.

— Será que você pode falar sério por cinco minutos?

— Eu sei de tudo isso, querido. Cada coisinha que você acha que consegue esconder de mim.

— Vai ser pior do que antes!

— Você disse que eu podia decidir.

— Sim, mas-- quero ir devagar.

— Então me deixe decidir. Eu só preciso da sua permissão.

— Permissão para fazer o quê?

Nico observou em câmera lenta a mão que estava em volta de seu ombro viajar para sua nuca, massageando o lugar, e o puxando suavemente para mais perto, inclinando sua cabeça até alcançar a posição certa para os lábios de Percy finalmente descerem contra os seus no beijo mais inocente e doce que ele já tinha provado.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Obrigada por ler! Comentários são sempre bem vindos^^


Tags
1 month ago
This Is The Worst Timeline. (x)

This is the worst timeline. (x)

5 months ago

PJO Memes Pt.2

PJO Memes Pt.2
Loading...
End of content
No more pages to load
  • akingsedula
    akingsedula liked this · 1 year ago
  • darkcrowprincess
    darkcrowprincess reblogged this · 1 year ago
  • myfamdom
    myfamdom reblogged this · 1 year ago
  • wakemeupcauseimdeadinside
    wakemeupcauseimdeadinside liked this · 1 year ago
  • yonemurishiroku
    yonemurishiroku liked this · 1 year ago
  • auroraescritora
    auroraescritora reblogged this · 1 year ago
  • moo2310
    moo2310 liked this · 1 year ago
  • haiseiscute333
    haiseiscute333 liked this · 1 year ago
  • auroraescritora
    auroraescritora reblogged this · 1 year ago
  • smallraccoon13
    smallraccoon13 liked this · 2 years ago
  • matonakry
    matonakry liked this · 2 years ago
  • willow-of-stars
    willow-of-stars liked this · 2 years ago
  • the-volkvolny
    the-volkvolny reblogged this · 2 years ago
  • angelheartobsession
    angelheartobsession liked this · 2 years ago
  • maddiesfandommess
    maddiesfandommess liked this · 2 years ago
  • curseofsisyphus
    curseofsisyphus liked this · 2 years ago
  • kyghostly
    kyghostly reblogged this · 2 years ago
  • kyghostly
    kyghostly liked this · 2 years ago
  • sleepingwiththedemons
    sleepingwiththedemons liked this · 2 years ago
  • doe-eyed-idiot
    doe-eyed-idiot liked this · 2 years ago
  • lunarrumor
    lunarrumor liked this · 2 years ago
  • mezzanotte22
    mezzanotte22 liked this · 2 years ago
  • punk-drummer-chic
    punk-drummer-chic liked this · 2 years ago
  • gongora-03
    gongora-03 liked this · 2 years ago
  • twostarconstellation
    twostarconstellation liked this · 2 years ago
  • annoyingdinosaurnoises
    annoyingdinosaurnoises liked this · 2 years ago
  • scironeskyper
    scironeskyper reblogged this · 2 years ago
  • scironeskyper
    scironeskyper liked this · 2 years ago
  • happyk44
    happyk44 reblogged this · 2 years ago
  • lesbianfirelily
    lesbianfirelily liked this · 2 years ago
  • yellowmousepad
    yellowmousepad liked this · 2 years ago
  • wearily-confused
    wearily-confused reblogged this · 2 years ago
  • wearily-confused
    wearily-confused liked this · 2 years ago
  • dewi205
    dewi205 liked this · 3 years ago
  • thedaughterofhades
    thedaughterofhades reblogged this · 3 years ago
  • thedaughterofhades
    thedaughterofhades liked this · 3 years ago
  • ifknlovenicodiangelo
    ifknlovenicodiangelo liked this · 3 years ago
  • talesoflor
    talesoflor liked this · 3 years ago
  • willow-lark
    willow-lark reblogged this · 3 years ago
  • helpwherearethedirections
    helpwherearethedirections liked this · 3 years ago
auroraescritora - Aurora Escritora
Aurora Escritora

Sejam bem-vindos! Olá, esse é meu blog pessoal. Escrevo fanfics Pernico/Nicercy e orginais, e reblogo alguns posts de vez em quando. História Atual Não há lugar como o Lar - versão em Portugues There's no Place like home - English version Resumo: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro. Se você quiser saber o que eu escrevo, siga a tag #my writing

464 posts

Explore Tumblr Blog
Search Through Tumblr Tags