Oii, como vai? Esse era para ser um capítulo curto, ai resolvi fazer algo especial mais para o final. Espero que vocês gostem! Vejam as notas finais para mais informações.^^
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI
— Presta atenção! — Percy gritou e passou a bola para Chris Rodriguez, um garoto alto de feições hispânicas. Um amigo ótimo, mas que agora estava lhe dando nos nervos.
Tudo bem, não era culpa de Chris. Percy queria terminar logo aquele treino e encontrar Nico que o esperava nas arquibancadas. Era demais pedir que o tempo passasse mais rápido? Ele gritou de novo, agora vendo Charles Beckendorf se distrair com a namorada líder de torcida.
Porra, será que dava para alguém fazer alguma coisa certa!?
— Cara, pega leve! — Grover veio correndo até ele quando o treinador encerrou o treino antes do normal. — Seu garoto não está cuidando de você?
Grover estava certo, Nico tinha cuidado muito bem dele. Percy até tinha relaxado depois do ato, mas então ele sentiu aquela raiva subir para a cabeça observando aquelas pessoas cobiçarem o que era dele. Quando Nico era solitário e indefeso ninguém fez nada, preferindo o isolar, mas agora que Nico cresceu e ficou alto com aqueles ombros largos e intensos olhos negros, levando seu violão pelos cantos, praticamente sendo impossível não se encantar quando ele cantava, pensando que ninguém o via, isso o tirava do sério. Trazia seu pior lado para fora.
Ele admitia que estava enlouquecendo, devagar e constante, brigando com quem tentasse se aproximar. Esse devia ser o único motivo para ele querer que as pessoas ficassem longe de Nico. Quer dizer, não era muito diferente do que acontecia antes. Não que ele tentasse esconder, Percy afastava as pessoas de propósito e sabia disso. Nico também sabia disso. Até o zelador sabia. Ele queria se sentir mal por agir dessa forma, impulsivo e… tão errado. Pensou que esse Percy tinha ficado no passado e que ele tinha morrido com a partida de Nico, se achando tão adulto agora que não agia dessa forma. Isso é, até Nico voltar e mostrar para ele que ainda era o mesmo menininho inseguro e ciumento.
— Per-cy! Terra para Percy. Tem alguém em casa? — Grover disse e balançou a mão em frente a seu rosto, vendo que agora um grupo de garotos se formava ao redor deles.
Era normal, afinal ele era o capitão e eles costumavam ter conversas sobre possíveis mudanças na estratégia de jogo. Hoje não era um desses dias, hoje ele não tinha prestado atenção em nada, em passes de bola, a posição dos jogadores na quadra ou quantas cestas foram feitas.
— Desculpa, gente. Vocês estão dispensados.
— Jackson, qual é? Fala logo. — Luke disse, caminhando despreocupado até ele.
Percy respirou fundo e tentou se concentrar.
— Falar o quê?
— Você não vai pirar de novo, vai? — Outra pessoa falou, embora todos soassem iguais para ele.
— Quem concorda no sub-capitão tomar conta do time? — É claro que Luke falou isso já que ele era o sub-capitão.
— Façam o que vocês quiserem.
Nada importava mais do que Nico. Calmamente, ele tirou a faixa de capitão do braço e jogou para quem estivesse mais perto, dando as costas para eles.
— Quero ver quanto tempo vocês duram.
— Percy, volta aqui! Eu estava brincando! Desde quando você escuta o que eu digo?
Mas ele não voltou, continuou marchando para a saída, lembrando de pegar suas coisas perto do vestiário e só parou quando encontrou Nico na parte de baixo da arquibancada, alheio ao que acontecia à sua volta. Ele estava sentado na grama, com as costas apoiadas no pé da estrutura da arquibancada, dedilhando o violão e murmurando algo baixo na voz mais aveludada e doce que ele já tinha ouvido. Nico parou de tocar e então se virou em direção ao caderno em frente a ele para anotar algo, tudo isso enquanto as pessoas ao redor o observavam com admiração.
Sabe, ninguém costumava assistir aos treinos além das líderes de torcida, mas ali no sol do fim de tarde e com os pássaros cantando, Nico nunca esteve tão belo; cabeça abaixada e postura relaxada, lhe dando a impressão que cada vez mais a plateia se multiplicaria se isso continuasse acontecendo. Então… então aquela raiva voltou com tudo e foi tão de repente que ele parou antes que Nico pudesse notar sua presença, não queria que Nico visse essa parte sua. Ele inspirou fundo por longos momentos e só quando teve certeza que conseguiria se controlar, se aproximou o resto do caminho, parando na frente de Nico.
— Você está pronto? — Perguntou a Nico.
— Hmhm. — Nico acenou, levantando a mão do violão e se espreguiçando. — Você não tem que fazer nada? Ainda são três horas da tarde.
— Não, hoje sou todo seu.
Foi quando Nico levantou a cabeça, o olhou entre os cílios e sorriu para ele, todo meigo e tímido, o levando de volta para tempos mais simples.
— Vamos? — Ele quase esqueceu das pessoas ao redor, murmurando mais distantes deles. Bastou Nico acenar novamente enquanto guardava suas coisas para enfim segurar em suas mãos que elas desapareceram de vista, insignificantes, feito insetos barulhentos.
Ele pegou a mochila de Nico, o ajudando, enquanto Nico levava o violão na mão que não estava ocupada pela sua.
— Música nova?
— O grupo de prática de banda vai se apresentar no baile.
— Vai, é? — Percy até já podia imaginar quanto fãs Nico conseguiria nessa noite.
— Por que você não me disse que ia ter um? Eu nunca fui.
— Eu não estava planejando ir. — Não desde que Nico tinha voltado, mas agora que ele mencionou o baile… — Você quer ir comigo?
— Senhor Jackson! Você está me chamando para sair? É um encontro?
— Só se você quiser.
Percy não conseguiu se conter, Nico estava rindo e fazendo piadas com tanta alegria que isso esquentava seu coração a ponto que ele teve que parar no meio do caminho e beijar Nico até que ambos estivessem sem ar; em seus lábios, maçãs do rosto, mandíbula e pescoço. Ele só parou quando Nico riu tanto que lagrimas saíram de seus lindos olhos negros.
— Então, está marcado. É um encontro.
— Seu bobo. — Nico suspirou, o encarando bem de pertinho, e outro impulso o tomou. Percy secou as lágrimas de risadas que ainda caiam e o beijou mais uma vez, apenas para expressar o quando ele o amava.
— Estou falando sério. Até vou usar um terno. O que você acha?
— Eu acho que você vai ficar muito bonito.
— Eu pensei que eu já era. — Nico sorriu de novo e Percy nem tentou se controlar dessa vez, ele abraçou Nico pela cintura e o beijou como na noite passada, como se ninguém estivesse vendo, e só parou quando Nico gemeu, agudo no fundo da garganta, e o afastou, o empurrando sem força pelo peito.
— Per. — Nico choramingou, piscando devagar, quase gemendo de frustração, mas tão suave que ele sentia vontade de encostá-lo contra a parede e resolver o problema deles bem ali. Isso iria mostrar a quem Nico pertencia.
O quê? Não! Ele não era essa pessoa. Ele não…
— Per? — Ele sentiu dedos macios contra seu rosto e piscou, tentando tirar esses pensamentos da cabeça. Nico parecia preocupado com um leve vinco entre as sobrancelhas. — Tudo bem?
— Claro, tudo bem.
Nico tinha razão em ter fugido dele. No fim, o perigo não estava nas outras pessoas e sim nele, um garotinho doente e possessivo.
— Você quer comer alguma coisa? Está ficando tarde.
Percy apenas acenou, sendo puxado por Nico em direção a seu carro. Ele sentia a preocupação emanar de Nico, era a forma que ele falava todo baixinho e cuidadoso, os toques afetuosos em seu braço ou ombro como se tentasse consolar um garotinho que tinha caído e machucado a perna. E mesmo sabendo de tudo isso, Percy ainda não se sentia culpado. Entendia perfeitamente o que estava fazendo, e ainda assim, deixou que Nico o consolasse, absorvendo a atenção que Nico lhe dava feito uma esponja no deserto.
No fim, eles acabaram voltando àquele mesmo restaurante que Nico tanto tinha gostado, pedindo outra garrafa de vinho e toda a macarronada que Nico foi capaz de comer. Ele sabia que devia pelo menos avisar a mãe que a esse ponto deveria estar preocupada sua ausência, mas Percy logo se esqueceu disso. Contente, observou Nico comer com vontade e beber mais da metade da garrafa de vinho como se fosse água, bem menos bêbado que na vez anterior. Percy não se importava, porque, na realidade, estava exatamente onde queria estar, com Nico sorrindo para ele e prestando atenção somente nele.
***
Imediatamente, Nico soube que algo estava errado. Ou melhor, que eles estavam caindo nos mesmos vícios de antes. Para falar a verdade, era difícil se preocupar com essas coisas. Era muito, principalmente quando Percy estava tão perto e cheirava tão bem, aqueles braços fortes em volta dele e os beijos que o faziam estremecer. Mas ele precisava… precisava…
— Lindo. — Percy murmurou contra seus lábios, o puxando para perto até que não restasse nenhuma distância entre seus corpos. Eles ainda estavam no restaurante e essa não era uma atitude adequada para se ter em um lugar público.
— Per. Para com isso.
— Hm? Eu não-- eu sinto muito.
— A gente precisa conversar.
Isso fez Percy parar. Nico viu Percy respirar fundo e o encarar todo sério. Isso era pior ainda, a expressão no rosto de Percy o fazia querer abrir as pernas e obedecer tudo o que Percy mandasse, e ele sabia exatamente o que Percy pediria se eles se deixassem levar.
— A gente não precisa conversar. — Percy falou quando ele não disse nada.
— Não precisa?
— Eu sei de tudo. É o meu comportamento.
— Se você sabe…
— Não consigo me controlar.
Hm… isso era uma evolução. Ele acenou e sorriu, orgulhoso de Percy.
— Sei que não é certo.
— E o que mais?
— Vou tentar melhorar.
Nico deixou o ar sair e relaxou contra o assento do restaurante.
— Olha, eu não me importo de verdade.
— Não? — Agora Percy parecia sinceramente confuso.
— Eu sei quem você é e porque faz essas coisas. Talvez eu tenha certa culpa…
— Então, qual o problema?
— Isso afeta sua relação com as pessoas. Você é capitão e vai ser orador da turma. Não quero que isso… que nosso relacionamento destrua o que você lutou para conquistar.
— Nico. — Foi quando ele viu Percy arregalar os olhos e o encarar com um olhar perdido.
— Você sabe que eu não fui embora por causa de você, não sabe?
— Eu pensei que…
— Per, você não é o problema, nem mesmo sua mania de nos isolar dos outros me incomoda.
— Eu sou horrível.
— Eu também sou. Eu… eu te incentivei. Quando alguém mostrava interesse em você, eu… não me orgulho do que fiz.
— O que você fez? — E onde ele achava que veria julgamento, Percy mostrou a ele a pura curiosidade.
— Você lembra da Rachel e dos irmãos Stroll? Não quero falar disso. O problema aqui é que eu… eu não queria sexo e não sabia como dizer isso pra você, então, eu… eu fugi e agora… tudo está pior!
— Não diga isso. Eu prometo que--
— Não, você não entende! Eu senti sua falta todos os dias. Nunca mais quero passar por isso. Eu… eu… você nunca mais vai se livrar de mim! Está me ouvindo! Nunca mais! — Para provar seu ponto, ele puxou Percy pela jaqueta e o beijou, praticamente batendo seus dentes.
— Bebê.
— Não, não é isso. Quero dizer que agora você não tem razão para me deixar estragar as coisas.
— Nico. — Percy falou aquilo tão baixinho e suavemente que ele teve que parar por um momento. — Você é a melhor coisa na minha vida. Eu te amo, é minha culpa você pensar dessa forma.
— Não é sua culpa. E eu… eu também te amo.
Pronto, Nico tinha dito o que precisava. Por algum motivo sentia um aperto no coração, uma pressão no peito que só o toque de Percy aliviava. Ele mal conseguia pensar racionalmente, porque nada daquilo era racional. Não essa possessividade que ambos sentiam ou essa necessidade de estar perto um do outro. Não podia ser saudável. Ou normal. Como as outras pessoas podiam viver sem se sentir tão amadas e desejadas como ele sentia ao olhar para Percy?
— Está tudo bem. — Percy disse, esfuziante em seu sorrir. — Você pertence a mim e eu pertenço a você. Pode não ser comum, mas porque resistir a isso?
— Está tudo bem mesmo?
— Está, eu prometo. Vou fazer de tudo para que dessa vez as coisas deem certo. Você confia em mim?
— Eu confio. — Como ele podia não confiar quando seu corpo e alma se elevavam com o simples toque de dedos contra sua nuca e lábios molhados contra os seus?
— Você não precisa se preocupar, está tudo sobre controle.
Ele acreditou.
Com um suspiro aliviado, Nico se deixou ser abraçado e consolado. Confiaria que Percy cuidasse de tudo, exatamente como sempre tinha sido.
***
Cena Bônus: Achei que esse capítulo ficou pequeno, então decidi trazer uma cena do passado. Um presente curto para vocês.
— Obrigado por vir. — Percy Jackson abriu a porta e deu passagem para ela entrar.
Clarisse estranhou imediatamente, eles não eram os melhores amigos e nunca seriam. Ela não sabia explicar, Percy costuma ter uma aura de quem pisaria em qualquer um para ter o que queria… ou melhor dizendo, Percy era um das pessoas mais intimidadoras que ela já tinha conhecido. Clarisse sabia que Percy usava sua altura e força para se destacar, mas era algo mais do que isso. Sinceramente? Nunca pensou que fosse ser convidada para participar das festas dos populares, e muito menos pelo garotinho magro e nerd que sentava todas as aulas ao lado do capitão psicopata de basquete. O que mais a constrangia era como da noite para o dia a atitude de Percy tinha mudado, de valentão para polidamente educado.
Era por isso que nesse momento Clarisse estava parada em frente a porta de Percy Jackson, hesitando em dar o próximo passo. Nunca se sabia o que poderia ter dentro da casa de um psicopata. Mas, enfim, quando parecia que nenhum dos se renderia, Percy estendeu a mão. Entretanto, ele só pegou a travessa com os sanduíches e salgadinhos de suas mãos quando ela ofereceu a ele primeiro.
— Isso é muita coisa. — Ele disse, obviamente fazendo força para parecer simpático.
— Não foi nada. — Não foi mesmo, eles tinham encomendado no dia anterior. Talvez sua mãe tenha exagerado.
A verdade é que ela não sabia ao certo o que levar. Tudo o que Nico tinha dito era para ela trazer alguma coisa e aparecer até o meio-dia. Geralmente ela ficaria bem longe daquele tipo de gente, mas Annabeth tinha pedido para ela espionar, por isso estava ali, tentando ser civilizada com a pessoa mais selvagem que ela já tinha conhecido.
— Entre. — Foi tudo o que ele disse antes de dar as costas e seguir pelo longo corredor para dentro da casa.
Ela o seguiu, se surpreendendo pelo tamanho da sala de estar. Ali havia uma grande mesa de buffet onde Percy tinha colocado os salgados, sofás longos e confortáveis, puffs, um telão de cinema e tanta comida que ela achava ser impossível de comer, sem contar os móveis de bom gosto, decoração em tons pastéis e uma maravilhosa vista para um jardim bem cuidado e uma piscina olímpica.
— Se sinta à vontade. — Sem esperar, Percy desapareceu subindo as escadas e entrou em outro corredor.
— Ele é assim mesmo. Você se acostuma.
Distraída, Clarisse deu um pulo e olhou em direção ao sofá. Era Grover! Finalmente alguém decente nesse lugar.
— O que está acontecendo aqui? Cadê as pessoas dessa festa.
— Festa? É mais uma noite do pijama.
— Noite do pijama?
— Percy e Nico não gostam de confusão.
— Hm? — Ela não estava entendendo nada.
— A gente se reúne pra comer alguma coisa e assistir um filme. Às vezes pra jogar alguma coisa.
— É isso que vocês gente rica fazem?
— Não, mas Percy e Nico gostam assim.
— “Percy e Nico”? Eles são uma entidade por acaso? Um ser único?
Isso fez Grover gargalhar. Sentando no sofá, o garoto segurou a barriga e jogou a cabeça para trás.
— Você está mais certa do que pensa! Gostei de você, acho que vai se encaixar muito bem com a gente.
— A gente? Quem exatamente? Não estou vendo ninguém.
— Gente, temos companhia! — Grover colocou a mão em volta da boca e gritou, criando um eco pela sala. Miraculosamente, pessoas começaram a vir de todas as direções, escadas abaixo, e de cada corredor ou porta fechada.
— Clarisse, é bom te ver. Como vai a esgrima?
Silena foi a primeira a se aproximar. Ela tinha sido sua parceira por anos antes de ter que se focar nos estudos e nas líderes de torcida. Beckendorf estava atrás dela, todo sério e quieto. Quem Clarisse não esperava encontrar era Luke e Thalia, Leo também. Não que fosse surpresa, todos eram populares de seu próprio jeito. Ela só não entendia porque Annabeth não estava entre eles; ela parecia alguém que se encaixaria perfeitamente.
— O que te traz ao nosso humilde cafofo? — Luke perguntou todo charmoso, desfilando até se sentar a seu lado. — Nunca pensei que te viria aqui.
— Nico me convidou, então, eu vim. — Ela deu de ombros. Talvez ela só estivesse curiosa para saber como aquela gente vivia.
— Não se preocupe, logo perde a graça. Você vai ver.
Como se anunciando a deixa, Percy e Nico desceram as escadas, de mãos dadas e falando algo em um tom tão baixo que seria impossível escutar daquela distância. Entretanto, assim que Nico viu sua presença, ele veio até ela e a abraçou, dizendo: — Fico feliz que você tenha vindo. Está com fome?
— Talvez, depois.
— Certo. — Nico sorriu para ela, segurando em suas mãos rapidamente e se levantou indo em direção a Percy que tinha observado tudo de braços cruzados e com a expressão mais ameaçadora que ela já tinha visto. Isso é, tudo isso aconteceu antes de Nico se voltar para Percy, pois no instante seguinte, Percy sorriu, mostrando dentes brancos e covinhas bonitas, com tanto amor no olhar e oferecendo apenas bondade e felicidade para Nico, que Clarisse pensou que Percy fosse duas pessoas diferentes.
Ela estava ali há cinco minutos e achava ser suicídio social tentar fazer qualquer coisa que atrapalhasse o que estava acontecendo entre os garotos. E a cada momento que passava, se surpreendia mais. Viu em câmera lenta Percy receber Nico entre seus braços e o apertar bem forte para em seguida beijar a testa de Nico, enquanto Nico apenas sorria contente, praticamente engolido pelo corpo de Percy. Ela nunca tinha visto um gesto tão fraternal se tornar tão sexual e possessivo em meros segundos.
— Isso é normal? Nico precisa de ajuda? — Ela cochichou para Grover e Luke que estavam a seu lado.
— Você acha que ele precisa?
Era uma boa pergunta. Quase desaparecendo atrás de Percy, viu Nico arrastar Percy para o meio da sala e se sentar entre os puffs, em frente a uma mesinha de centro. Logo alguém trouxe alguns pratos de comida para perto deles e todos começaram a comer, mesmo que os pratos estivessem mais próximos de Nico. Isso é, quase todos começaram a comer, Percy apenas observou o desenrolar dos fatos, parecendo fiscalizar o que acontecia ao redor dele com um olhar satisfeito vendo Nico comer com entusiasmo.
— Quer mais? — Percy perguntou a Nico. E sem esperar a resposta, voltou com uma bandeja cheia de mini-pizzas. — O seu favorito.
— Obrigado, Per. — Nico sorriu docemente e sua voz soou ainda mais amorosa, destilando mel, açúcar e tudo de bom no mundo.
— Acho que vou vomitar.
Clarisse concordava com Luke, meio hipnotizada vendo aquela cena doméstica. Felizmente ela foi quebrada quando Percy olhou para eles com um sorriso de canto para lá de cínico, dizendo:
— O banheiro fica na segunda porta à direita. — Entretanto, Percy logo disse, se lembrando de ser um anfitrião: — Porque vocês não pegam um prato. Não quero ter que jogar comida fora.
E já que ele dizia de forma tão amável, por que não?
Clarisse foi a primeira a se levantar e ir até a mesa do buffet. Ela começou com um pedaço de bolo de limão e um copo de suco de maçã. Se sentou ao lado de Nico e dessa vez, não parecia que Percy iria a fuzilar com o olhar. Percy sinceramente parecia contente em se sentar colado a Nico e vê-lo comer com um olhar enamorado.
Até o fim da noite, assistindo o segundo filme e vendo Nico dormir sobre o ombro de Percy na maior demonstração de amor que ela já tinha visto, Clarisse chegou a uma clara conclusão. Tinha pena de Annabeth e de qualquer um que tentasse ficar no caminho de Percy Jackson e seu doce companheiro que de inocente tinha apenas o sorriso.
***
— Por que tanta comida? — Era a grande questão da noite.
Clarisse percebeu que assim que um prato se esvaziava, outro substituía seu lugar, um mais gostoso do que o outro. Tudo o que ela sabia é que não aguentava mais, e que não conseguia parar de comer.
— A família do Percy tem um restaurante.
— Eu sei disso. Todo mundo sabe.
— Nos considere um grupo de testadores. — Nico disse a ela, comendo um doce que Clarisse não sabia o que era. — Se a gente gosta, entra no cardápio. Se não, em revisão.
— A questão é. Quem fez tudo isso?
— Eu e Sally. — Nico deu de ombros e sorriu quando viu a reação de Clarisse.
— Você sabe cozinhar?
— Desde pequeno.
— Você não é rico? — Quando Nico olhou para ela, todo confuso, Clarisse completou: — Quer dizer, você não tem empregados para isso?
— Cozinho quando estou nervoso ou ansioso.
— Sério?
— Pra gente, comida é um gesto de amor.
Mas Nico não falava isso olhando para ela, não, Nico tinha as mãos no colo e seu rosto estava corado, observando Percy conversar com um grupo de garotos perto da varanda enquanto eles continuavam perto da mesinha de centro.
— Um gesto de amor?
— Sei que Percy parece grosseiro às vezes. É só que ele tem dificuldade em confiar nas pessoas.
— E você?
— Eu confio nele.
— Claro.
— Sabe… a gente cuida dos nossos amigos…
— O que isso quer dizer?
Nico sorriu de novo para ela, seus olhos negros brilhando, enquanto ele mordia mais um pedaço do doce. Logo Clarisse entendeu o que acontecia, Percy vinha caminhando em direção a eles, todo orgulhoso de si mesmo. Num primeiro momento Clarisse não tinha entendido nada, e só percebeu a armadilha quando um garoto menor apareceu atrás de Percy. Era Chris, o garoto que ela tinha visto pelos corredores e nunca tinha tido a coragem de falar com ele.
Era até engraçado. Percy puxou Chris para a frente e deu um empurrão no garoto até que ele estivesse em sua frente, o rosto corado de vergonha.
— Clarisse, quero te apresentar Chris Rodriguez.
— A gente já se viu por aí.
— Isso é ótimo, não? — Percy piscou para ela e guiou Nico pelo braço tão rapidamente para longe que quando viu, ela e Chris estavam sozinhos. E já que eles estavam ali… por que não? Ela sorriu para Chris, pensando que no fundo Percy Jackson não era tão ruim assim.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
E então, o que acharam? Sei que as ultimas cenas deviam ser curtas, mas eu não consigo me controlar. Também não queria fazer flashbacks, entretanto eles são tão interessantes que vou fazer mais alguns. Eles vão ficar meio bagunçados, nada que atrapalhe na compreensão da história, mas com toda certeza vou ter que revisar a ordem deles dentro dos capítulos.
Espero que tenha sido uma boa leitura. Sugestões e comentários construtivos são sempre bem-vindos!
Ah, esqueci de avisar, espero que cenas +18 não estejam muito estranhas e que talvez a contagem de palavras passe as 50 mil palavras, vou tentar me controlar, mas vocês me conhecem. Me desejem sorte.
Também fica defino o cronograma de postagem. Uma vez por semana nas quartas-feiras.
Obrigada por ler!
I hope you enjoy it.
CHAPTER I / CHAPTER II / CHAPTER III / CHAPTER IV / CHAPTER V / CHAPTER VI / CHAPTER VII / CHAPTER VIII / CHAPTER IX / CHAPTER X / CHAPTER XI / CHAPTER XII / CHAPTER XIII / CHAPTER XIV / CHAPTER XV / CHAPTER XVI / CHAPTER XVII / CHAPTER XVIII / CHAPTER XIX
Percy felt like he had gone back in time. He remembered as if it were yesterday, the long, tortuous days and the whispers wherever he went; the desire to disappear was also there, the disconnection with reality, as if no one could break his bubble of self-blame and depression, feeling the emptiness that hit him when he least expected it; the feeling of inadequacy telling him that he would always be that lonely, violent boy who didn't deserve what he had or the love of others. In the end, no matter how detached he felt from reality and how unprepared to deal with life, time waited for no one. When Percy blinked, they were already at the end of first quarter of the year, which brought him to that verymoment, barely able to focus on what was right in front of his face. A surprise test, a piece of paper that would tell him if he had a chance of passing the first assessments or not.
"Per?" Nico whispered beside him, still writing. "You didn't study at all, did you?"
Could anyone blame him? The guilt was still eating at him up inside, paralyzing him, fighting against the urge to do exactly the opposite of what his conscience was asking him to do. Nico being around him twenty-four hours a day wasn't helping, making him want to break that bubble of anguish and, at the same time, tempted to stay exactly where he was just so he wouldn't have to make a decision. Percy still woke up in the middle of the night tense and without remembering why, forced to get out of bed to calm down or get some fresh air on his face. Because he had to--
"Don't worry, we'll figure it out." Nico touched his shoulder and showed him one of the sweetest smiles he had ever seen, making Percy relax immediately, feeling like there was a light at the end of the tunnel. He watched Nico pick up both of his answer sheets, walk over to the teacher and hand them to him, who smiled charmingly at Nico.
No, he wasn't going to go down that path. That was why Percy had gotten himself into such trouble. He was committed, he would be a better person even if he died trying. So, Percy put his things in the bag and took a deep breath, counting to thirty.
1… 2… 3… 4… 5… 6… 7--
“Let’s go?”
Percy looked up and there was Nico, sweet and smiling, holding out his hands to him. The fear of worrying Nico was the only thing keeping him on his feet at the moment, if someone gave him a nudge Percy would crumble immediately; he couldn't accept the fact that... that in the end he was the monster people accused him of being. Feeling on automatic mode, Percy picked up their bags and held the hand Nico offered to him, barely missing the disappointed expression on the teacher's face.
Usually Percy liked this class and it wouldn't need much to get a high mark, but what could he do if his obsession was right in front of him, wanting his attention all the time? The bad thing was knowing he would sink into this obsession if the world around them didn't remind him of what a mistake this would be. Sometimes, Percy asked himself if what he felt was love or was just a codependency, a crutch to help him deal with the problems and traumas that not even the best psychiatrist could fix.
“Is everything okay? Do you need a break?”
They had become masters at creating barriers that weren’t there before, useless and cruel barriers that only served to hurt both of them.
If Percy were honest, he would say it’s exactly what he needed, although it wouldn’t make anything better. The longing would only increase, the pain in his chest would spread and that bad feeling in his stomach would grow stronger, making him act impulsively. Basketball practice would be a good excuse for his issues if the coach hadn’t banned him from practicing until he could focus on the game.
“Do you want to come with me to band practice? We’re going to play at the dance.”
Gently, Nico held his arm with both hands and kissed his cheek, making Percy forget about his inner demons for a brief moment, warming the emptiness in his body. “Come on, it'll be nice. You can join in if you want.”
“I didn't bring my guitar.”
“The teacher can lend it to you.”
“I don't know…” After all, there was a reason he didn't join in the group practice.
“I've been thinking about what you said... that I don't have many hobbies. You were right.”
“Was I?” It’s good to know he’d done something good.
“In Verona, I went out with my friends, drew, played and sang, wrote and cooked every day with my grandmother and cousins. I just... I feel like I don't need to do all those things when I'm with you. Now I understand the problem with that. You are doing the same.”
Well, that was exactly the problem. They were an obsessive, compulsive couple who were obsessed with each other. It was hard to see the rest of the world when the person he loved the most was so close, but for that reason it was so wrong to want those things. His desires became so intense that everything ended up being somewhat toxic.
Percy wanted to say all of this to Nico, but if he did, it would only encourage him to stay with him in this intense and traumatic bubble they had created.
“I’m glad you understand.”
“That’s exactly why I want to show you something. Will you come with me?”
He would do anything Nico asked.
Luckily, Nico was too kind to demand anything of him, or that was usually the case. So when Nico asked, Percy would be happy to oblige. He took Nico’s hand once more and they headed towards the music department, letting Nico lead him for the first time in his life. Maybe it would be a good change for them.
***
“Nico, where have you been these days? We couldn’t find you anywhere!”
Percy now remembered why he didn’t like coming to band practice. Because the one who had gotten up and ran towards them was Lou Ellen, the most fervent defender of the defenseless and oppressed, and according to her, Percy was one of those who oppressed other people.
Lou stopped in front of them and crossed her arms, looking him up and down. Percy chose to pretend he hadn't seen her, this was another ex-member of his fan club.
Percy may or may not have gotten involved with her, he may or may not have used her and then thrown her away. It wasn't his fault if people put expectations on him when Percy didn’t promised anything, not even love or friendship. In the end, people believed what they wanted, but he wouldn't be the one to stroke their ego.
"I get it. Why did you bring that psychopath here?" She mumbled, as if she had eaten something sour, and turned to Nico. "Nico! We're late. Did you get the song?"
"Better yet, I wrote one." Nico, like the angel he was, ignored what she had said and held his hand tightly; Nico knew very well what Percy really wanted to be doing.
Instantly, Lou Ellen's face transformed in the blink of an eye, from frowning to glowing.
"Perfect! Are you going to show us?”
Lou hadn't given Nico time to answer, she pulled him along and Percy had no choice but to follow them into the music auditorium where less than ten teenagers were waiting. He remembered at some point in the past being among them, he must have been what? Twelve years old? But since music had always been something Nico liked, Percy choose to focus on other things, like sports, something that could give him a better future.
Percy didn't say anything or greet anyone, he followed Nico to the center of the stage and watched from afar. Nico picked up a guitar provided by the school and sat down on the floor, where the other people approached and sat around Nico, looking at him with admiration and something else he would rather not question. Honestly? Percy couldn't blame them, Nico looked even more handsome with a guitar on his lap and that look of contemplation as he strummed a few notes on the guitar strings, his sweet and velvety voice coming right after, echoing through the room, words and notes that Percy didn't recognize, but he also didn't make an effort to pay attention to their meanings, letting the music surround him like a sweet caress that insisted on flowing through him only to leave him throbbing and wanting more.
He couldn't resist, Percy put their bags in a corner and got close to Nico, sitting directly next to him, placing one of his hands on Nico's back.
Nico merely turned his face towards him and continued singing, perhaps in a slightly lower tone, a little more intimate, as if those words were meant for him and no one else. Nico smiled, then, calmly, and finally when the song reached its end, the sound of the guitar echoed for a few more moments, waking him up with its ending
Looking only at him, Nico asked in a low voice:
“Did you like it?”
“It was really good.” Because it was true. Even if he hadn’t paid attention to the words, the song itself spoke enough. “What’s it called?”
“There’s no place like home.”
The people around him applauded, stealing Nico’s attention, who thanked them, making something inside Percy rage. Who did they think they were!?
“Nico, we recorded it. Is that okay?” Lou said from somewhere in the audience. “It's perfect. Can I share it with the others?”
“I… I put it online? Can I send in the chat group?” Nico said, feeling unsure. Of course, Percy thought, as if they would deny it when the people around seemed to love him.
“That’s great,” Lou said again, excitedly.
“Excellent, Nico. Thank you for sharing something so personal with us. Can we use it for an exercise?” Euterpe, the music teacher, congratulated him. When Nico nodded, she continued. “For the next class, I want you to create an arrangement for the band. Re-record the song and also bring suggestions for other songs to perform at the dance.”
With that, the auditorium exploded into activity, people organizing themselves into two or three groups while the two remained where they were, leaning towards each other, with Nico still holding the guitar and Percy holding Nico's waist.
"Do you want to play?"
Percy accepted the instrument when Nico offered it to him, although he hesitated for a moment. It had been a while since he had held a guitar, long enough to almost make him forget how to position his fingers. But as they say, there are things in life that we never forget and that’s what happened when the first note sounded, clean and firm on his fingers, the fingering exercises coming back with full force, making him remember the long hours in that same auditorium, one of the few things that kept him in touch with reality when Nico had left. One of the thousands of crutches he carried through life, but that kept him standing on his feet.
Percy concentrated for a moment and let himself go, lowered his head and allowed himself to remember, felt his fingers fly over the strings and allowed a strange calm to take over him. And for long minutes that’s all he heard, his breathing and the sequence of fast notes, that is, until his sequence came to an end and he found himself embraced by Nico.
"That's beautiful. Why didn't you tell me you could play like that?" Nico said calmly, not as if he was demanding something but as if he had received a valuable gift.
"I was busy with basketball. And with the teenage drama." Well, Percy was never good at making jokes. So, he wasn't surprised by Nico's attitude, who just kissed his cheek and rested his head on his shoulder.
"Play some more. Everyone liked it.”
“Everyone?" Percy looked around the auditorium and saw that people were indeed watching him in silence without the usual mockery. And he could swear that there were more people in the room than before.
"What do you want to hear?"
"A romantic ballad."
That's what he did, the notes coming out slower and simpler. Imagine his surprise when he heard people singing along with Nico, clapping and swaying.
Well, what could he do? Maybe not everything needed to be drowned in drama and angst.
***
“Sorry.” Percy said, admitting defeat. Sometimes, he forgot that Nico couldn't guess what he was thinking and, if he wanted their relationship to work as it should, Nico wasn't the only one who needed to be honest.
“You didn't do anything wrong.”
A few days had passed, but that moment in the music room had stayed in his mind. Percy knew he had a tendency to get lost in his own thoughts, imagining how the whole world was against him, when in fact, no one cared e he shouldn’t either; gossip was fleeting, these things had no effect on his life and not everyone had something bad to say about him. Nico was the reminder of that, that he still had a family, friends and someone who would stand by his side unconditionally.
To repay all the effort Nico was making, Percy had sat next to Nico on the couch at home and hugged him tightly, pulling him onto his lap. He kissed him back, but not the innocent little kisses they had grown accustomed to over the past few weeks, but rather open mouths and tongues intertwining, hearing Nico moan, sprawled and surprised in his arms.
“What was that?” Nico gasped, still in his lap, holding onto his neck.
“Thank you for being patient.”
Nico blinked slowly at him, his cheeks flushed, breathing fast, an obvious bulge in his pants. Percy knew this was Nico trying to reason through the excitement that was suddenly invading his brain.
“You know I love you, don’t you?”
“I know.” Percy said, feeling truly content.
“Sex… it’s not important. You’re my best friend, my partner.”
“Nico.”
“I could go without sex for the rest of my life, but I never want to be without you. I can wait.”
“I’m sorry.” And Percy really was, especially seeing the frustration on Nico's angelic face, seeing that Nico was ready to beg at the slightest positive sign.
The truth is that celibacy was not for him. It was a torture every day that he didn't touch Nico, he was afraid that if he allowed himself to do what he wanted, he would go back to the same bad habits. Although Percy had been questioning himself if all of this was wrong or if it was all inside his head due to the guilt of not having paid more attention to what was happening with Nico.
“Enough. I don't want to see you like this. I don't want to hear that you're sorry and that you're going to change. I don't want you to change, I mean... you don't have to do all these things because of me.”
Nico was practically pouting now, angry, it was beautiful to watch as Nico tried to convey the seriousness in his words. Nico kept trying so hard to make sure he was okay that Percy felt like doing something crazy; it could be anything. What he really wanted to do was throw Nico on the bed and make him forget the worry written all over his face. Maybe he should? Just to see if he could control himself?
“I understand. I won’t apologize again.”
“You won’t?” Nico tilted his head to the side, like a confused puppy, and that made Percy smile. He grabbed Nico by the hair and kissed him once more, feeling Nico melt against his chest.
“You deserve a reward. Do you know why?”
“Why?” Nico moaned, shifting in his lap.
“Because good boys deserve the best things.”
“Am I…? A good boy?”
“The best.”
Percy felt like he was at a tasting in his favorite restaurant. He stared at Nico’s burning face for a moment and finally allowed himself to do what he wanted. Slowly, to see what Nico would do, he took his hand from Nico’s waist and brought it to the boy’s groin, touching him gently over his jeans. Like a flower, Nico spread his legs and moved his hands out of the way, looking up at where Percy's hands were going, moaning softly when Percy finally covered his member over his clothes.
"Is it okay if I do this?" Percy asked, stopping his movements.
"Yes, please." And then, as an afterthought, Nico said: "Thank you!"
"Hmm, good boy."
Then, as he had promised, he opened the button on Nico's pants and lowered the zipper, seeing the small bulge over his underwear. Even more slowly, Percy massaged his member for a few moments and pulled it out of his underwear. He couldn't deny it, Nico was beautiful everywhere; his dark skin, his sweet voice, his soft body. Down there he was all of that too, the member that fit in his hand, the reddish and wet head right at the tip, the thin, well-trimmed hair at the base. Percy felt like devouring him and would only stop when Nico came all over himself, in pleasure, on his hands, on his knees, surrendered at Percy's feet.
But not today, today Percy would take everything as calmly as he could.
“Please!” Nico whimpered, tears welling up in his eyelashes.
Percy closed his eyes for a moment and focused on his breathing. It was that heavy feeling in the pit of his stomach that was taking over him again, that possessive, controlling voice telling him that if Nico was his and he was offering himself to him like this, Percy could do whatever he wanted.
"It's okay, baby," Percy murmured, barely recognizing his own voice as he heard Nico moan. He hesitated only a moment to pay attention to Nico's reaction.
Oh, his sweet Nico. He was staring at him with wide eyes, pleading, showing so much trust in him that Percy had to move. The hand that had been near Nico's groin finally found its way and wrapped around his throbbing member. He had almost forgotten the feeling of touching such an intimate place on someone else’s body. Percy tested the waters by holding around Nico and then brushing one of his fingers over the tip, collecting the pre-cum and bringing it down, fingering the length to wrap it around him completely again, applying a little pressure.
"Like this?" He asked.
Well, Nico didn't answer him exactly, but the way Nico was leaning against his chest, moaning shamelessly, should have been a good indication.
Suddenly, Percy felt curious. After so long he felt like he had forgotten the shape of Nico's body. He used his other hand and wrapped it around Nico's lower belly, caressing his belly. He moved up a little further and found his abdomen, his ribs and chest, touching the hard nipples, where he lingered for a few moments.
"Percy!" He heard Nico whimper, rubbing himself against him.
"I know. I'm torturing you."
Keeping Nico pinned against his chest, back against shoulders, Percy continued his exploration, going down and massaging between Nico's legs again.
"Could you... lower?" Then, Nico murmured, all docile and obedient.
"Here?" His curious fingers did as Nico asked, passing over Nico's testicles and finding Nico's entrance. A light touch told him what Nico wanted.
“Have you been having fun without me, hmm?”
“I didn't know if… when… ah!…”
Well, he was still curious. Slowly, Percy brushed one of his fingers around the entrance and soon Nico opened like a flower. And even dry, his finger entered, almost without resistance, going all the way in. Percy could bet that while he was trying to give Nico time to think, Nico was having fun without him.
“Is this what you did when I wasn't looking?”
Percy tried to put another finger in and surprising him, the finger entered almost without resistance again. Nico bent over in a way that seemed painful and screamed at the top of his lungs: “It's all your fault! I tried… I tried… it's not the same!”
Oh, that made him want… no! Not today. Today, he would settle for touching and watching, who knows, maybe in a few days Percy would feel strong enough to move forward.
So, Percy did what Nico so desperately asked him to do. He watched Nico's member throb, without anything touching it, while he continued to massage Nico's insides, moving his fingers slowly around, opening them very delicately until he found the right place. Nico shuddered and moaned for a long time, arching his spine and like magic, he saw Nico expelling, jet after jet, Percy without having to touch anywhere else.
"I hate you!" Nico groaned as he finally collapsed against Percy's chest, an expression of exhaustion and ecstasy still etched on his features.
Well, Percy believed in Nico. Sometimes, he hated himself too, especially when he had to control himself like this.
"I love you too." Percy continued to hold Nico against his chest and only moved when he was sure that Nico would no longer hate him.
So, how was today's chapter? I'm trying to develop their D/s relationship in a way that feels natural. Percy may know a lot about the bdsm world, but knowing isn't the same as understanding or practicing. Like, there's something called domdrop, you know? The guilt of doing something that socially might be discouraged, like taboo fantasies and kinks. Just like Nico has or will have some kind of subdrop too. It's not all roses and I wanted to show this side of this kind of relationship in the story. I hope you enjoyed it. Likes, reblogs and comments are always welcome. Suggestions too.
Hi, how are you? Things are going well, aren't they? I've decided to set a day for posting this story, (at least for the next few weeks) starting on Tuesdays from next week. Sometimes I don't have much energy at the beginning of the week, so just to be sure, we'll meet on Tuesdays. Oh, and if you can, give me a helping hand on:
Tapas - (Original version) and on AO3 for a cleaner version.
Good reading!
CHAPTER I / CHAPTER II / CHAPTER III / CHAPTER IV / CHAPTER V / CHAPTER VI / CHAPTER VII / CHAPTER VIII / CHAPTER IX / CHAPTER X / CHAPTER XI / CHAPTER XII / CHAPTER XIII / CHAPTER XIV / CHAPTER XV / CHAPTER XVI / CHAPTER XVII / CHAPTER XVIII / CHAPTER XIX / CHAPTER XX / CHAPTER XXI / CHAPTER XXII
Percy felt like a criminal. He was fully aware that he shouldn't have gone to see Apollo and Vanessa without his parents' permission. After all, technically, he was still 17 and wouldn't be considered an adult for another two months. His only option was to sneak around the house. He hid in the servants' entrance and only moved when he saw no one around. He passed through the kitchen and then ran upstairs, hearing his mother's voice and Nico's in the living room. It was a shame. If Nico was still asleep, he could finally do what he had to do before his mother convinced him against it.
Honestly? Sally was right. They shouldn't mess around with certain things, especially since they were too young and because, according to the law, they wouldn't be responsible if something went wrong. But... if Nico had already practiced this kind of dynamic with other people and he too was up to his neck in it, what was wrong with rushing things? Just a little? It would be just enough to reassure Nico who was determined to drive him crazy.
Really, Percy had no choice. It was the worst kind of feeling to see Nico begging for attention as if Percy was ignoring him on purpose; and if that was what Nico wanted, at least Percy would do it the right way. Like, he had already given Nico a journal and they had the safe words too, even if Nico hadn't realized what they really were. So maybe it was the best alternative. That way, they could finally clear things up once and for all.
Giving up, Percy walked to his room, placed the box on the bed and left the room quickly. Percy didn't want Nico to think he had abandoned him just as they had reconciled. It was his own fault, of course. How could Percy give Nico what he wanted when Percy knew the responsibility of dominating someone? Most of the time it wouldn't just be obedience and fun. It was the expectation behind the word, of what it really meant to dominate someone's life. The care, the concern, making sure that Nico would be safe and happy even in the midst of pain and frustration. It was the real responsibility of having someone's complete surrender and the trust, to the point that Nico would take every word or order to the letter. And from what Percy had seen, some submissives expected the dominant to make all the decisions for them, and in that, Percy didn't know if he would be able to consent. That was the real reason he was so hesitant, if only it were just Nico's fantasies, the expectation would always be heavier than anything they could do.
"Percy? I thought I saw you come in. I think we need to have a talk."
The worst he feared happened, someone had really caught him off guard. It was his mother, furious and with her arms crossed. Percy didn't even have time to go downstairs, at least he had closed the bedroom door, preventing her from seeing the logo on the box's packaging.
"Look, it's not what you think."
"I know everything. Nico told me."
"Everything?" What would that all be?”
“Don't try to fool me.”
Percy paused for a moment, realizing that his mother was bluffing. If she knew anything, Sally would already be raging in a much more specific way. At most, she must have seen something on Nico's shoulders or neck. But... should he hide these things from his mother? It was always better to have a backup plan in case he messed up.
“Fine. We had sex, okay?” Percy raised his hand before Sally could continue, seeing her face deepen in fury, like a mother lioness defending her cub. “I know I promised, I tried to do it your way and look what happened! Nico thought I didn't want to be with him. I found out that he…”
“He what?”
“You know…”
“No, I don't.’
“Nico thinks I'm rejecting him if I don't... touch him.”
“Oh.” Sally sighed and leaned against the wall, looking defeated.
“I'm going to do things the right way this time.”
“Percy, what are you saying? Nico isn't like that. He's kind and calm and…”
“Super obedient? Likes to please everyone around him?”
“Percy, I forbid you to--”
“He's a submissive, Mom. What do you want me to do? Why do you think I've distanced myself from him? Is that what you want?”
“I decide what happens in this house and that's not going to happen.”
“It's too late, don't you see? I didn't start this.”
“What?”
“That's right. Nico has been having fun without me in Italy. And if I found a place and was welcomed, I'm sure he did too.”
That finally put an end to the argument. Sally looked devastated to a point Percy hadn't seen before, not even when she found out Percy was suicidal.
“What could have happened to make Nico want these things? He must have learned it from someone.”
It was a good question. For a little boy who avoided even the mention of sex to become a submissive, it was a big step.
“Maybe what he told us about Hades is worse than we thought?”
“Percy! I don’t want to think about that possibility.” Sally put her hand to her face, refusing to believe that Hades would be capable of sexually abusing such a defenseless little boy. When she looked back at Percy, Sally had a strange glint in her eyes. “It seems like we have more work to do.”
“Mom, no! Nico didn’t say anything about it. I don’t want him to feel pressured.”
“Honey, of course he didn’t say anything about it. Would you? That’s what abusers do. They manipulate people who are more fragile than they are and make them believe that no one will believe them. Nico needs a little push in the right direction.”
“I don’t know. We’ll talk to him, if that’s the case—”
“Leave it to me.” Hades Di Ângelo doesn't know who he's messed with!
***
Percy's life was a big ball of tiredness, because that's how he felt. A small thing that seemed unimportant, from one moment to the next, grew and grew, and before he knew it, the small signs of danger became a whirlwind of problems. He wasn't complaining, it was better to know what was going on than to be caught off guard later. The first of them was his mother always getting involved in things she shouldn't. They went down the stairs and he knew right away; as soon as they got downstairs, he saw Sally straighten her spine, as if she was getting ready to go to war.
Luckily, the three people present hadn't noticed their presence. Nico was sitting in front of the dining table, looking irritated by something Tyson was saying to him, while Grover just laughed, stretched out in the chair where he sat. Then, before anything could happen, Percy grabbed her shoulder, smiled and leaned down towards his mother, whispering:
“Mom, we talked about this.”
“I need to--”
“No, I'll talk to him when the time is right.”
“Per--”
“Promise me. I'm serious.”
“Perseus Jackson!”
That finally caught Nico's attention. Percy ignored his mother's glare at him and walked towards Nico. Sally could get all annoyed, today was not the right day to discuss these things; today, he would put Nico on a pretty leash and do things the right way.
That is, Percy would do that if Nico would let him. Because that was his second problem of the day. It was even funny if Percy was honest with himself. Nico glanced in his direction for a brief moment and, just like that, ignored him. Nico went back to looking at the plate in front of him, moving the food with his fork from side to side, not seeming interested in eating.
“Looks like someone didn't have a very good night.” Tyson continued, chewing as he spoke. It was kind of disgusting. What could Percy do? When his brother was in this kind of mood, nothing could stop him. Except when Nico was in an even worse mood.
In slow motion, Percy saw Nico pick up a still-warm bagel, stare at it for a moment and then Nico threw the bagel in Tyson's face, ending his brother's laughter, but making Grover laugh out loud, who almost fell backwards from laughing so hard.
“Now, who's not having a good day? Hm?” A victorious smile appeared on Nico's face and in the greatest display of childishness, Tyson stuck his tongue out at Nico, picking up the roll that had fallen on his plate and taking a big bite of it.
“Thrown food tastes even better. Let's see who wins?”
It was clear that immaturity had won this round. Percy saw no other alternative but to play the adult. Just as Nico was about to throw another piece of bread, Percy stopped beside Nico and touched the back of his neck. He didn't even hold him, just placed his hand on Nico's neck. The effect was immediate. Nico stopped with his hand raised and looked up, his face a mischievous boyish expression.
"Behave yourself." Those words seemed to have an even more powerful effect.
Slowly, Nico lowered his arm, put the bread on his own plate and looked down, all embarrassed. Percy hadn't even scolded him or told him to stop, but it was as if he had. It was... intoxicating. If Percy gave Nico any order, would he obey?
"Eat," Percy said and waited to see what would happen. For a moment, no one moved. Nico remained huddled against the seat of the chair, fidgeting uncomfortably. Not even the sound of his mother's heels approaching seemed to wake Nico from his bubble of shame. Nico remained like that for a few more moments and finally picked up the fork again, this time cutting a piece of the pancake and bringing it to his lips, looking like he was going to burst into tears at any moment.
“Good boy.” Percy said once more, testing to see what Nico would do.
He stroked the hair there and felt Nico immediately relax, chewing slowly under his attentive gaze and blushing discreetly. The real question was whether things had always been like this or if it was something new.
Percy looked at his family who now seemed as well-behaved as Nico, although he saw how Tyson and Grover looked at him with a strange smile on their faces or how his mother disapproved of him, still with her arms crossed, now sitting in her chair. The important thing here was that no one had found the scene strange. It was true that sometimes he had to break up arguments like this, without importance. The question there was, had Nico always reacted to him this way? Percy hated what his brain did to him, erasing this type of information and then making him question if it was real or if it was just his fertile imagination inventing fantasy scenarios.
“Where did you…” Nico began to say, still looking at his own plate. “You weren't in bed when I woke up... did something happen?”
“I had to leave really fast. It's a surprise.”
“Surprise? I’m gonna like this?”
What Percy heard was a "will it be fun?"
“I promise you will.”
“I just... don't like waking up alone.”
Hm. Percy understood, he really did. But since Nico wanted to go down that path, Percy had an obligation to be responsible.
“This won't happen again. I had a good reason.”
“And that is...?”
“You'll find out. Soon.”
Percy had spoken with a tone of finality that he usually didn't like to use. See, he was the dominant one here, right? So, he would act like one. And Nico seemed to be aware of that, even if they hadn't had a serious and definitive conversation. Percy knew this because Nico looked away from his own plate and looked at him curiously, and instead of arguing, Nico pouted, going back to eating, taking a forkful of scrambled eggs.
“Do you want some?” Nico took another bite and offered it to Percy, who accepted it only to see a smile appear on Nico's face.
Well, what could he do? Percy pulled a chair closer and let Nico feed him in intervals, where things returned to normal; his family resumed talking and Nico remained quiet, accepting whatever Percy put on his plate.
***
Nico picked up his bag from the floor and accepted it when Percy offered him his hand, hearing the bell ring. It was Friday and that was usually Nico's favorite day, a day with few classes and the whole weekend to rest. Or so it used to be. Since he had come back, every day had been full of ups and downs, little moments that Nico treasured, hoping they would last the rest of his life. He just... he just didn't expect that after so many misunderstandings, things would become so easy. Unpredictable? Yes. But never forced, even when something happened that made his head spin.
Fortunately, this was one of the good times. Since he had woken up that morning, his head had been... empty. Nico couldn't worry about his problems, like the upcoming exams or Annabeth who kept hovering over them. Not even when Percy scolded him at breakfast, taking control of the situation, like he hadn't seen anyone do in a long time, not when it came to him, the "innocent and delicate Nico". Things just seemed to be in the right place again, as if he had never left, however, they seemed to be even better, feeling like they had taken an important step towards the future he had always dreamed of.
“Baby? Are you okay?”
“Hm. Just tired.”
“We're almost there.”
“Okay.”
They really were. Nico had barely noticed the moment they had gotten into Percy's car, he didn't remember putting on his seatbelt or when they had arrived in the neighborhood where they lived. Nico stared out the window, not registering anything, letting his mind wander, empty, Nico feeling so calm and at peace like he had never felt before. Had it been the sex last night? Or was it just Percy's presence? And where did all this peace of mind come from? It didn't matter, he got out of the car when Percy opened the door for him, accepted the hand Percy offered him once again and went upstairs while Percy guided him. Hm... maybe that was it. Things had always been like that for him, hadn't they? The absence of duties and obligations? Not always and not everything, just a little bit. It was okay if Nico allowed himself to not make any decisions for a few hours, right?
"Beautiful. Lift your leg."
"Oh." He did, lifting one leg and then the other, allowing Percy to take off his sneakers, socks and pants.
When had they entered the house and gone to Percy's room?
"Arms."
Nico lifted them too, Percy exchanging his shirt for a comfortable t-shirt.
"Better? Some water?"
Nico didn't hesitate, took the glass of water from Percy's hand and drank it in one breath, feeling better immediately.
Could something have happened during the day to make him feel this way?
"Good boy." Percy said and kissed his face, holding him by the back of the neck, practically cradling him in his lap.
Something ignited in his brain, pleasure radiating through his body for no reason.
Oh, so that was it? That must be the reason he was feeling so light and content. It shouldn't be normal to feel like that for so long, right? He had woken up in a bad mood, but soon that feeling of doing the right thing and being in the right place filled him, making him forget that he should be mad at Percy.
“I... don't talk to me like that.”
“Like what?”
“Like that... with that voice... touching me like that…”
“I've always done that. What’s changed now?”
“I…” Nico was starting to not care if Percy did that on purpose. Was it normal to hear someone's voice and immediately feel all those things?
Nico heard Percy laugh and a shiver ran down his spine. It was a low, deep sound near his ear, making him realize that Percy was, in fact, doing that on purpose. Maybe he had groaned and clung to Percy's neck, Percy nibbling on his shoulder, moving up until he found his earlobe once more.
"Okay, I admit it," Percy murmured. "You've been very susceptible to... suggestions. Is it me or is it something general?"
"Just you," Nico found himself saying, realizing it was the truth. "I think... I trust you."
"I feel honored," Percy said without any irony, his low, velvety tone giving way to something more normal. "I was afraid this would happen. I will never abuse the trust you put on me."
"I know that. I’ve never doubted that."
"That's why I have to talk to you about something."
Oh, no. Was he in trouble?
Thank you for joining me on this journey. See you next time.
Oii, como vai? Como prometido, hoje começamos a "Ajuda para escritores". Eu entendo se você não estiver interessado nesse tipo de conteúdo. Assim, vamos usar a tag Aurora Ajuda para Escritores, e se você costumava acompanhar o blog @desafiodeescritadiario, vai reconhecer vários dos posts que surgirão por aqui.
Com isso em mente, tentei lembrar dos primeiros artigos que li sobre o assunto ou o que de fato me ajudou nesse fase inicial. Ai me lembrei que minhas primeiras histórias nem chegaram a ser colocadas no papel e elas sequer se pareciam com histórias.
É verdade que para mim escrever sempre esteve ligado a fanfiction, pois nunca tinha passado pela minha cabeça que escrever era algo possível fora da alta literatura, isso é, uma arte que permite nos expressar livremente ao invés de nos colocar em caixinhas pré-definidas. Hoje eu entendo que quando entrei em contato com as fanfics, no começo dos anos 2000, o acesso á escrita era bem limitado, e divulgação sobre o assunto era ainda mais, mesmo que tenha sido incrível presenciar o começo e o desenvolvimento das fanfics no Brasil, lembro que o fandom do Harry Potter já era bem formado e de Supernatural estava começando a se expandir.
O que eu realmente quero dizer é que as fanfics foram um incentivador melhor do que qualquer livro ou professor poderia fazer, e foi lendo centenas de Fanfics que eu iniciei na arte de escrever. Entretanto, depois de um tempo mergulhada nesse mundo, senti a falta de algo a mais, algo que fosse mais concreto e que me permitisse ampliar meu conhecimento sobre narrativas. Foi aí que minha vontade de aprender se tornou a cede de conhecimento, me forçando a aprender técnicas de escrita e me aprofundar melhor na criação de personagens, que eu tenho que admitir, lutei muito contra. Só que eu gostei tanto de desenvolver personalidades que esse acabou se tornando meu foco de escrita e que fez, devagar, ir me afastando de textos mais canon, num ponto de vista de escritora, porque no leitora, eu devoro tudo o que aparecer, desde que seja bem escrito.
Assim, ao invés de me focar no enredo, decidi me focar nos personagens, seu psicológico, vontades, falhas e história de vida, e como o enredo poderia afetar diretamente meus personagens. A partir de hoje, é como levaremos esse projeto, tentaremos desenvolver todos os aspectos que envolvem uma boa narrativa, porém, de forma bem estrutura e levemente técnica, também tentando trazer discussões sobre o tema. Sempre vou tentar usar a linguagem mais simples possível para uma assimilação mais facilitada, e se possível vou usar exemplos práticos.
Para começarmos, gostaria de compartilhar a forma simples que eu conheço para estruturar uma história:
Esse é um jeito de montar uma cena ou capítulo da forma mais descomplicada que eu já vi. Ela também pode ser usada para organizar a historia como um todo, porque esse sistema te faz pensar sobre o enredo em sua completude.
Ela é composta de:
• Cena – o que se vai narrar (O quê?)
• Tempo – quando o fato ocorreu (Quando?)
• Lugar – onde o fato se deu (Onde?)
• Personagens – quem participou ou observou o ocorrido (Com quem?)
• Causa – motivo que determinou a ocorrência (Por quê?)
• Modo – como se deu o fato (Como?)
• Consequências – Geralmente provoca determinado desfecho.
Sim, esse é um jeito simplificado de ver os elementos da narrativa. Logo teremos posts que nos ajudaram a mergulharmos mais afundo no estudo da narrativa
Se você quiser se adiantar e ler os próximos posts, temos um Patreon para as dias, contando com mais de 40 posts sobre dicas de escrita e Prompts Criativos. Por lá temos posts toda segunda e quinta.
Antes de encerrarmos esse post gostaria de saber qual seu nível de escrita. Assim, posso trazer assuntos que agradem a todos. E claro, se você quiser saber algo de especifico, vou ficar feliz de receber sua ask.
Espero que esse post tenha sido útil e até a próxima.
People out there who are new to AO3 might not realize that some of the things they are posting actually violate the Terms of Service. While these kinds of posts are great for social media sites like tumblr or Twitter, they are actually not allowed on AO3. AO3 isn’t a social media site. It’s a fanfiction archive.
Since most people don’t read the Terms of Service for sites that they use (no shade - I’m including myself in that description), I thought I’d make a post about things that you should not post on AO3. This list is in no particular order:
requests to help find a fic
lists of prompts
requests for prompts
translations of someone else’s work, if you don’t have their permission (this includes published fiction as well as fanfic)
someone else’s work (either published or fannish)
liveblog reactions to watching episodes
invitations to a discord server
songfics that include the full lyrics to a copyrighted song
a placeholder - no actual fic, just a work posted saying that a fic will eventually be there
class notes or homework (unless that homework is fic or fandom meta)
searches for role playing partners
rec lists
requests for recommendations
callout posts
fandom organizing (ex. let’s vote X for People’s Choice!)
requests for money
fic planning/outlining
As new people join the site, works like these are bound to be posted to AO3. Give friends and fellow fans a heads up, and hopefully by letting people know ahead of time they can avoid posting these mistakes.
Remember, it’s a group of volunteers who needs to deal with all of these posted works so if we can lighten the load they’re dealing with I’m sure they’d appreciate it. ❤
Hi Neil,
I'm starting out as a professional writer. What's your advice for starting in the field? I'm sure you've been asked this all the time but I felt I may as well ask
This:
Oii, como vai? Eu estava tentando continuar minha história atual, A Refulgente, mas sabe quando não está rolando? Aí comecei outra que deve ter no máximo umas 50 mil palavras (embora eu não saiba como escrever nada curto ou não tenha o controle mental para isso), outra Percy/Nico é claro. E como está fluindo bem, decidi dividir o começo dela por aqui antes de colocar em outros lugares. Na verdade, aqui é o único lugar onde ela vai estar até eu completá-la, se é que isso vai acontecer. Então, vamos ver como as coisas vão.
Para manter as coisas organizadas, vou reblogar o último capítulo conforme eu for atualizando o blog, assim fica mais fácil de acompanhar.
Ainda não tenho um sumário pronto, e em linhas gerais segue assim: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro e bem rápido! Nessa história vou tentar ser mais direta. Será que eu consigo? Boa leitura!
PS: Se vocês virem algum erro sobre quanto tempo Nico estive na Itália é porque mudei de cinco anos para dois. Texto sem muita revisão, mesmo assim, espero que vocês gostem.
— Olha quem voltou! O garoto italiano. — Nico apenas teve tempo de se virar antes de ser prensado contra ombros largos e braços fortes que o abraçaram com tanta força que o levantaram no ar, o deixando sem ar e fazendo com que seus livros e bolsa caíssem ao chão, a porta de seu armário sendo fechada com um estrondo barulhento.
— Perseu Jackson!
— Só a minha mãe me chama assim.
Mas Percy estava rindo, o girando no ar enquanto as pessoas ao redor olhavam para eles. Também, não era para menos. Eles estavam bem no meio do corredor onde havia vários armários, dando para a entrada das classes de aula. Nico não resistiu, ele envolveu os braços ao redor do pescoço de Percy e o abraçou tão forte quanto Percy tinha feito, enterrando o rosto contra o pescoço de Percy.
— Eu senti sua falta.
— Eu também senti a sua. — Nico murmurou de volta e se afastou, finalmente conseguindo ver o rosto de Percy.
Olhos tão verdes quanto ele se lembrava, nariz reto e empinado, lábios finos e largos sempre em um sorriso bonito. O que tinha mudado era a altura, quase dois metros, e músculos. Onde ele se lembrava de um garoto tímido e um pouco triste tinha se transformado nesse… nesse homem feliz e cheio de vida. Confiantes. Embora ele ainda pudesse ver a bondade e a amizade que eles costumavam ter, mas essa coisa entre eles… esses abraços todos eram algo novo. Ele não podia evitar a comparação com o passado, onde ele era jovem demais e Percy era… Percy era Percy, abrindo a porta de sua casa para um garotinho triste e solitário.
— Dois anos, hein? Eu pensei que você nunca ia voltar.
— Hm.
— Me deixe te ver melhor. — E o que ele nunca esperaria do garoto mais hétero e tímido que ele já tinha conhecido aconteceu, Percy levou uma de suas mãos a seu rosto e penteou seus cabelos para trás, expondo sua face por completo. E ele? Bem, Nico apenas encarou Percy de volta, tão focado no garoto quanto Percy se focava nele. Todas as ligações e vídeo-chamadas não se comparavam ao que a realidade lhe mostrava, o fazendo se questionar o que tinha acontecido nesse tempo todo para fazer Percy agir assim, tão… tão afetuoso, tão atencioso. Ele ainda namorava Annabeth, não? Ainda era o capitão do time de basquete? Esse devia ser o caso, pois Percy vestia a jaqueta do time.
— Hm… Percy? Me põe no chão, sim? — Nico fez o seu melhor para ficar sério.
— Por quê?
— Você não tem uma namorada?
— Eu tenho?
Então, Percy sorriu ainda mais e enfim o colocou no chão para em seguida afrouxar o agarre em seu rosto e em sua cintura, sem se afastar, porém se inclinando um pouco sobre ele, como se tivesse algo em seu rosto que ele precisava ver mais de perto.
— Como você tem estado? Por que você não me disse que chegava essa semana?
— Por quê? Você ia me buscar no aeroporto?
— É claro, meus amigos merecem o melhor.
— E o que seria esse melhor?
— Eu, é claro.
Nico jurava que estava tentando ficar sério. Pelo jeito que as coisas iam, Percy queria algo a mais e no momento ele não estava interessado. Mas não adiantou, Nico se segurou nos ombros de Percy e gargalhou; ele achava que essa era uma das piores cantadas que ele já tinha ouvido.
— Ei, não ri da minha cara. Eu sou um cara legal.
— E muito humilde, também.
— Muito. — Percy disse e enfim o soltou, se encostando a seu lado em frente aos armários e Nico suspirou em alívio, pegando suas coisas do chão e as guardando no armário. Às vezes Percy era um pouco demais para ele; era o que Nico tinha descoberto durante os anos nas milhares de conversas que eles tiveram nesse tempo todo. Ele não sabia quando Percy tinha mudado do garoto introvertido para essa pessoa esfuziante, mas ele gostava. E odiava ao mesmo tempo, fazendo seu estômago se revirar de nervosismo.
— Agora, de verdade, como as coisas têm estado?
— Você sabe, sempre iguais. — Nico deu de ombros e fechou o armário, tirando os livros que usaria naquele dia, os guardando na bolsa. — Bianca veio comigo.
— Faculdade? — Percy perguntou. — E você?
Nico deu de ombros mais uma vez e se encostou ao lado de Percy, voltando a encará-lo de perto, o olhando sobre os cílios, tentando não demonstrar como realmente se sentia. Achava que nunca se conformaria com a beleza do amigo, agora duplicada conforme os traços suaves da adolescência davam lugar a músculos definidos e um rosto angular e forte, o sorriso de canto, o olhar intenso, a atitude confiante… e… bem, tudo isso e muito mais.
— O que tem isso?
— O que te traz de volta?
— Eu senti falta de casa. — Nico acenou para si mesmo. — Por um tempo pensei que fosse em Verona, mas… eu sempre ficava me perguntando o que estava acontecendo por aqui.
— Então, você decidiu voltar? Simples assim?
— Por que não? Eu vou fazer dezoito em alguns meses. Queria aproveitar esse último ano e rever o pessoal.
Bem… ele queria rever algumas poucas pessoas e uma delas estava bem em sua frente, olhando para ele como se quisesse… como se quiser ver o que tinha dentro de sua mente. E como costumava acontecer, ele foi o primeiro a perder nesse joguinho para ver quem desviava o olhar primeiro.
— Então… você sentiu saudade e veio para ficar ou…
— Vim para ficar. Hades vai vir depois.
— Fico feliz. — Percy disse, ainda sorrindo, algo mais sincero e bonito, como se tivesse se cansado de flertar. — Quem sabe a gente pode se ver mais tarde. Comer alguma coisa?
— Mais tarde quando?
— Hoje. Depois da prática de basquete. Quer me ver jogar?
— Oh, não! Era isso o que eu temia! O clichê colegial! — Mas ele ria e Percy ria junto, o fazendo lembrar dos velhos tempos.
— Sabe, você não pode falar de mim. Você era todo bonitinho e tímido e voltou parecendo sair de um filme dos anos oitenta. Jaqueta de couro, calça rasgada e isso… é delineador? — Percy se aproximou mais uma vez dele e segurou suavemente em seu queixo, apenas mais uma desculpa para tocá-lo, disso Nico tinha certeza; não que estivesse reclamando. Percy podia fazer isso e muito mais. — Você é o perfeito garoto bonzinho que ficou rebelde.
— Eu ainda sou um bom garoto.
Isso fez Percy parar por um momento, ainda com as mãos sobre o rosto de Nico, e o encarar longamente apenas para um sorriso de canto aparecer junto a covinhas.
— É mesmo? O quanto você é um bom garoto?
— Acho que você nunca vai descobrir.
Mais um silêncio e mais um olhar que no passado o faria correr em busca de abrigo mais rápido que um foguete. Entretanto, esse Nico tinha ficado para trás junto com sua inocência.
— Hm. — Foi tudo o que Percy disse durante alguns momentos, e Nico jurava que ele estava se aproximando em direção a seu rosto quando o sinal tocou, os interrompendo.
— Certo. — Nico pigarreou, endireitando a coluna e olhando ao redor. — Acho que eu tenho que ir.
— Qual seu primeiro horário?
— Língua portuguesa. Preciso passar na secretaria primeiro.
— Eu vou com você.
Nico nem tentou negar, ele tinha sentido tanta falta de Percy que estender um pouco mais as coisas não faria mal. Ele se desencostou do armário e, de novo, aconteceu algo que ele não esperava. Percy pegou a mochila de seu ombro, a carregando para ele e com a outra mão, entrelaçou os dedos com os seus, o puxando suavemente pelo corredor quase vazio em direção à administração do colégio.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Então, aceitável? Percebi que meus diálogos não são os melhores. Sua opinião ou feedback educado é sempre bem vindo^^
Obrigada por ler!
Oii, como vai? Capítulo na hora prometida. Nesse capitulo vamos entender mais um pouco sobre a relação deles. Devagar vai chegar lá, e desde já obrigada pela presença e apoio^^
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II
O sinal bateu bem na hora em que Nico bocejou, levando a mão à boca.
— Você quer ir pra casa? — Percy perguntou, parando de escrever na folha de questões sobre física, momentaneamente, parecendo pensar seriamente sobre alguma coisa para voltar a escrever apressadamente, sem desviar sua atenção da tarefa, tudo isso enquanto segurava em uma de suas mãos, como se Nico fosse sair correndo no caso de Percy não estar lá para impedi-lo. Era quase engraçado, eles sentados em uma roda de seis ou sete pessoas no chão da biblioteca enquanto ele observava Percy fazer todo o trabalho pesado.
Ele queria dizer para Percy que não estava cansado, que era só o fuso horário. Mesmo que ele tenha chegado há dois ou três dias, ainda não tinha se acostumado e mal tinha conseguido dormir nas noites anteriores, sem mencionar o clima que era bem mais ameno do que na Itália, o clima frio o fazendo ficar com sono facilmente. O problema era que Percy disse que seriam dez minutos que viraram trinta e agora, uma hora e meia depois, sentado no meio dos colegas de classe, eles resolviam as questões que o professor tinha entregado, valendo nota. Ele sabia que devia estar ajudando Percy com a tarefa, igual os outros estavam fazendo, trabalhando em pares, mas como Percy parecia feliz em escrever sozinho, Nico deixou que Percy se divertisse, observando a expressão séria e concentrada no rosto do amigo, que enfim, levantou o rosto e o encarou, sorrindo, como se apenas naquele momento tivesse lembrado da presença de Nico.
— Desculpa. Eu sempre acabo fazendo essas coisas sozinho. Não tenho paciência para ficar enrolando.
Percy estava certo. As pessoas ao redor estavam escrevendo, mas elas também conversavam em voz baixa, discretas, porém óbvias.
— Eu prometi. Vamos.
— Você pode terminar, eu não me importo.
— Eu terminei.
Percy estava certo mais uma vez, Nico espiou a folha no colo de Percy e viu que todas as questões estavam preenchidas com respostas completas.
— Você quer levar para casa e estudar?
— Não, não precisa.
Então, ele estava se levantando, Percy atrás dele, o apoiando pelas costas e guardando a folha dentro da bolsa. Ninguém pareceu vê-los sair, apenas a bibliotecária os cumprimentou na saída e finalmente eles estavam livres, o sol de fim de tarde ainda brilhava, trazendo um pouco da umidade e calor que ele tanto sentia falta. Contente, Nico deu alguns passos para fora dos corredores, indo em direção ao pátio descoberto e fechou os olhos, deixando que os raios de sol o esquentassem suavemente. É claro que logo Percy estava a seu lado, segurando sua mão, como sempre havia sido. A presença de Percy sempre acalentadora, ele até podia sentir o olhar do amigo sobre ele.
— O que foi? — Ele teve que perguntar, ainda de olhos fechados.
— Eu te mantive em cárcere privado, não foi?
— Não seja ridículo. — Nico quase revirou os olhos de impaciência, querendo sair logo dali, se contentando em passar mais alguns minutos sobre o sol.
— Não fica bravo comigo.
— Não estou bravo. — Ele quase não deu importância ao que Percy falava, Nico conseguia sentir o tom brincalhão retornando com força. Porque, no fim, o que Percy queria era atenção.
— Hmm, não. Isso não pode ficar assim.
Nico abriu os olhos e viu que sem perceber, já estavam no estacionamento do colégio. Esse tinha sido seu maior erro, porque enquanto ele estava distraído com o céu limpo e o clima agradável, perdeu o momento em que Percy o encurralou contra a parede do estacionamento e levantou as próprias mãos e… e as enfiou contra sua barriga e abdome, começando uma guerra de cócegas. Ele não se lembrava da última vez que alguém tinha tido a coragem de fazer aquilo com ele. De fato, Percy tinha sido o último, dois anos atrás, antes dele viajar para longe. Naquela época quando Nico ficava quieto por muito tempo essa era a tática favorita que Percy tinha para fazê-lo falar ou reagir; ele tinha que admitir, não sentia saudade dessa tortura humilhante, mas o contato era bem-vindo. Contraditório, não? Parecia que qualquer coisa que Percy fizesse naquele momento seria recebido de boa vontade.
— Percy Jackson! — Ele guinchou e se desenrolou das mãos de Percy, correndo para longe daqueles longos dedos incansáveis. É claro que ele não teria paz! Percy veio correndo atrás dele, gargalhando feito um maníaco e com pernas medindo o dobro das suas, Percy em meros minutos o alcançou, o segurando pela cintura.
— Ni-coo… — E tudo bem, agora que ele analisava as coisas… eles não tinham as brincadeiras mais inocentes, porque a forma que Percy o segurava apertado, costas contra peito e boca bem perto de seu ouvido… era exatamente como as coisas costumavam acontecer no passado.
— Eu te perdoo! Te perdoo.
— De verdade? Você não está falando isso para depois se vingar de mim de formas lentas e cruéis?
— Eu nunca faria isso!
— Mentiroso. — Percy disse na mesma forma doce e baixinha contra sua pele, parecendo que não iria soltá-lo tão cedo.
— Percy! A gente não é mais criança!
— Não é mesmo. — Percy voltou a murmurar e deu uma risadinha seca que fez os cabelos em sua nuca se arrepiarem. Isso é, antes de Percy o virar de frente e se aproximar mais ainda dele, encostando sua testa a dele. E talvez, esse gesto seria algo comum quando eles estavam longe de olhares curiosos, debaixo das cobertas, nas milhares de vezes que ele dormia na casa de Percy já que apenas as empregadas e Bianca estariam o esperando em casa. Quando eles eram pequenos parecia algo afetuoso e inocente, mas agora… bem… ainda parecia afetuoso. — Você quer jantar? O restaurante ainda está aberto.
Mas como ele podia pensar em comida quando eles estavam tão próximos, respirando o ar do outro? Quando as mãos de Percy estavam em sua cintura e em seus cabelos, não permitindo que ele desviasse o olhar? Quando ele o abraçava de volta? Seus corpos prensados juntos e mesmo através das roupas ele podia sentir o calor de Percy.
— Nico… Niccolas… — Por que Percy tinha que sussurrar seu nome daquele jeito? Porque ele tinha que tocá-lo daquele jeito? Tão forte e firme, como se temesse que ele fosse desaparecer a qualquer momento. Ele… ele não sabia se estava pronto.
Tão perto agora… a cabeça de Percy veio em direção a sua e… e… e ele deixou o ar sair, fechando os olhos.
— Comida. Comida é uma boa ideia. Certo? — Ele engoliu em seco por um momento, mas quando Percy não fez nada além continuar o abraçando sem se aproximar mais, Nico abriu os olhos, vendo seus olhos intensos sobre ele, queimando feito labaredas.
— Você está com medo de mim. — Tinha sido uma afirmação, a luz nos olhos de Percy parecendo sumir junto com seu sorriso brincalhão.
— Não… eu não… eu só… não estou pronto?
— É isso mesmo? Ou é outra coisa? Eu não quero ser uma dessas pessoas…
Ele entendia o que Percy queria dizer. Percy nunca faria algo para abusar de sua confiança mesmo que tentasse. Ele confiava em Percy, era em si mesmo que Nico não confiava. Se ele já estava assim em menos de vinte e quatro horas perto de Percy, o que aconteceria se ele se deixasse levar? Temia que… que a obsessão retornaria ainda mais intensa do que antes.
— A gente pode ir devagar? — Nico enfim conseguiu cuspir para fora, se sentindo estremecer.
— É claro. Tudo o que você quiser. — E Percy parecia falar sério. Percy o observou por mais uns momentos, como se decidisse algo importante e deu um passo para trás, apenas o suficiente para segurar em sua cintura e o guiar até o carro que estava parado perto da saída do estacionamento.
Percy abriu a porta para ele, pegou ambas suas mochilas e as colocou no banco de trás, dando a volta rapidamente para se sentar a seu lado, parecendo ansioso. Não era aquela ansiedade do tipo de quem estava bravo ou irritado, era mais… alguém cheio de energia e que não sabia o que fazer com isso. Restou a Nico relaxar contra o assento do carro e encostar a cabeça no apoio, quem sabe quando eles chegassem no restaurante a tensão que ele sentia teria se dissipado.
***
— O que você acha?
Era um lugar bem aconchegante e acolhedor, a decoração era feita de forma simples e em confortáveis tons vermelhos, como algo que ele veria na casa de sua avó já falecida há alguns anos. Ele sentia vontade de sentar em uma das poltronas perto da recepção, fazer um chocolate quente e se sentar perto da lareira com um cobertor sobre seus ombros.
— Eu gostei.
— Tenho uma reserva. — Percy disse todo orgulhoso. Eram seis horas da tarde em ponto, o que significava que Percy tinha planejado tudo aquilo, matar tempo na escola para trazê-lo ali na hora certa.
— O que eu faço com você, hein?
— Que tal dizer “Obrigado, Percy. Você é tão atencioso”.
— É assim que você dá em cima das pessoas?
— Está funcionando?
Nico suspirou e aceitou a mão que Percy oferecia, o guiando em direção ao maitre. O lugar era específico demais. Provavelmente outras pessoas da idade deles não gostariam do lugar tanto quanto Nico tinha gostado. O pior era que ele não odiava nenhum pouco isso, Nico apreciava o esforço que Percy tinha feito para encontrar algo tão… tão a sua cara, como se tivesse encontrado um pedacinho da Itália apenas para que ele se sentisse melhor.
— Você não precisava.
— Eu quis que você se sentisse bem vindo. — Ele não precisava olhar para Percy para entender o que aquelas palavras realmente significavam, porque o que Percy realmente queria dizer era “Eu quero que você se sinta em casa para nunca mais precisar ir embora”.
Ele não sabia desde quando tudo era tão óbvio. Cada palavra e cada gesto. Era como se eles estivessem dançando, como se soubessem cada passo e só estavam esperando a música acabar para enfim… certo. Ele, então, levantou a cabeça e encarou Percy que naquele momento parecia como o homem mais perfeito do mundo, aquele que Nico sempre havia sonhado em ter; gentil, compreensivo, bonito, bem vestido, tão alto e forte que ele sabia que nunca precisaria se preocupar em se defender. Mas Percy sempre tinha sido assim, o perfeito príncipe. No fim realmente era óbvio, não era? Esse era o motivo de seu problema. Não importava por quem ele procurasse, Nico sempre acabaria nesse mesmo lugar, buscando por Percy em todos os rostos. Talvez ele apenas devesse… parar de procurar em outros lugares.
— A gente pode ir pra casa se você quiser. — Percy disse a ele, agora parando a sua frente. Ele devia estar fazendo papel de bobo de novo, olhando para Percy sem dizer nada.
— Não, a gente pode comer. — Quando o sorriso voltou para o rosto de Percy, ele soube que tinha feito a escolha certa.
Eles seguiram o maitre pela fila de mesas até que subiram um par de escadas e então entraram em um salão que era maior que o andar de baixo, mas que estava mais vazio, cheio de mesas redondas e pequenas e outras com mais privacidade ao fundo do cômodo ao lado de grandes janelas que deixavam a luz do dia entrar, mas como a noite começava a cair, velas aromáticas já estavam acesas.
— Espero que os senhores aprovem os acentos? — Eles acenaram e logo lhes foi oferecido o menu.
A verdade é que Nico não estava interessado em comida, não era por isso que estavam ali. Ou era? Por isso tinha decidido, deixaria que Percy lhe dissesse.
— O que você quer comer? — Percy perguntou, mãos segurando o cardápio, mas seus olhos estavam sobre os dele, olhos que pareciam mais verdes do que nunca sobre a luz das velas naquele restaurante, a penumbra da noite deixando o ambiente ainda mais intimista e pessoal.
— Não sei, um vinho? Você escolhe.
Percy o encarou por um momento, parecendo refletir sobre a resposta e se aproximou mais um pouco, colocando o braço sobre seu ombro e desfazendo o resto da distância entre eles.
— Eu queria conversar sobre a gente.
— Eu sei disso.
— Eu só… preciso saber.
— Eu sei.
— São dez anos nisso. Eu preciso saber.
E Percy estava certo. Eles eram tão pequenos e inocentes naquela época, e depois… depois eles ainda eram pequenos, mas não tão inocentes até que… até que ele surtou e depois Percy surtou e ele foi embora sem avisar ninguém. Assim, do nada, e tão do nada quanto ele tinha partido, Percy tinha ligado para ele, tão diferente do que Nico conhecia e tão familiar ao mesmo tempo que o deixou confuso por um longo tempo. Ele se lembrava que durante longos meses ele só teve energia para cumprir suas obrigações e se apegar a essas ligações diárias até que ele soubesse o que fazer. E ali estavam eles, praticamente no mesmo lugar, a diferença era que agora eles entendiam quais seriam as consequências, não importava qual fosse a decisão no final.
— Eu gosto de você. — Nico se decidiu pelo mais simples. Admitia que não era a pessoa mais assertiva ou que sequer fazia boas escolhas.
— Não foi o que eu perguntei.
— Eu não sei. Sinto sua falta. É o suficiente?
— Não. — Percy dizia tudo aquilo tão sério que ele meio que… queria rir. Talvez já estivesse um pouquinho. Ninguém podia culpá-lo por isso.
— Então, você decide.
— Nico! Você disse que não estava pronto!
— Não estou. Nunca vou estar. Não quero destruir o que a gente tem. Na verdade, não quero um relacionamento.
— Porque você tem que ser tão confuso!
— Não é sobre sexo. Essa é a parte fácil.
— Nico, eu sei. O que posso fazer para você--
— Deuses, Percy! Eu sou o problema. Sou muito instável. Você não quer andar com uma bomba relógio no bolso, quer?
— Bebê, você pode explodir quando quiser, contanto que exploda comigo.
Nico gemeu e levou as mãos ao rosto, isso era ridículo! Ambos sabiam porque ele tinha ido embora e sabiam perfeitamente porque ele tinha voltado. Nico ainda estava se acostumando com a ideia de que dessa vez ele não tinha para onde correr quando seus sentimentos irrompessem por todos os cantos, obrigando Percy a catar os pedaços.
— Será que você pode falar sério por cinco minutos?
— Eu sei de tudo isso, querido. Cada coisinha que você acha que consegue esconder de mim.
— Vai ser pior do que antes!
— Você disse que eu podia decidir.
— Sim, mas-- quero ir devagar.
— Então me deixe decidir. Eu só preciso da sua permissão.
— Permissão para fazer o quê?
Nico observou em câmera lenta a mão que estava em volta de seu ombro viajar para sua nuca, massageando o lugar, e o puxando suavemente para mais perto, inclinando sua cabeça até alcançar a posição certa para os lábios de Percy finalmente descerem contra os seus no beijo mais inocente e doce que ele já tinha provado.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Obrigada por ler! Comentários são sempre bem vindos^^
Ahhhhhh eu disse que não ia voltar até agosto, mas consegui escrever e ficou tão fofinho que eu teve que compartilhar. Me desculpem os erros. Espero que você gostem!^^
Boa leitura!
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX
PS: Vou voltar a escrever capítulos curtos até 3 mil palavras, assim me sinto menos pressão, mesmo que essa pressão seja eu mesma que coloco em mim. E se vocês acharem que esse capítulo foi apressado ou apareceu do nada, me desculpe! Não sei quando terá novo capítulo, provavelmente na semana que vem.
— Você está pronto? Não contei que a gente vinha. — Percy pegou em sua mão e o puxou para fora do carro.
Nico nem podia acreditar que estava de volta na casa onde suas melhores memórias foram feitas. Essa era a casa de sua infância, o lugar que ele tinha descoberto que o amor e carinho ainda eram possíveis depois que sua mãe morreu. Era o lugar que ele tinha descoberto que o amor podia vir em diversos tamanhos e formas e ser expressado de jeitos simples ou complicados.
— Talvez a gente devesse voltar depois?
— Ela vai adorar te ver.
— Você tem certeza?
— Nico, essa é sua casa também. Sempre vai ser.
Nico teve que respirar fundo, parando em frente a porta de entrada. Ele se sentia tão culpado! Percy não foi a única pessoa que ele tinha deixado para trás. Sally também tinha sido uma delas. Sua segunda mãe, a pessoa que ele podia contar tudo depois de Percy, sempre oferecendo um abraço apertado e uma cozinha aberta a ele.
— Percy, eu--
— Shhh. — Percy apertou sua mão, sorriu para ele e enfim empurrou a porta da casa, o guiando para dentro. — Mãe! Chegamos!
Não demorou muito e logo ambos puderam ouvir o som de saltos pelo chão de granito branco, e aparecendo de uma das portas que Nico sabia dar na cozinha, Sally veio quase correndo e com tanta energia que por um momento Nico se viu no passado, na primeira vez que ele tinha entrado por aquela mesma porta, vendo a decoração simples, porém, elegante. Sofás cor creme, paredes num azul quase branco, puffs e cobertores espalhados pelo cômodo e uma grande televisão. O cheio era o mesmo, a mesma fragrância de comida recém-feita, açucarada e agridoce, o fazendo sorrir imediatamente.
— Nico, meu filho. — Foi tudo o que ouviu antes do ataque de Sally vir, braços magros e fortes o rodearam e cabelos longos e castanhos escuros caíram sobre ele, o perfume de Sally ainda era o mesmo.
— Deuses, olha como você cresceu! E essas bochechas, hm? Tão bonito.
— Mãe!
— Percy, olhe para ele? Vocês já se resolveram? Espero que sim! Você sumiu por três dias! É o mínimo.
— Sally. — Nico finalmente disse, sorrindo, e se inclinou em direção a ela, recebendo mais um abraço de Sally com prazer.
— Não acredito que vou ter meu assistente de volta! Nosso cardápio sofreu muito com sua partida. Que tal discutirmos isso amanhã? Você vai ficar hoje conosco? Que pergunta! É claro que você vai ficar.
Sally segurou em sua mão, o puxando em direção a cozinha e Nico olhou para trás, vendo Percy dar de ombros. Ele sabia que agora demoraria para Sally se cansar dele. E como diz o ditado, “tal mãe, tal filho”, ou algo assim. E como não adiantava lutar contra nenhum dos Jackson, Nico se deixou ser levado por Sally, não que ele se importasse; era sempre divertido passar algumas horas na companhia de Sally Jackson, comida gostosa, conversa descontraída e um ombro amigo para desabafar.
***
Fazia tempo que Percy não andava pelas ruas do bairro. Elas não eram o que costumavam ser, pois de quietas e humildes, se tornaram cheias de prédios altos e carros barulhentos devido à linha de metrô localizada há poucos quarteirões de sua casa. O bom nisso tudo é que agora praticamente em cada esquina tinha uma loja ou mercado, ou até um shopping center. Exatamente o que ele estava procurando. Andando despreocupado, foi diretamente a uma loja de papelaria e logo encontrou o que procurava, um diário de couro escuro e de aparência delicada e bonita, exatamente como Nico. Ele pagou, deu uma volta pelo shopping e se viu parando em frente a uma relojoaria familiar, se lembrando de ter entrado naquele lugar anos atrás e comprado algo especial, mas nunca ter prosseguido com seu plano. Agora, algumas horas depois, voltava para casa. Imagina sua surpresa ao ver os ajudantes de sua mãe entrarem com sacolas atrás de sacolas com comida e panelas. Percy nem se surpreendia mais. Na verdade, era uma visão familiar, mas que ele não presenciava desde que Nico tinha ido embora, a casa cheia e o aroma de doces e salgados permeando o ar.
Bem, parecia que seu presente teria que esperar.
Sem ser visto, foi até seu quarto, deixou a sacola em cima da cama e abriu a primeira gaveta da cômoda, entrando os anéis que tinha comprado. Será que esse era o momento que vinha esperando? Afinal, eles já tinham deixado claro que se amavam, então, por que não dar o próximo passo? Tinha aprendido que o melhor a fazer era nunca assumir nada, e se não se expressasse, como Nico poderia saber? Percy mal podia esperar para ver a reação de Nico. Assim, trocando os anéis pelo diário, pegou a caixinha com as alianças e colocou o diário dentro da gaveta, se sentindo confiante. Saiu do quarto e foi em direção a cozinha quase trombando com uma garota que usava um avental do restaurante de sua mãe. Ela pediu desculpa e continuou apressada para fora da casa, sem a bajulação usual. Ele esperava que essa durasse mais do que as outras. O caso não era sua mãe ser uma chefe ruim, o problema é que a maioria das pessoas não tinha o mesmo entusiasmo que ela ou Nico tinham quando se tratava de culinária.
Percy enfim entrou na cozinha e se deparou com um banquete completo. Ele viu carnes assadas, fritas, cozidas, grãos e massas de vários tipos, sem contar os doces e comidas salgadas nem tão saudáveis.
— A gente vai ter um jantar de gala ou o quê? — Ele teve que perguntar assim que entrou na cozinha. Era até engraçado. Sally e Nico, além de vários ajudantes, cobertos de farinha e outras coisas que Percy não conseguia identificar, todos vestindo aventais idênticos e andando de um lado para o outro de uma forma tão organizada que pareciam formigas operárias.
— Você tem razão, querido! — Sua mãe exclamou. Ela limpou a mão em uma toalha, tão energética como ele não via há muito tempo, ou pelo menos não nesse nível de “criança que comeu muito açúcar” e o abraçou apertado para logo em seguida, voltar a andar pela cozinha checando o forno e vendo se tudo estava em ordem. — Chame seus amigos! Chame os amigos dos seus amigos. Não, melhor, também chame os pais dos seus amigos.
Ele não tinha certeza sobre isso. Será que se quer ainda tinha tantos amigos assim? Percy deu de ombros, prestes a fazer o que a mãe tinha pedido quando Nico apareceu em sua frente, tentando encontrar um lugar para colocar uma espécie de bolo esbranquiçado na mesa.
— Eu te ajudo.
Percy moveu algumas coisas ao redor e enfim achou um espaço, pegando a travessa das mãos de Nico e a colocando em cima da bancada.
— Aqui está meu bebê. Onde você se meteu?
— Eu não sou seu bebê.
— Não é?
Será que agora era um bom momento? Não importava como Nico estivesse vestido, com o uniforme da escola ou com suas calças justas, e mesmo agora com farinha dos pés a cabeça, Nico sempre seria a coisa mais bonita e fofa que Percy jamais encontraria, principalmente quanto tentava não se constranger pela demonstração de afeto em público.
Percy colocou a mão no bolso, tocando na caixinha e observou por mais um momento, vendo Nico abaixar a cabeça, seus cabelos negros protegidos por uma redinha de cabelo permitindo que ele visse o rubor se espalhar com força na face de Nico, descendo pelo pescoço longo e elegante. Percy não se reprimiu, segurou na nuca de Nico e o puxou para perto, o beijou devagar e longamente, e só parou quando ouviu um gemido e o repentino silêncio que se seguiu; os murmúrios ao redor deles pararam e o barulho de panelas batendo também.
— Per. — Nico sussurrou numa voz quase inexistente e segurou em seu braço, seu rosto agora pegando fogo. Tão tímido e tão doce, ele pôde sentir o açúcar na língua de Nico e a doçura em seu toque suave. Mas quando ele achava que Nico iria se afastar, como ele comumente faria no passado, Nico apenas ficou ali, agarrado a seu braço e olhando para ele sem saber o que fazer. Talvez esse não fosse o momento indicado, porque, se com somente um beijo Nico tinha reagido assim, pego despreparado e todo ansioso, o que Nico faria se ele se ajoelhasse no meio da cozinha? Infelizmente quando isso acontecia, Nico não sabia o que fazer, o garotinho costumava congelar dos pés á cabeça. Era como se Nico não tivesse um script para tal situação e preferisse não fazer nada com medo de errar.
— Lindo. Me dá um abraço, hm?
Nico piscou lentamente e mordeu os lábios, parecendo indeciso. No fim, Nico fez o que Percy pediu. Colocou os braços ao redor da cintura de Percy e o abraçou forte por longos momentos, Percy o abraçando de volta e acariciando seus cabelos.
— Certo. — Percy levantou a cabeça e ainda abraçando Nico, olhou ao redor e encarou cada um dos ajudantes de sua mãe, o que teve o efeito desejado.
Todos começaram a se mover como se fossem um e o ambiente voltou ao normal. Ele pensou em se desculpar para Nico, mas só o pensamento de Nico entender que beijá-lo na frente de outras pessoas era errado, embrulhava seu estômago. Nico era um ser bem perceptivo, e se ele entendesse que estava fazendo algo errado, nunca mais faria tal coisa, como na vez que eles estavam conversando com algumas pessoas, Nico riu muito alto e alguém o repreendeu, depois disso demorou meses para ele ver Nico sorrindo em público.
— O que você fez de gostoso?
— Já comeu bolo japonês? — Nico pareceu aliviado com a mudança de assunto e largou de sua cintura. Ele pegou na mão de Percy e o levou até um bolo leve e de textura esponjosa, diferente de tudo o que ele já tinha comido.
Nico cortou um pedaço e colocou em um prato para ele. Assim que levou uma garfada na boca, o bolo se desfez em sua língua, algo tão gostoso que Percy não sabia explicar, então ele apenas gemeu, fechando os olhos de prazer.
— Tão bom assim?
— Tudo o que meu bebê faz é exemplar.
— Obrigado.
Percy parou de comer e prestou atenção em Nico. De verdade, ele parou e o observou. Nico parecia feliz e contente em seu avental e roupa suja de farinha. Ele parecia um pequeno chefe de cozinha, orgulhoso de um trabalho bem feito.
— Eu vi num restaurante em Verona e quis tentar.
— Lindo.
— Você devia estudar culinária. — Dessa vez quem falou tinha sido Sally que estava terminando uma torta de chocolate, os observando discretamente. Ela se aproximou deles e colocou um de suas mãos sobre os ombros de Nico. — Você já pensou sobre isso?
***
— Você devia estudar culinária. Já pensou sobre isso?
Nico piscou lentamente, tentando se concentrar em qualquer coisa que não fosse o jeito que Percy olhava para ele, que quase perdeu o momento onde Sally se aproximou do canto onde eles estavam.
— Hm?
— Já se decidiu sobre a faculdade?
— Ah. — Nico olhou de canto de olho para Percy, mas se focou em Sally. — Eu não sei. Hades quer que eu faça administração.
— Por que não algo que você tenha talento? Como música e culinária? Artes?
— Eu… eu gostaria muito. Não sei se Hades iria permitir.
— Sabe, outro dia desses, esse senhor educado e simpático trouxe a família para jantar. Ele disse que o lugar onde ele trabalha tem um curso excelente de culinária. — Ele olhou bem para Sally, tentando desvendar o que isso significava. — Por que você não faz uma graduação dupla? Tenho o contato dele se você estiver interessado.
— E também fica perto de casa. — Percy completou.
Nico parou tudo e se apoiou na quina da bancada, tentando não criar expectativas.
— Eu não poderia.
— Querido, você não precisa se preocupar com os detalhes. Dê uma olhada, sim? Eu cuido de tudo.
— Não, Sally. Você não precisa… eu nunca--
— Deixe disso. Dinheiro não é problema. — Então, Sally sorriu para ele toda radiante e o pegou desprevenido mais uma vez, o abraçando forte. — Não importa o que você escolha. Vamos te apoiar, agora e sempre.
— Oh. — Foi tudo o que escapou de sua garganta, um som engasgado e abafado contra o ombro de Sally. Sua visão ficou embaçada e sua garganta se apertou, mas seu coração batia forte, um calor gostoso aquecendo seu peito, ao mesmo tempo em que as mãos de Percy o tocaram nos ombros, abraçando ele e a Sally de uma vez só.
— Mamãe está certa. Vamos te apoiar não importa o que aconteça, mesmo que eu tenha que ir para a Itália com você.
— Vocês planejaram isso? Me surpreender para não me deixar pensar sobre o assunto?
— Nico, é claro que não! — Sally exclamou toda energética e segurou em seus ombros, seus grandes olhos castanhos claros o acertando em cheio no meio do peito. — Percy fez alguns testes vocacionais e de aptidão ano passado e desde então estamos procurando as melhores opções. Você também tem que fazer, eles são bastante certeiros. Semana que vem parece bom? Ah, nós temos tanto a fazer!
E assim, como se conversar sobre seu futuro fosse algo corriqueiro, Sally continuou, voltando a bater com uma espátula algo em uma grande travessa de vidro.
— Então, está certo. Faculdade decidida. Teremos um casamento?
— Ca-casamento?
— É claro! Quanto mais cedo marcarmos a data, melhor! E uma casa? Vocês vão ficar perto da gente, certo? E… Percy ainda não falou com você?
Nico não sabia se estava pronto para um passo tão grande, ele ainda nem sabia se conseguiria terminar o colégio sem se auto destruir, quem dera um… um casamento.
— Mãe! — Percy resmungou. — Ela está brincando. Não escute o que ela diz.
Era Percy que dizia isso, mas seu olhar era intenso sobre ele, pensativo e analítico. E… talvez… talvez Sally não estivesse brincando, se fosse pela expressão decepcionada no rosto de Percy.
— Desde quando você vem planejando essas coisas?
— Desde que…
— Desde quando?
— Desde que entendi que acordar do seu lado todo dia era a melhor parte do meu dia.
Nico achava que tinha algo estranho em seus olhos, eles não paravam de lacrimejar. Devia ser sinusite, só podia. Sim, era isso. Talvez uma alergia.
— Você não vai dizer nada? — Percy insistiu, e de repente, o mundo sumia e só eles dois importavam; o som de panelas batendo e sussurros sumiram, e até os murmúrios apressados ao redor deles desapareceram.
— O que eu devia dizer? Você está me pedindo em casamento?
Esse era o melhor e o pior momento de sua vida. Percy sorriu para ele e colocou a mão dentro do bolso, tirando de lá uma caixinha em veludo delicada. E então, o pior veio, Percy se ajoelhou no chão cheio de farinha e açúcar, e abriu a tal caixinha, lhe mostrando que dentro havia dois anéis idênticos banhados a ouro e com um pequeno diamante no centro, um grande e o outro menor, com delicadas gravuras ao redor das alianças, os anéis tão delicados que Nico tinha medo de tocá-los.
— Você não pode estar falando sério!
— Eu comprei eles antes de você fugir para a Itália. Queria ter te contado antes. Tinha medo que isso fosse te afastar mais uma vez.
E sem pedir permissão, Percy segurou em sua mão e deslizou a menor das alianças em seu dedo anelar da mão direita.
— Esse anel é a prova do meu comprometimento e fidelidade a você. É a promessa que eu faço de sempre estar a seu lado e sempre dar o que você precisar e desejar. Não importa o que seja ou onde seja.
— Percy, para com isso! Agora mesmo! Você não quer isso. — Nico se afastou das mãos de Percy e tentou tirar o anel, se sentindo ansioso, mas não foi tirá-lo. Algo dentro dele o impediu.
— É claro que eu quero. Eu te amo. Quero passar o resto da minha vida com você. — Percy continuava sorrindo e continuava ajoelhado, como se pagasse por seus pecados em prece enamorada. Percy se arrastou de joelhos até estar novamente perto o suficiente para tocá-lo e ofereceu a caixinha a Nico, dizendo: — É sua vez de colocar em mim. Você aceita se casar comigo?
— Deuses! — Nico choramingou, aquele aperto no coração e quentura no peito se alastrando feito chamas infernais por suas veias. — Você vai se arrepender disso. Vai se arrepender tanto. Depois não me culpa pelo o que acontecer.
— Eu tomo toda a responsabilidade.
Fungando, Nico se ajoelhou também e fez o mesmo que Percy, colocou o anel no dedo anelar da mão direita de Percy e observou suas mãos juntas. Nem em seus sonhos mais selvagens Nico poderia imaginar algo assim.
— Satisfeito agora?
— E o meu beijo, hm?
Ainda se sentindo ansioso e trêmulo, Nico pulou no colo de Percy e o beijou com tudo o que ele tinha, sendo recebido pelos abraços fortes da pessoa que ele mais amava no mundo.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Obrigada por ler! Sua presença é sempre um prazer.
Sejam bem-vindos! Olá, esse é meu blog pessoal. Escrevo fanfics Pernico/Nicercy e orginais, e reblogo alguns posts de vez em quando. História Atual Não há lugar como o Lar - versão em Portugues There's no Place like home - English version Resumo: Nico está voltando da Itália depois de passar dois anos por lá e encontra Percy, o melhor amigo que ele deixou para trás, mas que manteve contato nesse tempo afastado. O resto se desenvolve a partir desse reencontro. Se você quiser saber o que eu escrevo, siga a tag #my writing
464 posts